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História Almas Trigêmeas - Pânico na Floresta (parte 1)


Escrita por: jord73

Notas do Autor


Bem, aí está mais um capítulo! Muita emoção e certa confusão de sentimentos! Uma boa leitura para todas!

Capítulo 17 - Pânico na Floresta (parte 1)


Fanfic / Fanfiction Almas Trigêmeas - Pânico na Floresta (parte 1)

Anteriormente:

– O que há com você e Dean? – perguntou Ellen enquanto caminhava com Sam – Foi difícil não notar como as coisas andam ruins para vocês dois.

Sam não respondeu. Ellen continuou:

– Está difícil, não é? Vocês andam brigando por alguma garota?

(...)

– E se é mesmo coisa desse tal Vingador, como ele veio parar aqui?

– Bem, é o Apocalipse – disse Sam - Muitas coisas foram liberadas e talvez esse tal Vingador não seja o único Tormento que vamos ter que enfrentar. Você sabe como o paramos? - questionou o irmão

– Nem ideia.

(...)

– A Victoria não teve intenção de abortar, mas mesmo assim houve um aborto... e ela se sente culpada pelo o que aconteceu. E esse Vingador, esse demônio se alimenta disso. Ele se alimenta da culpa das mulheres que tiveram um aborto, não importa se foi intencional ou não. Aliás, todos os Tormentos que eu vi no inferno, o que dava força a eles eram os sentimentos ruins mais profundos que extraíam de suas vítimas.

(...)

– Por que está fazendo isso com a Victoria... e essas mulheres? – Sam o questionou.

– Por quê? – soltou uma sinistra gargalhada – Ora, Sam Winchester, porque sou um demônio e demônios adoram isso. Eu me alimento da culpa das mulheres que abortam.– fez uma pausa – E é claro, estou a serviço de meu mestre.

– Lúcifer?

– Quem dera! Lúcifer é o Mestre dos mestres, é meu rei, meu Deus – disse com grande respeito – Meu mestre é um dos Cavaleiros do Apocalipse. Todo cavaleiro precisa de um escudeiro e por assim dizer, estou meio que abrindo o caminho para meu senhor entrar. E também acabo ganhando os louros da minha função: todas as mulheres que têm um aborto serão minhas. Em breve, Washington não será meu único campo de atuação.

(...)

– Se eu pudesse simplesmente morrer, seria o melhor! – exclamou o moço com angústia – Mas isso... nem mesmo isso eu posso... porque... ele me traria de volta.

– Cale a boca, Sam Winchester! - gritou a moça e, por impulso, pegou no rosto do homem com ambas as mãos e se aproximou mais dele. Fitou-o com firmeza nos olhos – Não fale isso nem de brincadeira! Você não pode e nem deve morrer! Eu não suportaria se alguma coisa te acontecesse.

A respiração dela falhou ao proferir a última frase. Sam também parou de respirar por um segundo ao ouvi-la se pronunciar daquela forma e pela aproximação de ambos. Eles estavam com os corpos bem próximos. Seus corações começaram a acelerar quase no mesmo ritmo. Ele sentia o suave perfume que vinha das mãos dela.

Victoria percebeu que acabara de cometer um erro. Contudo, seu corpo e seu coração não obedeciam a sua mente que clamava para se afastar. Seus olhos estavam presos nos dele. Duraram apenas alguns segundos o olhar, mas pareceu transcorrer um milênio. E, como se fosse de comum acordo, Sam abaixou sua cabeça ao mesmo tempo em que Vic procurava levantar um pouco o corpo. Os rostos se aproximaram e os lábios se tocaram.

Capítulo 16

 

Pânico na Floresta (1ª parte)

 

Floresta Nacional de Shoshone, Wyoming

A adolescente corria por entre o arvoredo. A noite sem lua dificultava sua visibilidade no imenso breu. Os cabelos pretos estavam desgrenhados e com folhas presas aos fios. Parte da blusa estava toda rasgada. Havia alguns arranhões em seu rosto claro e nos braços, consequência por passar de qualquer jeito por entre os galhos das plantas e das árvores da densa floresta e de ter caído algumas vezes. Contudo, aquilo não era nada. Precisava correr. Fugir do demônio.

De repente, ela se deparou com um precipício, um grande obstáculo à sua fuga. E agora? O que fazer? Recuar? Mas... e se desse de cara com ela novamente?

Ela olhou rapidamente para trás. Depois, olhou de novo o abismo lá embaixo. Súbito, ouviu um barulho atrás de si e virou-se. Não! Ela estava lá! Tinha a alcançado.

Era Regan com sua camisola de mangas longas, a garota possuída. O rosto cheio de cortes, o cabelo castanho claro todo bagunçado, os lábios arroxeados, os dentes arreganhados num sorriso cruel e ameaçador e as órbitas dos olhos esbranquiçadas.

Ela era a imagem dos piores pesadelos da adolescente! Do filme que vira uma vez quando criança e a fez ter medo do escuro desde então: O exorcista.

– Prepare-se para conhecer o inferno! Háháháháhá! – vociferou e gargalhou a garota numa voz masculina e demoníaca e girou a cabeça numa volta completa.

Aquilo era demais para a jovem! Já não aguentava mais ver tantos horrores! Quando Regan ameaçou se aproximar e tocá-la com o braço estendido, a garota não teve dúvidas. Jogou-se no precipício.

Um grito longo e alto saiu de sua garganta enquanto caía. Na beira do abismo, a imagem de Regan sumiu.

– 0 –

Harold Peterson, guarda da sede do Serviço Florestal de Cody – um homem calvo e branco de cerca de quarenta e cinco anos –, olhou para as três pessoas à sua frente depois de ter checado suas identificações.

– O FBI está realmente interessado no desaparecimento dessas pessoas, hein? Mas não posso culpá-los, o caso é mesmo estranho. Com vocês já são seis.

– Seis? – estranhou Dean

– É... Não estão aqui porque seus colegas ainda não voltaram? – o homem perguntou com a testa franzida

– Sim. Com certeza – afirmou Collins – Eles... já deviam ter dado sinal de vida.

– Não só eles como também o meu colega Joseph. Estão sumidos há dois dias. Estou pensando até em organizar uma equipe de busca mais numerosa com helicópteros se eles não voltarem até amanhã.

– O senhor poderia nos dar informações mais precisas sobre o que aconteceu naquela área?

– Nem nós mesmos sabemos. Como devem ter visto nos noticiários, há uma semana um grupo de treze pessoas veio pedir permissão para acampar por aqui. Era um grupo de familiares, vizinhos e amigos entre si de diferentes idades. Só havia um menino entre eles. Uma colega nossa ficou responsável de guiá-los a uma parte segura da floresta e... ela deveria voltar no máximo em umas cinco horas e só buscar esse pessoal dentro de uns três dias que era o tempo que eles pretendiam acampar – mostrou aos caçadores uma foto de uma mulher ruiva de olhos verdes. Depois, olhou a foto com uma expressão tristonha – Donna Simmons. Infelizmente... ela nunca voltou com vida... assim como aquele pessoal.

– Nos jornais informaram que houve um estranho surto de alucinação que os levou a um suicídio em massa. É verdade? – inquiriu Sam.

– Parece ser a única explicação plausível. Sei lá... talvez algum tipo de febre cerebral desconhecida que pegaram de algum mosquito ou animal. Os corpos foram encontrados separados e... mortos de diferentes formas. A autópsia indicou que eles mesmos se mataram: uns se cortaram, outros deram golpes na própria cabeça e uma jovem se jogou de um precipício.

– O noticiário falou de um sobrevivente.

– Na verdade dois, se contarem o menino que está desaparecido e que seus colegas foram ajudar na procura.

– Ahm... certo. E onde está o outro sobrevivente?

– Se matou logo depois que foi interrogado por seus colegas – respondeu o guarda laconicamente – Eles não passaram informações para vocês antes de partir?

– Er... O procedimento é que... só quando tiverem bastantes informações coletadas é que se faz um relatório completo e oficial – despistou Dean

O homem olhou para eles como se não estivesse muito convencido e deu de ombros.

– Sabe nos informar o que esse sobrevivente disse? – tornou Collins

– Ele foi encontrado próximo de um dos postos oficiais que fica no interior da floresta, umas vinte e quatro horas depois que o grupo partiu. Parece que tinha corrido e estava num estado catatônico. Os guardas de lá o trouxeram para a área hospitalar da sede. Ele não dizia coisa com coisa. Não se dava conta de onde estava e nem do dia. Dizia apenas sem parar que o padrasto dele ia buscá-lo do inferno e cortar sua língua por tê-lo denunciado por espancamento nele e na mãe... Ele dizia isso quando estava em seu estado mais calmo... Outras vezes, gritava por socorro dizendo que as paredes estavam se encolhendo em torno dele.

– Como ele se matou?

– Tivemos que amarrá-lo porque ele queria se matar, mas... não adiantou. Como eu disse, depois que seus colegas tentaram sem sucesso arrancar alguma informação, o pobre do homem cortou a própria língua com os dentes e engoliu e... morreu asfixiado por ela ter entalado em sua garganta.

Dean não conteve um assobio de assombro.

– E esse homem... ele era... – a pergunta de Collins ficou no ar, mas o homem entendeu

– Era o pai de duas das jovens que foram acampar. A esposa também foi junto.

Mostrou a fotografia do grupo. Da esquerda para a direita, via-se um homem gordo e careca de boné ao lado de uma senhora loira de óculos, duas moças loiras parecidas com a mulher, outro casal com uma adolescente clara de cabelo preto e um garotinho de cabelo castanho claro, três rapazes e mais outro casal de negros com outra jovem da mesma cor.

– Aqui. Sempre tiramos fotos dos nossos visitantes – continuou e apontou o rosto do homem de boné – Como podem ver, esse era o homem que até dois dias estava vivo.

– Certo. Qual o nome do garotinho desaparecido?

– Charlie. Seus colegas até se ofereceram para tentar uma nova busca, apesar de estarem aqui mais pra investigar as mortes dessas pessoas. Nós tentamos encontrar Charlie por todos os meios, inclusive por helicópteros, mas... nem sinal.

– Será que poderíamos fazer essa busca hoje? Afinal, são... nossos colegas. – indagou Sam.

– Tudo bem –assentiu Harold – Vou pedir ajuda a mais dois colegas meus.

– 0 –

Combinaram de se encontrar com Peterson e seus colegas dentro de uma hora.

Há três dias que haviam tomado conhecimento do estranho caso pelo noticiário. E pesquisando mais a fundo, descobriram que algo parecido tinha ocorrido em outro ponto daquela floresta há quase um mês com um jovem casal de namorados. Não foi tão noticiado porque, a princípio, pensou-se que fosse um caso simples de assassinato da moça pelo rapaz e suicídio deste. E pouco antes, houve um caso de um guarda florestal que também se matara sem nenhum motivo aparente em outra região silvestre.

Fosse o que fosse, parecia querer se espalhar pela região florestal de Wyoming. Os caçadores ainda não tinham elaborado uma teoria plausível.

Vic, Sam e Dean voltaram a uma pensão simples onde estavam hospedados para trocarem suas roupas formais de agentes por vestimentas mais adequadas à excursão pela floresta.

Os rapazes foram ao quarto que compartilhavam e Vic entrou no seu. Enquanto ela se trocava, sua mente divagava para os acontecimentos dos últimos dois dias, ou melhor, para um específico: o beijo trocado entre ela e Sam.

Logo depois que se beijaram, Vic entrou em seu carro e fingiu dormir. Tinha medo de que Sam quisesse interpelá-la pelo que tinha acontecido. No dia seguinte, ela procurou evitá-lo ao máximo, ou pelo menos, evitar ficar a sós com ele. E sempre que surgia uma oportunidade de ele tentar lhe falar, ela fugia com alguma desculpa. Às vezes, até ficava sozinha com Dean só para não ter que falar com o irmão dele.

Sabia que não era uma atitude sensata de sua parte: primeiro, porque estava magoando Sam. E segundo porque estava dando a impressão errada a Dean. O loiro ainda não tinha feito nenhuma sugestão mais ousada para ela, mas suas investidas estavam mais diretas, com insinuações carregadas de desejo e paixão, com olhares mais profundos e longos e os toques “casuais” mais frequentes.

Deus, e agora o que ia fazer? E se Dean fosse direto com ela? Ou se rolasse um clima entre eles e o loiro a beijasse? Não, não era isso o que queria. Ou melhor, desejava muito isso assim como desejava bastante provar outra vez da boca e do gosto de Sam.

Não podia se envolver com nenhum dos dois. Tinha muito medo de sofrer. Como ficaria se perdesse algum deles com quem se envolvesse? Por mais tentadora que fosse a ideia de ter um relacionamento com um dos seus homens, depois de muito tempo sem ter ninguém, a perspectiva da dor da perda era maior ainda. Ela não aguentaria mais um golpe desses.

Quase chegou ao fundo do poço com a morte de Luke. E depois... com a morte de Henry, outro amor que teve alguns anos depois. Não! Ela não suportaria. Era melhor sufocar aqueles sentimentos por mais intensos que fossem.

E havia o problema também da relação entre os dois irmãos. Sam tinha comentado que Dean estava com um pé atrás com relação a ele. Ainda que Vic procurasse dissuadi-lo de tal pensamento, ela mesma percebera umas poucas vezes esse antagonismo em Dean, fosse nas entrelinhas de um simples comentário ou numa forma de olhar o irmão.

Se ela desse uma chance a Sam, como Dean reagiria? Ou vice-versa?

Ela não duvidava da intensidade dos sentimentos de Sam. Não que ele gritasse a plenos pulmões que a amava ou ficasse suspirando pelos cantos sempre que a via. Não precisava; bastava fitar aqueles olhos abrasadores. Ela reconhecia aquele jeito de olhar. Foi assim com Luke ou Henry.

E depois daquele caso da harpia, em que Sam matou o monstro, teve certeza do sentimento que ele nutria por ela. É claro que fingiu não notar, porém, o fato a balançou mais ainda.

Quanto a Dean, ela não tinha certeza do que o loiro sentia por ela. Às vezes ele a olhava daquele mesmo jeito e, outras, dirigia-lhe um olhar de pura luxúria. Poderia ser tanto uma forte atração física aliado ao desafio de ela não ser uma conquista fácil, como poderia ser algo mais intenso.

Em qualquer caso, intuía que seria algo que poderia causar uma rivalidade com Sam. E ela não alimentaria isso.

Sabia que não poderia fugir para sempre do moço. Uma hora teriam que falar sobre o beijo, mas ela temia não resistir a ele e entregar-se àquele sentimento ou magoá-lo com suas palavras de recusa a alguma proposta de relação mais séria.

Esperava que o Winchester resolvesse deixar a questão de lado. Ao mesmo tempo, queria tanto que ele insistisse e a arrebatasse num beijo intenso como aquele, obrigando-a a mandar tudo para o inferno, arriscar-se e... seja o que Deus quisesse que acontecesse depois. Mesmo que viesse uma grande dor.

Droga! Estava muito confusa!

Passou os dedos nos lábios e fechou os olhos, puxando da memória cada instante do beijo maravilhoso entre ela e Sam. Como queria estar nos braços daquele deus grego naquele momento!

Mas sabia que era complicado.

Suspirou. Estava pronta: usava uma bermuda cor de areia que ia até os joelhos, uma blusa preta e comprida de alças e calçava tênis cinza mais adequados para longas caminhadas. Resolveu prender o cabelo num coque.

Ao sair do quarto, encontrou Sam encostado na parede ao lado da porta no corredor que dava para o pátio externo da pensão. Ele vestia uma blusa mais larga, uma bermuda jeans e tênis branco. Ela não pôde deixar de contemplar as longas pernas do homem e seus braços fortes. Que tentação!

– Ah... Er... Oi, S...Sam...? E... o... o Dean? – ela gaguejou e ia caminhando até a porta do quarto deles, porém, foi barrada pelo moço.

– Esquece o Dean. Ele vai demorar um pouco no banheiro. Você e eu temos que conversar.

– Sam, olha...

– Eu tentei dar um espaço pra você, Vic. Não quis te pressionar porque notei que você estava confusa e assustada com o... que aconteceu conosco naquela noite. Mas agora não aguento mais esse silêncio, você fugindo de mim.

– Eu... não estou fugindo... Eu... só...

–O quê? – ele perguntou numa voz rouca, aproximou-se dela e tocou sua bochecha com as pontas dos dedos suavemente– Qual o problema?

Oh, por favor, não faz isso comigo, ela pensou ao sentir aquele simples toque que a incendiou por completo. Fechou os olhos inconscientemente para apreciá-lo.

– Pode me dizer qualquer coisa que esteja te preocupando, Vic – ele continuou e deslizava os dedos num movimento contínuo de cima a baixo na face feminina.

Ela tentava não perder o fio da consciência, mas estava difícil com aquela mão quente deslizando em seu rosto. Tremia por dentro e continuava com os olhos fechados. Contudo, ao sentir a aproximação do hálito do Winchester em sua boca, afastou-se num rompante. Viu a expressão de frustração no olhar de Sam por ela ter escapado de seu beijo.

Vic ia abrir a boca para tentar se explicar, porém, naquele momento, a porta do quarto dos rapazes se abriu. Dean saiu por ela. Vic se afastou de Sam e foi em direção ao loiro.

– Pronto? – ela perguntou com um sorriso

– Eu já nasci pronto, gatona! – ele correspondeu com o sorriso mais safado que tinha.

Também estava bastante tentador vestido quase da mesma forma que o irmão. Dean também tinha uns braços e umas pernas!

Sam se virou para encarar o loiro e bufou com sua intromissão.

– Er... vamos – foi tudo o que a moça disse

Eles atravessaram o pátio – Vic no meio dos rapazes – e chegaram ao estacionamento. Ela ia direto para o Impala branco, mas Dean a deteve com o braço.

– Pra quê gastar a gasolina do seu carro? Deixe ele aqui, vamos no meu. Você vem na frente comigo. Não se importa, não é Sam? – ele se dirigiu ao irmão.

– Não, claro que não – Sam respondeu com um sorriso amarelo, mas estava aborrecido.

– Está decidido. Vem.

– Olha, Dean, eu...

– Vamos – ele a puxou pelo braço com delicadeza ignorando a relutância dela.

Sam estava fulo da vida! Por que Dean agia com tanta ânsia pra cima de Victoria justo quando as coisas começavam a favorecê-lo com ela?

Não que o irmão não viesse com suas cantadas baratas desde que botara os olhos em Vic, porém, antes ela o cortava. E, depois, quando ela ficou amiga deles, o loiro tornou suas investidas um pouco mais sutis e até discretas. Agora nem fazia questão de disfarçar e estava mais descarado do que nunca!

Ele sabia que Vic estava procurando ficar mais na companhia de Dean só para evitar ficar a sós com ele, entretanto, o loiro interpretava aquilo como um sinal vermelho para abrir espaço. E estava de corroer as entranhas de Sam!

Dean se sentou no seu lugar de costume no Impala e Vic no banco de passageiro. Sam abriu a porta, sentou-se no banco traseiro e fechou a porta com estrondo. Mal conseguia conter a irritação.

– Ei, Sam, não precisa machucar minha querida! - virou a cabeça para trás e encarou o irmão. Este nada disse – Credo, que cara mais azeda! Vê se coloca um sorriso.

Dean se inclinou em direção ao porta-luvas com um olhar de esguelha para Collins e um sorriso. Abriu-o, pegou uma fita cassete do Led Zeppelin e colocou no toca-fitas do rádio. Estava no ponto da música Ramble On.

– É a nossa música – ele disse para Vic e deu uma piscada enquanto dava partida. Sam se remexeu inquieto no banco de trás.

Aquilo era constrangedor para Victoria! O loiro deixando mais escancarado seu interesse por ela perto de Sam, que há minutos estava revelando seus sentimentos.

E ela sabia que a conversa com o Winchester mais novo não tinha acabado.

– 0 –

Peterson os esperava junto com outros dois guardas em frente à sede. Os caçadores estacionaram, saíram do carro e Dean e Sam foram pegar suas bolsas no porta-malas com itens básicos de acampamento e seus objetos de caça. Vic estava com sua mochila com os mesmos tipos de itens.

Enquanto os irmãos pegavam suas coisas, o loiro reparou que Sam continuava com a cara fechada e de mau humor.

– O que você tem? – perguntou Dean.

– Nada – Sam respondeu meio rude

Dean não insistiu. Supunha que o irmão devia estar aborrecido por ele estar abordando Victoria de uma forma mais direta e que a caçadora parecesse mais interessada em ficar em sua companhia do que na de Sam. Bem, não tinha culpa se as mulheres tinham preferência por ele.

Só que não estava numa disputa pelo amor de Victoria. Ele já tinha se convencido de que estava apaixonado por ela. Era um sentimento forte como nunca teve por ninguém, nem por Cassie ou por Lisa. A forma como tentava conquistá-la podia ser a mesma como fazia com todas, porém, suas intenções eram diferentes e verdadeiras.

Collins não era uma mulher para se brincar ou desfrutar por apenas uma noite. Ela merecia muito amor e carinho. Sim, ela o excitava bastante! Inspirava nele as mais tórridas fantasias, entretanto, não ficava somente nisso. Queria amá-la, cuidar dela e protegê-la de qualquer dor ou mal. Vic era a mulher dos seus sonhos! Literal e metaforicamente.

Podia ser teimosa, orgulhosa e, às vezes, mandona, porém, justamente esses defeitos aliados às suas qualidades a tornavam tão atraente e especial para ele. Ela era sua igual. Era o seu Anjo.

Às vezes, imaginava como devia ter sido a vida em comum entre sua versão do futuro e ela. Não que cogitasse a palavra proibida de seu vocabulário: casamento. Apenas refletia na possibilidade de ter algo consistente e profundo com Vic.

Queria viver o presente com ela intensamente. Se fosse dar em casamento lá na frente, não era algo com que se preocuparia. E faria o impossível para que nada de ruim acontecesse com seu Anjo.

Concentrou o rumo de seus pensamentos para os guardas florestais. Cada um deles carregava uma espingarda de cano duplo.

– Olá, senhores. Estes são meus colegas, Jonathan e Owen que irão nos acompanhar – Harold apresentou dois sujeitos, um de cabelo e bigodes pretos e outro mais baixo e bastante gordo. Em seguida, Peterson apresentou Sam, Dean e Vic – Estes são os agentes Levine e Natan e a agente Kate.

Os caçadores apertaram a mão de cada um dos colegas de Harold.

– Sr. Peterson – disse Dean – Estamos prontos.

– 0 –

Por cinco horas, percorreram um bom trajeto dentro da Floresta Shoshone. Iam em dois jipes; no primeiro, estavam Harold e “os federais” e, no segundo, Jonathan e Owen. Peterson estava na direção, Victoria ao seu lado e os Winchesters no banco de trás. Assim ela preferiu para não ter que lidar com Dean e, muito menos, com Sam. Vic podia sentir a expectativa do loiro em jogar seu charme nela e a ânsia do mais jovem em terminarem a conversa inacabada entre eles.

– Foi nesse trecho que aquele grupo foi trazido por Donna – disse Harold ao pararem os carros e mostrar as imensas árvores que os rodeavam – E também era aqui que deviam estar acampados seus colegas e o Joseph, que os guiava.

– Talvez fosse melhor se ficarmos por aqui caso eles voltem. E poderíamos explorar os arredores pra ver se encontramos algum deles – sugeriu Collins. Ela se virou para seus companheiros – De acordo, rapazes?

Eles assentiram.

– Por mim tudo bem – concordou Harold.

O guarda fez sinal para seus colegas descerem do outro veículo e ele e os caçadores começaram a descarregar o equipamento para acampar. Embora os Winchesters e Victoria tivessem trazido seu equipamento básico, Peterson achou melhor levar mais acessórios e barracas já que se tratava de ajudar os supostos agentes em sua investigação.

Gastaram um bom tempo para armar as seis barracas. Collins, como única mulher do grupo, achou melhor se instalar a uma distância considerável dos homens para ter mais privacidade. Dean e Sam se ofereceram para ajudá-la, porém, ela dispensou com certa rispidez. Sabia que cada qual só queria um pretexto para ficar sozinho com ela.

Após essas providências, todos saíram em busca de pistas para encontrarem os agentes, o outro guarda e talvez o menino desaparecido. Peterson e seus companheiros eram homens bastante experientes em localizar rastros, por isso, não demoraram em encontrar evidências da passagem recente de pessoas por aquela região.

– Se não encontrarmos ninguém por hoje até o fim da noite, a gente podia voltar para o acampamento e esperar até amanhã de manhã pra voltarmos e pedir uma busca por helicóptero – ressaltou Peterson - Não é seguro dirigir por esta floresta ao anoitecer.

Vic, Dean e Sam não estavam de acordo, entretanto, nada comentaram. De nada adiantaria a providência dos guardas se o que procuravam era sobrenatural – e disso tinham certeza.

Andaram e procuraram por muito tempo até umas oito da noite. A floresta estava mergulhada numa escuridão profunda. Não dava para se ver muita coisa mesmo com o auxílio de lanternas. Estavam pensando em regressar quando avistaram duas pessoas no alto de um morro que pareciam caminhar sem rumo: um adulto e uma criança. Apesar de estar escuro, dava para enxergar seus vultos.

– Ei! – gritou Owen e acenou para eles – Aqui!

As pessoas viraram em sua direção. O adulto pegou a criança no colo e começou a correr até eles. Súbito, cambalearam e caíram no chão.

– Droga, vamos! – ordenou o guarda sem necessidade, pois todos já corriam até àquela dupla. Avançavam com cuidado para não tropeçar em alguma raiz.

Chegaram perto deles e iluminaram os rostos das pessoas. Perceberam que a pessoa adulta era uma mulher de cabelos bem curtos e tinha caído em cima da criança, um garotinho.

– É a agente Pamela – reconheceu Jonathan.

Era uma mulher de cerca de trinta anos, robusta e com o cabelo castanho médio cortado até as orelhas. Suas roupas estavam um pouco rasgadas.

– Senhora! Senhora! – Harold tirou a mulher de cima do menino e tentou reanimá-la.

Victoria se aproximou do menino que parecia bastante assustado.

– Não tenha medo, viemos te ajudar – ela disse e sorriu para tranquilizá-lo.

O garotinho nada respondeu; apenas enroscou o pescoço da caçadora com seus bracinhos. Ele estava exausto, além de sujo. Vic não relutou em trazê-lo para a segurança de seus braços.

– Senhora, acorde! – Peterson ainda insistia, mas era inútil

– Ela... está respirando? – perguntou Sam

– Sim, mas perdeu a consciência. Ela é colega de vocês?

– Bem, não exatamente. O FBI é um lugar grande e tem várias divisões e departamentos. Então... não a conhecemos – respondeu Sam com meia-verdade. Seria complicado se a mulher acordasse e dissesse que nunca os vira na vida.

– Esse deve ser o Charlie, suponho – Dean olhou para a criança com a cabeça repousante no ombro de Collins e aproximou-se – Você está bem, guri?

O garoto se encolheu e escondeu o rosto no pescoço de Victoria.

O loiro ficou sem graça.

– Onde será que estão os outros? – inquiriu Vic

– Não sei, mas... acho melhor voltar para o acampamento. A agente Pamela parece mal e o menino deve estar cansado... vamos ver se tem algum ferimento. Temos que voltar amanhã o quanto antes e levá-los para o hospital. Depois, mandaremos uma equipe de busca especializada para tentar encontrar os outros federais e o Joseph.

– 0 –

Eram dez da noite, quando Vic colocou Charlie para dormir em sua barraca.

O grupo não poderia voltar por causa do breu que estava a floresta e do longo trajeto de cinco horas que teriam que percorrer. Estavam todos exaustos pela longa busca. Teriam que esperar mesmo o amanhecer. Ainda bem que não havia nenhum dano físico grave com o pequeno ou mesmo com a federal.

O menino não emitiu nenhuma palavra desde que chegaram ao acampamento. Após o examinarem, os guardas tentaram lhe perguntar sobre os dias em que esteve desaparecido e o que tinha acontecido com os outros agentes, entretanto, a criança se recusou a falar ou emitir qualquer sinal de comunicação. Concluíram que ele devia estar em choque pela misteriosa morte da família, pelos dias de desaparecimento ou ambas as circunstâncias.

– Ele não é mudo. Estava muito falante e entusiasmado quando chegou lá na sede – esclareceu Owen.

Ainda que não quisesse conversar com ninguém, o pequeno se apegou à Collins e não se desgrudava dela para nada. Por sua vez, Vic se afeiçoou à criança e fazia questão de cuidar dele até o momento que regressassem à cidade. E havia o adicional de manter os Winchesters distantes.

Vic cantarolou uma cantiga de ninar para o pequeno enquanto alisava seus cabelos. Ele lhe lembrava vagamente o filho que ela poderia ter tido.

Assim que Charlie dormiu, Victoria saiu da barraca para contemplar a noite. Foi com surpresa que viu Dean parado do lado de fora.

– Oi... Você está aí há muito tempo? – perguntou ela com certo nervosismo

– Não, cheguei por agora. Ouvi você terminar de cantar pra ele.

– É... ele estava um pouco nervoso e eu quis acalmá-lo – suspirou e cruzou os braços perdida em uma lembrança – Minha mãe costumava cantar pra mim quando eu era pequena.

– A minha também. – ele se aproximou dela – Só que ela cantava Hey Jude pra eu dormir.

– Hey Jude? – Collins deu uma risada curta – Sério?

– É, ela adorava essa música e na voz dela ficava linda.

– Você fala dela com muita admiração.

– Ela foi uma grande mulher.

–Tenho certeza que sim. Pra ser mãe de um Winchester imagino que tem que ter fibra - brincou

– E pra... se envolver com um Winchester também – ele se acercou mais a Collins e ficou de frente pra ela. Poucos milímetros faltavam para se encostarem.

Vic engoliu em seco. Dean a olhava de modo significativo, aquele tipo de olhar malicioso e cínico, mas com um toque de carinho. Só o som de suas respirações se ouvia, além das batidas que ela sentia do próprio coração.

– Então... como está a federal? – ela indagou e fugiu da proximidade com ele. Encostou-se inclinada a uma árvore.

– Ainda está desacordada – respondeu Dean de modo casual parado onde estava e fingindo que não notara a manobra de Vic

– O que você acha que aconteceu? Não só com ela e com as pessoas que estavam com ela, mas também com todo esse pessoal que se matou?

– Eu não tenho certeza. – ele começou a caminhar em direção a Collins – Mas... tenho um palpite.

– O quê? Seria um...djinn?

– Não... acho que não. Pelo o que eu sei, eles têm que manter contato constante com a vítima e... pelo o que o guarda Harold contou, o sujeito que encontraram vivo ainda parecia estar alucinado. E depois o tipo de ilusão que os djinns criam são coisas relacionadas a algo que você deseja que aconteça ou que tivesse acontecido. Eu mesmo quase morri nas mãos de um acreditando estar numa vida perfeita.

– É... é... m... mesmo? – gaguejou Victoria ao perceber o quanto o loiro estava perto demais – E... o... o que exatamente... você viu?

– A minha mãe viva. O meu pai ter morrido de uma forma menos trágica, o Sam ter conseguido concluir a faculdade e com a namorada dele viva – o Winchester falou de modo displicente e colocou os dois braços (um de cada lado) entre Victoria e a árvore fazendo uma espécie de prisão da qual a caçadora não poderia fugir – Ah, e... a Carmen.

– Carmen? – inquiriu Vic perturbada e, ao mesmo tempo, excitada com aquela prisão – Que... Carmen?

– Não era ninguém que eu conheci na verdade, mas... era bem próxima do que eu esperava encontrar numa mulher pra ter uma vida em comum.

Depois da experiência, o Winchester chegou a se perguntar o motivo do djinn não ter feito aparecer em sua ilusão a imagem de Vic, a verdadeira mulher de seus sonhos, ao invés de uma mulher qualquer de capa de revista. Talvez porque soubesse que Dean idealizava Victoria como um ser inalcançável, irreal demais até para uma fantasia. Ou talvez porque fosse um desejo tão íntimo que a criatura não conseguiu ter acesso.

Mas se o djinn tivesse colocado Victoria naquela fantasia, o estratagema para continuar a manter Dean preso e absorver aos poucos a sua força vital teria sido mais eficiente. E ele talvez não tivesse forças para querer se libertar daquela alucinação como conseguira.

O loiro apenas pensou nessa possibilidade; não a formulou em voz alta para Collins.

– Er... Como Assim? – Vic indagou surpresa – Espera aí! Você, Dean Winchester, tem vontade de se amarrar? Conta outra!

– Que mau juízo você faz de mim, hein? – vendo a expressão de desdém de Vic, ele admitiu com um sorriso torto – Tá certo, eu sei que faço por merecer minha “grande fama de pegador”. Mas... por incrível que pareça... eu desejo muito mais do que ter uma mulher diferente por noite comigo. – ele olhou sério para Vic – Quer dizer... não precisa ser algo tão repentino como... er... casamento, mas... eu desejo sim ter alguém pra compartilhar todas as minhas experiências. Acho que sempre quis isso, mas... tudo que aconteceu comigo e com a minha família me fez ter medo de me prender a uma pessoa.

Collins se surpreendeu com aquela revelação. O loiro silenciou por alguns instantes enquanto alternava o olhar entre a boca e os olhos de Victoria. Ela estava trêmula e não conseguia mais disfarçar.

– Mas se eu encontrasse uma mulher igual a mim, que tivesse passado por experiências parecidas, que eu não tivesse que esconder nada... seria mais fácil – sussurrou com a voz rouca e não hesitou em aproximar sua boca da de Victoria.

Deus, ela queria muito que Dean a beijasse! Queria tanto saber se ele beijava tão bem quanto alardeavam as caçadoras que estiveram com ele. Mas sabia que se permitisse isso, ficaria mais confusa ainda com o impasse entre ela e Sam. E Castiel a alertou que não se machucasse e não machucasse aos Winchesters.

Tudo isso se passou em sua mente por frações de segundo antes que o loiro conseguisse seu intento. Collins conseguiu se abaixar escorregando pelo tronco da árvore até as raízes e deu uma guinada de lado para sair por baixo da prisão criada pelos braços de Dean. E se colocou mais uma vez à distância do caçador.

– Acho melhor nós... falarmos com o Sam. Talvez ele tenha alguma teoria pra o que está acontecendo – ela disfarçou e fez menção de ir sozinha.

Dean soltou um riso curto. Ponto para ela.

Victoria parecia uma presa assustada que insistia em lhe escapar num jogo de gato e rato. Mas ele gostava daquele jogo, tornava tudo mais interessante porque tinha certeza que Vic seria sua.

– OK, Espere que eu também vou – postou-se ao lado dela e começaram a caminhar para as barracas.

– Você estava dizendo que tem um palpite do que pode ser isso? – ela procurou manter a postura firme e dissipar o clima – Se não é um djinn, o que pode ser?

– Um...

– Ah! Vocês estão aí! – a voz de Sam o interrompeu. Ele caminhava na direção deles e parecia bastante amuado. – O que estavam fazendo?

– Conversando sobre muitas coisas interessantes – provocou Dean

– Posso saber o quê?

– Sim! Não! – disseram Vic e Dean ao mesmo tempo. Os dois se entreolharam e Collins prosseguiu – Estávamos conversando sobre o que aconteceu com essas pessoas e o que pode ter provocado as tais alucinações que fizeram com que se matassem.

Victoria evitava o olhar de Sam. Ele a olhava como se quisesse uma explicação pelo fato de estar sozinha com o irmão dele. Ainda que não lhe devesse satisfações, a moça se sentia constrangida só de imaginar que o moço pudesse pensar mal dela.

– É? E o que vocês concluíram?

Sam ainda olhava de modo contrariado para os dois. Sabia que não tinha direito de exigir satisfações de Victoria, afinal, só tinham se beijado e não era o suficiente para firmar algo como compromisso. Contudo, doía-lhe vê-la ao lado de Dean. O interesse do irmão pela mulher era bastante evidente. Mas ele não tinha certeza do que Vic poderia sentir pelo loiro.

– Não, vão embora! – um grito de mulher ecoou perto das outras barracas e interrompeu a conversa.

Os três correram até lá. Viram que a agente federal estava acordada, mas estava fora de si. Ela usava apenas as roupas íntimas com a qual a tinham acomodado num colchão dentro de uma barraca extra. Estava de pé e apontava para os três guardas com uma arma.

– Você nunca mais vai me tocar, seu cachorro nojento! – ela gritava com fúria

– Calma, agente Sarandon... – Peterson tentava controlar a situação. – Eu só quero ajudá-la.

– Me ajudar? Você desgraçou minha vida por anos e anos, miserável!

Ele fez um imperceptível sinal com a cabeça para que seus companheiros pudessem agir no momento certo.

– Escute, não sou essa pessoa que a senhora pensa estar vendo. Sou o guarda floresta Harold Peterson com que a senhora falou há dois dias e que...

– Cale a boca, mentiroso! – ela disparou um tiro no chão quase no pé do guarda que recuou. Os demais também se assustaram. – Se chegar mais um passo, eu juro que... que eu te mato – ela tremia mais de medo do que raiva.

Owen e Jonathan aproveitaram que a atenção dela estava focada no em Harold e agiram rápidos. Cercaram Pamela ao mesmo tempo, um de cada lado, e a imobilizaram. Conseguiram tomar sua arma e caíram com a mulher no chão.

– Pare! Por favor, pai, pare! – ela se debatia desesperada.

– Calma, agente Sarandon! Calma! – eles tentavam tranquilizá-la, mas era inútil

– Não, me mate, por favor! Eu não aguento mais! Eu quero morrer! Me mate, pai! – ela chorava descontrolada

– Parem, vocês a estão assustando mais ainda! – Vic gritou e chegou perto. Os guardas se afastaram – Deixem que eu cuido disso.

Ela agarrou os braços de Pamela e começou a falar:

– Pamela! Pamela! Escute, por favor, você está bem. Acalme-se.

– Não, não... – ela foi abaixando o tom de voz, porém ainda estava em pânico.

– Pamela, olhe para mim! Olhe! Não há mais nenhum homem aqui. Ele não pode te fazer mal. Acabou. Enfrente ele! Ele não pode te machucar mais! Está só na sua cabeça.

A mulher aos poucos foi se acalmando e abriu os olhos.

– Onde... onde estou?

– Está entre amigos. Pessoas que vieram ajudá-la.

Pamela não sabia quem era a mulher à sua frente, mas não parou para refletir, apenas buscou amparo no abraço de Victoria e entregou-se a um pranto convulsivo.

– 0 –

– Eles começaram a ficar loucos! Se debatiam toda hora como... como se estivessem vendo mil demônios – explicava Pamela ainda emocionada pelos últimos acontecimentos e relatando o que acontecera com seus colegas e o guarda Joseph – E depois pegaram nas armas ameaçando atirar no vazio. O guarda que estava conosco atirou na própria cabeça.

– Meu Deus, não! Joseph... – Owen cobriu o rosto com tristeza. Jonathan e Harold também ficaram chocados com o triste fim do colega.

– E depois... meus colegas... eles ficavam atirando pelos ares querendo acertar em não sei o quê. Estavam em... pânico, vendo e falando com coisas ou pessoas que não estavam ali. Eu... tive medo que atirassem em mim ou no menino e então... saí correndo de lá. Peguei o jipe, mas ele furou um pneu no meio do caminho e então vim correndo. Eu fiquei andando esse tempo todo com o Charlie... com sede... e fome... estava muito cansada... e também comecei a ver coisas estranhas... de dar medo... mas procurei me concentrar, não perder a razão por causa do menino... até que vi vocês, mas aí... eu acho que desmaiei. Quando eu acordei aqui... eu pensei estar vendo... – ela engoliu em seco – Nada. Não era... real de qualquer jeito.

– Não, não era – concordou Vic

– Eu... os abandonei, eu não pude ficar lá... tive medo – ela colocou a mão na cabeça e começou a se afobar com culpa.

– Não se preocupe, ninguém está aqui te julgando. É melhor você descansar agora.

Pamela concordou. Victoria a amparou e levou-a até à barraca. Quando voltou, os homens estavam mergulhados em silêncio. Ela foi se juntar a Dean e a Sam que estavam de pé.

– Amanhã quando chegarmos à sede, vou acionar uma operação de busca para recolher os corpos dos outros federais... e de Joseph– decidiu Peterson – Já devia ter feito isso há muito tempo.

– Acha que todos estão mortos? – inquiriu Owen

– Não tenho dúvidas.

– Guarda Peterson... talvez pudéssemos ficar só nós três aqui para investigar o que aconteceu e depois o senhor poderia mandar que nos buscassem – sugeriu Sam.

Não era interesse dele e de seus companheiros abandonarem aquele caso que se mostrava cada vez mais grave e sobrenatural.

– De maneira nenhuma, agente Levine. Não vou deixá-los aqui sozinhos com algo que está afetando a sanidade mental das pessoas.

– Mas...

– E é só. Se o FBI quiser insistir, que tragam uma ordem judicial. Aí não vou ter como impedi-los de agir e fica por conta de vocês. Mas até lá, minha ordem é que partamos logo ao amanhecer.

O Winchester teve que concordar assim como Dean e Vic.

Enquanto os guardas teciam comentários entre si, Victoria e os Winchesters tentavam decifrar aquele enigma.

– O que a gente faz agora? – indagou Vic – Não podemos deixar o caso assim.

– Fazemos da maneira que conhecemos. Voltamos com eles hoje e depois retornamos sem pedir licença – retrucou Dean despreocupado

– Assim falando parece fácil – desdenhou Vic

– Tem ideia melhor?

– Podemos esperar que todos durmam e sair de madrugada às escondidas para procurar o que está provocando tudo isso – replicou Sam num tom que tornava óbvia a solução

– E o que vocês acham que está acontecendo? – tornou Collins

– Eu não tenho certeza, mas acho que... é outro Tormento – respondeu Dean

– Outro Tormento? – indagou Sam – Tem certeza?

– Era só um palpite, mas... não tinha certeza. Podia ser qualquer outra coisa que estivesse provocando essas alucinações nesse pessoal... só que pelo padrão... creio que seja um.

– Que tipo de Tormento?

– O Tormento dos Medos. Ele... chegou a me torturar algumas vezes quando eu estava no Inferno – sorriu amargo – Alguns o apelidaram de Freddy Krueger. Mas acho que o Freddy perto desse demônio seria só um garoto levado tentando assustar os outros – Dean sentiu um arrepio só de recordar mais uma vez esse período negro de sua “vida” – Essa coisa faz com que todos os seus piores medos sejam mostrados pra você de forma intensa. Tudo o que você nunca quis escutar, tudo o que você nunca quis enfrentar e outros medos que teve na vida. Multiplicados em um milhão. Você prefere qualquer sofrimento, até as piores dores físicas do que ver seus medos mais profundos expostos ali diante de você.

– Pelo o que você diz e por essa gente estar se matando, deve ser mesmo terrível – comentou Vic.

– Bem... se ele é como o outro Tormento, então é só encarar nossos medos pra destruí-lo, não? – deduziu Sam

– Não sei... Acho que esse Tormento é mais poderoso do que o que enfrentamos. Talvez se possa ficar livre do poder dele agindo como você falou, mas... não sei se isso basta pra acabar com o filho da mãe.

– É, mas parece que é o que temos à mão, não é? – retrucou Sam e afastou-se.

– Aonde você vai? – perguntou Dean

– Dar uma volta. –disse ríspido sem olhar nem para o irmão e nem para Vic.

– 0 –

Eram altas horas da noite quando Victoria foi dormir. Não estava com sono, mas usou tal pretexto para se livrar da sedução de Dean.

Estavam sentados em volta da fogueira que os guardas tinham acendido. O Winchester se insinuava cada vez mais para Victoria. Apesar de ela se manter inabalável, estava difícil! Dean era irresistível!

Mesmo na época em que agia com frieza com ele, era impossível ser indiferente aos encantos daquele homem. E agora que estavam mais próximos, Vic duvidava da sua própria resistência. Todavia, a recordação do beijo de Sam e a mágoa em seu olhar a impediam de se deixar levar por mais um impulso.

Ele foi caminhar por um tempo e depois voltou. Não dirigiu sequer um olhar para ela ou mesmo Dean, deu apenas boa noite para todos e foi dormir.

Aquilo a magoou profundamente, porém, sabia que, por um lado, merecia aquela atitude de indiferença. Não era ela que o estava evitando?

Ao passar perto da barraca do Winchester, teve vontade de chamá-lo para uma conversa. Eles não podiam ficar daquele jeito, contudo, dava para ser vista por Dean e ela não queria que o loiro notasse que alguma coisa entre ela e Sam tinha ocorrido.

Merda! Que porcaria! Não sabia o que fazer nem o que queria!

Queria tanto voltar e sentar-se perto de Dean e deixá-lo continuar a seduzindo com suas cantadas baratas, seus olhares penetrantes, sua voz rouca e que... roubasse um beijo dela. E queria tanto que Sam a beijasse de novo!

Uf! Era melhor dormir porque sua cabeça estava uma pilha de confusão. Charlie talvez estivesse acordado e assustado por estar sozinho. Ela caminhou distraída a passos vagarosos.

– Vic – a voz de Sam a chamou

Collins olhou para o lado e viu o Winchester com os braços cruzados e encostado na árvore perto de sua barraca – a mesma em que dantes Dean a prendera com os braços. A respiração da morena falhou por segundos.

– Sam... achei que estivesse na sua barraca.

– Eu saí sem que você me visse e vim pra cá te esperar – ele se desencostou da árvore e aproximou-se de Victoria – Nós temos uma conversa inacabada.

– Sam, acho melhor não falarmos sobre... sobre aquilo – Vic desviou o olhar.

– Aquilo... É assim que você define o nosso beijo? – ele esboçou um sorriso irônico.

– Não é isso, Sam... é que...

– Você não gostou do beijo? Está arrependida?

– Por Deus, claro que não! Como você pode falar algo assim? Foi maravilhoso! – ela se exaltou sem querer.

Arrependeu-se na mesma hora ao ver o brilho de expectativa nos olhos do Winchester. Deveria ter mentido.

– E então... – ele disse com ansiedade e encurtou a distância entre eles de uma vez.

Colocou as mãos sobre os ombros nus dela. Vic arfou com as ondas elétricas que percorreram seu corpo.

– Sam, o que... você quer... que eu diga? – perguntou com a voz trêmula – O que quer de mim?

– Você ainda pergunta? – ele riu – Vic, você é uma mulher inteligente e não sabe o que pode rolar entre duas pessoas que se beijam e que claramente estão a fim uma da outra? Porque eu sei que você sente algo por mim ou pelo menos tem uma atração.

– É, eu... eu me sinto atraída por você – ela não ia negar de todo seu interesse, mas ele não precisava saber que seus sentimentos eram mais intensos - Mas...eu... eu não posso me envolver com você.

– Por quê?

– Porque... porque... mulheres não podem ser mais velhas que os homens e... eu sou mais velha que você - resolveu usar aquilo com desculpa

Sam soltou um riso de escárnio.

– Tá, essa regra eu não sabia que existia. E que grande diferença de idade! – ironizou – Um ano e meio! Nem que você fosse dez anos mais velha. Pode pensar num argumento melhor do que esse, Vic.

– É complicado de explicar.

– Tente. – ele suavizou o tom de voz e pegou no queixo dela com uma mão. Sentiu o tremor dela com aquele toque.

– Eu... tenho medo, Sam.

– Medo de quê? De mim? Acha que vou magoá-la?

– Não é isso. É... só que... eu não aguentaria passar de novo pelo que eu passei.

Levou apenas um segundo para o Winchester entender o que a caçadora queria dizer.

– Você fala do Luke? Vic, você não pode...

– Não foi só o Luke. Teve outro cara depois dele – ela fez uma pausa e abaixou o rosto – Uns anos depois, quando eu fazia meu último semestre do curso em Stanford, conheci um professor e acabei me envolvendo com ele. Ficamos quase um ano juntos, mas... um dia eu encontrei ele esquartejado no quarto de um hotel numa viagem que fizemos juntos. Foram demônios que fizeram isso com ele, tenho certeza... pela maneira como ele estava. Ele... tinha até me pedido em casamento nesse dia.

Sam ficou em silêncio por uns instantes e olhou-a compreensivo.

– Olha, Vic, eu lamento... sinceramente. Sinto mesmo por mais essa que você teve que passar – ele falava com ternura – Mas você não pode deixar que o medo do que te aconteceu atrapalhe você de seguir em frente. Sei o que é perder a pessoa que você ama, a pessoa que você julgava que ia passar o resto da vida. Eu perdi a minha namorada, a Jess, como te contei. Também fiquei muito tempo sem me relacionar com mais ninguém. Conheci outra pessoa legal, mas... ela também morreu – ele se lembrou de Madison – E desde então tenho evitado me relacionar com qualquer outra mulher... até encontrar você.

Vic nada disse. Apenas engoliu em seco.

– Eu também estou com medo, mas... o que eu sinto por você é mais forte. Eu quero você, Vic, eu sempre quis. Acho... que desde que me tomei por gente quando... sonhava com você – ele revelou seu maior segredo – Quando te via em sonhos antes de te conhecer pessoalmente.

– Então... você também sonhava comigo? – ela arregalou os olhos. Suspeitava, mas não tinha certeza e nunca teve coragem de perguntar.

– Sim. E pela sua resposta, eu imagino que você também.

Collins nada disse de imediato. Aquilo a assombrava.

– E o que significa isso, Sam? – indagou ansiosa – Por que esses sonhos? A gente nunca tinha se visto antes daquele encontro na casa do Bobby.

– Não sei... talvez o destino. Quem sabe nós sejamos almas gêmeas?

Victoria revirou os olhos.

– Você sabe que essa teoria não tem cabimento. Só com a teoria da reencarnação.

– Não sei... Uma coisa não necessariamente puxa a outra, mas eu não quero me preocupar com isso. Temos muito tempo pra pensar em teorias sobre sonhos. Só que acho que isso significa que temos uma ligação forte.

Vic não tinha certeza porque também sonhava com Dean, mas é óbvio que não revelou essa informação para o rapaz.

E então, Vic? – ele a fitou sério e olhava em expectativa para ela – O que você decide a nosso respeito?

– Ah, Sam, eu... eu não sei. Eu já disse que tenho medo.

– Então não tenha! – ele exclamou, aproximou seu rosto no dela e começou a passar a ponta do nariz por toda a extensão da face de Vic. Os pelos da moça se eriçaram. – Apenas... sinta isso.

– Ah, Sam... – ela suspirou quase sem fôlego, fechou os olhos e rendeu-se às carícias do Winchester.

O nariz dele ainda deslizava com suavidade por todo seu rosto. Ele sentia o cheiro natural da pele dela. Era tão bom! Lembrava algo como erva do campo. Depois, afastou um pouco o rosto e começou a deslizar os dedos pela região facial da mulher: os olhos, as orelhas, o nariz e os lábios.

Um dedo contornou toda a extensão dos lábios de Vic. Ela achou que estava indo ao céu só com aquele toque. Sam parecia ter sido feito para amar porque sabia como enlouquecer uma mulher com simples carícias.

Mas Victoria queria muito mais. Ansiosa por sentir o gosto da boca do Winchester, ela não aguentou, lançou os braços em torno do pescoço dele e beijou-o.

Que fosse tudo para o inferno! Seus medos, suas preocupações e suas dúvidas. Pensaria nisso depois. Ela queria Sam!

O moço ficou surpreso com a iniciativa de Vic, mas muito satisfeito e entreabriu os lábios para sentir o gosto da língua dela.

Sim! Eles eram feitos um para o outro! Aquela combustão espontânea, aquela felicidade intensa, aquela ânsia, tudo se resumia num intenso beijo. Sentiam como se estivessem há muito longe um do outro e agora se reencontravam para ficar juntos como tinha que ser. Nunca deveriam se separar.

Sam a puxou mais de encontro a seu corpo e aumentou a urgência de seu beijo. Suas mãos deslizavam pelos braços nus de Vic e passeavam pelo corpo dela provocando as mais variadas sensações. Victoria também aproveitava para tocar nos braços de seu Gigante.

Infelizmente, aquele beijo não foi tão demorado como o primeiro e nem houve tempo de mergulharem fundo em mais sensações.

– Vic, rápido! Temos um problema... Os guardas – a voz de Dean se calou

Sam e Victoria interromperam o beijo e olharam para o loiro. A expressão no rosto dele era de incredulidade.


Notas Finais


Xi! E agora? O que vai acontecer?

Num dos flashbacks que abrem o capítulo está o trecho do Episódio 2, Fiquem com Deus, desta Temporada.

Bem, o capítulo se centrou mais nos sentimentos dos três, mas na segunda parte terá mais ações. Preparem-se para alguns sustos! Algumas coisas que coloquei no capítulo (como, por exemplo, a lembrança de Dean no caso do djinn) vão se relacionar com o mistério sobre os sonhos desses três mais pra frente.

Espero que tenham gostado! Até a próxima!


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