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História Alma Sombria - Opt


Escrita por: Dinny_Ives

Notas do Autor


Sei que mereço um belo soco na cara, e se alguém ainda estiver companhando essa história por favor aceite minhas desculpas e meu bloqueio criativo do cão. Muita coisa rolou nesses meses e confesso que só voltei a escrever depois de conhecer o Wattpad. Desculpa mesmo gente pela minha falta de vergonha na cara.
E boa leitura!

Capítulo 8 - Opt


Fanfic / Fanfiction Alma Sombria - Opt

O som agudo que despertava o desespero característico da tragédia de alguns ou a salvação de outros preenchia a mente de uma Adabeth estática, ecoando profundamente em seu ser, como um pano de fundo para o ato principal que deslanchava diante de seus olhos.

O mundo tornara-se um lugar gélido e sombrio. Os segundos não passavam rápido o bastante, tudo parecia avançar em uma espécie de câmera lenta. Ela nunca presenciara uma morte daquelas, nem mesmo em filmes, evitava os tristes ou de terror.

Sentia seu corpo ser empurrado, várias pessoas passavam, indo em direção a Amber, seus uniformes azul-escuro, paramédicos. Já os policiais surgiam de todos lugares afastando alunos curiosos do local. Ela percebia todo esse movimento ao seu redor, mas seus olhos só viam a jovem sem vida jogada ao chão.

Então seu olhar cadenciado parou sobre Kevin, nem percebera quando ele se afastara, a encarava com uma expressão concentrada, era visível seu cansaço e também algo que em uma segunda olhada mostrou-se intensamente, a desconfiança. O rapaz virava-se sem tirar os olhos dela e começou a andar finalmente desfazendo o contato visual, caminhava na direção de um policial. Como em um estampido de arma, a razão de Adabeth despertou e o tempo voltou a passar normalmente. Correu antes que ele chegasse no policial e segurou seu braço.

- O que você fará? – Perguntou temendo a resposta.

- O que acha? – Disse ele ironicamente de modo amargurado enquanto fitava Amber com os olhos arregalados. – Irei denuncia-lo. Se ao menos tivéssemos feito isso ontem, ela não estaria morta. Esse cara, não é normal, você viu o que o desgraçado fez a ela? – Olhava agora, diretamente para Adabeth.

Kevin sentia um misto de raiva e medo. Inspirou fundo, virou o rosto para o lado desviando o olhar da moça, não aguentava encara-la, aquelas feições lindas contorcidas pelo medo. Sua mão parou em cima da boca por alguns instantes e lágrimas despencaram de seus olhos.

O silêncio se prolongava entre os dois.

Ele perdia-se em pensamentos, lembrava cada vez mais de Amber e sua alegria. O ódio inundava seu interior juntamente com a dor da perda.

- Esse filho da puta irá pagar pelo o que fez a você e a Amber.

A decisão o tomara completamente e ele retornara a caminhar.

Adabeth sentia tanto por tudo. Pelo o que acontecera a aquela garota e pelo o que Kevin estava sofrendo. Queria justiça também mas sabia que se ele contasse para a polícia nada seria resolvido, ao contrário, deixaria Cassiel furioso ao ponto de matar muitas pessoas, incluindo Kevin. Não suportaria mais alguém morrer por sua culpa.

Ela tinha de impedi-lo.

- Preciso que venha comigo. – Adabeth disse a ele ficando em seu caminho.

- Agora não Ada, depois. – Kevin disse a ignorando, passando por ela, seu senso por justiça e vingança gritava mais alto.

- Kevin pare! – Ela gritou sem mais paciência, ele havia dado alguns passos a sua frente antes de parar.

- Porque? - Virou-se direcionando sua fúria a Adabeth.

- Você não pode fazer isso. – Ela disse em um tom baixo, não conseguindo evitar a entonação secreta que escapou de seus lábios.

Aquilo chocou Kevin pela segunda vez, a primeira havia sido à noite passada quando ela implorou para não ir ao hospital e sim direto ao dormitório. Ele não conseguia acreditar no que ouvia. Será que Adabeth não entendia que isso não era mais um assunto pessoal? Agora ameaçava a segurança de todos!

Mas então algo o atingiu, como uma adaga no peito. Algo que ainda não passara por sua cabeça.

- Você o conhece! – Verbalizar a afirmação foi mais terrível que pensa-la. Provocou nojo em Kevin.

Adabeth não sabia o que dizer. Esse momento era decisivo, uma mentira a mais e estragaria tudo entre ela e o jovem.

- Se você disser aos policiais, ele virá mata-lo. Por favor Kevin, você não o conhece. – Implorou a ele, ela sabia que o rapaz nunca mais confiaria nela novamente, mas precisava tentar salva-lo.

- Ah e você o conhece muito bem? – O humor negro sugava o que restara de brilho nos olhos de Kevin. – Eu farei o que é certo, ele que venha. E quanto a você, nunca imaginaria algo tão sujo. – Sua voz soou furiosa mesmo estando baixa.

Nunca se sentira tão traído, abalado. Por que ela não contara a verdade desde o início? Poderiam ter poupado a vida de Amber.

Adabeth o viu caminhar até o policial, mas antes disso, enquanto encarava seu rosto, vislumbrou o momento em que algo dentro dele desmoronou. Aquilo a doeu no fundo de seu amago. Nunca magoara alguém, não sabia como lidar com tal culpa, com esse sentimento devastador que inundava seu peito. Entretanto não havia mais o que pudesse fazer para reverter a situação, era uma covarde, jamais sentira tanta saudade de sua casa e de seus pais, seu porto seguro.

Estava desesperada. Sabia que Kevin estaria perdido no momento em que abrisse a boca para a polícia, sem contar que ela própria seria uma das principais suspeitas. Adabeth não queria parar em uma delegacia pelos crimes de outra pessoa. O que faria?

Começara a caminhar e nem se dera conta, estava quase chegando ao dormitório feminino. Ao passar pela porta de seu quarto, a trancou e o verdadeiro peso da situação a atingiu como um tapa na cara. O que diria a polícia quando perguntassem como sobrevivera enquanto Amber morrera?

Escorou-se na porta enquanto seu corpo deslizava lentamente ao chão, segurou a cabeça com as duas mãos enquanto fitava o vazio e lágrimas acumulavam-se em seus olhos. " Estou ferrada! "

***

Mais tarde recebera a notificação de que as aulas haviam sido canceladas naquele dia para que a polícia investigasse o assassinato. A Universidade estava um caos desde cedo. Jornalistas e repórteres perambulavam por toda a parte esperando o "furo" de noticia valiosa que pudesse alavancar suas carreiras. A vizinhança ao redor da Universidade especulava inquieta sobre novas possíveis vítimas, por mais que fosse algo tão cruel quanto, as pessoas não podiam evitar, afinal não era todos os dias que sua cidade era destaque em principais manchetes do país. O reitor estava à beira de um colapso, como sua instituição tão renomada poderia estar sendo tão mal falada?

Os pais de Adabeth ligaram para ela preocupados. Perguntaram se ela estava bem e tentaram a convencer de voltar para casa, o que não seria uma má ideia, considerando o estresse e o medo que estava sentindo, mas sabia que se fizesse isso, estaria levando a fera para a toca do coelho, levando a morte para as pessoas que amava.

***

Já era por volta das 19:00 quando ouviu batidas em sua porta. Ao abri-la viu dois homens parados em sua soleira.

- Adabeth Solveig? – Perguntou um deles. Era caucasiano, alto e magro. Possuía cabelo curto e escuro. Seus olhos eram castanhos e gentis de um jeito profissional. Não passava dos 35 anos e vestia uma jaqueta de couro caramelo por cima de uma camisa social preta, suas calças eram jeans e calçava um sapa tênis.

- Eu mesma. – Respondeu ela adivinhando quem eram aqueles homens.

- Sou o detetive Henry e este é o investigador Dylan. Gostaríamos de fazer algumas perguntas. – O oficial Henry mostrou seu distintivo, era um pouco menor que Dylan, devia estar por volta dos 40 anos. Era moreno, seus cabelos escuros apresentavam um tom leve de grisalho, seus olhos eram mais frios que receptivos. Vestia um terno mostarda.

Adabeth engoliu em ceco. "O policial bonzinho e o durão. "

- Claro podem entrar. – Ela deu alguns passos para o lado deixando a passagem livre para que passassem.

Os homens observavam tudo ao seu redor sem perder se quer um único detalhe. Segundo alguns jovens, a garota a frente deles teria sido um dos últimos contatos da moça assassinada e pelo o que o rapaz lhes contara, ela teria tido um ataque semelhante do mesmo agressor.

- Podem sentar. – Adabeth gesticulou para sua cama, afinal não possuía sofás.

Ela puxou a cadeira de sua escrivaninha e sentou à frente dos dois oficiais. Estava nervosa, suas mãos não paravam de suar e mesmo sabendo ser bobagem, não conseguia parar de pensar no quanto aqueles dois a intimidava.

- Adabeth, você conhecia há quanto tempo Amber Orweel? – Perguntou Dylan segurando um bloco de anotações em uma mão e uma caneta em outra.

- Eu conheci ela ontem mesmo. – Respondeu ela segurando as mãos no colo enquanto encarava os dois policiais. Não podia deixar de olha-los nos olhos, queria que eles acreditassem nela.

- Você a conheceu durante as aulas? – Perguntou Henry, seu olhar era duro, seu rosto estava sério. Não era como Dylan que parecia tranquilo.

- Não, eu a conheci através de outro amigo, Kevin, em uma festa a noite na casa de uma aluna veterana do campus. – Adabeth dizia pensando longe. Perguntando-se quanto Kevin falara a eles.

- À primeira vista, vocês duas se davam bem? Ou em algum momento discutiram ou brigaram? – Continuou perguntando Henry. Ela sentia-se desconfortável, Henry parecia querer entrar em seus pensamentos apenas com um olhar.

- Não brigamos, nem discutimos em nenhum momento. Ela foi uma amiga maravilhosa no tempo curto em que nos conhecemos. – Recordava do rosto sorridente de Amber e como a garota havia sido um amor com ela. "Cassiel seu desgraçado! "

- Kevin, seu amigo, nos disse que vocês tiveram contato com o assassino de Amber ainda na festa. Ele nos contou que o assassino o agrediu fazendo-o desacordar, queríamos saber o que aconteceu no tempo que Kevin manteve-se desmaiado. Você pode nos dizer? – Dylan falou concentrando-se totalmente no que ela iria dizer.

Adabeth gelou. Era esse o momento, ela tinha de dizer parcialmente a verdade.

- Bom eu nunca havia visto ele antes. Depois de avançar feito um animal contra Kevin, ele veio na minha direção, derrubou-me no chão e mordeu meu pescoço. Eu gritei muito e acho que isso o despertou de alguma forma da droga, pois ele foi embora do nada. Kevin acordou, ficamos com medo de continuar na festa e fomos embora. Até então nada de mais grave havia acontecido. – Adabeth jorrou a história pensando se seus olhos estavam sinceros. Se os policiais descobrissem a verdade poderiam acusa-la de cúmplice.

Os dois policiais se entre olharam e então voltaram sua atenção novamente a Adabeth.

- Tem certeza que foi isso mesmo que aconteceu? – Perguntou Henry seu rosto insondável.

- Nada mais estranho ocorreu? – Dylan pronunciou-se mau esperando o parceiro concluir a frase.

- Foi isso o que aconteceu. Sem mais, nem menos. – Disse Adabeth achando estranho a reação dos dois. "Será que sabem de algo? Não, impossível. "

- Só mais uma coisa antes de irmos embora. Podemos ver a marca da mordida? – Perguntou Dylan franzindo um pouco o cenho.

Adabeth demorou-se alguns segundos até movimentar-se vagarosamente tirando os cabelos do lado mordido do pescoço, inclinou a cabeça para o lado e puxou um pouco do curativo expondo a ferida que já iniciava a cicatrização.

- Kevin supurou, estava horrível antes. Não poderia deixar aberto. – Adabeth surpreendeu-se ao notar que estava desabafando com os oficiais.

- Sim, ele nos contou. O que fez eu me questionar, porque você não quis ser hospitalizada? – Henry perguntou desconfiado.

Aquilo pegara ela de surpresa.

- Bem, é um pouco constrangedor, mas no momento em que o hospital registrasse meu nome com o cartão de saúde, meus pais seriam notificados, eles viriam para cá e me arrastariam de volta para casa, eu não sou daqui, vim de Hartman, Arkansas. – Adabeth sentia suas bochechas febris. – Não são maus pais, eles só querem me proteger e eu tento evitar que eles se preocupem sem necessidade comigo.

Os dois oficiais estavam pensativos, então Dylan fez algumas anotações.

- Obrigada Adabeth. – Disse ele. – Acho que seu depoimento já está bom por aqui.

Os dois levantaram e dirigiam-se a porta seguidos por ela.

- Pedimos desculpas se fomos inconvenientes em algum momento. Aqui está nosso cartão, caso você lembre-se de mais alguma coisa. – Disse Henry sério, mas deixou uma expressão cansativa a mostra.

- Tudo bem. Boa sorte com a investigação. – Adabeth falou enquanto os via prosseguir no corredor. Ela fechou a porta, escorou-se nela.

"Por pouco. " Ela sentia-se cansada não dormira desde a outra noite. Mas antes de ir para cama precisava de um banho.

***

Dylan dirigia-se para uma vending machine e seus olhos brilharam ao ver donuts gorduchos e arredondados, cobertos por uma espessa cobertura de chocolate. Pôs suas moedas, escolheu os e aguardou ansiosamente pelos doces, não via a hora de morde-los, sentir aquele gosto maravilhoso que já o deixava com água na boca. Não comia desde cedo por conta da investigação.

Estava prestes a morder o donut quando percebeu a expressão concentrada de Henry, ele pensava em algo.

- Refletindo no caso Henry? – Perguntou Dylan aproximando-se do colega.

- Essa moça, Adabeth.... Ela esconde algo, pressenti isso enquanto a interrogávamos. – Seu faro de detetive não o enganava, esse seria mais um daqueles casos complicados. Ele viu nos olhos daquela moça, o terror genuíno de alguém que temia pela própria vida por saber de mais. – Aconteceu algo naquela festa e precisamos descobrir o que foi.

- Conheço esse olhar, estamos lidando com algo grande novamente. – O investigador terminava de mastigar seu delicioso pedaço de donut, então seu celular começou a vibrar no bolso da calça. Ele o pegou e atendeu. – Investigador Dylan.

- Dylan, sou eu Peter, acabei de lhe enviar o que você tinha pedido. – A voz do outro lado da ligação soou neutra.

- Obrigado Peter, qualquer coisa entrarei em contato novamente. – Dylan desligou. Entrou em seu e-mail e viu as fotos que o policial lhe enviara.

Eram imagens perturbadoras que faziam parte de uma investigação de dois meses atrás na Louisiana. Cinco mortes no total, todas jovens entre 15 e 20 anos. Possuíam mordidas pelo corpo todo, algumas estavam com a garganta dilacerada, outras a jugular nem habitava mais o pescoço e a pior delas, uma jovem de 16 anos desmembrada e decapitada.

Dylan estava anojado com tamanha crueldade, como um ser repugnante daqueles poderia ser considerado humano?

- As fotos Henry, chegaram. As mesmas mordidas no corpo, a mesma dilaceração doentio na garganta. – Disse passando o celular para o detetive ver.

Henry manteve seu olhar profissional e perspicaz enquanto averiguava as fotos.

- Não é apenas um drogado como esses estudantes pensam. Esse desgraçado vem deixando uma trilha de mortes, e pelo que vejo tudo se iniciou na Louisiana. - Henry sentia a maré de fatos suplicando por desvendamentos. A tensão era quase palpável. – Um serial killer.

Enquanto voltavam a caminhar saindo da republica feminina e indo em direção ao carro, um Impala preto, Henry parou bruscamente olhando para o colega.

- Ela disse ser do Arkansas.

- Sim, Hartman especificamente. – Dylan entrava no carro com a chave em mãos pronto para dar a partida.

- Arkansas fica ao lado da Louisiana...

O investigador agora entendia o que o detetive especulava.

- Quero que você descubra tudo o que poder do passado de Adabeth Solveig, pais não seriam tão restritos ao plano de saúde de um filho sem uma razão. – Henry sabia que a garota poderia não ter ligação nenhuma com o assassino, mas eram detalhes muito coincidentes para se deixar passar, ainda mais que sua desconfiança crescia para o lado da jovem.

Estava prestes a entrar no carro quando a viu os observarem da janela de seu dormitório.

"Mocinha espero que eu esteja errado ao seu respeito. "


Notas Finais


E aí algum palpite sobre o rumo da história?
Comentem aí :)


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