1. Spirit Fanfics >
  2. Alma Sonâmbula >
  3. Non, Je ne regrette rien

História Alma Sonâmbula - Non, Je ne regrette rien


Escrita por: vhopelovers

Notas do Autor


Eu passo a vida a desculpar-me pela demora, mas percebi que não devemos forçar a inspiração; então espero que gostem e não desistam de mim.

Capítulo 7 - Non, Je ne regrette rien


Fanfic / Fanfiction Alma Sonâmbula - Non, Je ne regrette rien

POV YOONGI

Suspirava, de forma compulsiva, enquanto encarava a mesa, pois não tive coragem suficiente para erguer o meu olhar.

- Quarenta e oito horas! – repetiu ele.

Esfreguei os meus olhos, pensativo (ainda que o meu cérebro se recusasse a pensar). Aquele era, sem sombra de dúvidas, o sentimento mais desconfortante que alguma vez sentira no meu peito.

- Eu não sei… – acrescentei de forma baixa, o que fez as minhas palavras serem abafadas pelo ruído que nos circulava.

- Eu não quero desculpas, Min Yoongi! – bateu com a mão na mesa, exibindo agressividade – Quarenta e oito horas ou ele morrerá da forma mais fria que alguma vez poderás imaginar.

Daquela vez, o suspiro veio num formato mais intenso, acompanhado também por um forte nó que se agarrou às paredes da minha garganta.

- O meu irmão não sabe que eu trafico… Muito menos que cozinho… Eu preciso de um momento com ele para me poder explicar. Ele não deve fazer ideia do que está a acontecer… – cuspi as palavras, uma vez mais, sem me atrever a centrar no olhar dele.

Ele riu balançando a cabeça e pressionando o olhar contra mim. Depois simplesmente adotou uma postura séria, que me fez questionar se o ordenaria matar naquele mesmo instante.

- Terás todo o tempo do mundo para lhe dar explicações depois de o libertares. Eu sei que és um rapaz inteligente! Faz a coisa certa. – disse antes de pousar dinheiro na mesa e sair rapidamente.

Apertei as minhas mãos ainda em cima da mesa e encostei-as à minha testa, enquanto refletia sobre o facto de qualquer uma das minhas decisões finais trazer trágicas consequências.

 Abandonei também aquele bar e caminhei pelas ruas frias de Daegu, de mãos enfiadas nos bolsos do casaco, sem saber qual seria ao certo o meu destino.

Se eu não cedesse a receita completa e detalhada das metanfetaminas do Sr. Young-Nam – homem com o qual eu cozinhava droga (e tinha de tratar, obrigatoriamente, por “Senhor”) –, a concorrência mataria a única pessoa pela qual ainda sinto algum respeito e admiração: o meu irmão mais velho. Mas após fazê-lo, Young-Nam irá, sem margem para questionamentos, triturar a minha cabeça e dá-la para os porcos comerem. Eram várias incógnitas; várias incertezas e, todas as resoluções acabavam em morte. No universo da ilegalidade somos, a dada altura, completamente encurralados. Não há escapatória possível. É matar ou morrer. E eu não estava preparado para matar… Muito menos para morrer. Ou ver morrer...

 

POV HOSEOK

- Taehyung? O que fazes aqui? – perguntei ao vê-lo sentar-se a meu lado.

- Eu avistei-te passar no corredor. Aconteceu alguma coisa?

Baixei o meu rosto após ouvir a pergunta, e deixei a água escorrer através dos meus cabelos.

- Eu sou um monstro! – disse ainda de olhos fechados.

Senti a mão de Taehyung encontrar o meu ombro, mas por pouco tempo.

- O que te leva a pensar isso? – perguntou ele, numa voz grave que entoou no local.

Mantive-me em silêncio por um tempo. Estava demasiado envergonhado com tudo o que acabara de acontecer. Demorei longos segundos a recuperar coragem para desabafar sobre o sucedido.

- Lembras-te daquela vez em que fui para a solitária? – ele assentiu rapidamente com o rosto – A razão que me arrastou para lá foi que… eu agredi um homem, Taehyung… sem justificação… Vários pensamentos invadiram a minha mente e… ele foi o primeiro que surgiu diante mim. Quando dei por mim, já tinha o seu sangue nas minhas mãos.

Taehyung pressionou o olhar ao ouvir as minhas palavras, mas fez um esforço para manter o seu papel de “psicólogo: bom ouvinte”.

- Agrediste-o apenas porque necessitaste de um meio onde descarregar a tua dor? Ou seja, usaste um total desconhecido como saco de boxe… – comentou, sem perder a sua postura séria.

- Exatamente isso. – confirmei ao puxar os meus cabelos para trás da minha testa.

Percebi Taehyung – entretanto – sorrir pelo canto da boca.

- Eu costumava fazer isso. – disse. Fitei-o no momento, de rosto surpreso; então ele voltou a sorrir ligeiramente – Não descarregava a minha emoção em pessoas. Eu fazia-o através da música. Por vezes sentimos coisas tão fortes dentro de nós que temos aquela necessidade absoluta de a descarregar. Para isso temos de encontrar um meio, onde, através dele, a possamos libertar. Eu encontrei o meu meio: Arte; especialmente e, sobretudo, música.

- Como? – questionei ao ouvir tão atentamente aquelas que pareciam palavras sábias.

Ele passou lentamente a língua pelos seus lábios perfeitos, enquanto aparentava fazer várias reflexões.

- Expressionismo. – disse ele focando o seu olhar num ponto distante – Já ouviste falar? – sim, eu já tinha ouvido falar, mas muito vagamente – A teoria que defende a arte como a expressão de emoções… Há um ponto importante nesta teoria relativamente à música. – seus olhos brilhavam ao abordar o tema – Ele afirma que o ouvinte identifica-se com o agente da canção. O próprio ouvinte tende a imaginar que ultrapassa esse estado emocional. – suspirou pensativo – Dá-se uma espécie de inversão, – expressava-se com as mãos – é como se a dada altura, o ouvinte achasse que a música é sua: “ela é expressão daquilo que eu sinto”; – falou enquanto, dramaticamente, colou as mãos no seu peito – Dá-se uma certa empatia. É como se fosse o próprio ouvinte a exprimir-se. É a chamada liberdade criativa; como se fosse a nossa própria criação. – mordeu o lábio numa expressão indecifrável – A música cria então, uma espécie de via que nos facilita a expressão. Se existe alguma dificuldade em expressar os nossos próprios sentimentos, principalmente se estes forem negativos, a música facilitará essa tarefa de expressividade. Levinson, um famoso filósofo, diz que o ponto positivo que se pode retirar é a graça que sentimos ao expor tal emoção. Digamos também que acontece uma identificação com o próprio intérprete.

Eu ouvia Taehyung de forma atenta. E estava totalmente impressionado com o quanto inteligente ele era. Taehyung era simplesmente especial, e podia fazer qualquer um se apaixonar através das suas palavras.

- O que costumavas ouvir para o fazer? – perguntei, extremamente sedento pela resposta.

Ele sorriu sem mostrar os seus dentes e suspirou lentamente, apenas por lembrar do artista.

- Édith Piaf. – respondeu num novo suspiro – Não que eu seja muito fluente em francês, mas é precisamente por isso. Eu não preciso de entender o que ela diz para entender o que ela sente.

 - Uau…  – soltei o meu espanto.

- Deverias ouvir um dia.  Eu nunca precisei de bater em ninguém enquanto tive Édith Piaf. Ela salvou-me diversas vezes.

Eu não fiz questão de esconder o meu espanto nem por um segundo. Ficamos a olhar um para o outro por demorados instantes. Os nossos olhares se conectaram tão intensamente que senti necessidade de quebrar aquilo, repescando o tema inicial da conversa.

- E hoje ele voltou a ser espancado por minha culpa...

- Como assim?!

- Ele quis vingança. Salientando que ele agora é um Kkangpae. Mas Yejun procurou vingança por si mesmo. O Líder Kim não achou propriamente graça a isso. – fechei os meus olhos ao recordar aquela imagem arrepiante – Os Kkangpae espancaram-no bem à minha frente. A mensagem não foi apenas para ele, Taehyung. Também foi para mim. – bufei, segurando as lágrimas – Porém, ele voltou a sofrer por minha causa. Se Shin Yejun não se tivesse cruzado comigo naquele dia, ele ainda estaria bem.

Taehyung colocou a sua mão sobre a minha. Foi como se me quisesse transmitir força.

- Como ele está?

- Mal. – respondi no mesmo segundo – Ele ficou inconsciente. O Yoongi ficou responsável por entrega-lo na enfermaria. Eu só espero que ele recupere rapidamente. Caso contrario, jamais me irei perdoar. – engoli em seco, atingido por imagens do espancamento – Eu sou um monstro! – exclamei batendo no chão encharcado.

- Eu matei o meu próprio pai.

Estremeci no mesmo instante. Voltei o meu rosto para ele, de olhos arreguilados, e fiquei um tempo a processar sobre se teria ouvido bem, porém tudo indicava que sim. Eu estava perplexo, e só consegui sair daquele transe assim que Taehyung continuou.

- É por isso que estou preso. Ainda tens a certeza de que és um monstro, Jung Hoseok?

Taehyung levantou-se e fechou a torneira, por cima do meu corpo. Eu não me movi. Fiquei com aquelas palavras a bater sistematicamente na minha mente. Os pelos do meu corpo estavam arrepiados. O meu cérebro recusava-se a assumir aquele cenário como real.

Taehyung ficou de pé, à minha frente, totalmente molhado. É indescritível como Kim Taehyung ficava lindo com os cabelos molhados, de roupa colada ao corpo. Levantei-me e fiquei de frente para ele. Num impulso, levei a minha mão até à sua testa, e afastei os seus cabelos molhados da zona. Lá estava ela. A cicatriz do meu sonho.

- Não vais acreditar… Mas eu sonhei com a tua cicatriz.

- Eu acredito. – respondeu muito rapidamente.

- O que aconteceu?

- Foi ele. – sussurrou contra a minha boca. Eu não entendi o porquê da nossa proximidade física, mas a verdade é que, senti-me confortável com ela.

- Édith Piaf não te impediu naquele dia?

- Roubaram o meu rádio.

 

POV YOONGI

- Prometes-me fidelidade?

Destravei o nó da minha garganta para responder que: sim.

- Bem-vindo à equipa, nesse caso. Tu és um miúdo com potencial. Trabalharemos bem.

Bati na cabeça, tentando em vão afastar aquele maldito pensamento. Tratava-se de uma escolha – literal – entre mim e o meu irmão. Após várias reflexões concluí que:

1. Eu não me amava tanto assim.
            2. O meu irmão faria mais falta no mundo.

Peguei no meu telemóvel e, depois de digitar uns números, coloquei-o na minha orelha. Aguardei por uns instantes e logo ouvi aquela voz autoritária do outro lado.

- Eu tomei uma decisão. Entregarei a receita. Onde nos podemos encontrar?

Senti o meu coração quase explodir assim que desliguei a chamada. Suspirei fundo – naquele banco de jardim –, e permaneci comtemplando a paisagem, tendo consciência de que, muito provavelmente, seria a ultima vez que o fazia.

No dia seguinte, acordei cedo e apanhei um Uber para perto do local que me tinham indicado. Indiquei ao motorista um local mais afastado para que – independentemente de tudo – jamais soubesse o meu verdadeiro destino; e continuei o resto do percurso a pé. Encontrei uma fábrica abandonada e calculei imediatamente que tinha terminado o meu percurso. Era ali. Aproximei-me receoso e, do nada, dois homens surgiram e revistaram-me de cima a baixo.

- Limpo! – um deles exclamou.

- Entra! – o outro fez menção com a cabeça – O chefe falará contigo lá dentro.

Assenti e, de corpo estremecido, caminhei lentamente até ao interior. Assim que passei a porta, avistei o meu irmão sentado numa cadeira ao fundo.

- MANO! – gritei, correndo na sua direção.

- Eu não faria isso! – ouvi alguma voz que era projetada de algures, mas não consegui perceber donde.

Parei a meio da corrida e olhei em volta, tentando perceber o sucedido.

- A receita! – ouvi novamente – Atira-ma!

Cerrei os meus punhos à velocidade da luz e depois retirei a receita do bolso das minhas calças.

- Está aqui! – ergui-a para, seja lá quem for, visualizá-la.

- Atira-a para aqui! Tua direita!

Olhei à minha direita e vi um quarto totalmente escuro. Dei passos na sua direção e deslizei a receita pelo chão, até alcançar a entrada. Consegui ver uma mão pegar nela no mesmo instante e aguardei, sentindo o suor na minha face. Olhei ao fundo e fiz contacto visual com o meu irmão. Tentei entender se ele se encontrava bem, mas o pano enfiado na sua boca deixou-me com dúvidas. De qualquer forma, o seu olhar transmitia exaustão.

Foi então que ouvi passos e voltei a minha atenção para o quarto escuro. Estremeci ao ver uma arma nascer através dela apontada a mim. Recuei um passo e aguardei – nervosamente – aquela silhueta revelar-se.

Mais passos. A pressão só aumentava. As pontas dos meus dedos tremelicavam como se o amanhã não existisse (e talvez, de facto, não existisse). Levei um choque ao ver – finalmente – o rosto do individuo. Foi uma mistura de tensão e revolta. Nem eu sei ao certo o que senti mas, seja lá o que foi, fez o meu peito queimar de angústia.

- Young-Nam… – murmurei, incrédulo.

Segundos depois senti a parte traseira da arma bater agressivamente no meu rosto.

- Traidor!

Levantei o meu rosto amparando o meu próprio sangue.

- Senhor… Eu…

- Min Yoongi, acabaste de falhar no teste. – disse de arma apontada à minha cabeça.

Depois, num gesto brusco, direcionou-a até ao meu irmão, fazendo menção para pressionar o gatilho. Não tive tempo de calcular um plano na minha cabeça. Atirei o meu corpo sobre o dele e lutei por desviar aquela arma.

BANG

O som do tiro entoou por completo naquela fábrica velha e vazia. Tentei visualizar o meu irmão pelo meio de tantos socos e chutos mas a minha própria visão estava turva devido a tantos movimentos e sangue espirrado. Young-Nam encontrava-se – agora – sobre o meu corpo e socava o meu rosto friamente. Olhei para a minha direita e vi a arma a poucos centímetros. Estiquei o meu braço o mais possível, enquanto deixava-o distrair-se com a minha face. Estiquei um pouco mais e consegui senti-la nos meus dedos, e logo totalmente na minha mão. Após um difícil tempo, consegui livrar-me dele com um pontapé na barriga que o projetou para longe; e seguidamente apontei a arma na sua direção. Avistei por cima do meu ombro esquerdo os seus “cães de guarda” entrarem apressados e exigi que desaparecessem.

- Vão embora e nenhuma bala vos atingirá!

Eles fitaram-se brevemente e recuaram até desaparecerem por completo. Voltei a concentrar-me no “Sr. Young-Nam” e aproximei-me, sem baixar a arma um milímetro.

- Sabe o quanto sofri com esta merda de teste?! Faz a mais pequena ideia!?

Ele cuspiu o sangue da sua boca numa postura autoritária e olhou-me num olhar totalmente raivoso.

- Reprovado. – sussurrou ironicamente – Tudo o que fizeste durante toda a tua vida foi falhar, Min Yoongi.

Aquelas palavras acertaram em cheio no meu orgulho, fazendo a minha respiração alterar-se. Eu ia disparar! Eu estava prestes a fazê-lo, mas ouvi os gemidos do meu irmão quase abafados pelo pano que continha entre os dentes. Olhei para ele de olhar vermelho – derrotado. Compreendi através dos seus gestos a ideia que me quis transmitir. Ele balançava de forma sistemática a cabeça, implorando – expressamente – para não o fazer.

- Desamarre-o! – ordenei de voz trémula.

Young-Nam levantou-se – a muito custo – e foi até ao meu irmão, onde o soltou.

- Seja lá quem ele for, não sejas como ele, Min Yoongi! – disse assim que se viu livre daquele pano – Não o faças, ouviste? Não o faças!

Aquelas palavras proferidas pelo meu irmão fizeram o meu braço descer. Assim que o vi de pé, dando passos lentos na minha direção, senti um alívio incalculável no meu interior. Pude respirar calmamente pela primeira vez em muito tempo.

- Apenas vá embora. – exigi sem o olhar – Não volte a aparecer diante mi, Young-Nam!

A última recordação que tenho daquele dia é a de abraçar o meu irmão e chorar no seu ombro.

(…)

Três dias depois, alcancei a minha rua e fui atingido por um grande choque ao perceber a quantidade de polícias e uma ambulância que la se encontravam: mesmo diante a minha casa. Aproximei-me cautelosamente, com o coração nas mãos até sentir uma delicada mão no meu ombro. Era da minha vizinha; ela tinha aproximadamente a minha idade.

- Yoongi – pronunciou o meu nome de lágrimas no olhar – É melhor não te aproximares. – escapou-lhe a primeira lágrima – Eu lamento tanto, Yoongi…

Naquele dia, eu percebi que jamais daria segundas oportunidades.

 

POV HOSEOK

Acordei com o alarido proveniente da parte exterior da minha cela. Olhei para o lado e avistei Taehyung também acordado – de sobrancelhas carregadas –, a tentar perceber o motivo daquilo. Encarou-me, esperando respostas mas dei de ombros.

Levantei-me e Taehyung veio atrás. Seguimos o barulho até encontrarmos um corredor recheado de detentos e guardas. Fiquei atrás dos mesmos, tentando avistar algo relevante.

- O que aconteceu? – ouvi Taehyung perguntar a algum detento.

- Encontraram um recluso morto.

- Quem?

- Não sei.

Fiquei estático. Foi como se o chão tivesse – repentinamente – desaparecido debaixo dos meus pés. Engoli em seco e olhei em volta, enquanto sentia os meus batimentos cardíacos se desregularem. Lá estava ele. Min Yoongi bem ao fundo, encostado contra a parede, de braços cruzados. Ele apenas observava tudo aquilo.

Dei passos apressados na sua direção. Eu estava fora de mim: descontrolado. Agarrei-o pelas golas e balancei-o nas minhas mãos.

- Filho da puta…

- Hey, Hoseok! – ouvi a voz de Taehyung que correu na minha direção.

- Ainda me vais agradecer. – Yoongi disse ainda sobre minha posse.

Taehyung enfiou-se entre nós os dois e empurrou-nos um para cada canto.

- Vão chamar a atenção... – falou seriamente.

Fitei Yoongi ainda enraivecido. Senti o monstro se apoderar de mim uma vez mais e estava prestes a atirar-me novamente para cima dele quando senti a mão de Taehyung agarrar na minha. Ele puxou-me pelo corredor fora sem descolar as nossas mãos. Caminhamos de mão dada – com ele a guiar o caminho – e quando dei por mim estava a entrar para a biblioteca.

- Espera aqui! – ordenou, indo de encontro a umas velhas gavetas e pegando num radio velho, onde lhe enfiou uma cassete qualquer.

Taehyung regressou e, me olhando nos olhos, colocou – delicadamente – um auscultador de cada vez nos meus ouvidos.

- Chama-se “Non, Je ne regrette rien”. – disse e pressionou o play.

Comecei, então, a ouvir aquele instrumental inicial em que cada nota percorreu cada centímetro do meu corpo. Os pelos do meu corpo se arrepiaram na hora.

- O que significa? – gritei, pois o som estava deveras alto.

- Não, eu não me arrependo de nada. – traduziu Taehyung aos berros.

Suspirei com cada nota inicial.

- E tu? Não te arrependes de nada?! – voltei a gritar.

Ele balançou a cabeça –  indicando que não –  com um sorriso nos lábios.

E então aquela voz forte, poderosa e doce ao mesmo tempo surgiu com aquela frase.

“Non, Je ne regrette rien”

 

Aconteceu magia...

Édith Piaf acabava de me salvar também.

 

 

 

 

 


Notas Finais




Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...