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História All Of Me - Dois


Escrita por: dealtry

Notas do Autor


Obrigada por acompanharem. Estou muito feliz de ter voltado, porém triste com esse dia de nerds. Seremos resistência. Ele não. Ele nunca.

Capítulo 2 - Dois


- Marco?

Virei um pouco para trás e notei uma mulher que parecia estática, olhando em direção ao meu marido. A cena durou por alguns instantes até finalmente Marco tomar uma atitude.

- Julie. – sussurrou.

- Nossa, eu não acredito. Faz tanto tempo... Como você está? – a mulher sorriu, ignorando minha presença.

- Realmente, faz muito tempo... Desde a formatura que não nos encontramos? – Marco indagou.

- Acho que é por aí... – finalmente notara minha presença. – Desculpe atrapalhar vocês, mas é que fazia tanto tempo que mal acreditei. Eu sou Julie, estudei com Marco na LMU.

- Prazer, Julie. Sou Adaline. – estendi minha mão.

Nos cumprimentamos brevemente e logo Julie voltou sua atenção a Marco. Me senti um pouco perdida naquela situação, então preferi ficar na minha enquanto observava a interação de ambos.

- Quer sentar conosco? – Marco perguntou, sem se importar com o que eu acharia disso.

- Não vou atrapalhar? – Julie olhou para nós dois rapidamente a fim de uma resposta.

- Não, não vai. Quer pedir alguma coisa? – Marco perguntou.

Não estava acreditando que ele teve a capacidade de fazer isso. O clima que antes estava super agradável, deu lugar a uma atmosfera densa.  Não tinha mais condições de permanecer ali, e não tinha o porquê de fazer a linha simpática e compreensiva. Marco sabia muito bem como eu prezava o nosso bem estar. Não ligava que ele saísse sozinho com seus amigos; não ligava de ficar junto com seus amigos e familiares, afinal, eu gostava de fazer parte. Mas o mais importante, é que quando estivéssemos fazendo coisas de casal, que fossemos somente nós dois. Ele sabia como eu prezava nossos momentos juntos, e fazer isso era uma tremenda sacanagem.

Calcei meu sapato, ajustei o meu vestido e interrompi a conversa de ambos:

- Está ficando tarde, preciso ir embora. – proferi.

- Eu atrapalhei vocês, não foi? – Julie perguntou.

Não precisava ser nenhum gênio para saber disso. Estava demasiadamente irritada.

- Não atrapalhou, Julie. – Marco respondeu, olhando-me confuso.

- Boa noite! – deixei o restaurante sentindo meus olhos arderem por tamanho desrespeito.

A demora do táxi fez com que eu desistisse de esperar, então comecei a caminhar pelas ruas frias e desertas de Dortmund. O caminho percorrido me fez repensar todas as nossas atitudes de ultimamente. Muita coisa havia mudado de um ano pra cá, e eu não sabia dizer aonde foi que tudo começou a desmoronar. Nossa relação não era mais a mesma coisa. Tinha receio de que as coisas esfriassem de vez.

Depois de vinte e cinco minutos de caminhada em cima de um salto doze, finalmente cheguei em casa. Tirei meu blazer, joguei meus saltos num canto qualquer e segui para o meu quarto. Acendi a luz principal e caminhei para o banheiro. Coloquei a banheira para encher e me despi. Quando a água estava na medida certa, joguei alguns sais e liguei meu ipod no suporte de som.

Imergi na água e tentei relaxar meu corpo. Um tempo depois, encostei minha cabeça no apoio e fechei os olhos. A doce melodia que saia do auto falante me fez esquecer momentaneamente as ultimas horas. Acabei perdendo a noção do tempo ali.

(...)

Despertei no susto quando senti algo tocar minha pele. Abri os olhos e notei Marco encostado no batente da porta com os olhos cravados em mim. Desviei o olhar e passei a mão no rosto. Já tinha se passado uma hora desde que entrei aqui.

- Por que insiste em fazer isso? Já cansei de dizer que é perigoso, Adaline.

- Eu sei o que estou fazendo.

- Sabe? – arqueou a sobrancelha. – Você se esqueceu do que aconteceu da ultima vez que dormiu dentro da banheira?

- Marco, por favor, não começa. – levantei da banheira e segui para o chuveiro.

Tirei a espuma do meu corpo e me enrolei na toalha. Marco ainda me encarava de uma forma que eu não conseguia decifrar. Tirei a tampa da banheira e voltei para o quarto, mas sua mão me segurou com força, fazendo com que eu parasse no meio do caminho.

- Por que fez aquilo? – perguntou.

Seu rosto estava a centímetros de distancia do meu. Seu hálito quente roçava meu rosto deixando-me entorpecida.

- Acho que não preciso responder isso. – tentei me soltar, mas falhei miseravelmente.

- Você me deixou constrangido na frente da Julie. Não precisava daquela cena.

- Não? – sorri derrotada. – O que você queria que eu fizesse? Que ficasse ali e fingisse que sabia de todas as coisas que passaram quando estudaram juntos? Que eu achasse graça das coisas que ela falasse? Oras, Marco, você sabe muito bem como eu me sinto em relação a isso.

- Você queria que eu a escorraçasse dali? Não fazia ideia de que ela apareceria ali em um momento nosso. Você fez um drama gigantesco, Adaline. Não havia necessidade daquilo! – esbravejou.

- Eu fiz drama? – fiz uma retórica.

- Se fosse ao contrário, você gostaria se eu fizesse o mesmo que você fez?

- Não distorce as coisas, Marco.

- Não estou distorcendo nada. Você sempre acha que está certa e as coisas não são por aí. Você agiu como uma garota mimada, e não a mulher no qual eu me apaixonei.

Pela primeira vez em muito tempo, Marco me deixou sem palavras.

Desvencilhei-me de seu toque e caminhei até o closet. Coloquei um baby-doll e deixei o quarto. Odiava essas brigas que estavam se tornando frequentes, e talvez, ele tenha razão. As coisas estavam tomando uma proporção maior, não sabia como dar um freio nisso.

*

*

*

Tomava minha segunda caneca de chá enquanto estudava um caso de divorcio. Não estava muito convicta de que meu cliente venceria essa batalha sem deixar que a esposa o sugasse, e por estar com os nervos a flor da pele por causa do meu casamento estar passando por um momento frágil, não sabia como encontrar uma maneira de ajuda-lo.

Passei um bom tempo no escritório relendo todas as coisas que tínhamos a nosso favor, mas não conseguia desligar minha mente da briga com Marco. Sabia que ele estava irritado e que eu estava um tanto errada, mas pedir desculpas sempre foi um bicho de sete cabeças pra mim. Admitir estar errada era uma missão árdua.

Quando notei que já estava bem tarde, resolvi dormir. Voltei para o quarto e vi que Marco ainda estava acordado, enquanto assistia algo na tv. Caminhei sem fazer ruídos e me deitei ao seu lado. Ficar nessa situação estava me matando aos poucos, eu precisava tomar uma atitude.

Movimentei-me na cama, ficando de frente para ele. Meus olhos correram no seu peito nu, me fazendo suspirar. Queria toca-lo e ser tocada. Queria sentir seus lábios pelo meu corpo, queria que me fizesse sua.

- Me desculpe. – não sabia que seria tão difícil. Soltei o ar que nem sabia que estava prendendo.

- Pensei que fosse fingir que nada tinha acontecido. – continuou prestando atenção na tv.

- Não precisa fazer isso, Marco. Sei que minha atitude foi infantil e estou me redimindo por isso.

- Sabe, Adeline, espero não ter que passar por essa situação novamente.

- Eu só fiquei com c... – me interrompeu.

- Ciúmes? Te dei algum motivo pra isso? Julie foi uma amiga de faculdade, somente.

- Só me desculpe... Não queria constranger você.

Marco permaneceu em silencio, enquanto o único som do quarto era emitido pela tv. Dei as costas e tentei dormir, mas era impossível dormir dessa maneira. Sentia seu olhar queimando em minhas costas, sabia que ele queria falar mais coisas, mas estava se segurando.

O barulho da tv não estava ajudando nenhum pouco, estava sentindo minha sanidade ir pelos ares. Tentava segurar a vontade de chorar que estava me sufocando, mas sabia que não aguentaria por muito tempo, então, para não iniciar outra discussão, deixei o quarto e fui para o de hospedes. Agarrei o travesseiro e deixei que toda minha angústia fosse embora junto com as lágrimas. Chorei por todo esse tempo que tentei me fazer de forte e fingi estar bem. Chorei pela indiferença de Marco e pelo rumo que nosso casamento estava tomando. Chorei por estar sendo fraca e por estar idealizando algo que provavelmente não terá futuro. Chorei por ter deixado as coisas chegarem aonde chegou...

Não sei por quanto tempo fiquei ali, em posição fetal, chorando como um bebê, mas quando me dei conta, senti os braços fortes de Marco me envolver em um abraço acolhedor. Foi nesse momento que eu desabei de vez.  Cheguei a soluçar de tanto que chorei, pois não queria que ele me visse nesse estado. Não queria mostrar minha fraqueza; não queria que ele soubesse que era minha fraqueza.

Depois de algum tempo, ali no quarto de hospedes, nos braços de Marco, acabei pegando no sono. Na manhã seguinte, despertei na minha cama, sentindo a brisa fria entrar pela janela e bater no meu rosto. Sabia que era cedo ainda, então não fiz a menção de sair dali. Virei para o lado contrário e fiquei encarando meu marido, que parecia um garotinho indefeso enquanto dormia. Seu cabelo caia em seus olhos e sua boa estava entreaberta. Seu braço coberto de tatuagens pousava levemente próximo ao meu rosto. Deixei um beijo ali e fiquei observando seu sono até o meu voltar com toda a força.

*

*

*

Despertei novamente e Marco não estava mais na cama. Ouvi meu celular tocar e levantei as pressas para atender sem mesmo ver quem era.

- Pronto.

- Adaline, o que aconteceu? Não vem para o escritório hoje? Se esqueceu da reunião com o conselho? – Kady disparou em perguntas.

- Oi, Kady. Bom dia pra você também. – ironizei.

- Adaline, são meio dia e quarenta e sete. Não é mais dia, e sim, tarde. Você virá ainda hoje?

- Meu deus, não acredito que dormi tudo isso. – suspirei. – Kady, estarei pronta em quinze minutos. Pode pedir um taxi pra mim? Meu carro ainda está no conserto.

- Tudo bem. Preciso desligar agora.

Assim que a chamada foi encerrada, joguei meu celular em qualquer canto. Escolhi o primeiro vestido que vi pela frente e corri para o banheiro. Tomei o banho mais rápido da vida. Escovei os dentes, passei hidratante no corpo, me perfumei e me vesti as pressas. Calcei as sandálias e deixei o quarto.

Entrei no escritório e juntei todas as pastas o mais rápido que pude. Peguei minha bolsa, tranquei a casa e entrei no taxi que já estava a minha espera do lado de fora. Passei o endereço do escritório enquanto tentava me maquiar sem fazer besteiras. Era uma reunião importante, precisava estar apresentável. Quando finalmente chegamos, paguei a corrida e praticamente corri para meu escritório. Nesse tempo, senti inúmeros olhares em minha direção. Será que algo estava errado? Tirei o espelho da bolsa e dei uma olhada, mas não tinha nada demais no meu rosto. Gritei Kady e esperei que ela aparecesse na minha porta enquanto procurava o necessário para a reunião.

- Precisa de algo, Adaline?

- Sim. Olha pra mim e vê se acha algo errado?

Dei uma volta pra ela me olhar.

- Não há nada errado, Adaline. Exceto por esse vestido que está um pouco justo demais. – sorriu. – E branco.

- Foi a primeira coisa que vi. – suspirei.

- Você está linda. Um ponto ao seu favor na reunião...

*

*

*

A reunião com o conselho tinha sido exaustiva. Isso fez com que eu perdesse metade do dia com coisas idiotas sendo ditas por um monte de homens hipócritas. Estava fisicamente e emocionalmente cansada, mas precisava trabalhar.

- Trouxe isso pra você, já que não comeu nada hoje. – Kady deixou um fast food na minha mesa.

- Como sabia? Estou morrendo de fome. – indaguei, colocando algumas batatas na boca.

- Você fica extremamente estressada quando não come. Ouvi sua discussão com Noah daqui. Já imaginei que fosse isso. – sorriu.

- Você estava certa... Obrigada, Kady. Você é um anjo na minha vida.

- Está tudo bem?

- Vai ficar. – respondi, incerta.

- Marco ligou.

- Ligou? – pesquei o celular na bolsa e vi algumas chamadas suas junto com duas mensagens.

“Imagino que seu desespero ontem naquele choro tenha sido minha culpa. Me senti muito mal te vendo daquela maneira... Não sei o que está acontecendo com a gente, mas eu quero resolver isso. Você é importante demais e bonita demais pra ficar daquele jeito.”

“Não quis te acordar hoje mais cedo já que teve pesadelos de madrugada. Você dormiu mal e provavelmente está tendo um dos piores dias... é sempre assim... Te amo”.

As lágrimas voltaram novamente, fazendo com que Kady ficasse preocupada.

- Adaline, o que houve?

- É besteira minha.

- Tudo bem... Ele te ligou porque não conseguiu falar no celular e ficou preocupado. Eu disse que você estava em uma reunião e que retornaria depois. E ele me fez um monte de perguntas também.

- Perguntas?

- Se tinha vindo trabalhar, se você tinha comido alguma coisa, se estava estressada, se ficaria até tarde...

- E o que você respondeu?

- Só disse que havia chegado atrasada e que estava na reunião. Ele não é burro, então entendeu o resto.

- Certo...

- Adaline, aquela festa onde reúnem os advogados está chegando... Você disse que me levaria.

- Quando é mesmo?

- Sábado que vem.

- É verdade... Não tenho certeza se irei, mas você vai com certeza.

- Por que não vai?

- É aniversário do meu sogro.

- Ah...

- Sabe o Hummels?

- O que tem ele?

- Fiquei sabendo que ele está precisando de uma companhia.

- Eu não acredito, Lili. Aquele homem é incrível. – suspirou cabisbaixa. – É muita coisa pra mim.

- Ei, calma. – ri da sua reação.

- Olha pra mim...

- Kady, pelo amor de deus, você é linda. Para de se achar insuficiente.

- Preciso voltar para minha mesa agora.

Voltei minha atenção ao lanche com meus pensamentos em Marco, logo o restante do dia passou num piscar de olhos. Como havíamos somente Kady e eu no escritório, resolvi ficar a vontade. Tirei os saltos, o echarpe e prendi o cabelo no alto em um coque. Voltei a estudar o caso do divorcio e acabei perdendo a noção do tempo. Minutos depois, Kady avisou que já estava indo embora, então coloquei os fones e dei o play numa playlist qualquer. Abaixei a cabeça e tentei relaxar um bocado antes de voltar com força total ao caso. Não sei por quanto tempo fiquei dessa maneira, pois quando ajeitei minha postura na cadeira, me assustei com a presença de Marco parado na porta me encarando.

O paletó estava sobre seu ombro, a gravada frouxa, o topete bagunçado, os braços cruzados e um olhar diferente.

- Marco! – coloquei a mão sobre o peito.

Observei-o enquanto se movimentava. Marco trancou a porta do escritório e fechou as persianas. Em seguida, jogou o paletó em qualquer canto, caminhou em minha direção e tirou os fones do meu ouvido. Tirou-me da cadeira, olhou-me da cabeça aos pés e se aproximou. Fiz a menção de falar algo, mas ele me cortou colocando seu dedo indicador sobre meus lábios entreabertos:

- Preciso de você!


Notas Finais


E aí, o que acharam?


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