1. Spirit Fanfics >
  2. All I Want >
  3. Let's choose all over nothing

História All I Want - Let's choose all over nothing


Escrita por: haibalevs

Notas do Autor


Oi gente!! Não tenho muito o que falar desse capítulo, só foi meio bad de escrever ;; é meio triggering então leiam quando estiverem se sentindo bem ♥
Boa leitura!

Capítulo 11 - Let's choose all over nothing


FLASHBACK

 

Um mito que costuma rodear suicídio é que ele sempre vem com uma carta de despedida explicando motivos, acrescida de um pedido de desculpas ou qualquer coisa do tipo, para que os familiares e amigos da vítima consigam compreendê-la melhor quando ela passar dessa pra melhor. As pessoas costumam acreditar que toda morte precisa ser dramática para que se torne marcante, que todo fim que é induzido e não natural é assustador, que tirar a própria vida é algo tão impactante que precisa ser esclarecido para não parecer tão inacreditável.

Mas a verdade é que Jaebum nunca pretendeu deixar nenhuma nota para esclarecer possíveis por quês. Ele nunca conseguiu enxergar tanto valor em sua vida a ponto de ter de explicar a razão de não querer mais vivê-la. Sinceramente falando, após dezessete anos convivendo consigo mesmo, colocar um ponto final em sua história soava muito mais como um alívio do que como algo ruim. Era óbvio que ele não sentia muito, nem por ele nem pelos outros.

Três dias atrás, tudo parecia bem. Seus pais tinham decidido fazer uma viagem para comemorar o aniversário de casamento e ele havia ido almoçar na casa de Jinyoung. Os dois passaram a tarde jogando videogame e tiveram conversas agradáveis porque seus pensamentos já tinham se desligado completamente de Youngjae.

Já fazia algum tempo, afinal de contas. O Ensino Médio tinha acabado há pelo menos um mês e Jaebum tinha a certeza de que nunca mais veria o rapaz.

Por mais que tal possibilidade lhe causasse desconforto, ele sabia que era a melhor coisa a se fazer; justamente porque o amava, era melhor que se afastasse. Sua mente estava em paz quanto àquela decisão.

Contudo, na manhã seguinte àquele dia incrível, o mal-estar voltou a assombrá-lo. Era um sentimento familiar; fazia tanto tempo que carregava aquilo consigo que sequer se lembrava quando havia começado, só sabia que nunca ia embora definitivamente.

Havia dias bons, quando as coisas não pareciam tão preto e branco e a luz no fim do túnel podia ser vista. Nesses dias Jaebum prometia a si mesmo que iria mudar. Sem mais mentiras, ele iria dizer, sorrindo, não posso mais ficar vendo minha vida passar sem fazer nada. Eram dias em que ele tinha certeza de que por pior que as coisas tivessem sido até ali, não precisariam ficar daquela forma para sempre. Dias em que ele estava bem o bastante para fazer planos e fantasiar sobre um futuro que eventualmente chegaria, um futuro em que o mundo era completamente diferente e ele conseguia transformar todos os seus erros em acertos.

Mas então os dias ruins chegariam. E estes se tornaram tão normais que eventualmente passaram a ser classificados só como “dias”. Eram nesses que Jaebum se olhava no espelho e sentia um gosto amargo em sua boca, que ele sabia que jamais seria capaz de mudar, que ele cansava de fingir estar bem para agradar os outros. Eram dias que ele sentia seu estômago revirar a cada garfada de comida que ele, contra a própria vontade, se forçaria a engolir. Eram dias que suas pernas pesavam e, ainda que estivessem se movendo, era evidente que jamais sairiam do lugar onde se mantiveram paradas sabe-se lá por quanto tempo. Eram dias que ele se sentia insignificante e tinha vontade de chorar, mas obviamente não o faria. As poucas vezes que seus pais lhe viram chorando, mandaram-no parar imediatamente, porque era patético.

Afinal, ele era quase um homem, e que tipo de homem não sabe lidar com os próprios problemas? Nas palavras de seus pais, ele não precisava de ajuda, mas talvez um pouco de vergonha na cara fosse bom, para parar de agir como um covarde.

Covarde. Esse era um adjetivo familiar quando Jaebum iria se descrever, sempre ecoando em sua mente para relembrá-lo de que ele havia algo do qual nunca poderia escapar, não importava o quanto tentasse se esconder.

Nunca conseguiria escapar de si mesmo.

Estava fadado a conviver consigo até os seus últimos dias e isso era o que mais o atormentava, ter de lidar com alguém tão fraco pelo resto de sua vida. Já não sabia mais o que fazer para punir aquela pessoa que tanto odiava, pois esta jamais iria embora, não havia um jeito de se livrar desse fardo e seguir em frente. Jaebum sempre estaria ali, querendo chorar, gritar e demonstrar quão vulnerável de fato era, estaria sempre sendo detestável, mesmo que se ocupasse com outras coisas para esquecer do que verdadeiramente era, mesmo que tentasse descontar suas frustrações de modo que se destruísse aos poucos. Ele havia passado toda a sua vida tentando acabar consigo mesmo, mas nunca havia conseguido.

Até então.

Jaebum não queria ir de forma dolorosa. Ele era patético a esse ponto.

As pílulas serviriam.

Uma, duas, três… Já havia perdido a conta de quantas havia tomado, mas não importava mais. Vagarosamente começava a se sentir sonolento, o efeito começava a correr por seu corpo e deixá-lo dormente, pouco a pouco seus sentidos iam ficando cada vez mais falhos, mas, pela primeira vez na vida, ele conheceu uma sensação diferente.

A paz de espírito.

Pela primeira vez Jaebum soube como era se sentir calmo, sem se preocupar com o que teria de fazer no dia seguinte, sem se preocupar em não cometer nenhum erro para que ninguém notasse o que estava se passando dentro de sua cabeça, sem se preocupar em ter de esconder o quanto era fraco. Pela primeira vez em sua vida, o amanhã chegaria acompanhado pela serenidade, porque Jaebum não estaria mais lá para causar mais estragos. Ele finalmente havia decidido ir embora.

A morte nunca lhe pareceu algo dramático. Talvez depois de tanto tempo fantasiando a seu respeito, terminou por aceitá-la como uma amiga. Ela era a mais próxima de si, junto com Jinyoung, mas certamente era de muito mais ajuda.

Não que seu melhor amigo não tivesse tentado lhe resgatar, mas, àquele ponto, Jaebum já estava completamente enterrado no próprio abismo. Não dava para lamentar que era tarde demais porque, desde o princípio, ele sempre esteve perdido. Não dá para fazer alguém que nunca conheceu o caminho de volta retomar os trilhos. Nunca houve outra saída.

Era triste, quando Jaebum parava para pensar, que Jinyoung não receberia uma carta com um pedido de desculpas. Ele certamente era uma das pessoas que merecia.

O mais velho sorriu, suas memórias divagando até pairarem sobre dois garotos pequenos se empurrando no balanço e rindo sonoramente.

Sentiria falta de Jinyoung, que sempre lhe mostrou os sorrisos mais ternos, mesmo quando se deparou com sua personalidade detestável. Mas ele não merecia carregar seu fardo por mais tempo, então aquela seria sua recompensa, agora ele poderia viver a própria vida sem ter de ligar para Jaebum as duas da manhã para checar se ele havia conseguido passar por mais um dia normalmente. Não precisaria mais sair para procurá-lo de madrugada e inventar desculpas para quem perguntasse onde ele estava. Não precisaria mais se preocupar, porque as coisas finalmente se ajeitariam.

Jaebum estava feliz com aquilo.

Mas não podia deixar de pensar que também havia outra pessoa que merecia um pedido de desculpas.

Choi Youngjae.

Desde a primeira vez que aquele rapaz entrou em sua vida, Jaebum soube que ele era especial. Em meio a tantas pessoas superficiais, Youngjae era alguém de verdade. Ele não tinha receio na hora de se expressar, independente do que fossem pensar dele. Era sempre adoravelmente alegre e disposto a melhorar o dia de quem cruzasse seu caminho.

Jaebum não se arrependia de não ter dito que alguns de seus raros dias bons foram vividos ao lado de Youngjae, de não ter dito o quanto ele era único e que o amava de um modo que transcendia tudo o que havia aprendido sobre amor até então. Ele precisava afastar Youngjae de sua vida, porque não o merecia. Em nenhum momento sentiu que poderia fazê-lo feliz e, justamente por querer sua felicidade, precisava que ele fosse embora. Ele era um raio de sol em meio a várias pessoas soturnas e Jaebum não seria egoísta a ponto de destruí-lo forçando-o a ficar ao seu lado.

Mas como Youngjae se recusava a ir embora, ele teve de demonstrar o quanto era ruim. E não se arrependia. Se o rapaz começasse a odiá-lo, não iria mais querer voltar para a sua vida.

As coisas se ajeitariam mais uma vez.

Jaebum se sentia aliviado. Era a primeira vez na vida que havia feito tudo certo… Então era essa a sensação de dever cumprido que todos tanto almejavam?

Ele finalmente se sentiu satisfeito, mas não pode deixar de ponderar como teria sido se sentir dessa forma mais vezes, como teria sido contrariar seus pais e buscar ajuda ao invés de se deixar definhar, desacreditando que tinha um problema. Talvez assim tivesse dormido mais noites de sono tranquilas. Talvez assim teria se odiado um pouco menos, tirado todas as preocupações da mente de Jinyoung e feito Youngjae feliz. Talvez assim tivesse parado de ser um covarde, talvez tivesse matado o Jaebum que tanto odiava sem ter de abrir mão de si mesmo no processo.

Mas agora só podia especular, como seria um mundo com um Jaebum diferente e como o mundo ficaria sem o Jaebum que lhe fôra dado.

Provavelmente não muito diferente de como estava agora, porque a verdade é que as pessoas têm a estúpida pretensão de que são especiais, mas no final todos vão para o mesmo lugar, não importa o que tenham feito de bom ou ruim, não importa o que tenham dado ou tirado dos outros.

Jaebum nunca quis deixar sua marca, mas, naquele momento, sentiu que talvez estivesse fazendo algo de bom para o mundo ao finalmente retirar-se dele.

Seus olhos já estavam fechados há muito tempo, mas agora pesavam mais do que nunca. Seus pensamentos se tornaram uma série de memórias desconexas que aos poucos iam desaparecendo para dar espaço ao vazio. Seu corpo já estava fraco, mas estava tudo bem, porque ele não queria movê-lo. Havia entrado num transe, sem conseguir sentir nada que estava ao seu redor, somente o que estava dentro de si.

Paz de espírito.

 

- Jaebum? J-JAEBUM?! HYUNG?!!

 

Jinyoung sentiu seus gritos morrerem em sua garganta ao se deparar com seu melhor amigo esparramado na cama. Sua visão ficou turva, num misto de lágrimas e vertigem diante do horror de um corpo semi-morto. O zumbido da porta sendo escancarada ainda ensurdecia seus ouvidos, mas ele se moveu sem sequer perceber, por puro reflexo.

Porque era sempre assim quando se tratava de Jaebum, Jinyoung sempre aparecia para socorrê-lo.

E ainda não era tarde demais, seu pulso ainda estava lá, mesmo que quase imperceptível. Assim como sua consciência, mesmo que não fosse capaz de respondê-lo no momento.

Havia se esquecido do motivo pelo qual tinha ido até a casa dele, mas àquela altura não fazia diferença. Quando se deu conta, estava arrastando o corpo pesado de Jaebum  até o banheiro mais próximo e então enfiando seus dedos profundamente na garganta do rapaz, numa medida desesperada de reverter o que estava acontecendo, porque não iria acontecer. Jaebum não iria morrer. E quando o cheiro pútrido de vômito impregnou o cubículo onde Jinyoung e seu melhor amigo se encontravam, ele não o deixou. Ele continuou lá, até que o rapaz vomitasse tudo o que lhe fazia mal.

Até que nada mais pudesse corroê-lo por dentro.

Jinyoung continuou lá, porque ajudaria a juntar os pedaços de um Jaebum destruído mais uma vez, como vinha fazendo durante todo aquele tempo, como continuaria fazendo até quando fosse preciso. Porque Jaebum era seu melhor amigo, seu irmão de alma, e ainda tinha muito pela frente. Ele podia ridicularizar Jinyoung por acreditar cegamente nisso, reassegurando que nada mudaria, mas o rapaz iria provar que estava certo. Já estava provando, na verdade, ao tomar o mais velho em seus braços enquanto ligava para a ambulância, evitando o pior mais uma vez. Sabe-se lá como.

Nessas horas, ele cogitava se tornar temente a Deus.

Estaria mentindo se dissesse que nunca pensou que havia a possibilidade de encontrar Jaebum morto um dia.

Desde o incidente que havia acontecido há algum tempo, quando Youngjae sequer havia entrado em cena e as coisas pareciam ter chegado ao ápice, Jinyoung passou a se preocupar constantemente com a ideia, por isso sempre fazia questão de checar o amigo de madrugada, se esforçava para perceber quando ele começava a agir de forma estranha, corria atrás dele durante seus sumiços e, por fim, se desesperava ao perceber sua própria insuficiência diante da gravidade das coisas.

Era insuficiente porque ele havia conseguido chegar a tempo dessa vez… Mas o que teria acontecido caso tivesse demorado mais um pouco?

Estava ficando fora de controle.

Jinyoung sentiu-se um tolo por acreditar que o pior que poderia acontecer já havia acontecido quando encontrou Jaebum da última vez.

Agora percebia que, se não fosse pelo destino, seria tarde demais. Ele não encontraria seu amigo destruído em algum canto.

Simplesmente não o encontraria nunca mais.

Encarou o rosto pálido de Jaebum, o suor que se formava em sua face reluzindo a luz amarelada e fraca do banheiro. Seu estado era catatônico, o mais novo não tinha certeza de que ele fazia ideia do que estava acontecendo, era provável que não. Seu rosto era estranhamente sereno, em contraste com o desespero estampado na face do outro rapaz, que continuava a pressioná-lo contra o seu peito num abraço firme, sem conseguir parar de chorar copiosamente pensando no que poderia ter acontecido.

Talvez, por um minuto depois, seu melhor amigo já não estivesse mais ali.

 

- H-Hyung… - Jinyoung tremia e soluçava, passando uma das mãos gentilmente pelos cabelos de Jaebum, tirando-os de sua testa. Ele se esforçou para sorrir, se lembrando de como o amigo gostava do formato de lua-crescente de seus olhos quando o fazia. A ambulância já estava a caminho. Jaebum estava vivo. Iria ficar tudo bem. - Se lembre da nossa promessa, ok? Vamos escolher tudo ao invés de nada… Mais uma vez… Tudo ao invés de nada…

 

Ele continuou a repetir aquela frase até que a ambulância chegasse e durante o caminho para o hospital.

Vamos escolher tudo ao invés de nada. Mais uma vez.

Toda vez.

 

(...)

 

Jaebum assistia atentamente os créditos finais de Breakfast Club rolarem.

Sua cabeça estava descansando no colo de Jinyoung, que tinha os olhos marejados porque, bem, esse era seu filme favorito. Don’t you (forget about me) preenchia a sala de estar silenciosa e ambos apreciavam a música sem nada dizer. Aquele mesmo cenário já havia se repetido mais vezes do que poderiam contar, mas nunca falhava em deixar as coisas menos piores momentaneamente. A sensação de que eventualmente ficaria tudo bem, porque Jaebum escolheu tudo ao invés de nada mais uma vez.

Era um hábito que se tornara comum desde aquele dia, que havia se tornado mais um dos dias que nenhum dos dois mencionava para não machucar Jinyoung ainda mais. Suas feridas nunca haviam se cicatrizado por completo, por isso, às vezes, abriam e ficavam expostas ao sol novamente.

Deveria doer muito, por mais antigas que algumas fossem.

Tinham passado por muitos incidentes indesejados no passado, mas as vezes que assistiram aquele filme finalmente haviam superado as vezes que seu amigo vivenciara completa agonia por sua existência. E isso era um alívio.

Jaebum não queria fazê-lo chorar de novo, mas essa era uma promessa que não conseguia manter quando sua covardia voltava a assombrá-lo. Por mais que seu amigo estivesse ali em sua sala, fingindo sorrir ternamente por trás das lágrimas, o mais velho sabia que havia algo a mais por trás daquele choro emocionado por rever suas cenas favoritas. Medo.

E nessas horas ele também sentia medo, porque Jinyoung não se separava dele nem por um segundo. Ele sabia o que aconteceria caso o fizesse e não havia nada que Jaebum pudesse dizer para tranquilizá-lo.

Não, ele não pensava mais em morrer. Pelo menos não naquele momento. Mas um dia depois, o que estaria se passando na cabeça dele?

Três dias. Naquela época, foi o que bastou para que tudo desabasse.

Os dois sempre assistiam Breakfast Club quando Jaebum voltava a se sentir ansioso e os dias ruins recomeçavam, talvez para reafirmar, nas palavras de Andrew, que “todos somos bem bizarros. Alguns de nós apenas conseguem esconder melhor, só isso”.

Jaebum constantemente tentava colocar na cabeça que não havia nada de errado em ser como era, mas no fundo sabia como era prejudicial. Era um ciclo vicioso no qual ele tinha a ilusão de que finalmente havia conseguido se aceitar, mas então tudo voltava, como uma tempestade que surge do nada após uma manhã ensolarada, com o tempo se fechando sem aviso prévio, um breve e inesperado prelúdio de que o suposto dia bonito nunca pretendeu durar, no fim das contas.

Ele estaria mentindo se dissesse que não teve nenhum progresso, porque havia melhorado. Os remédios ajudavam quando tomava a dose certa e já não precisava mais de terapia, só encontros esporádicos com seu psiquiatra para saber como as coisas estavam. Se estivessem bem, ótimo, continue como está e eventualmente não terá mais de consultas médicas. Se estivessem mal, que pena, mas uma vez que você tome mais um comprimido, vai passar. Você vai melhorar, Jaebum, só precisamos que o tratamento funcione.

Não sabia como se sentia em relação aos remédios. Tomava porque eram necessários, mas desejava que um dia não fossem mais. Sua vida toda consistiu a ser preso a algo, quer fossem seus pais, as pessoas ao seu redor, sua própria mente ou os remédios, Jaebum tinha a impressão de que sempre havia amarras que lhe impediam de ser completamente livre.

Mas, pouco a pouco, ele estava se desprendendo de cada uma delas.

E não era fácil. Três anos depois e os dias ruins ainda lhe impediam de sair da cama. Três anos depois ainda não conseguia se olhar no espelho por muito tempo. Três anos depois e a batalha que travava consigo mesmo desde a infância continuava lá. Três anos depois e ele não fazia ideia de quantas vezes mais conseguiria escolher tudo ao invés de nada para deixar Jinyoung feliz. Sua vida era repleta de incertezas sobre como sobreviver até o dia de amanhã sem enlouquecer, mas a diferença é que agora ele estava tentando. Não pretendia mais se deixar ser vencido pela sua fraqueza, não importava o quanto ela o ensurdecesse e cegasse de seus objetivos.

Pelo menos na maioria das vezes.

Tinha algumas ocasiões que simplesmente não dava. A semana que se passou, por exemplo, não deu. Mas Jinyoung insistia que a semana seguinte poderia ser melhor e Jaebum se esforçaria para acreditar nisso, o que significava que ele tomaria seus remédios corretamente, comeria nas horas certas e tomaria banhos. Três tarefas aparentemente simples, mas que sempre eram as primeiras a serem esquecidas em dias ruins, quando o ódio e o comportamento auto-destrutivo eram as únicas coisas vistas por seus olhos, quando a ansiedade machucava seu estômago e lhe impedia de sair de casa.

Quando o abismo lhe ludibriava para que voltasse para lá.

 

- Ah… - Jinyoung se espreguiçou, passando o indicador no canto dos olhos para limpar as lágrimas. - Eu me pergunto se Mark fez isso quando eu finalmente aceitei namorar com ele, sabe… Jogar os punhos no ar em comemoração por ter me conquistando.

- A vida não é uma comédia romântica adolescente, Jinyoungie. - Jaebum riu de maneira inaudível. Jinyoung nunca foi um grande fã de romance até conhecer o atual namorado, então era estranho vê-lo divagar sobre aquelas cenas piegas toda vez que assistiam um filme juntos. - Fazer isso seria vergonhoso.

- Vergonhoso pode ser legal, ok? Eu aprendi isso do jeito Mark Tuan que, por sinal, é o jeito difícil.

 

Era uma das coisas que deixava Jaebum genuinamente feliz, saber que Jinyoung havia se permitido encontrar alguém. Ao menos isso significava que sua existência não preocupava tanto o mais novo a ponto dele resolver fechar as portas para outras pessoas em sua vida. Seu melhor amigo merecia ser feliz com uma pessoa que conseguisse apreciar quão incrível que ele era.

Mark parecia digno de tê-lo. Os sorrisos mais brilhantes de Jinyoung, que evidenciavam os risquinhos no canto de seus olhos, eram sempre quando ele ia falar do namorado.

 

- Quando você vai conhecer a mãe dele mesmo? - Jaebum perguntou, enquanto o mais novo começou a acariciar seus cabelos oleosos devido a falta de cuidado sem se importar.

- Hoje à noite. - Jinyoung respondeu, com o corpo tensionando repentinamente. Seus lábios se curvaram em um bico de preocupação.

- Não precisa ficar nervoso, tenho certeza que até final do noite ela estará encantada. Você sabe que todos os pais te amam, não sabe?

- Os seus não. - Uniu as sobrancelhas. Bem, eles tinham motivos para isso. Jinyoung sempre tomava o lado de Jaebum e os enfrentava quando o rapaz não tinha coragem, talvez porque seu senso de fazer o que era certo se sobressaísse a vontade de respeitar os mais velhos. - Mas se para ganhar o afeto deles eu tivesse que continuar te vendo se machucar, prefiro como as coisas estão agora. O detestável Park Jinyoung, que acha que sabe de alguma coisa. - Zombou, imitando a voz da mãe de Jaebum.

- Você sabe tudo, é por isso que ela fica tão indignada. - Jaebum fechou os olhos, aproveitando o carinho que estava recebendo do amigo. - Mas, é sério, só seja você mesmo. Sempre funciona.

- Digo o mesmo para você. - Jinyoung retrucou, pausando por alguns instantes. - Youngjae-ah disse que quer te levar em um passeio hoje, ele vai vir com Mark mais tarde.

 

O mais velho pareceu surpreso. Da última vez que se encontrou com Youngjae, as coisas não terminaram bem por vários motivos. Àquela altura, tinha certeza de que o rapaz não iria mais querer vê-lo. Sempre tinha a impressão de que sua presença era desagradável para ele, mesmo que ultimamente o relacionamento entre os dois tivesse melhorado, ainda sentia que devia desculpas ao rapaz.

 

- Passeio? Onde?

- É uma surpresa, mas não se preocupe, não é nada extravagante. - Jinyoung respondeu, dando uma olhada no relógio para checar que daqui a pouco teria de começar a se arrumar. - Ele realmente está tentando te entender, para entender tudo o que aconteceu.

- Você nunca explicou o que aconteceu comigo?

- Não. Youngjae se fechou bastante depois do que aconteceu, parece que não quer encarar o passado. - Suspirou, deixando sua frustração transparecer. - Eu sei que ele ainda é um bom garoto, mas precisa parar de fugir. Vocês dois precisam.

- Não quero desenterrar isso agora que ele parece bem sem mim. Não posso ser egoísta de novo.

- Mas ele não está bem com ele mesmo, então do que importa estar bem sem você? - Jinyoung respondeu calmamente. - Só uma vez, tente mostrar o verdadeiro Jaebum pro Youngjae sem se resguardar, sem ter medo de prejudicá-lo. Saia com ele como se não tivesse nada a perder, deixe ele te mostrar quem ele é, e mostre quem você é de verdade. Ou você nunca quis saber o que Youngjae pensaria se conhecesse o Jaebum que eu conheço?

- Ele me odiaria, provavelmente.

- Ou poderia começar a te amar de verdade. - Jinyoung riu, passando o indicador sobre o rosto do amigo, fazendo contornos suaves. - Eu falo por mim. Por não conhecer só a versão da história que você quer mostrar, aprendi a te amar sinceramente, como um irmão. Porque eu te vi no seu pior e no seu melhor, eu sei quem é você. E pode ser que você precise de uns retalhos aqui e ali, mas quem liga? No fundo, todos nós somos vários retalhos do que sobraram das nossas experiências.

 

Jaebum sorriu, mesmo sem acreditar naquelas palavras, seu amigo insistia em repeti-las.

 

- Tudo bem se Youngjae vier. - Jaebum ergueu o corpo para pegar os remédios que estavam em na mesa de centro, esperando para serem tomados. - Eu vou tentar fazer o que você pediu.

 

Ele precisava continuar tentando. Exaustivamente. Escolher tudo ao invés de nada mais uma vez. Toda vez.

Até que nada não fosse mais uma opção.


Notas Finais


N sei se vcs ja viram the Breakfast Club (O Clube dos Cinco) mas é um filme muito bom dirigido pelo John Hughes, o quote é esse aqui http://66.media.tumblr.com/16386699394f961ecec1884f75c7f892/tumblr_mwagpuMF0x1qmt5mvo1_500.png
E a música é https://www.youtube.com/watch?v=0jlHz0wF0Ig

Então, o que acharam?

PRIMEIRAMENTE DSCLP POR FAZER O JAEBUM TÃO ASSIM T_T fiquei bem mal escrevendo, confesso, maaas enfim... acho que dá pra perceber que nos próximos capítulos vão rolar fortes emoções, tanto pra 2Jae quanto pra MarkJin né heh como será a mamãe do Mark? q
Segundo, muito JJP nesse cap porque a amizade desses dois me deixa emotiva, o Jinyoung é muito querido ;; não merece sofrer
Enfim
Até a próximaaa, se cuidem!! :*


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...