História Almas - Capítulo 1 - Introdução/A chuva de estrelas

Em algum lugar bem longe daqui, um dia viveu alguém, alguém especial, alguém novo, alguém único apesar de tudo.

Uma garota, que se recusou a crescer, num vasto mundo, criado por ela mesma, onde haviam coisas fantásticas que eram banalizadas pelos que lá viviam por muito tempo.

Era um lugar pacato, sem muitos problemas, mas abundante em magia, não só o clássico bibidy bobide bu, mas outro tipo também.

As pessoas de lá eram diferentes, não possuíam estruturas iguais as nossas, suas almas eram não só espirituais, mas possuíam uma essência única, porém isso dependia de como eram usadas.

O corpo das pessoas se juntava à alma, permitindo que ela se materialize de varias formas, cada uma única.

Uma alma com sentimentos complexos e únicos, e ao mesmo tempo compartilhados por todos, era uma essência brilhante cujos sentimentos vividos por ela as vezes vazavam.

Estela! Este é o nome que começa a nossa história.

Estela é o nome de alguém brilhante, alguém que olha com seus próprios olhos para o que está a sua volta, esta garota era uma jovem que vivia numa vila entre a magia da França, a polidez da Inglaterra, e a riqueza cultural do Japão, China e Coréia do sul juntos.

Era um lugar vivo, mas assombrado pelo desinteresse, lá era comum apenas cada pessoa seguir seu papel, bruxos com astros, elfos com literatura, vampiros com história, sereias com biologia etc.

Os humanos eram uma das únicas raças que se espalharam por outras profissões, apesar de não terem o devido reconhecimento por isso.

Estela, ela era uma humana como qualquer outra, mas era especial, apenas por escolher ser, um de seus passatempos prediletos era seguir ao cair da noite para as ruínas do antigo castelo o qual nunca se lembrava o nome.

Ela adorava subir a torre mais alta e deitar-se no telhado observando as estrelas no imenso céu azul, o frio era constante naquela altura, isso a fazia cochilar na maioria de suas aventuras naquele telhado. Era noite de chuva de meteoros e a garota estava doida para fazer seu desejo.

Um vento frio assolava o lugar, já era quase a hora quando algo enfurecedor aconteceu, uma imensa nuvem cobriu o seu estimado céu, mas a garota era teimosa, e decidiu que iria esperar passar, e assim foi!

10, 15, 30 minutos.

Os olhos da garota ficavam mais pesados em quanto ela repetia cada vez mais baixo.

-Eu não vou desistir, vou fazer o meu desejo... Nem que...

E lá se foi o último suspiro da Estela adormecida.

A noite ia passando calma a medida que o frio ia aumentando, a garota começara a tremer em quanto dormia, já era meia noite quando seus dentes pararam de bater.

Por um instante, como se fosse mágica, por um imenso cobertor a garota foi envolvida, ainda em seu sono profundo ela sentiu como se pudesse abraçar algo à sua frente.

Achou que fosse o ursinho de pelúcia que seu pai lhe deu quando era criança, mas parecia menos felpudo, porém bem mais quentinho.

Ela abraçou a cintura do urso bem forte para se manter aquecida e repousou seu nariz gelado em seu peito, quase com a mesma sensação de entrar em um banho quente.

1, 2, 3 horas se passaram.

Então algo brilhante passou na frente de seus olhos, ela os abriu virando seu rosto ainda sonolento para cima, a chuva de estrelas cadentes começara.

Um pequeno sorriso surgiu em seu rosto e ela, ainda envolvida por aquele calor relaxante, desejou em uma voz pouco mais alta que um sussurro.

-Desejo descobrir o que mais a minha alma pode fazer, ver os sentimentos que ela ainda tem para me mostrar.

Então ela suspirou, imaginando as coisas lindas que ainda estariam por vir, a garota estava prestes a voltar a dormir quando finalmente percebeu o enorme manto negro que a cobria, e então sentiu algo se mexer na lateral de seu cabelo.... Uma mão!

Ela então olhou para o lado, deparando-se com dois enormes olhos vermelhos como rubis, envolvidos por uma pele completamente pálida e com uma mecha de cabelo negro como carvão e liso cobrindo a metade de um olho.

O garoto encarava seus olhos castanhos intrigado, sua enorme capa preta ainda cobria os dois como um lençol.

A garota deu um grito e retirou suas mãos da cintura do garoto, levantando-se com um salto, quase caindo do telhado.

Ele então deu uma risada baixa e levantou-se devagar, o rosto de Estela estava quase tão vermelho quanto seus cabelos ruivos.

-O que?...Quem?...Quando?...

As suas falhas tentativas de falar alguma coisa só aumentaram o sorriso do garoto, cujo rosto agora era iluminado pela lua.

Depois de respirar fundo e tentar se controlar, ela conseguiu esboçar algumas palavras.

-Quem é você? E... POR QUE ESTAVA ME ABRAÇANDO? Que tipo de tarado você é?

Falou em quanto tentava por o cabelo no lugar, ela continuava a se abraçar por causa do frio, o garoto ria, sem perder o rosto da garota de vista e tirou a sua mecha de cabelo da frente do olho esquerdo, em quanto falava com ironia nos lábios.

-Acho que a única tarada aqui é você, senhorita invasora de propriedades! Eu apenas voltei às ruínas do meu castelo para ver a chuva de estrelas, mas à encontrei aqui, tremendo de frio em quanto dormia, e como um distinto cavalheiro que sou, sentei-me ao seu lado e estava prestes a retirar minha capa para dar-lhe - Ele ria em quanto falava, e a garota olhava para os lados, com um sentimento estranho que percorria a sua coluna, mas justo nesse momento ela encontrou os olhos do garoto, que parou por um segundo de falar, esboçando satisfação na boca e no olhar. - Mas a senhorita agarrou a minha cintura e me forçou a ficar deitado ali.

Estela perdeu-se por um instante naqueles densos olhos de rubi, mas logo acordou do transe quando percebeu outra coisa em seu rosto que brilhava com a lua.

-V- Você é um vampiro! - gritou levando as mãos ao pescoço, mas não havia nenhuma marca.

O garoto riu outra vez, e se aproximou calmamente, mas a garota, morrendo de medo, deu um passo em falso para trás, onde não havia mais telhado.