História All Songs - Just Saying (5 Seconds of Summer)

Capítulo Quatro – Just Saying (5 Seconds of Summer)

- Você está nervoso.

Não era uma pergunta. Michael conhecia o amigo, sabia quando algo o incomodava, podia descrever todas as facetas dele. Luke parecia não ter dormido muito bem, se dormiu em algum momento. O garoto parecia um zumbi, tinha olheiras debaixo dos olhos, seu cabelo sempre impecável estava uma bagunça, e ele tomava um café preto forte, Luke nunca tomava café preto.

- Eu não dormi direto, só isso. – Michael levantou uma sobrancelha, não acreditando no amigo. – Eu escrevi uma música. Passei a noite em claro trabalhando nela, isso nunca aconteceu, nada do que eu escrevi ficou que nem ela, nada ficou tão real. – Luke não sorria, não parecia orgulhoso de si mesmo, parecia assustado. – Isso nunca aconteceu antes.

- Posse vê-la? – O loiro concordou, tirou do bolso do casaco um papel amassado e entregou-o para Michael, que leu e sorriu. – É sore você e Ashton, certo?

- Sim, ele me contou algumas coisas. – Luke suspirou. – E aí?

- É muito boa, você é um compositor de momento. – O garoto loiro fez sinal para que Michael continuasse. – Você já tentou escrever, mas nunca deu certo, estou errado?

- Não.

- Então, você precisa estar ali, sentir, viver aquele momento. Você escutou Ash falando do namorado o tempo todo, construiu uma opinião e a colocou no papel. Precisou viver isso para ter a música como resultado.

- E você é...?

- Eu apenas observo e encontro palavras para descrever o que vejo. – Michael sorriu para o amigo. – Vai toca-la hoje?

- Não ensaiei outra coisa, vou ser obrigado a tocar. – Luke olhou nos olhos do amigo. – Talvez seja melhor nem irmos, já vai dar a hora em que marcamos de ir...

- Ah! Falando nisso, só vamos às onze. Eu sabia que você estaria parecendo um zumbi, então remarquei com Ash, disse que teria que trabalhar até mais tarde.

Luke encostou o rosto no balcão e fechou os olhos. Michael teve vontade de passar a mão nos cabelos loiros do amigo, da mesma maneira que ele fazia quando Michael se sentia mal.

- Ei, pode levantar o rosto daí! – Cameron disse enquanto dava leves tapas na cabeça de Luke. – Não quero ter que limpar marca de rosto de ninguém, muito menos lágrimas.

- Relaxa Cam, ele está tendo uma manhã ruim. – Michael colocou a mão no ombro do garoto mais novo. – Pode deixar que se alguma coisa acontecer eu limpo. Acho melhor você ir para casa e se arrumar – disse para o loiro. –, tem um pouco menos de uma hora para voltar aqui com aquele sorriso de canto irritante, o cabelo arrumado e sem pijama.

- E coloque o piercing – Cameron recolheu a xícara vazia de Luke e sorriu de forma maliciosa. –, você sabe o quanto Irwin adora ele.

- Verdade! – Concordou Michael. – Não se esqueça do piercing, se vamos seduzir Ashton, temos que fazer direito.

- Vocês dois não tem clientes para atender? – Resmungou Luke enquanto deixava alguns trocados em cima do balcão. – Vou indo, te encontro aqui?

- As onze não se esqueça, Ashton adora a sua pontualidade.

Luke apenas ignorou as risadas dos dois garotos, mas isso não o impediu de lançar a Michael um belo sorriso, que foi retribuído da mesma maneira.

 

Quando ele viu o amigo novamente, ele não parecia mais um zumbi. Suas costumeiras calças pretas junto com uma blusa listrada, Vans nos pés e a capa do violão no ombro faziam com que o garoto tivesse aquela pose irritante de roqueiro. Seu cabelo estava impecável e ele ainda usava óculos escuros que o deixava ainda mais atraente. Às vezes Michael tinha pena de todos que nutriam sentimentos por Luke, por mais supérfluos que fossem, porque ele nunca prestaria atenção em outra pessoa que não fosse Ashton Irwin. O amor da vida de Luke era Ashton, e Michael gostaria que alguém lhe desse atenção do mesmo modo que Luke dava para Ashton.

Talvez ele tivesse esse alguém, mas não queria admitir isso.

- Está muito bem vestido, Clifford. – Luke usou seu tom de voz sensual, o que fez com que Michael revirasse os olhos. – Não faça isso aqui, baby, não quero que estranhos saiam da sua atração por mim.

- Ir se foder Luke, é disso que você precisa. – Mas o loiro estava certo, ele estava bem vestido. Uma camisa de banda sob sua costumeira jaqueta jeans e calças pretas que destacavam suas coxas, coturnos pretos nos pés e um boné sobre os cabelos coloridos. Michael era atraente a sua maneira, com belos olhos verdes e lábios carnudos chamativos.

Enquanto andavam em direção ao estúdio fotográfico dos Irwin’s, os dois garotos atraiam diversos olhares para si. Era sempre assim, difícil de desviar o olhar daqueles dois belos garotos. Dos mais jovens até os mais velhos, a atenção sempre voltada para eles. Michael não era muito fã daquela atenção toda – diferente de Luke, que amava –, já que tudo o que queria era invisível.

- Você continua nervoso.

O loiro suspirou: – Será que ele vai perceber que a música é para ele?

- Olha... – Foi à vez de Michael suspirar. – Você sabe que eu adoraria dizer “claro que não Luke, você não tem que se preocupar com isso”, mas, sejamos sinceros, Ashton não é burro. Ele te contou aquelas, ele só não irá perceber se estiver extremamente distraído. – Luke fez menção de falar algo, mas Michael o cortou. – Não, seria impossível distrai-lo e você sabe disso.

- Você poderia ao menos tentar. – Resmungou o loiro.

- E você quer que eu faça o que? Lukey, você será o centro das atenções e você adora isso! – Eles haviam chegado ao estúdio, um prédio de cor alegre e com uma bela fachada. – Aproveite o momento, impressione Ash com sua voz, isso é a distração dele, você é distração dele.

Luke iria responder quando foi interrompido por um barulho alto vindo de trás deles, os garotos se viraram e encontraram Anne Irwin grandes caixas para fora do carro.

- Sra. Irwin! – Os garotos falaram ao mesmo tempo. – Encantadora como sempre. – Completou Luke com seu melhor sorriso.

- Garotos, já lhes disse para me chamarem de Anne. Não sou velha o suficiente para ser chamada de “senhora”. – De fato, ela não parecia aparentar a idade que tinha ou que tinha três filhos. Vestia uma calça esportiva colorida e uma camiseta que provavelmente era do filho mais velho, já que ficavam grande na mulher, seus cabelos estavam presos em um rabo de cavalo alto e usava tênis. E, como sempre, continuava a manter um belo sorriso no rosto.

- Precisa de ajuda? – Ofereceu Michael indo em direção à mulher.

- Vocês são convidados, não tem que se preocupar com isso, e as caixas nem estão pesadas. Ash e Cal estão na segunda porta a esquerda, podem ir.

Os garotos insistiram para ajuda-la, mas Anne quase os empurrou para dentro do prédio. Passaram pela recepção e cumprimentaram Lauren Irwin, irmã de Ashton, e seguiram pelo corredor que dava as salas fotográficas. Eles não precisaram se lembrar das palavras da Sra. Irwin, Ashton e Calum podiam ser ouvidos do corredor.

- Ash, a lâmpada vai queimar! – Ouvia-se Calum dizer. – Vou ao depósito pegar outra...

- Não! Eles já estão para chegar, quero tudo perfeito!

- Só vai demorar dois minutos, Ashton. – Michael pôde sentir Calum revirando os olhos em deboche. – Já volto. – E assim o fez, o moreno saiu da sala encontrando Michael e Luke rindo, fechou a porta atrás de si e sorriu. – Se eu fosse vocês, esperava um pouco antes de entrar ali, Irwin está louco.

Luke ignorou Calum e foi até Ashton, deixando Michael sozinho com o moreno no corredor. Os dois se olharam, o verde no castanho, e acabaram por sorrir ao mesmo tempo. O moreno fez sinal para que Michael o seguisse, andaram até a última porta a direita que continha a palavra DEPÓSITO escrito numa placa. Uma sala cheia de estantes de metal com prateleiras altas, Calum sumiu por alguns segundos e voltou com uma escada pequena (parecia mais um banquinho para Michael), subiu e começou a vasculhar dentro das caixas que ficavam na prateleira mais alta.

- Então Ash enlouqueceu...

- Você não faz ideia. – Calum bufou. – Eu nem pude ajudar Anne com as caixas, praticamente nem fiz meu trabalho hoje.

- Você trabalha aqui.

- Eu não queria que Anne me pagasse na época em que me... – Calum continuou mexendo nas caixas. – Caralho, cadê essa lâmpada?

- Me...? – Michael incentivou o moreno a continuar a conversa.

- Oh, desculpe. – O moreno sorriu. – Quando ela me chamou para trabalhar aqui, mas agora, sabe, o dinheiro é bem vindo.

- Por que não queria que ela te pagasse?

O moreno olhou dentro da caixa novamente e Michael pode ouvir um suspiro. Ele sabia que o garoto em cima da escada não seria grosso, mas no seu interior adoraria que acontecesse. O moreno desceu a escada com algo na mão, a lâmpada, Michael percebeu, e com um sorriso fraco seguiu para a saída do depósito. Ele ficou pensando se não teria tocado em um ponto delicado na vida de Calum, mas ao mesmo tempo ele queria saber, queria saber tudo sobre o moreno, era uma vontade estranha que brotava dentro dele. Ele não conseguia explicar aquilo.

Ele não conseguia explicar mais nada desde que Calum Hood entrou em sua vida.

- Você vai ficar muito tempo ai parado? – Michael não tinha percebido que Calum já havia saído do depósito e que provavelmente estava esperando ele do lado de fora. – Você está bem?

- Ah! Sim! – Contra sua vontade ele sentiu que suas bochechas estavam mais quentes que o normal, ele estava corado, na frente de Calum. O que poderia ser mais vergonhoso? Ele abaixou a cabeça, em uma tentativa de esconder o rosto, mas já era tarde demais. Calum havia notado.

- Você fica adorável quando cora. – O moreno falou quando Michael passava por ele para voltar até onde os amigos estavam. Ele parou e olhou para o moreno, que estava com aquele olhar que Michael achava desprezível, e quis soca-lo. Foi como se seu corpo tivesse uma reação contrária da que ele teve quando conheceu o moreno, foi como se a vergonha tivesse se transformado em algo, que não era raiva, muito menos ódio, era... Diferente. – Só para não perder o costume, certo? – O moreno piscou e riu, seguindo o corredor até a sala onde Luke e Ashton estavam.

- Vocês demoraram... – Luke falou enquanto Ashton e Calum arrumavam a iluminação.

- Cale a boca. – Michael cortou o amigo, já sabendo as piadinhas que viriam a seguir. Percebendo que estava tudo pronto, começou a examinar o ambiente a procura de alguma coisa que ficasse apresentável no vídeo. A sala era praticamente branca, o que Michael gostou, pois iria destacar Luke, então a cadeira que havia ali seria descartável. – Luke, por que você não toca sentado no chão? Como tudo aqui é branco, o foco ficará inteiro em você, o que é bom.

- Então, sem cadeira? – Ashton perguntou.

- Sem cadeira. O foco aqui é Luke, no que ele escreveu e em como ele canta e toca. – Michael se virou para Ashton. – Espero não estar sendo irritante, Ashton, afinal, o trabalho é seu.

- Não, você não está sendo irritante. – O cacheado riu. – Está fazendo um trabalho melhor que eu, já que eu só sei mexer com a câmera.

- Ótimo. Bom, vamos começar!

Luke sentou no chão. Ashton foi ajustar para que a câmara ficasse a uma distância perfeita do de olhos azuis. Calum e Michael foram para um canto, para que não atrapalhassem e ele percebeu que o moreno estava com um controle ligado a um cabo muito longo.

- Eu controlo a iluminação daqui. – Disse o moreno enquanto fazia uma demonstração, em um momento as luzes estavam brancas, deixando o ambiente bem iluminado, no outro as luzes ficaram amareladas, lembrando Michael uma foto antiga. – O que você acha melhor?

- Deixe a luz branca, isso destaca melhor Luke. – Calum obedeceu ao colorido. – Todos prontos?

- Sim! – Os outros três garotos responderam juntos, empolgados. – Pode começar Luke. – Ashton disse e Luke assentiu. 

You got a boyfriend
And he's a total loser
All your friends tell you that he's got not future
But they like me
Just saying

He barely takes you out
If he does he's late
And when the check comes he always makes you pay
I'd never do that
Just saying

You should leave him

'cause it really makes me sick

Just saying

Just saying

You don't need him

I'll help you get over it

Just saying

Just saying

When you change your mind I'll be waiting

'cause I'm better than him

Just saying

When you change your mind I'll be waiting

Just saying

Just saying

Got a big house says he lives alone

But when I drove by

I could see his mom was home

I got my own place

(he totally lies to you)

Just saying

He says he loves you

But it's all an act

He's someone else right behind your back

You know I'd never do that

(he would never do that)

Just saying

You should leave him

'cause it really makes me sick

Just saying

Just saying

You don't need him

I'll help you get over it

Just saying

Just saying

When you change your mind I'll be waiting

'cause I'm better than him

Just saying

When you change your mind I'll be waiting

Just saying

Just saying

You should leave him

'cause it really makes me sick

Just saying

Just saying

You don't need him

I'll help you get over it

Just saying

Just saying

When you change your mind

I'll be waiting

'cause I'm better than him

Just saying

When you change your mind

I'll be waiting

Just saying

Just saying

Ashton estava vermelho. Luke sorria aliviado. Calum olhava de um garoto para o outro. Michael apenas encarava o amigo.

Muitas coisas aconteceram naquele instante após o silêncio desconfortável. Ashton saiu correndo e Calum tentou ir atrás, mas foi impedido por Michael; Luke largou o violão de qualquer jeito no chão e foi atrás do garoto de cabelos cacheados, assim que o loiro mais claro passou pela porta fechando-a com mais força do que necessário, o moreno ficou encarando o colorido, tentando achar alguma expressão no rosto dele que explicasse aquilo tudo. Michael não queria falar no momento, estava orgulhoso do amigo por ter expressado o que sentia de uma forma tão linda e verdadeira que o que resultasse não importava no momento, ele ajudaria Luke no que precisasse, mas por ora, ele iria aproveitar aquela sensação estranha.

- Isso foi...

- Incrível? – Michael se virou para Calum.

- O que você acha que vai acontecer agora?

- Isso não importa no momento. – Michael suspirou. – Vamos apenas aproveitar o que aconteceu aqui e o quanto foi bom.

- Bom? Como assim bom? Luke machucou Ashton, de uma forma horrível!

    - Abaixe esse tom, Hood, e entenda: Luke não fez nada de errado. – Michael estava na frente de Calum, que era um pouco mais alto, mas isso não mudava nada. – Ashton que ficou esfregando na cara dele tudo o que o namorado fazia, mesmo sabendo os sentimentos de Luke por ele. O que Luke fez foi extravasar se livrar de algo que o machucava, então se Ashton se machucou, saiba que foi ele próprio que provocou isso.

Os dois garotos se encararam, estavam tão próximos que se um quisesse poderia beijar o outro. Foi quando Michael percebeu que Calum estava de fato se aproximando, ele já conseguia sentir a respiração do moreno em seu rosto, e os lábios dos dois estavam a milímetros de terem algum contato. Michael não sabia o que fazer, era como se cada célula do seu corpo estivesse esperando por aquilo, pelo toque do moreno. Era como se não existisse nada ao redor dos garotos, não existia Luke nem Ashton, não existia aulas de música, não existia o casamento dos pais indo por água abaixo. Só existiam os dois naquele pequeno universo que eles criaram. As respirações estavam se misturando e Calum fechou os olhos enquanto encostava seus lábios nos de Michael em um simples selinho. Os lábios do moreno eram macios, Michael reparou, e era uma sensação muito boa tê-los para si.

Ele gostaria de ficar ali por muito tempo.

Foi quando a porta se abriu, forçando os dois a se separarem. Michael viu Luke, com o rosto vermelho e os olhos inchados, entrando e indo direto buscar seu violão. Ele não sabia dizer se o amigo tinha visto a cena ou não, mas não importava mais agora, Luke precisava dele, e ele estava lá para o que o amigo precisasse.

- Eu estou indo. – Anunciou o loiro. – Você vai querer ficar mais um pouco?

- Não, eu já estou indo, okay? – Luke assentiu e resmungou algo que Michael entendeu como um “vou esperar lá fora”. Ele se voltou novamente para o moreno, que sorria, e revirou os olhos. – O que diabos você estava pensando?

- Não diga que não gostou Clifford, você poderia muito bem ter me afastado. – Calum continuava com aquele sorriso idiota no rosto, a vontade de soca-lo havia voltado. Michael simplesmente se virou, pegou suas coisas e saiu dali, mas parou na porta e, mesmo sua mente dizendo não, virou e olhou para o moreno, que deu uma piscada em direção ao colorido.

Ele não queria admitir, mas um pedaço bem grande do seu coração de gelo tinha derretido.