Capítulo 8 – A carta mistério e Hermione Granger em alerta
O frio tinha chegado a Hogwarts. Era sinal que o inverno se aproximava e, como ele, vinham as férias de Natal e, por lá fora estar demasiado frio, Harry e Draco, aproveitando o facto de ser sábado e de Ron e Hermione estarem algures a estudar, decidiram deitar-se na cama do louro, abraçados de lado. Harry com a cabeça no peito de Draco e Draco enrolado contra o corpo de Harry.
- Onde vais passar o Natal? – Harry perguntou-lhe ao ouvido e Draco ficou tenso. Ficou tenso não por ter feito algo mau, mas por que tinha recebido uma carta de Sirius para que passeasse o Natal com ele e Harry e não queria estragar a surpresa.
- Não sei. – Draco respondeu-lhe e Harry levantou-se da cama e começou a vasculhar na sua mochila.
- O que estás a fazer? – Draco inquiriu com uma expressão confusa e o rapaz de cabelos negros limitou-se a mandá-lo aproximar-se.
- Abre e lê. – Harry retorquiu-lhe e estendeu-lhe um pequeno envelope.
- Quando chegou? Não me lembro de ter recebido correio. – Draco esboçou confusão no seu rosto e aproximou-se.
- Chegou hoje mesmo, aliás, quando cheguei aqui de manhã já estava cá. – Harry respondeu-lhe e sentou-se em cima da cama.
- Até tenho medo! – Draco respondeu ao amado e pegou no envelope, abriu-o e começou a ler:
“Para ti, querido sobrinho Draco, que nunca desistas do que te faz feliz,
Esta carta é algo que deves guardar para sempre, mas apenas se quiseres. Não te obrigo a nada (até por que seria muito estranho), mas espero que a guardes com muito amor e carinho.
Eu sei que não nos conhecemos tão bem quanto deveríamos, mas a tua mãe pediu-me para te acolher. Com isto, ela não quis dizer que não se verão mais ou que ela não gosta de ti, porém o teu pai proibiu-a de te ver, pelo menos por enquanto e ela fica bem mais descansada se estiveres a salvo na casa de alguém que ela conheça.
Portanto, o teu quarto aqui em Grimmauld Place está pronto a receber-te para as férias de Natal e para sempre.
Sucesso Draco,
Sirius
PS: Cuida do Harry, por favor.”
- O que é que diz essa carta? – Harry questionou-lhe com uma expressão curiosa e Draco abanou a cabeça negativamente.
- Não necessitas de saber. – respondeu-lhe e voltou a dobrar a carta – Quando chegar a hora de o saberes, eu contar-te-ei.
Harry bufou e encarou carinhosamente o amado. Odiava que as pessoas, em especial Draco e os seus amigos, lhe escondessem coisas. Fazia-o sentir-se destroçado por não confiarem nele (ou, pelo menos, era assim que pensava).
- Draco. – suplicou-lhe Harry, abraçando-o por trás e encostando a sua cabeça no pescoço do louro – Por favor, conta-me o que diz essa carta. – pediu-lhe, mas Draco continuou a recusar dizer qualquer coisa em relação àquele pedaço de pergaminho e ao seu conteúdo, para ser mais específico.
- Cansas-me a beleza, Harry! – Draco reclamou com o menino de cabelos pretos – Não te vou dizer nada. – concluiu e Harry assentiu.
- Eu vou esperar calmamente, pacientemente, lentamente por respostas, Malfoy. Não te livras de mim. – advertiu-lhe e voltou a sentar-se em cima da sua cama.
- Livrar-me de ti não está nos meus planos, amorzinho. – Draco respondeu e beijou a testa de Harry.
[…]
- Hermione? Onde vamos? – perguntou Harry quando a amiga lhe pegou no braço e o começou a arrastar pelo castelo.
Hermione estava esquisita. Trazia, agarrado com força suficiente para o desfazer, um livro debaixo do braço e assim que avistou Harry no Salão dos Gryffindor agarrou nele e conduziu-o para fora daquela divisão.
- Hermione! – Harry voltou a chamar impacientemente – Onde vamos? – questionou com a mesma impaciência de antes e usou parte da sua força para colar os seus pés ao chão.
- Harry, há algo que precisas de ler. – Hermione disse, depois de se ter sentado à frente do menino de cabelos pretos, e estendeu-lhe o livro que trazia.
Harry pegou-lhe com cuidado e analisou cuidadosamente a capa do livro. Era uma capa bonita, bem decorada, e isso Harry não podia e nem devia negar. Havia algumas linhas douradas que cruzavam a capa e elas tiveram um efeito hipnotizante sobre Harry, ele tocou nas três linhas e o livro levitou-lhes à frente e abriu-se numa página ligeiramente amarelecida pelo tempo.
- Hermione, não estou a gostar do rumo disto. – Harry murmurou para a amiga de cabelos castanhos assim que recuperou o controlo do seu corpo.
- Harry, lê o que está escrito, por favor. – Hermione pediu-lhe e a sua solicitação foi imediatamente atendida.
Harry, ainda que estivesse um pouco receoso com o que poderia acontecer, pegou no livro, munindo-se com a coragem mais Gryffindor que conseguiu arranjar, e encarou a página em que o livro se tinha aberto.
Os seus olhos verdíssimos encararam a página, de uma vez por todas, e a sua boca silabou aquilo que a página exibia ou, pelo menos, apenas aquilo que Harry conseguia ler:
“Esperem mais um pouco. Aguardem, pacientemente, o florescer da vossa relação, pequenos pupilos. Só quando a felicidade pura vos atingir é que deverão vir aqui e, juntos, lerem esta mensagem. Só quando os dois se tornarem um só é que entenderão verdadeiramente o valor destas palavras. Deixem que os vossos fios se vão entrelaçando de forma calma, doce e singela. Jamais apressem o florescimento de um amor que há muito está destinado a acontecer. Nunca acelerem o encontro de Almas Gémeas porque o que o destino há muito uniu, nenhum Homem conseguirá separar”
E assim que estas palavras foram lidas e guardadas na memória de Harry, o livro começou a desfragmentar-se. Palavra a palavra, linha a linha, parágrafo a parágrafo, página a página, capítulo a capítulo, até que nada mais sobrou naquele ambiente.
A não ser a lua, que já brilhava no céu escuro, onde não havia qualquer vestígio de uma estrela, e uma chuva fraca que caía sobre os corpos de dois pré-adolescentes completamente arrasados, esbaforidos, atónitos pela dimensão que aquelas palavras tinham causado no seu íntimo.
E assim seguiram para o Castelo, lado a lado, com os braços entrelaçados e aquelas palavras a rodopiarem-lhes na cabeça, no coração.
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