No dia seguinte, eu ainda estava com aquele sentimento dentro de mim, eu estava confuso, como eu poderia matar alguém e não sentir nenhum remorso? Eu não consegui dormir nem sair do quarto, só conseguia pensar naquela cena, o sangue que pelas minhas mãos escorriam, o seu rosto desfigurado que mesmo sem seus olhos, davam a impressão que estava lhe vendo, observando por entre sua alma seus mais íntimos desejos e sentimentos escondidos em um lugar que nem mesmo seu subconsciente havia tocado, sim, é uma sensação estranha e parecia que cada vez que eu relembrava eu me perdia mais e mais nas minhas lembranças. Eu estava estático, deitado e com os olhos abertos eu observava o teto do meu quarto e em um silêncio absoluto me afogava aos poucos na culpa.
Taylor – Jack! Por favor, você está ai a um dia, não comeu nem bebeu nada, está tudo bem?
Jack – Sim… Só me deixe sozinho mais um pouco.
Taylor – Tem certeza? Por que hoje é o dia que a Ashley vai sair do hospital.
Jack – O que? Ela vai sair hoje? Não era só amanhã?
Taylor – Hoje já é amanhã… Você ficou ai um dia inteiro Jack, Então se quiser vê-la tome banho e vá, ela já me ligou tantas vezes que eu já perdi a conta.
Jack – Obrigado.
Depois que eu soube que ela queria me ver, corri para o chuveiro, tentei ser o mais rápido possível, vesti uma roupa e corri para o hospital. Chegando lá, eu a vi, ela estava no leito com um sorriso no rosto conversando com seus pais e o médico, ela me viu e me chamou mais para perto.
Ashley – Jack, até que em fim, você soube? Vou ter alta hoje. (Falou sorrindo)
Jack – Sim, a Taylor me falou.
Ashley – Você esta bem? Parece cansado…
Jack – Ah… é que eu não dormir ontem, sabe, meio que tinha muita coisa na cabeça, mas isso não importa agora, então, quando você vai receber alta?
Ashley – Bem, tecnicamente hoje, estamos esperando o médico preparar a papelada.
Ashley – E então, vai me dizer o que está acontecendo com você?
Jack – Nada, eu já disse…
Ashley – Aham, por favor Jack, conheço você a bastante tempo para não perceber que alguma coisa aconteceu.
Eu não podia falar para ela o que eu tinha feito, qual seria a reação dela? Com certeza nada boa, então eu tive que inventar qualquer coisa.
Jack – Sabe como é, pressão das provas e também estive um pouco doente esses dias, mas nada grave.
Ashley – Tem certeza que é só isso? Você sabe que pode confiar em mim para conversar né?
Jack – Sei, obrigado Ashley, você sempre se preocupou comigo mas agora é hora de se preocupar mais com você
Ashley – É...Acho que você tem razão...
Impressionante, mesmo eu não estando bem ela ainda conseguia me fazer se sentir como se nada tivesse acontecido, é como se a minha alma entrasse em êxtase, como se meus problemas não existissem ou nunca existiram. Mesmo estando frustrado e ao mesmo tempo com medo de que ela pudesse descobrir de alguma forma o que eu tinha feito, tudo que eu queria naquela hora era ajuda-la assim como ela me ajudou quando éramos crianças, queria faze-la se sentir bem e feliz, porém, isso não poderia acontecer se ela descobrisse, por isso decide guarda aquele segredo para mim... como sempre.
Enquanto esperávamos o médico com os papéis da alta, conversávamos e riamos de coisas do dia-dia, até que a Ashley decidiu ligar a TV no noticiário.
Repórter – Estamos aqui em um velho galpão abandonado, onde aqui perto houve um assassino brutal, a polícia está investigando mas já temos confirmações de que talvez isso fosse produto de uma guerra de gangues ou até mesmo um usuário de drogas que devia para algum traficante. O criminoso foi reconhecido pelos peritos por meio de exames de DNA, e ele bate com a do criminoso que assaltou e atirou em uma jovem próxima ao cinema.
Jack – Ashley, você ouviu? Pegaram o criminoso que fez isso com você
Ashley – Sim... Que pena...
Jack – Como assim? Não vai dizer que está com pena daquele criminoso que quase te matou.
Ashley – Jack... apesar de eu estar triste e frustrada com tudo isso, mesmo eu tendo quase morrido, isso é uma vida, e vidas se preservam, eu acredito na justiça mas matar a sangue frio... isso é coisa de pessoas sem alma...
Foram poucas palavras, mas elas causaram um impacto muito grande dentro de mim, me fizeram repensar sobre o que eu era e o que eu tinha feito, será mesmo que eu me tornei em uma coisa próxima ou se não, igual ao meu pai? Esse era meu maior medo, me tornar semelhante ao ser que destruiu minha vida, me transformar em um assassino frio que não tem sentimentos. E mais uma vez eu me desligo da realidade, entro em um mundo em que minha mente me coloca como fuga daquilo que me tornei, é um lugar escuro, frio e sem piedade, um lugar onde a cada minuto que passo ele me corrói, me pune me tortura onde mais dói, na consciência. Justiça? Não há justiça nesse mundo corrupto, não há perdão, não existe piedade onde vivemos, as pessoas se matam para obter melhores cargos, fazem coisas que as corrompem para ganhar mais dinheiro, influencia e poder, só para encherem a boca de soberba e falar para os seus amigos ``eu tenho dinheiro, um belo carro, mulheres e uma boa vida, mas na verdade vivem escondidas em suas selfies nas redes sociais, ouvindo elogios falsos de pessoas falsas que só estão interessadas no que você pode fazer por elas, seja por prazer ou bens materiais, a sociedade está morta a sociedade está doente, por que eu deveria me sentir mal por tirar do mundo uma de suas pragas? Não! Eu estou certo, este mundo que esta errado. Jack, Jack alô, você ainda está ai? (Perguntou Ashley com um tom debochante)
Jack – Ah... Sim, eu só estava pensando.
Me perdi nos pensamentos de novo, isso está acontecendo demais ultimamente (Pensou Jack)
Ashley – È...Está pra nascer alguém que se perca assim nos pensamentos que nem você. (Falou rindo)
(Porta do quarto se abre, Cristopher entra suspirando)
Cristopher – Bem... Eu tenho uma má notícia para você Ashley.
Ashley – Ah meu Deus, o que foi agora?
Cristopher – Eu fui chamado para uma reunião em paris e sua mãe vai ter que ir comigo.
Ashley – O que? Logo agora que eu vou sair de alta.
Cristopher – È eu sei que é repentino, mas eu não posso cancelar, é sobre um antigo cliente, parece que houve um problema.
Ashley – Tudo bem, eu entendo, mas quem vai ficar comigo? Eu não posso fazer nada sozinha.
Cristopher – Bem, eu falei com a irmã do Jack, e ela concordou em ficar com você por um tempo, isso é, se o Jack concordar é claro.
Jack – Por mim tudo bem, eu vou cuidar bem dela Senhor White.
Cristopher – Então está resolvido, a sua mãe Ashley, foi arrumar a bagagem e daqui eu já vou para o aeroporto. Mais uma vez filha, me desculpe por sair assim, eu queria realmente cuidar de você
Ashley – Tudo bem pai, é o seu trabalho.
Cristopher – Pois bem, estou contando com você em Jack, cuide bem dela.
Jack – Pode deixar, ela está em boas mãos.
(Cristopher sair correndo em direção a saída)
Ashley – È...Parece que é só eu e você agora. (Uma lágrima escorre pelo rosto de Ashley)
Jack – Ashley, você está bem?
Ashley – Sim, só me lembrei o quão ingrata eu fui com você naquele dia, me perdoa Jack, eu não sabia o que estava pensando.
Jack – Ah, deixa disso, você sabe que já te perdoei, aliás, nem me lembrava mais disso. Somos amigos Ashley, não importa o que aconteça eu sempre vou estar aqui para te ajudar assim como você fez por mim no passado, sem você, com certeza eu estaria nesse momento no meu quarto, isolado e ainda aflito pelo que aconteceu.
(Médico entra na sala)
Médico – Olá, olha aqui estão os papéis da alta é só entregar isso para a recepcionista e já pode sair, ah, e passei uns remédios para dor, boa sorte.
(Médico sai)
(Na mesma hora Taylor entra)
Taylor – E então pombinhos, vamos embora?
Jack – Pombinhos? Taylor não começa sua mau comida!
Ashley – Há há, e verdade Taylor, ele não vive sem mim (Falou sorrindo)
Jack – Meu Deus, vou ter que aturar vocês duas... que saco (Falava enquanto entrava no carro)
...
(Enquanto isso do outro lado da rua em um beco)
Estranho – Hum... Então você é o Jack, interessante... (Falava enquanto batia fotos)
...
(Na casa de Taylor)
Ashley – Ufa, chegamos... não aguentava mais o clima de hospital
Jack – Vou buscar algumas toalhas para você
Taylor – Venha comigo Ashley, vou te mostrar o quarto onde você vai ficar
Ashley – Então, por que o Jack está estranho ultimamente?
Taylor – Se descobrir me avise, ele não me fala nada também, ele simplesmente entrou aqui um dia e foi direto para o quarto
Ashley – Bem que ele podia ser mais aberto com a gente.
Taylor – Ele te ama.
Ashley – Que?! Como você consegue falar isso tão de repente.
Taylor – Você já deve ter percebido.
Ashley – È...Eu já percebi sim... Mas isso é uma coisa complicada.
Taylor – O que você sente por ele?
Ashley – Por que essas perguntas agora?
Taylor – Por que não quero ele sofra mais.
Ashley – Mas eu nunca o faria sofrer.
Taylor – Eu sei, só estou dizendo que ele faz de tudo para de te fazer feliz, respeite isso.
(Jack chega chamando pelas duas)
Jack – Ashley, trouxe suas toalhas! Cadê você!
Ashley – Estamos aqui Jack.
Taylor – Pense no que eu falei.
(Ashley olha envergonhada para o chão)
Jack – Ah, ai estão vocês, toma Ashley, depois eu pego uns cobertores.
Ashley – Obrigada Jack, você pode me dar um copo de água?
Jack – Claro, vem comigo.
(Os dois chegam na cozinha)
(Ashley abraça Jack)
Ashley – Obrigada por tudo, por você me fazer companhia, me acolher e ficar comigo apesar de tudo, e desculpa se pareço meio ingrata as vezes. (Falou em um tom quase chorando)
O abraço que ela me deu naquela hora, me despertou um sentimento no qual fazia tempo que eu não sentia...Mas ao mesmo tempo eu não sabia de que sentimento se tratava, ele fazia meu coração palpitar, eu senti um aperto no peito era bom e quente... Como um abraço pode despertar tais sensações tão vorazes dentro mim...Aquele momento poderia ser taxado como um dos melhores momentos da minha vida. Eu a abracei de volta e pude sentir seu coração batendo no meu, sentir seu corpo, ele parecia tão frágil e indefeso, naquele momento eu percebi, o que eu sentia por ela era mais do que um sentimento bobo do colegial, o que eu sentia era amor. A noite chega, jantamos e fomos todos para o seus quartos, nos deitamos e dormimos.
...
(Lado de fora da casa de Taylor)
Estranho – Então é aqui que você mora... (Pega o celular e faz uma ligação)
Estranho – Já coletei bastante informação, e ele bate direitinho com as informações de nossos informantes, estou esperando suas ordens.
...
(No outro dia na casa de Taylor)
Jack – Ah meu Deus que sono!
Ashley – Bom dia Jack, dormiu bem?
Jack – È, acho que sim. (Falou bocejando)
Taylor – Bom dia, pombinhos, o café tá na mesa.
Jack – Lá vem você com essa história de ``pombinhos´´
Ashley – Que foi, eu não sirvo pra você?
Jack – Eu não disse isso, só que... (As duas encaram ele)
Jack – Só que... Ah vamos tomar café logo (desceu rapidamente)
Taylor – Coitado, não faz isso com ele. (Falou rindo)
Ashley – Ué, você começou.
(Todos comem)
Taylor – Jack, pode ir no mercado comprar algumas coisas?
Jack – Fazer o que né, eu vou.
Ashley – Eu também posso ir?
Jack – Não, você tem que descansar, ainda está se recuperando.
Ashley – Por favor, eu já passei muito tempo deitada, quero me mexer um pouco.
Jack – Tudo bem, só dessa vez.
(Os dois saem de casa)
Ashley – Então, como vão seus amigos?
Jack – Não sei, eu me desliguei um pouco deles.
Ashley – Entendo...Bem que a gente podia sair denovo um dia desses, mas dessa vez só nós dois, o que acha?
Jack – Ah... Tipo um encontro?
Ashley – Não sei, pode ser.
Jack – È....Acho que podemos...
(Carros derrapam e estacionam na frente de Jack e Ashley)
(Homens encapuzados descem, pegam Jack)
Jack – Me soltem! Quem são vocês?! (Jack grita, desesperadamente)
(Ashley tenta ajudar, mas os sequestradores a jogam no chão)
Jack – Ashley, fuja e chame a policia (Gritava)
Jack – Vai! Rápido!
(Os sequestradores colocam um saco preto na cabeça de Jack, e o jogam dentro do carro)
(Ashley corre e pega o celular)
Sequestrador 1 – O que a gente faz com ela?
Sequestrador 2 – As ordens era para somente pegar o garoto, vamos entrem.
(Ashley liga para a polícia)
Atendente – Departamento de polícia, quem fala?
Ashley – Rápido! Porfavor! Estão sequestrando meu amigo!
Atendente – Senhora, se acalme, onde você está.
Ashley – Por favor sejam rápidos.
Ashley – Jack....
Continua...
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