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História Almas Para Oblivion - Liber Umbrarum - Actus II: Magnus quam umbrarum


Escrita por: axgxstu

Notas do Autor


OLÁ PESSOAS!

Primeiramente eu gostaria de me desculpar por não ter atualizado a fanfic por tanto tempo, mas eu não pude evitar por causa do colégio. Então resolvi postar nesse Carnaval porque eu tenho a semana livre, mas ainda sim vai ter um tempo maior entre as postagens dos capítulos. (Aliás, eu to escrevendo capítulos grandes e isso é muito bom, então eu não vou diminuir muito o tamanho, só pra continuar no mesmo nível)

Eu prometo que vou tentar escrever mais rápido!

* * *

Desculpas antecipadas por qualquer erro!

OK! Espero que gostem... Boa leitura ^^

Capítulo 12 - Liber Umbrarum - Actus II: Magnus quam umbrarum


Fanfic / Fanfiction Almas Para Oblivion - Liber Umbrarum - Actus II: Magnus quam umbrarum


Brinquei com suas madeixas douradas, as puxando levemente e enrolando-as até a base dos dedos de uma mão, as mechas sedosas e ensanguentadas. Contornei seu rosto com as pontas de meus dedos, sentindo sua pele gelada esquentar e a coloração azulada de seus lábios, mãos e pés desaparecendo lentamente. A metamorfose do aspecto feérico para o angelical. Deitei-me ao seu lado na grama escura, me enrolando nos cobertores enquanto dormia tranquilamente. Acordei-o acidentalmente ao dar-lhe um beijo na testa suada. O jeito que levantou suas pálpebras fez parecer que elas pesavam demais para poder abrir os olhos. Piscou várias vezes e coçou os olhos. Se sentou e arrastou para trás, até apoiar as costas num tronco. Eu me levantei, com as pernas dormentes e apanhei o Liber umbrarum, jogado na grama, com o pequeno pedaço de papel branco entre as páginas amareladas. O pressiono contra meu peito, fitando as pérolas sidéreas (as estrelas) e o rastro prateado da lua nas águas escuras do mar de fantasmas. O escuto bocejando; eu estava exausto e, pelas circunstâncias, Peter também. Estava fazendo esforço para me manter acordado a cada vez que piscava. Me virei para Peter e sentei ao seu lado, também me apoiando no tronco, meu corpo franzino sendo envolvido pelos seus braços desenvolvidos e firmes. Ele pegou os cobertores e estendeu sobre nossos corpos hipotérmicos. Nos abraçamos, tentando nos manter aquecidos. "Elena virá, não é?", indagou com a voz abafada pelo meu cabelo. "Acho que sim, ela disse que... Quero dizer, na carta está escrito que ela virá, mas... Eu não sei", olhei para a grama, inseguro. Não sei se eu posso, realmente, confiar na palavra de minha tia. Segurei o pedaço de papel branco trazido a mim pelo pequeno mensageiro, na lombada do livro e puxei. Sinto que não conheço nada desta parte da família, a parte materna. Não conheci meus avós, minha tia e minha mãe - viva, quero dizer. Mas por que uma frase tão curta? Poderia ter escrito algo a mais! Eu... Eu devo me preparar para poder saber mais sobre minha tia e sobre Eleanor. Ela pode nos ajudar, talvez. Entreguei o papel para Peter, que não demorou para ler, afinal, eram pouquíssimas palavras. Ele afagou meu braço, ainda segurando o pedaço de papel. "Ela chegará aqui, Thomas, mas... hã, pelo que me lembro das cartas, ela estava em Londres, certo?", eu outorguei à pergunta imediatamente, "Então se ela vier para cá, são dez dias de viagem ou mais, não tenho certeza", bocejou após terminar a sentença, "Mas me diga, o que aconteceu para ficarmos...", olhou para as próprias mãos, "Hã, azuis?". Olhei para minhas próprias mãos. Eu não sabia o motivo de termos tido a tal hipotermia, mas talvez tenha sido por nossa causa. "Eu não sei, deve ter sido algum efeito colateral ou simplesmente aconteceu porque um de nós teve uma queda na temperatura enquanto o outro já estava com a temperatura corporal baixa, durante a noite, causando a hipotermia em um e ricocheteando no outro", usei meu raciocínio dedutivo, apesar de que tudo pode fazer sentido no ponto em que estamos, então vai bem mais além da lógica, é ambíguo. "Sabe que poderia ser outra coisa, não? Nem tudo tem uma resposta tão fácil, apesar de fazer sentido, mas nem sei o que pode ou não fazer sentido, é tudo tão meândrico", ele franziu o cenho para si, impressionado com as próprias palavras, depois deu uma gargalhada fraca. Eu sorri, enquanto olhava para ele com uma sobrancelha erguida, impressionado por aquela palavra estar em seu vocabulário e por seu raciocínio ser semelhante ao meu. "Meândrico? Sabe o que isso significa?", cerrei os olhos, com um meio sorriso brincalhão. "Sim, é uma maneira Thomas de dizer confuso", ambos gargalhamos. Peter pegou o livro de meus braços e fitou a capa por alguns segundos. "Isso significa, hã,...", ergui as sobrancelhas esperando a resposta certa, porém, ao vê-lo fazer uma careta e coçar a nuca, soube que ele ainda não entendia latim, "...Não, não faço ideia", me deu um sorriso com ar dócil; ajeitou-se, sentando com as pernas cruzadas e puxando o cobertor de meu corpo, fazendo com que ficássemos quase um em cima do outro para que pudéssemos permanecer cobertos.


Estamos aprendendo sobre nós mesmos e em um certo ponto, eu imagino, não poderemos esconder mais nada um do outro. Porém, essas toneladas de informações oriundo de diversas fontes, me -, e nos, eventualmente,- frustram ainda mais; todas as soluções aparecem para nós muito rapidamente, o que me faz perceber que não será fácil, haverá algum imprevisto como sempre há. Fácil demais. Talvez eu devesse me preocupar mais conosco do que com Eleanor e com Elena. Se ela vier, será bom, mas se não, não há nada que eu possa fazer. "Tom, está tudo bem?", murmurou com um receio no tom de voz; suponho que ele tenha medo de meus pensamentos simplesmente por não conseguir lê-los ou vê-los ou qualquer outra coisa que nossa condição possa fazer. Eu estava empoleirado em seu corpo, com minhas pernas enroscadas nas suas. Se inclinasse minha cabeça para cima, relaria meus lábios nos deles, por isso não fiz, mesmo não tendo nenhum problema com seu toque... Eu prefiro o calor do corpo (em sentido figurado) ao dos lábios, o que é bem irônico, já que ambos sofremos de hipotermia. Nesta parte me imagine dando uma risada, uma daquelas de quando se lembra de algo que lhe fez feliz. Então, essa foi a minha risada enquanto escrevo isto, porém, nunca havia dado uma dessas risadas antes de conhecê-los e tudo, tudo mudar. "Sim, hã, estou pensando", digo, mirando o nada. Comecei o que eu sempre quis, viver, mas cansei de viver com medo de não ser capaz de derrotar Oblivion. Quero viver tentando ser capaz para quando chegar a hora eu conseguir fazer da maneira certa. O plano alternativo, sempre tenha em mente um plano alternativo. Eu devo sonhar, criar memórias coloridas. "Eu tenho medo de morrer sem ter um motivo para tentar continuar vivo. Eu quero fazer o que as pessoas comuns fazem, quero sorrir, dançar na chuva, me apaixonar, brincar, aprender, envelhecer, mas eu não posso", então pendi minha cabeça e derramei minhas lágrimas no ombro de Peter. Senti seus músculos enrijecerem.


Os Ensinamentos Oblivianos por T.R
 
Segundo Ensinamento: Maior que a própria sombra.


Significa ser inteligente, usar a estratégia para ter a vantagem, ultrapassar suas limitações em certas circunstâncias para se tornar maior que seu oponente e você mesmo. Estar disposto a insultar a injúria de seu inimigo e...


"Como quer que eu reaja a isso?", o tom frio penetrou em meus ossos e me fez tremelicar. Inclinei a cabeça para cima, relando em seus lábios. Coloco minhas mãos em seus ombros para me afastar dele, para observá-lo. Ergui uma sobrancelha, perturbado e confuso, com as lágrimas explorando minha pele. Ele olhava para mim de maneira austera, séria, com o maxilar rígido. Eu não sabia como responder àquela pergunta; Peter abriu a boca. "Eu sei o quanto odeia a pena, mas o que quer que sintamos quando me... nos diz estas coisas? Quando se sente incapaz ou fraco...", eu sinto sua irritação e agonia em relação a mim, está angustiado. Ele fecha os olhos, respirando fundo, "Não percebe que para derrotá-la precisa aprender a usar nossos poderes a nosso favor e o único jeito de fazer isto é treinando. Eu treinei, tento saber o que passa em sua cabeça e consegui falar contigo me-mentalmente, mas você não se esforça. Eu sinto que não, porque...", as palavras dele me afetaram; chorei ainda mais, evitando contato visual. Não deixe que ele entre em sua mente, Thomas. "Pare!", grito, limpando meu rosto. Me descobri e me levantei, espanejando minhas vestimentas com as mãos. Me virei e andei para a trilha em meio à lua cheia. "Não entre em minha mente, Peter!", bradei entre soluços. Eu corri entre as árvores e os animais curiosos, até chegar nos caminhos de terra. Ele não saberá, você fará isto sozinho. Tropecei em meu próprio pé enquanto corria; cambaleei até cair de costas na terra e ver a poeira subir para o céu estrelado diante de meus olhos. Ergui minhas costas com um certo esforço, com o intuito de me sentar, uma peleja. Então, Peter surgiu, correndo, com o livro escrito por Phelan em mãos. Ele se aproximou de mim, com os lábios trincados e se agachou ao meu lado. "Eu não consigo controlar ainda o que faço, mas não entendo o porquê da sua preocupação... Está escondendo algo de mim, não é?", ele inclinou a cabeça, me observando de vários ângulos diferentes. Eu assenti, "Sim". Senti uma pontada de dor em meu peito, com um toque de decepção. Ele se levantou, a mão livre fechada em punho. "O que é, então? Me diga", falou enquanto estava de costas para mim. Pense, pense. "Me diga!", Peter se vira com os olhos brilhando e as bochechas vermelhas. "Hã, o livro... Eu... Eu estava pensando em escrever nele", meu coração estava acelerado e senti um frio nas costelas. Peter arqueou as sobrancelhas em suspeita. "Escrever o que?", deixou os braços caírem nas laterais de seu corpo, juntamente dos ombros, em desentendimento, com olhar interrogativo-confuso. Eu me levantei devagar, fingindo um ferimento, me dando tempo para pensar. Do que você precisa, Thomas? Expressão de dor. O que poderia de ajudar nisso? Gemido baixo, enquanto se apoia nos joelhos. De algo para me ajudar a aprender... Aprender o que?; Costas arqueadas, mão na lombar, dor expressa. Preciso... Preciso ser forte... "Thomas, me responda!", Peter bateu o pé na terra, franzindo as sobrancelhas. Um estrondo metálico foi emitido do céu, então um trovão iluminou o ambiente com sua coloração violeta. Peter pôs as mãos na cabeça e se agachou. Eu gritei e dei um pulinho de susto. Sempre tive medo de trovões, pois parecem que são gritos raivosos direcionados à ninguém ou a todos nós. Me lembro das noites que passei acordado tremelicando em meio ao terror e os clarões amarelos atravessando as frestas das madeiras que cobriam a janela. Eu não podia gritar, reprimia meu medo para meu interior cada vez mais até me consumir, mas eu me tornei indiferente em relação aos trovões; não pense que me assustei porque nunca ouvi um trovão antes, ouvi esse fenômeno até demais... Não tenho medo de trovoadas, me assustei naquele momento não era para acontecer aquilo porque no céu não havia nenhuma nuvem, nenhuma.


"Thomas, vamos para casa, senão um raio cairá em nossas cabeças!", Peter cobria a cabeça com um braço e abanava a mão para mim, me chamando. Eu olhei para o céu observando uma nuvem cinzenta se formando acima de nós. "Não sou tão sortudo assim", não vi a reação de Peter, apenas observei as luzes violetas aumentando na nuvem. Seria este o seu poder único, Peter?. "Ah, é claro, porque se você morrer eu continuarei aqui, vivinho!", falou ironicamente; dessa vez ele fechou as mãos em punhos e tensionou os músculos de uma maneira que seus braços tremeram de raiva; mesmo de longe eu percebia como ele estava tremendo. Até parecem gritos raivosos direcionados a ninguém ou todos nós. As luzes se intensificaram, o ensurdecedor barulho dos trovões aumentou. Isso, Peter, continue. "Não entende que eu devo fazer isso sozinho, se um de nós morrer, será eu!", apontei com o dedo indicador para meu peito. Peter balançou a cabeça, "Não, Thomas, faremos isso juntos e sobreviveremos, é o peso do passado que possibilita um novo futuro... Temos que começar daqui", ele se aproximou, com um olhar que suplicava por compreensão, "Não acha que está pedindo muito de si mesmo? Você saiu pela primeira vez em 14 anos, descobriu seus poderes e que somos ambos Filhos de Oblivion, não faz uma semana. Você não será o herói desta história sozinho, Tom... E se você morrer, eu morrerei junto"; eu senti que quando falou que "morrerá junto", não foi no sentido Obliviano, mas sim no sentido de que se eu morrer uma parte dele morrerá também, a parte mundana e imperfeita aos olhos alheios. Ele atirou o livro no chão com força. Se aproximou o suficiente para acariciar minhas mãos e subir até os ombros, as mãos ásperas perscrutando lentamente meu corpo. Seu toque é poderoso e subjetivo; sinto uma uma força percorrer meu corpo com várias emoções verdadeiras e sucintas. Eu sinto tudo que ele sente, tudo passando por mim como as linhas luminosas atravessam o vidro, como se nossos sentimentos fossem apenas um. Mesmo assim, há algo estranho. Eu contive minhas lágrimas, piscando várias vezes; dei um sorriso aliviado. "Parece que meu plano não funcionou", eu me agarro à cintura dele. "Plano? Do que...", um trovão -, não tão impactante quanto os outros, - interrompeu Peter e, em seguida, pingos de chuva começaram a cair em nossa volta. Inclinei a cabeça completamente para cima e arqueei minhas costas para trás, deixando minhas mechas corvídeas cair por meus ombros e a garoa se atracar contra mim. 


Senti as gotículas frias se misturarem com as minhas lágrimas, molhando meus cabelos e ofuscando minha visão; devido àquela gota fina que atingiu meu olho esquerdo. A ardência no olho, ao mesmo tempo, me irritou e me fez dar uma risada - enquanto esfregava a pálpebra inferior com a lateral dedos, espremendo os cílios. Peter olhava para mim com as sobrancelhas erguidas e um sorriso meio desentendido. Eu pisquei várias vezes, tentando focar em seu rosto. "Nunca havia sentido a chuva antes!", grito, entusiasmado. Ele deu um meio sorriso, enquanto relaxava os ombros. "Como se deve aproveitar a chuva?". Foi uma pergunta inocente, sem dúvida nenhuma. Aposto que pareci uma criança, bem pueril, mas não é algo para um menino de 14 anos se envergonhar porque o mundo é completamente diferente diante de seus olhos, em todas as questões possíveis. Porém, eu me envergonhei naquele momento, porque queria parecer resistente o suficiente para não me surpreender com algo tão simples (para outras pessoas). Escondi meu rosto entre meus dedos, não ajudando minha crise de infantilidade. Em adição, fechei os olhos. Então ele veio em minha direção, pude escutar seus passos; ele segurou meu pulsos e afastou-os de minha face, estendendo meus braços para as laterais. "Fique nesta posição e continue com os olhos fechados", ele girou meus pulsos, fazendo com que as palmas de minhas mãos virassem para o céu nublado, "Assim...", segurou meu queixo com a ponta dos dedos e o inclinou para cima. Ele pôs suas mãos embaixo das minhas, atrás de mim. É relaxante sentir os pingos gelados de chuva em sua pele. "Você também pode beber", deu uma risadinha abafada. Abri os olhos com um sorriso estampado, mas algo me surpreendeu, ou melhor, prendeu minha atenção: a minha sombra. Estávamos de costas para a Lua e a sombra projetada não era muito opaca, mas ainda sim podia ver os contornos. Peter estava com a cabeça inclinada para cima, com os braços estendidos para as laterais e a língua para fora, porém, eu não conseguia me ver. Minha sombra era muita pequena em comparação à de Peter, mas a sombra dele se tornou a minha própria. Maior do que a própria sombra.


...E eu interpretei tudo errado, tudo. Não compreendi meus próprios pensamentos e estou tentando ensinar ao próximo filho de Oblivion. Ensinamentos semi-pedagógicos hipócritas. Não é literalmente maior que a própria sombra, pois se fosse, seria algo metafísico, já que tudo que você fizer não alterará no tamanho da sombra. E muito menos está relacionado à violência ou a vantagem mono-corpórea (quando está sozinho) sobre o seu inimigo. É sobre ter alguém cuidando de ti quando não pode fazê-lo sozinho. Got your back. Alguém se importando com a sua segurança, tornando-se seu escudo, "aumentando" a sua sombra, daí o título do ensinamento.


E a partir desse momento, percebi que eu nunca poderei fazer tudo isto sozinho. Peter estava completamente certo. Meu sonho sempre foi ser um não subordinado, mas não há como isso acontecer, sempre dependeremos de algo ou alguém. Agradeço por descobrir isto cedo demais e não tarde demais. Ser dependente não é vergonhoso, pois você simplesmente precisa de outras pessoas para te auxiliar em determinadas circunstâncias e como já mencionei, todos somos dependentes de ou à algo, então porque ser subordinado está entre os termos pejorativos? Eu sou dependente de Peter para a minha sobrevivência e vice-versa, a vida de todos é dependente em relação à mim, a minha vida depende da destruição de Oblivion, a felicidade (questionável) dos outros aldeões depende da minha morte, a minha morte depende de mim e de Peter, eu sou dependente à Oblivion e assim em diante... Eu poderia continuar por um grande período de tempo, acredite, eu poderia.  


Enquanto observava a nossa sombra, tomei coragem para dizer para Peter tudo que estava acontecendo, tudo o que Phelan me disse, mas o plano continua o mesmo, eu vou morrer por todos caso tudo dê errado. É definitivo, ninguém pode impedir isso. Ninguém exceto Peter. Preciso ser mais forte e tentar nos separar, vai ser melhor para nós dois.


"Hã, Thomas... eu quero saber o que aconteceu?",


"Peter, eu tenho que te contar o que aconteceu",        


Falamos ao mesmo tempo. Deixei meus pulsos caírem das suas mãos de maneira ríspida e me virei rapidamente para ele, dando uma sacudidela de cabelo involuntária. Peter lambeu os lábios e empurrou as mechas de cabelo que lhe cobriam os olhos para trás. "Eu quero saber o que aconteceu quando foi arrastado pelo lobo e por aí em diante...", ele olhou por cima de mim, "Onde arranjou aquele livro?", apontou com um balançar de dedos. E aí eu notei... Eu me virei e gritei, "Não!", então, corri em direção ao livro, "Não, não, não!", corri e deslizei, ajoelhado, pela lama de maneira não intencional, quase divertida, mas não intencional. 'Quase' porque ralei o joelho em algumas pedrinhas enquanto deslizava. Eu retirei o livro de uma poça de água barrenta e marrom que não era funda o suficiente para o molhar completamente, mas era o suficiente para fazer um belo estrago; já que foi aparentemente manuscrito com carvão e continha muitas informações sobre meus irmãos de épocas passadas. O estrago era quase inevitável, quase, mas não foi... Tudo na primeira metade do livro, a metade que estava submersa na poça, estava toda manchada com várias linhas pretas escorrendo pelo papel previamente amarelado e agora, amarronzado. A outra metade estava parcialmente manchada, a água da chuva não afetou muito a parte de trás do livro, pois ainda haviam muitas folhas em branco - para outros Filhos de Oblivion, eu assumo. 


Minha ficha estava ali, na mesma página da de Peter. Ela continha nossas datas de nascimento, poderes, comportamento em relação ao nosso 'dever', dedicação, fraquezas e uma série de perguntas - a maioria manchadas - ao lado de cinco quadrados com advérbios de afirmação e negação acrescentados de anotações, demonstrando a intensidade relacionada ao tópico, para serem preenchidos, obviamente. 'de modo algum; sem influência de mudança', 'não, mas pode ser modificado', 'dúvida; incapacidade própria; insegurança', 'sim, porém há uma certa insegurança; medo', 'certamente; centrado(a); baixa insegurança'. O que? Para quê ele faria um ficha assim e como isso pode me ajudar? 


* * *


Peter Mitchell e Thomas Rosegardin 


Nascimentos respectivos: 21 de Março de 1769 e 16 de Dezembro de 1772


Poderes únicos respectivos: Mínima influência climática, desencadeada pelas próprias emoções até seus 3 anos de idade -- Desconhecido, sem demonstrações de qualquer poder por 13 anos... -> Sonhos retrocognitivos desencadeados pelo toque; Possível deformação da realidade e controle mental superficial;


Poderes comuns: Telecinese baixa em ambos; Clarividência (Thomas); Empatia em ambos


Comportamentos: Não sabe que é um Filho de Oblivion, vive uma vida relativamente normal, com ausência de seus poderes -- Sabe sobre sua condição e que deve se suicidar, porém vive temporariamente sem o uso de seus poderes. 


Dedicação: - ;


Vantagens: Age pela emoção -- Motivação moldável. 


Fraquezas: Irrelevante, já que não é mais o Filho de Oblivion -- Emocionalmente instável; Insegurança; Curiosidade excessiva; Submissão opcional; Sem reação à ameaça; Desmotivado; Poderes praticamente nulos e talvez, inexistentes; 


Capaz; Não, mas pode ser modificado -- De modo algum, totalmente incapaz.


____ 


Oneirofobia - oneiro = sonho; fobia = medo / medo de sonhos


Necromancia - necro = morto; manci a = prática de divinação (busca ou uso de conhecimentos específicos relacionados a meios preternaturais) / Divinação por meio dos mortos


naútēs = nauta... viajante


Oneiro mante = Aquele que emprega divinações em seus sonhos ou de outros, para motivos específicos; ex: conhecimento, compreensão.


Oneiro nauta = Aquele que possui a habilidade de viajar por sonhos.


* * *


Fiquei impressionado com os seus neologismos, ou o que eu acredito serem o tal. Automaticamente vieram àquelas indagações mentais. Oneiromante. Oneironauta. Como ele sabia sobre meus poderes dias antes de eu saber que ele existia? Como ele sabia sobre os poderes de Peter?. São nessas duas últimas indagações que o foco deve ser direcionado. Não meu importo com as palavras novas ou termos em que eu possa me enquadrar, mas sim, como tudo o que ele escreveu pode ser tão detalhado como se ele estivesse vivendo conosco por anos? Sendo que eu passei apenas algumas horas juntos... e em apenas uma hora dessas mesmas, eu estava acordado, sem contar os minutos em que estava devaneando. Como e por que ele nos observou de tão perto?. Peter corre em minha direção e para ao meu lado, jogando um pouco da água da poça em minha calça. "O que aconteceu?", murmura alto o suficiente para eu ouvir, mas baixo o suficiente para poder me concentrar em minha leitura repetida daquela página. "Isso aconteceu", entrego o livro aberto para ele, marcando a página com os dedos sujos de lama. Percebi um rasgo linear em minha calça, o sangue se misturando com o tecido molhado. A ardência em meu joelho fez meu semblante se contrair em uma careta e Peter, enquanto lia, coçou o joelho com uma expressão que poderia ser interpretada como desconfortável. Eu fiquei feliz internamente por estar sentindo aquele tipo de dor, mas não de uma maneira masoquista, simplesmente estava contente por ter me machucado por um ato inocente meu; ter cicatrizes para se lembrar do que passou e que não se deve deslizar por um terreno cheio de pedriscos.


Porém, não é apenas isto que lhe aumentará a sombra: ter alguém ao teu lado. É complicado ser forte e não deve ser algo admirado, pois a força anda numa linha reta com a dor. Um empurra o outro para a frente. Quando sofremos, nos tornamos mais fracos pois a dor supera força e põe um peso que a mesma não pode suportar e quando somos fortes, a dor se torna parte de nós, aceitamos-a. 


Coloque suas palmas juntas, com os dedos virados para cima, como se estivesse rezando. Este é o equilíbrio entre as partes. Olhe para suas mãos. Uma representa a dor e a outra representa a força. Esquerda e direita, respectiva e preferencialmente. Quando sofremos, a dor se sobrepõe à força. Coloque a mão esquerda à uma falange distal acima da direita e a empurre para baixo. Empurre a força e sinta a dor. 


Pare. 


Com a força é diferente. Novamente à uma falange distal acima, porém, com a mão direita; a força. Ao invés de empurrar a dor, a mão esquerda, você deve entrelaçar a força nela, entrelaçar os dedos. A força embraça a dor e vice-versa; juntas elas continuam por este caminho linear. A força comanda, mas não pode deixar a dor para trás, porque elas andam juntas, então deve-se levar a dor consigo, aguentando todo o peso em seus ombros. A dor é o que nos torna fortes, é o que nos faz seguir em frente.


Se fizer o movimento de entrelaçar os dedos com as mãos separadas, perceberá que acaba com sua mão fechada em um punho.
Um punho é sinônimo de força... E a força se origina da dor.


Nunca pense que poderá ter uma harmonia entre as duas partes. Você sucumbe à dor ou se torna forte o suficiente para carregá-la e torná-la parte de você.  


"Como?...", abaixou o livro, revelando uma expressão aturdida, "Como isso veio para aqui? Quem escreveu isto?!". Me levantei, fincando meus dedos na lama para me apoiar em um joelho e poder endireitar minhas pernas. "Phelan, o pai do primeiro filho de Oblivion", falo entre os dentes, meu joelho ardendo em brasa. Peter arregala os olhos em surpresa e resmunga algo que não consegui ouvir. Soltei um ganido ao por peso em minha perna, fazendo meu joelho latejar e ceder com a trepidação. Eu caio de costas na poça d'água, jorrando areia e água barrenta para os lados. Começo a gargalhar como se estivesse assistindo à uma comédia que satiriza todo o povo de meu vilarejo, apesar de ter a certeza de que eu não estaria sorrindo se isso acontecesse; mas paro quando flexiono meu joelho acidentalmente, "Ai!". Peter me observa e dá um meio sorriso junto ao som de uma risada. "Você está bem?", seu meio sorriso se torna em uma exibição de dentes. Eu assenti, com um sorriso de orelha à orelha. "Deixe-me contar tudo, sem interrupções", eu estendi meu braço e a mão para ele, fingindo precisar de ajuda para levantar. Quero dizer, eu precisaria de ajuda para me levantar, mas eu não queria levantar... É isso.


Peter segurou minha mão e tentou me puxar, mas eu havia cravado minha mão livre na terra. Ele franziu o cenho para a situação, enquanto insistia fazendo mais força ao me puxar. Meu sorriso me entregou e ao semicerrar os olhos, percebi que Peter notou isso. Ele me puxou com mais força, fazendo com que eu ficasse na diagonal a alguns centímetros do chão, suspenso apenas por seu braço direito. A força que eu estava fazendo para evitar que meu pescoço caísse para trás me impedia de proferir qualquer comentário relacionado à força de Peter e com isso, meus músculos dessa região começaram a tremer. "Ainda está com frio?", perguntou e passou a apertar meu pulso. Eu balancei a cabeça para ele. Em seguida, dei um chute em seu pé, fazendo-o escorregar e nós dois cairmos na lama. Eu caí em cima do restante de água da poça e Peter, em cima de mim. A lama se atracou contra nós, estávamos completamente sujos e gargalhamos por vários segundos. Ele cheirava a suor e lama, com seus cabelos loiros sujos e alguns respingos de lama em suas bochechas e lábios. Eu o puxei para mim, apoiando as mãos em sua nuca e lhe dei um beijo na bochecha. "Podemos dormir?", murmurei, "Eu prefiro contar". Peter assentiu, roçando seu nariz em minha clavícula. Eu o envolvi em meus braços, pressionando levemente sua testa em meu ombro. Durma, Peter. Durma. Em poucos minutos, ele já havia dormido e então, fechei meus olhos. 


Abri meus olhos. 


Peter estava ao meu lado, olhando para mim de soslaio, enquanto o sol iluminava seu rosto e o ventos faziam suas mechas douradas dançarem. Toda a lama que emporcalhou nossas vestimentas sumiram. Estávamos à beira de um penhasco, bem próximo de onde estávamos dormindo nesse momento; o Sol está prestes a beijar o mar e serão testemunhados pelas nuvens rosas e laranjas. "Conte-me... Conte o que aconteceu", virou o rosto para mim, com uma mão posicionada na têmpora, protegendo os olhos dos raios solares. "Sim, ahn, desde a parte em que você estava inconsciente", ele revirou os olhos singelamente para o início de minha explicação, "Eu desmaiei quando eu fui levado por Orrin - o lobo branco - e quando acordei, estava com sinais de hipotermia e Phelan estava cuidando de mim. Ele me contou sobre a origem de Oblivion, de como tudo isso começou e a nossa relação com isso", eu cruzei os braços enquanto olhava diretamente nos olhos de Peter. Percebi o quanto retesou os ombros. "Continue... A origem", fez um movimento circular com os pulsos para indicar que eu poderia continuar. Eu reproduzi tudo aquilo que havia absorvido do discurso de Phelan, sobre ser expulso de seu vilarejo, peregrinar até aqui e morrer; a alma de seu filho ser algo de interesse para Oblivion e o mesmo foi o pioneiro para o sofrimento de dezenas de almas nos próximos anos. Não o culpo, mas ao mesmo tempo não entendo como ele foi confiar em uma entidade que ele mesmo não conhecia ou poderia conhecer. Não entendo, mas sei que ele fez aquilo por seu pai e é algo que admiro em sua ação. "Tudo bem, mas e a nossa relação com isso tudo?", ele se sentou na borda do penhasco, balançando as pernas para frente e para trás. Pigarreei. "Nós somos os únicos que podemos acabar com o sacrifício... É por isso que Oblivion nos deu poderes, somos a chave e a fechadura da situação, mas nunca percebemos isso". Ele retrucou com um olhar incrédulo. "E como nós poderíamos derrotar aquilo?", ergue uma sobrancelha. "Isso é relativo, o importante é que nós temos a maior chance de fazê-lo... Aliás, quanto mais perto do sacrifício, mais forte ficamos, se lembra?", me ajoelhei ao seu lado. Ele tornou a fitar o pôr do sol, o mar e o sol se mesclando. "Não seria mais fácil se nos matássemos?", ele encolhe os ombros e abaixa o olhar. Eu fico chocado, pois isso mais parece algo que eu falaria. "Trocamos de papel? Porque eu achava que essa fala era minha e que você deveria me dar um sermão por dizê-la", acaricio suas costas e recebo um sorriso como resposta, "Não sou bom em animar as pessoas em grande parte do tempo eu estou desanimado então...", ele vira o tronco e a cabeça para mim e suspira, com um sorriso cansado. "Eu entendo, Thomas, entendo o que você sentiu quando falou aquelas coisas e muitas delas são possibilidades, não posso negar. Me desculpe por te repreender", pode ser apenas coisa de minha cabeça, mas ele realmente parecia um anjo. "Não se desculpe, é bom ter pensamentos positivos", dei um sorriso. 


"Não!", escuto um grito vindo do horizonte, bem perto da região de onde o vilarejo deveria estar, mas não há nada além de troncos destruídos e queimados. Corvos voaram além das árvores com seus gritos ensurdecedores. Como eu não havia notado? O mar está completamente sujo, com peixes mortos boiando na costa e a areia, marrom. De repente, as nuvens coloridas se tornaram cinzentas, ofuscando o pôr-do-sol e deixando o ambiente ainda mais mórbido. Consigo ver algumas pessoas nos vestígios do vilarejo, estão ao redor de um homem caído... com um menino mais jovem chorando enquanto abraça seu corpo ou o cadáver. Se eu não estivesse em meu sonho, não conseguiria ver com tanta clareza. "Estamos nas memórias de Phelan, eu...", me interrompo ao perceber que Peter estava resmungando novamente, "Peter, o que está resmungando?", eu o toquei novamente.


Dessa vez, foi Peter que gritou, de uma maneira raivosa e sinistra. Com seu grito anormal vieram os trovões roxos que atingiram o mar diversas vezes e fizeram com que as nuvens dançassem com as luzes atormentadas. Ele flutuou no ar e se virou para mim, "Deixe-me sair!", seu olhar era hostil e ameaçador, "Deixe-me sair!". Eu me levantei, confuso e assustado. "Do que esta falando?!", eu fui andando até a borda do penhasco vagarosamente, com medo de algum movimento brusco o forçar a me atacar com aqueles raios. "Deixe-m...", seu tórax se inclinou para cima e a cabeça pendeu para trás, inconsciente. "Peter", minha voz falhou pela falta de ar. Com um movimento gracioso seu corpo se tornou ereto novamente, mas havia um brilho sombrio em seus olhos e as marcas oblivianas apareceram em seu braços. "Tente", seu timbre de voz mudou, ficou mais rouco e grave, "Tente e falhe", ele deu uma risada que me arrepiou os pelos da nuca. Como isso foi acontecer? Ele foi possuído por Oblivion. Então, voou em direção aos peregrinos, junto às nuvens e a ventania. Não, não, se Peter chegar à Samuel, Oblivion ganha. Chame a atenção dele. "Samuel!", gritei o mais alto que minha garganta e pulmões poderiam aguentar. Peter, ou melhor, a sua forma sombria se virou para mim, trincando os dentes; ele girou os braços, depois os apontou em minha direção e por fim, soltou um grito. As nuvens ecoaram seu grito e então, raios começaram a vir em minha direção. Eu me virei, fechei os olhos e me encolhi no chão, com as mãos cobrindo minha cabeça, me preparando para pior. Esperava ser arremessado pela floresta e cair na terra, vendo, em meus últimos segundos de vida uma mistura de poeira e fumaça de minha carne torrada, mas não foi isso que aconteceu.


Eu estranhei por não estar sentindo dor, então abri meus olhos. Eu pude ver minha sombra cinzenta sob a luz roxa e a de outras duas pessoas em minha volta. Maior que a própria sombra. Eu me viro e vejo Darwin e James desviando o raio de minha direção. "Surpresa", diz James de uma maneira forçada, já que estava mais concentrado na execução de seus poderes. Darwin estava diretamente em minha frente com os braços para os lados, os cabelos negros esvoaçando para trás. Ele parecia não estar fazendo esforço, não como James, pelo menos... Apenas impediu o raio de me atingir com o próprio corpo, como um escudo. "Pode nos explicar o que está acontecendo aqui?!", ele se virou, refletindo o raio com as costas. Eu balancei a cabeça, "Oblivion!", grito por cima do barulho dos raios desviados. Darwin não impressiona. "Não sei o porquê de eu ainda perguntar", ele juntou as mãos e criou uma uma esfera energizada, com pequenos raios roxos escapando entre seus dedos; levou a esfera para perto de si e soltou em direção a Peter. Flutuando, a esfera se dividiu em duas e elas sincronizadamente atingiram Peter nas laterais do corpo. Uma explosão roxa fez a natureza destruída brilhar em lilás e as nuvens do céu se dissiparam.


"Como fez isso?", James perguntou, enquanto Darwin e eu esperávamos a nuvem roxa que sucedeu a explosão se extinguir. Escutávamos gemidos e gritos de raiva sendo emitidos da nuvem que cada vez mais perdia sua forma, por causa da ventania marítima. "AHHHH!", um grito rouco e cortante foi emitido da nuvem, então, o corpo de Peter foi arremessado dela, deixando uma fenda no vapor. Darwin correu e conseguiu amortecer a queda de Peter, deixando-o cair em cima dele. James correu para os homens estirados na grama amarelada e sem vida.


"Thomas", a voz rouca se tornou mais suave, mas a sua natureza ameaçadora continua a mesma, "Venha Thomas". Pude ver pela fenda, um corpo com uma luz pulsando em diversas cores, estendendo a mão em minha direção, mas não consigo ver seu rosto. Eu ando em direção à borda do penhasco, fitando a mão cintilante de uma das formas de Oblivion. "Não", murmuro, "Eu juro que eu não irei com você", falei entre os dentes, fechei minhas mãos em punhos, sentindo todo o meu poder fluir por meu corpo, pelas minhas veias. Então eu giro meu braço e faço um gesto com a mão, um 'pare', em que eu giro meu pulso para trás, meus dedos estão virados para cima e a palma está na direção de meu alvo. A nuvem roxa se dissipa, revelando a aparência de Oblivion: um humanoide translúcido e lilás, com fluidos e luzes espalhados por seu corpo; porém, ele apenas possui os contornos de um ser humano e não possui rosto. Seus braços e pernas são, na verdade, algo parecido com tentáculos. "Meu Oblivion do Céu", diz James, espontaneamente, "Que bicho é esse, Thomas?", ele recua, dando passos curtos para trás. "É Oblivion do seu céu", murmuro. Ele move seu rosto para nós, mas não sabemos quem ele está olhando ou se enxerga. Darwin, James e Peter vieram em minha direção e se posicionaram atrás de mim. Peter estava com as roupas rasgadas, cabelos arrepiados e queimaduras pelo seu corpo. Tento fazer contato visual, mas ele não tira os olhos de Oblivion - intencionalmente. Como não estou queimado assim? Será um efeito do sonho?          

      
A entidade girou seus tentáculos como se fossem chicotes e as pontas destes mesmos se tornaram afiadas. Uma tempestade de raios e energia se iniciou. Um portal se abriu no horizonte e dezenas de outros humanoides translúcidos saíram voando, consumindo as almas dos peregrinos e depois, vieram em nossa direção. Meu coração bate em meu peito cada vez mais forte; meu medo pressiona meu esterno e tira meu fôlego. Eu dou dois passos para trás. Eu não consigo. E me choco contra o peitoral de Darwin. Eu olho para ele por cima do ombro, que me observa com seriedade. Os três estavam em suas posições, o medo não os impedia de serem corajosos. Foi aí que eu percebi que eles iriam arriscar tudo para sobreviverem e que não é só a minha vida que eles estavam tentando proteger. "Não fique com medo, Thomas, nós estamos aqui", disse James, com um sorriso encorajador, "Vamos nos proteger, é para isso que servem os amigos, certo?". Não posso deixar que algo aconteça com James, você é especial, menino, não sabe o quanto é especial. "Sim, vamos lutar ao seu lado, eu prometo", Darwin deu um meio sorriso e um balançar leve de cabeça. Já lutou ao meu lado uma vez, Darwin, parece que sempre está ao meu lado quando algo de ruim está prestes a acontecer. Obrigado. "Até o fim, Thomas... Vamos lutar até fim", disse Peter, com seriedade, segurando seu braço com uma queimadura. Até o nosso fim, Anjo. Obrigado, Peter Mitchell. Eu... "Até o fim", repete James. "Até o fim", murmuro.


Meu medo se transforma em confiança, em possibilidade de vitória. Minha alma fica mais tranquila, sabendo que eu posso contar com outros e vice-versa. O medo e a dor me fazem continuar, mas a minha força vem dos meus amigos, vem de sua confiança, de sua inocência, de sua proteção. Isso é o que me motiva, isso é o que me faz sentir especial da maneira que Henry disse que sou... porque confiam em mim.


Então, todas as criaturas translúcidas, gritam e voam em nossa direção, partindo para o ataque, enquanto os tentáculos de Oblivion dançam fluidamente e um trovão oficializa a nossa batalha.


* * *


A confiança é algo relativo. É uma troca. Como a que eu estou fazendo contigo neste momento em que está lendo... E nem sempre temos com quem fazer isto, nem sempre podemos confiar na primeira pessoa que aparece para nós. Caso não possa confiar em alguém, eu peço que veja como a sua vida é e pense na coisa que lhe faz feliz, que lhe conforta e te motiva. Use esta coisa como a sua fonte. Lute por isso, mostre para si mesmo que vale a pena. Boa sorte, irmão ou irmã. Não será fácil, mas também não será impossível. Você nasceu para acabar com Oblivion, para acabar com a maldição, esse é o seu objetivo.


Lembre-se disso, até o fim


Fim do ensinamento.





 


Notas Finais


Bom, espero que tenham gostado!

Não seja leitor fantasma, deixe um comentário e dá um favorito aí... Não custa nada ^^ - e eu batalhei pra escrever esse troço, me dá um feedback aí, dá uma moral...

Críticas são sempre bem vindas!

Próximos capítulos em breve! (Desculpem-me novamente pela demora...)

Eu editarei os erros depois (e quando der)...

* * *

A fanfic tem uma trilha sonora no Spotify! Aqui está o link: https://open.spotify.com/user/12181900155/playlist/23oHo9yLcCqyZvYbmjgRtk

* * *

Abraços ^^

~Flexszible

BOM CARNAVAL


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