- Você não está estudando demais? – Eleven perguntou, descendo as escadas do porão dos Wheeler.
A garota de 16 anos carregava uma bandeja com copos de suco, sanduíches e batatas fritas para ela e seu namorado, Mike, que ainda parecia completamente absorto em um livro de Física.
Mike retirou um pouco do cabelo escuro que insistia em lhe cair sobre os olhos e murmurou:
- Vou só terminar este capítulo.
- Vamos lanchar.- ela pediu.
Mike esfregou os olhos e se espreguiçou, cansado:
- Ok, você venceu. Eu tô muito cansado mesmo, as letras e os números já estão dançando diante dos meus olhos.
Rapidamente, El fez com que os livros e cadernos dele flutuassem até o velho sofá do porão, deixando a mesa livre para os dois.
- Mike... você não acha que está exagerando? Digo... você está estudando tanto!
- Eu sei- ele pegou a mão dela e a beijou gentilmente. – mas eu preciso ser o melhor da turma se quiser ir pro MIT.
Eleven e Mike já tinham conversado sobre aquilo, e ela sabia da importância de estudar naquele lugar, mas a cada vez que ela o via tão esgotado, com olheiras e quase sem tempo para o lazer, a garota se indagava se tanto sacrifício realmente valeria a pena.
- Tá tudo bem, eu juro. – Mike acariciou a testa da namorada, como tentando afastar uma ruga de preocupação. – A gente já falou sobre isso, não foi?
-Sim, mas... eu só quero ver você bem. – ela sussurrou.
- Eu tô bem! Juro! Você fica linda com essa carinha preocupada, sabia?
Eleven baixou os olhos, tímida. Quando acabaram de lanchar, Mike disse:
- Obrigado por ser a melhor namorada do mundo.- o garoto sorriu, puxando-a para o seu colo.
O beijo começou lento e doce, mas, de repente, eles viram-se na urgência de aumentar a intensidade, ambos sentindo que o mundo desaparecia ao redor e só suas bocas unidas importavam. El passou os braços em volta do pescoço do rapaz e Mike deslizava as suas pelas costas dela. Estavam numa sincronia tão perfeita que não perceberam quando Nancy desceu à procura de um suéter que deveria estar no cesto de roupas, perto da máquina de lavar.
-WOOW!- ela disse alto, com o propósito de fazer os dois jovens desgrudarem as bocas por um instante. – Vão com calma, love birds.
Os dois suspiraram e, enquanto Eleven tocava sonhadora os lábios com as pontas dos dedos, Mike sentia o rosto corar num tom de vermelho púrpura:
- Poderia ter demonstrado que estava descendo, Nancy.
- Acredite, não gosto de ficar vendo vocês dois nesta agarração. – a irmã mais velha retrucou, indo em direção ao cesto de roupas. – El, você pode ir lá em cima comigo?
- Claro!- Eleven disse, mentalmente organizando as coisas do lanche para levar para a cozinha. Ela adorava Nancy, e gostava de conversar com ela.
Nancy subiu com o suéter que procurava e Eleven foi atrás; entraram no quanto da primeira, que colocou a peça sobre um cabide e disse:
- Senta aqui, El, por favor.- Nancy apontou um lado da cama. – Bom, eu vou embora para a faculdade, você sabe... eu não posso levar várias destas coisas, você quer algumas? Como as minhas prateleiras e minha penteadeira?
- Sim, sim! – os olhos de Eleven brilharam.- Obrigada, Nancy!
- De nada... hum, El... você e o Mike parecem bem... próximos, pelo o que eu vi lá embaixo. Desculpa, eu não sei se isso vai te deixar desconfortável, mas, obviamente, vocês dois não são mais crianças, e o corpo e a mente passam a querer outras coisas...
- Tudo bem, Nancy. – El a tranquilizou. – Eu já tive uma conversa sobre “coisas de namorado”, segundo a Joyce.
- Ah, que bom. Se você precisar de mim, para falar sobre qualquer coisa, eu estarei a sua disposição, ok?
-Na verdade... – Eleven ficou com as bochechas rosadas.- tem algo que eu quero perguntar.
Nancy sorriu, encorajando-a:
- Pode me dizer, eu sou toda ouvidos.
- Quando o Mike e eu nos beijamos, eu sinto uma coisa... eu me sinto quente por dentro, e eu sinto cada vez mais vontade de... não sei como dizer. – às vezes ela ainda esbarrava na linguagem.
- Tem vontade de ser mais íntima com ele? – Nancy completou. – De estar cada vez mais perto?
A garota mais nova sorriu um pouco de lado, balançando a cabeça.
- El, estas coisas são reações naturais do seu corpo. Vocês dois estão crescendo e os hormônios estão em ebulição. Por acaso o Mike já tentou fazer algo que você não queria?
- Não, nunca! – Eleven respondeu veementemente.
- Hum, que bom. – a irmã de Mike suspirou.- Quando vocês dois estiverem prontos para avançarem as bases, devem conversar. E, se você não estiver pronta, você precisa ser sincera com ele.
- Pronta para...
- Para o sexo, El. – Nancy atalhou.- Você falou sobre isso com a Joyce também?
- Sim, ela me explicou de onde vêm os bebês.
- Pois é. Se você não quiser um bebê, e, por Deus, vocês dois realmente não podem querer um bebê tão cedo, precisam se proteger, usando camisinha e tomando pílulas.
Eleven franziu o cenho, lembrando daqueles nomes das aulas de ciências (porque ela finalmente estava frequentando a escola).
- Ahn... sexo... é bom? – ela perguntou a Nancy.
- Sim, muito. – Nancy riu. – Mas é preciso ter responsabilidade, e certeza de que é aquilo que você quer no momento. – sem querer, flashes da noite em que ela perdera a virgindade com Steve passaram pela mente de Nancy, sempre trazendo a culpa de ter negligenciado sua amiga Barb. – Bem, agora que eu estou mais aliviada de ter tido esta conversa com você, vou acabar de ajeitar meu armário.
- Obrigada, Nancy. Você é muito especial para mim.- El a abraçou.
[...]
Mike finalmente havia largado um pouco os livros e estava aproveitando a noite na varanda da casa dos Byers, junto com a namorada:
- Estou feliz que você esteja aqui.- ela aconchegou a cabeça no ombro dele. Estava um pouco frio, o que a fez ronronar de prazer estar abraçada a ele.
- O que você e a Nancy conversaram?
- Sobre coisas... coisas de namoro.
Mike arqueou a sobrancelha:
- Sério?
- Mike. – Eleven olhou dentro dos olhos dele. – Quando a gente estiver pronto... prontos para o sexo, nós vamos saber, não é?
Mike quase engasgou, nervoso:
- Foi esse o tipo de conversa que você teve com a minha irmã?!
- Por que esse espanto? – ela endireitou o corpo, apreensiva.
- Porque isso é constrangedor. Ela é minha irmã!
- E ela é minha amiga! – El cruzou os braços.- Nós precisamos conversar, não é? Ou isso é o tipo de coisa que acontece assim... de repente?
Mike tossiu, um pouco nervoso:
- Eu acho que as pessoas podem se planejar. Ou isso pode acontecer também quando as pessoas querem. Não tenho muita certeza. – ele baixou os olhos. – Estou tão perdido nessa quanto você.
Eleven sorriu, tocando o braço dele:
- Pela primeira vez, alguma coisa que você já não saiba antes de mim.- ela riu.
- E, dessa vez, eu quero descobrir todas as respostas com você.- ele segurou carinhosamente o rosto dela.
- Mike.
- O quê?
- Eu quero passar a minha vida toda descobrindo as coisas com você. – ela disse, inclinando-se para frente, encontrando os lábios do namorado num beijo cálido. Os dedos dele acariciavam o cabelo de El, e ela suspirou quando a boca do rapaz deslizou da sua boca para o pescoço dela. Eleven fechou os olhos, adorando a sensação dos lábios de Mike em sua pele, quando...
- Mike, para de bancar o conde Drácula e larga o pescoço da El.- Jonathan riu, passando pelos garotos.- Além do mais, Hooper tá quase chegando.
Mike bufou de frustração, mas Eleven o abraçou apertado, beijando rapidamente seu rosto:
- Eu adoro quando você fica vermelho assim. – ela riu.
- E eu adoro quando a gente consegue se beijar em paz. – ele retorquiu. Olhou para o relógio. – Hooper chega só às nove, não é?
- Sim.- ela passou sedutoramente a ponta do nariz na bochecha dele.
- Temos meia hora de paz. Paz e beijos.- ele segurou a cintura de El; ela abraçou-o pelos ombros e eles reiniciaram do ponto em que tinham parado.
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