História Almas - Capítulo 3 - Dúvidas e as camélias florescentes.

Pouco antes de acordar, a garota ainda estava presa nos seus sonhos, olhando para aqueles olhos vermelhos bem diante dela, ela ainda sentia um calor estranho, mas aconchegante, e uma leve frieza na bochecha.

Era estranho, como se não conseguisse falar no seu sonho, perdida demais na cena, sem esboçar nenhuma reação, ela ainda tinha as mãos em volta daquela coisa grande e macia, e era como se conseguisse sentir os seus rostos se aproximando mais e mais, até estarem a poucos centímetros e...

BAM

Um gigante travesseiro cuja garota estava se agarrando caiu na sua cara.

As coisas pareciam menos fantasiosas, o frio na bochecha? Seu travesseiro estava ensopado de baba. O calor incomum? Ela pensou ter sido o lençol, então tratou de desenrolar rápido, mas...

Então ela repousou a mão sob o pescoço.

-Poderia tudo aquilo ter sido um sonho?

Mas então a garota sentiu algo diferente em seu pescoço.

Era...Uma enorme capa preta que cobria as suas costas.

Por um momento ela não soube se ficara tensa ou feliz, mas então surgiu em sua cabeça a dúvida.

-Como isso veio parar aq...

Mas ela parou no meio da frase, a cena transpassou seus olhos, foi como um Flashback.

As mãos quentes passando pelo seu pescoço, que estava tremendo por causa do frio e do vento, era como se pudesse ver nitidamente, aquelas mãos amarrando a capa, depositando o beijo e... Sumindo, com a mesma velocidade que chegaram.

Então ela voltou a realidade, balançando freneticamente a cabeça para manter-se acordada.

-Não, não, não! Não tem mais nada para pensar, eu só vou devolver a capa e...

Então suas mãos pararam por um instante de desamarrar a capa, por mais que não gostasse de admitir.... Ela estava ansiosa para vê-lo novamente, mas logo recuperou a consciência e retirou a capa de vez, jogando-a sob uma cadeira.

Desceu freneticamente as escadas para a livraria no andar de baixo.

Ela era dona de uma livraria encantada, com todos os tipos de livros que se pode imaginar, mas nunca ficava por lá muito tempo, um feitiço protegia a livraria de furtos então ela tentava usar melhor o seu tempo.

Foi uma surpresa estar indo pegar o dinheiro na caixa registradora quando:

-Hey, Estela!

Então ela se virou e deparou-se com um senhor elfo de óculos, ele não aparentava ser muito velho nem muito novo, parecia estar na faixa dos 30, e olhava eu eufórico para a garota.

-Viu a chuva de ontem? Foi realmente um tremendo evento!

-Sim Ms. Bart, mas é uma surpresa o senhor ter conseguido dar uma pausa no trabalho para prestigia-la.

-Por sorte estava lendo e verificando um tipo especial de planta no dia, Camélias Fluorescentes! Elas costumam brotar cerca de, em média, uma semana após esse tipo de fenômeno!

-Ora, mais que sorte da sua parte.

-Sim senhorita, deveras sort... Mas espere, não era você que estava procurando plantas curativas semana passada?

-Oh, sim. Preciso para meus remédios.

-Ora, pois vi algumas delas no lago de cristal ontem, creio que já estão aptas a serem colhidas.

-Que bom, estava mesmo precisando de algo para fazer esta manhã.

Então os dois se despediram e a garota subiu novamente a escada, recolhendo uma enorme cesta, estava prestes a passar pela porta quando encarou a capa preta sob a cadeira.

Por fim decidiu enfia-la no fundo da cesta, por precaução.

Então a garota seguiu para o lago, e por muito tempo ficou colhendo as plantas que ficam na margem, até ouvir um barulho esquisito.

Algo berrava e corria desesperado em sua direção, após pular os arbustos a garota conseguiu ver com clareza a coisa, era um cervo crescido que corria velozmente até tropeçar em uma pedra.

A garota se aproximou para tentar acalma-lo, porém ele deu um enorme berro e tentou se levantar rapidamente, mas parecia sem forças, então a garota viu.

Escorria sangue por sua pele.

Rapidamente ela correu para o lago, trazendo consigo um pouco de terra e suas plantas até o animal.

Então começou, tratou de pôr a terra primeiro sob as feridas, depois espremeu as plantas sob a terra e por último usou o bagaço da planta para fazer a bandagem.

O animal logo se acalmou, deitado na grama, e esperou suas forças serem recuperadas, depois da euforia passar a garota finalmente notou, as marcas do ferimento do cervo, eram dois caninos afiados.

-Vampiros, DE DIA?

Então se ouviu um ruido na árvore em frente, sob um galho bem alto.

-Hum... Que tomatinha esperta.