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História Almas Trigêmeas - Pânico na Floresta (parte 2)- Final


Escrita por: jord73

Notas do Autor


Espero que vcs gostem.

Mais abaixo, alguns esclarecimentos importantes. Boa leitura!

Capítulo 18 - Pânico na Floresta (parte 2)- Final


Fanfic / Fanfiction Almas Trigêmeas - Pânico na Floresta (parte 2)- Final

Anteriormente:

Como o ex – anjo se calasse bruscamente, Dean achou que tivesse encerrado o relato e não fez mais nenhum comentário. Contudo, as palavras finais de Castiel lhe deixaram intrigado:

– Sabe, o que é mais estranho? – sua expressão facial estava meditativa – Victoria não fez nada para se defender de Lúcifer. Ela simplesmente ficou paralisada. Eu escutei até ela dizer "Você?" como se tivesse encontrado algum conhecido. Mas ela nunca conheceu Sam, não sabia como ele era e nem mesmo viu uma foto dele. E é estranho também que... o diabo pareceu hesitar em matá-la. Ficou olhando pra ela um longo tempo... como se algo dentro dele se recusasse a acabar com a vida dela.

(...)

– Puxa! Que confusão, hein? – tornou o loiro

– E das grandes. Parece que temos um triângulo amoroso por aqui – comentou Sam

– Triângulos são complicados. Espero que nunca me veja envolvida em nenhum – disse a moça mais para si, porém, fitava os caçadores.

(...)

E seguiram por aquela galeria. Era bastante comprida. E era realmente de arrepiar: aranhas e suas teias por toda parte, ratos e baratas. Em dado momento, Victoria sentiu uma barata passar em cima de seu pé.

– Ahhhhhhhhhhhh! – gritou. Tinha horror aquele bicho.

(...)

– Olha... me lembrando bem, pode ser que nem todas as mulheres que abortaram possam estar ameaçadas. Talvez apenas aquelas que tiveram um contato direto com ele. Vejamos: o que a Emma, a Meredith e você têm em comum além de uma criança abortada?

– Bem...elas tiveram visões de crianças, dos filhos abortados.

– Certo, mas deve ter alguma outra coisa. Alguém que elas conversaram.

(...)

– Que mau juízo você faz de mim, hein? – vendo a expressão de desdém de Vic, ele admitiu com um sorriso torto – Tá certo, eu sei que faço por merecer minha “grande fama de pegador”. Mas... por incrível que pareça... eu desejo muito mais do que ter uma mulher diferente por noite comigo. – ele olhou sério para Vic – Quer dizer... não precisa ser algo tão repentino como... er... casamento, mas... eu desejo sim ter alguém pra compartilhar todas as minhas experiências. Acho que sempre quis isso, mas... tudo que aconteceu comigo e com a minha família me fez ter medo de me prender a uma pessoa.

Collins se surpreendeu com aquela revelação. O loiro silenciou por alguns instantes enquanto alternava o olhar entre a boca e os olhos de Victoria. Ela estava trêmula e não conseguia mais disfarçar.

– Mas se eu encontrasse uma mulher igual a mim, que tivesse passado por experiências parecidas, que eu não tivesse que esconder nada... seria mais fácil – sussurrou com a voz rouca e não hesitou em aproximar sua boca da de Victoria.

(...)

– Que tipo de Tormento?

– O Tormento dos Medos. Ele... chegou a me torturar algumas vezes quando eu estava no Inferno – sorriu amargo – Alguns o apelidaram de Freddy Krueger. Mas acho que o Freddy perto desse demônio seria só um garoto levado tentando assustar os outros – Dean sentiu um arrepio só de recordar mais uma vez esse período negro de sua “vida” – Essa coisa faz com que todos os seus piores medos sejam mostrados pra você de forma intensa. Tudo o que você nunca quis escutar, tudo o que você nunca quis enfrentar e outros medos que teve na vida. Multiplicados em um milhão. Você prefere qualquer sofrimento, até as piores dores físicas do que ver seus medos mais profundos expostos ali diante de você.

– Pelo o que você diz e por essa gente estar se matando, deve ser mesmo terrível – comentou Vic.

– Bem... se ele é como o outro Tormento, então é só encarar nossos medos pra destruí-lo, não? – deduziu Sam

– Não sei... Acho que esse Tormento é mais poderoso do que o que enfrentamos. Talvez se possa ficar livre do poder dele agindo como você falou, mas... não sei se isso basta pra acabar com o filho da mãe.

(...)

Sam a puxou mais de encontro a seu corpo e aumentou a urgência de seu beijo. Suas mãos deslizavam pelos braços nus de Vic e passeavam pelo corpo dela provocando as mais variadas sensações. Victoria também aproveitava para tocar nos braços de seu Gigante.

Infelizmente, aquele beijo não foi tão demorado como o primeiro e nem houve tempo de mergulharem fundo em mais sensações.

– Vic, rápido! Temos um problema... Os guardas – a voz de Dean se calou

Sam e Victoria interromperam o beijo e olharam para o loiro. A expressão no rosto dele era de incredulidade.

Capítulo 17

 

Pânico na Floresta (2ª parte)

Ele era o grande pegador de mulheres. Era o tipo considerado acima dos padrões de beleza. Era um garanhão entre todos os caçadores. Dificilmente alguma mulher resistia a ele. Tinha todas que queria.

Todas, menos Victoria. A única mulher que estava conseguindo derrubar as barreiras em seu coração. O Anjo dos seus sonhos. A mulher que estava ali parada nos braços de seu irmão, a quem acabara de flagrar aos beijos com ele.

Dean ficou sem reação. Ele estava pasmo. Não que ignorasse o interesse de Sam e as tentativas deste com Victoria, porém, nunca soube precisar exatamente o sentimento que a caçadora nutria pelo irmão. Talvez no máximo se sentisse atraída, mas Dean não cogitava sequer a possibilidade de Vic se envolver com Sam.

Afinal, ela era a mulher com quem sonhava desde garotinho. Isso significava que tinham uma ligação, não? Que podiam ser, como se dizem em romances e filmes, feitos um para o outro. No início, tentou negar para si mesmo essa teoria, porém, em seu íntimo sabia que era verdade. Ou pelo menos chegou a acreditar.

E havia o futuro que vislumbrou com Vic, bom, não com ela, pois Collins já não estava naquele ano de 2014; era apenas uma recordação de seu Eu futuro e de outros que conviveram com ela. Mesmo assim, era com ele que ela ficaria, não é?

Errado.

Talvez seria se ele tivesse se afastado de Sam como ocorreu naquela possibilidade futura... Então se tivesse encontrado Victoria na casa de Bobby sem a presença do irmão, ele que estaria agora com ela nos braços? Quer dizer que o fato de Sam estar junto modificava as coisas? Parecia que sim.

Todas essas considerações se passaram num átimo na mente do loiro.

– O que você quer, Dean? – perguntou Sam ainda com Vic nos braços. O tom de voz era petulante.

Após o espanto inicial, o primeiro impulso do loiro foi avançar em Sam e enchê-lo de socos por lhe falar naquele tom e atrever-se a tocar em “sua mulher”. Entretanto, ele respondeu:

– A agente Pamela parece que teve outro surto... e saiu correndo do acampamento. Ela passou pelos guardas... e eles estão se aprontando para sair atrás dela e... procurá-la. A gente vai junto...

Falava com certa dificuldade, quase como se estivesse com falta de ar pela situação que ocorria ali, mas era o tremor da fúria que a custo dominava. Sabia que não podia bater em Sam sem mais nem menos. O que ele alegaria? Que Victoria era sua por direito porque sonhava com ela desde criança? Ou porque num futuro alternativo era sua esposa?

– Ahm... Vão vocês... Eu não posso deixar Charlie sozinho, alguém tem que ficar com ele – disse Victoria sem jeito desviando o olhar dos dois. Afastou-se de Sam – Deixa só eu ver... se ele está bem.

Ela entrou na barraca por alguns instantes. Nesse meio tempo, os irmãos se encararam. Sam não mantinha mais o ar petulante, parecia um pouco constrangido, como se tivesse agido pelas costas de Dean. E tinha agido mesmo, na opinião de Dean. E mais uma vez.

Por que não lhe contara que estava de romance com Victoria? Teria poupado a ele de fazer papel de tolo esse tempo todo em que tentou seduzi-la.

Contudo, Dean procurou demonstrar certa indiferença. Não deixaria que Sam percebesse o quanto estava perturbado.

– Droga! – o praguejar alto de Collins chamou a atenção dos Winchesters.

– O que foi, Vic? – perguntou Sam

Collins saiu depressa da barraca. Sua expressão era de pavor e preocupação.

– Charlie sumiu!

– 0 –

– Vamos nos separar em grupos de dois – ordenou Harold – Jonathan e Owen vão pra esse lado – apontou a direção leste e, em seguida, dirigiu-se aos caçadores – Um de vocês vem comigo mais para o norte.

– Eu vou com o senhor – decidiu-se Vic.

Ela achava que seria melhor para se concentrar no trabalho. Ainda não havia dado uma resposta definitiva para Sam, só que não era hora de pensar naquilo. Estava muito preocupada com o garoto e sentia-se responsável por seu sumiço.

– Certo. Então... vocês dois seguem mais pro sul – determinou o guarda – Quem conseguir encontrar pelo menos um dos desaparecidos, é pra voltar pra cá. E se dentro de umas duas horas, algum de nós não regressar... os outros podem desarrumar as coisas, pegar os jipes, voltar para a sede e mandar uma ajuda mais organizada.

– Harold, olha... – Jonathan ia protestar contra aquela determinação.

– E não se fala mais nisso – Peterson não quis ouvir – Aqui com certeza tem algo de muito estranho e maligno e não vou permitir que mais ninguém do grupo se perca. Entendido?

Todos assentiram com relutância, até mesmo os caçadores.

– Muito cuidado ao andarem por aqui. A floresta pode ser traiçoeira ainda mais com essa escuridão... e mãos à obra.

As duplas se formaram e cada qual seguiu para uma direção. Antes de ir, Sam lançou um olhar significativo para Victoria como se quisesse falar mais alguma coisa, porém, ela ignorou.

– 0 –

– Duas pessoas desaparecidas que já tinham desaparecido. Que ótimo! – comentou Dean para quebrar o silêncio entre ele e Sam.

Fazia quase uma hora que estavam à procura de Pamela e Charlie. A madrugada ainda cobria o céu de uma escuridão profunda e um frio começava a despontar. Dean e Sam tomavam o máximo de cuidado onde pisavam, munidos com suas lanternas e armas.

Os dois estavam pouco à vontade um com o outro, pois havia um assunto pendente entre eles que não ousavam mencionar: Victoria.

– Esperemos que mais ninguém desapareça – respondeu Sam ao comentário de Dean após uma pausa.

Novamente, um clima silencioso e constrangedor. Por fim, Sam resolveu abordar o assunto tabu entre eles.

– Olha, Dean... sobre o que você viu lá no acampamento entre mim e a Vic...

– Qualé, Sam? Não sou seu pai pra você me dar satisfações – o loiro o interrompeu com sarcasmo amargo na voz – O que você e a Vic fazem não é da minha conta. Ou você acha que precisa da minha bênção pra ficar com ela?

– Eu sei... mas eu só gostaria de esclarecer...

– Não tem nada pra esclarecer – Dean tentava manter um tom despreocupado na voz – Vocês são adultos e estão tendo um caso. Ponto final.

– Dean... – Sam insistia com certa impaciência.

– Só acho que não precisavam esconder de mim. Mas não tenho nada com isso.

– Dean, posso falar? – Sam indagou com impaciência

– OK – o loiro suspirou – Fale.

– Eu e a Vic... bom... nós não estamos tendo um caso... ainda. Rolou um beijo entre a gente naquele dia que encontramos o Trick... quer dizer, o Gabriel. E... meio que ela ficou assustada e confusa e estava me evitando esses dias.

Dean nada disse, mas, as coisas começaram a se esclarecer para ele. Agora entendia por que Collins fazia questão de ficar mais próxima a ele do que de Sam nesse tempo. E ele julgou que estava abafando! Que imbecil! Como pôde agir com tanta idiotice?

– Eu consegui falar com ela quando você nos viu – ele continuou – Quer dizer... não chegamos a concluir a nossa conversa...

– Porque vocês não aguentaram e se beijaram – interrompeu o loiro com ironia lutando pra se mostrar indiferente

– É... Mas eu acho que a Vic vai me dar uma chance.

O loiro continuou calado.

– Sei o que deve estar pensando... que é arriscado. Que Lúcifer talvez possa usar a Vic pra me atingir... que ela e eu estamos trabalhando juntos e um relacionamento pessoal pode atrapalhar tudo, mas... Eu quero a Vic – concluiu o moço – O que eu sinto por ela é muito forte. Acho até... que mais forte do que o que eu sentia pela Jess.

Dean continuava de boca fechada, o que constrangia mais a Sam.

– Vou contar uma coisa pra você que vai parecer uma loucura, mas... bem... acho que significa que a Vic e eu temos uma ligação.

Algo no tom de voz e na expressão séria de Sam provocou mais inquietação em Dean.

– Desde quando eu era pequeno... eu sonhava com a Vic. Eu a conheci em sonhos antes mesmo de encontrarmos com ela na casa do Bobby.

Dean não conteve a expressão de assombro em seu rosto.

– Está brincando... não é? – ele perguntou boquiaberto

– Não. Sei que é estranho, mas...

– Que tipo de sonho? Que lugar? E... como a Vic estava vestida? – disparou de uma vez as perguntas

– Era uma espécie de jardim, campo, algo assim... Ela me aparecia em sonhos com um vestido branco e sandálias rosa – o rapaz parecia vislumbrar o cenário e ignorou a aflição estampada no rosto de Dean – Eu achava que ela era uma fada e... a chamava assim. O engraçado é que toda vez que eu a via, ela parecia crescer igual a mim. E... nessa conversa que tivemos, ela me contou que tinha os mesmos sonhos.

O som da voz de Sam vinha como eco nos ouvidos de Dean. Seu irmão tinha o mesmo tipo de sonho com Victoria! O que aquilo significava? E ele que pensara ser o único a ter esse privilégio. Significava que Vic não lhe pertencia como acreditou?

– Dean?

A atenção do loiro foi despertada por Sam.

– Ahm... O quê?

– Você está bem?

– Er... estou... claro.

– O que você acha do que te contei?

– Ah... não sei... Quem sabe? – o Winchester não sabia o que dizer.

– Olha, Dean, eu só te disse isso pra que você entendesse a extensão dos meus sentimentos pela Vic. O quanto eu a considero importante. Eu vou investir nela... custe o que custar.

O loiro engoliu em seco. Podia ver a determinação no olhar de Sam e um sentimento intenso também presente. Amor.

– Certo – deu de ombros.

– Então... não tem problema pra você?

– Por que teria? – o mais velho desdenhou

– É que... você está interessado nela que eu sei.

O loiro pigarreou e depois deu uma risada.

– É, eu... não nego que ela me atrai e que até eu investi bastante nela, mas... você me conhece, Sammy, sabe que eu não me prendo a ninguém – deu de ombros – E a Victoria parece ser o tipo de mulher que curte um compromisso. Eu ia acabar magoando ela se... tivesse conseguido conquistar o interesse dela. Que bom que foi você o felizardo.

Esboçou um sorriso bastante aberto, embora por dentro desejasse socar o irmão. Ele queria reclamar seu direito sobre Vic. Ela era sua!

– Tem certeza, Dean? – Sam não estava convencido.

O loiro revirou os olhos e bufou.

– Se estou dizendo... E depois, você desistiria dela se eu me colocasse contra?

– Não, com certeza não – o olhar de Sam era firme.

– Pois é, maninho. Então desencane – ele se aproximou e deu um tapinha amigo no ombro do irmão – Espero... mesmo que você e a Vic se acertem. Vai ser interessante ter ela... como cunhadinha.

O sorriso de Dean se alargou mais ainda e ele riu da própria piada. Ainda que uma parte de Sam não se convencesse da aceitação do loiro, ele se sentiu aliviado pelo irmão apoiá-lo.

– Tá certo – ele também sorriu – Fico feliz por você concordar.

– Sam – Dean o encarou sério – Só tome cuidado. Não deixe que ninguém a machuque.

– Certo – ele concordou – Eu vou protegê-la de qualquer coisa, até do Diabo se for preciso.

– Espero que sim.

Em seguida, Dean mudou de assunto e deu alguns passos à frente.

– Vamos continuar as buscas. Não temos tempo a perder.

Sam o seguiu. Não tinham caminhado nem dois metros e, de repente, Dean estacou.

– Dean? – Sam estranhou e falou com o irmão – O que foi?

O rapaz não respondeu, apenas olhava um ponto qualquer adiante.

O olhar de Sam seguia a direção que os olhos de Dean focavam.

– Dean? – tornou a chamá-lo.

– O que você está fazendo aqui, Alistair? Você está morto!

Sam olhou sem nada entender. O irmão conversava com alguém que obviamente não estava lá.

– Dean, que isso? Com quem está falando?

Todavia, o Winchester não via ou ouvia Sam. Ele enxergava apenas Alistair, o seu maior torturador durante boa parte do tempo em que esteve no inferno.

– Ora, Dean, você pensou mesmo que eu tinha sido destruído? Que ingenuidade! Acha que saiu mesmo do inferno? Pois eu lhe digo que não. Eu apenas deixei você ficar um tempo livre e pensar que realmente um anjo te tirou de lá – o demônio gargalhou – Que absurdo! Como você pode cair como um patinho nessa? Anjos que tiram almas do inferno? Acorde, Winchester! Ninguém nunca saiu do inferno!

– Não isso não é real! Não pode ser real! Você é só uma ilusão! – Dean reagiu e afastou-se da imagem de Alistair.

– Dean, o que está acontecendo? O que você está vendo? – Sam estava confuso e balançava o irmão

– Vá embora! Você não está aqui! Você morreu, não existe! É só uma ilusão! – vociferou o loiro em sua alucinação.

– Tem certeza? – insistia o demônio – Ilusões podem fazer isso?

E de repente, tudo à volta do Winchester desapareceu e ele se viu outra vez no terrível lugar que ainda lhe causava pesadelos: o Inferno.

Ele estava pendurado e acorrentado pelos braços e pernas em uma viga enorme numa espécie de grande armação feita de ferro dentre muitas que haviam no Inferno. Ouvia os gritos de angústia, dores e sofrimento das almas ali encerradas.

– Não! Não! Isso não é real! Não!

Fechava os olhos com força, contudo, a visão não desaparecia.

– Está convencido agora, Winchester? – perguntou Alistair.

O demônio não estava mais no corpo do último homem que possuiu na Terra, mas em sua verdadeira forma. Aterrorizante. Medonha. Nenhuma pintura conseguiria retratar o horror de sua aparência.

– Mas se ainda estiver duvidando, ali tem um grupo doido de saudades pra dar um trato legal em você – apontou um bando de demônios quase tão horríveis quanto ele.

– Não! Não! Não! – o loiro berrou na realidade com Sam na floresta

– Dean, acorde! Dean! – Sam gritou desesperado e sacudia-o para que despertasse.

– 0 –

Em outra parte, Collins e o guarda florestal buscavam Pamela e Charlie.

– Se alguma coisa acontecer com Charlie, nunca vou me perdoar – ela comentou após um bom tempo de busca.

– Não se recrimine, agente Kate. Meus colegas também perderam sua colega de trabalho. E depois... tenho certeza que tem algo de muito maligno por trás disso tudo.

– O senhor... acredita nessa possibilidade?

– Não descarto nenhuma teoria.

Vic assentiu. Se ele soubesse que não estava equivocado...

Continuaram a caminhar mais alguns passos. A mente de Collins estava dividida entre o trabalho que realizava, a conversa com certo Winchester e a reação de outro.

O que será que Dean estaria pensando a seu respeito? A expressão que viu em seu rosto ao surpreendê-la aos beijos com Sam causava um aperto em seu coração. Tinha certeza que o loiro ficara muito mais do que aborrecido.

E Sam? O que faria com ele? Ele havia expressado claramente suas intenções, entretanto, ela não havia dado uma resposta em definitivo e não sabia o que dizer.

A situação a obrigava a se decidir. Sabia que era tarde demais para voltar atrás e fingir que nada havia acontecido.

– Espere, agente Kate... – Peterson estendeu um braço na frente de Collins para detê-la.

– O que foi?

– Acho que ouvi alguma coisa.

De fato, um barulho de folhas sendo pisadas fortemente como se alguém (ou algo) estivesse correndo foi ouvido pela caçadora.

Instintivamente, tanto ela como o guarda sacaram suas armas. O que quer que fosse parecia correr em volta deles por entre as árvores. A escuridão não lhes permitia enxergar nada.

– Quem está aí? – Peterson se arriscou a perguntar

O barulho cessou.

– Quem está aí? – insistiu o guarda.

Silêncio.

– Apareça quem for. Nós estamos armados.

O silêncio ainda perdurava. Vic e Harold se entreolharam. O tempo escoava. Segundos. Minutos.

Súbito, um vulto avançou à esquerda de Harold empunhando uma vara.

– Ahhhhhhhhh! – berrava a pessoa

Peterson quase atirou, mas se deteve ao ver que era a gente Pamela. Ele se desviou a tempo de ela o atingir. A mulher quase foi ao chão ao se desequilibrar com o impulso que empregou.

– Agente Pamela, pare! – gritou e guardou arma.

A mulher fez nova investida dessa vez contra Victoria, porém, a caçadora a parou. Tentava imobilizar os movimentos da federal segurando- a pelos pulsos.

– Agente Pamela, acorde! É uma alucinação! Agente Pamela!

No entanto, a mulher estava presa em sua própria ilusão e não via Collins, mas um facínora monstruoso que a sequestrara numa operação de trabalho e fizera as piores atrocidades contra ela antes de ser resgatada por sua unidade.

O medo e a necessidade de se defender faziam com que Pamela adquirisse uma força incomum ao que um ser humano normal costuma ter. Por isso, Vic estava com dificuldade em dominar a situação.

Mas logo, Harold a ajudou pegando a mulher pelas costas e prendendo-a com seus braços. A federal lutava como leoa para se libertar e gritava de desespero.

– Me solta, seu maldito! Me solte!

– Agente Pamela, acorde! – Vic apertava o rosto dela entre as mãos para que se focasse na realidade

Dessa vez, não conseguiu. Era como se a carga fosse muito maior para a mulher despertar. E empregando toda sua força, ela deu um golpe nas partes baixas de Peterson – que urrou de dor e a soltou – e depois um chute em Victoria que a derrubou no chão.

Assim que se viu livre de ambos, ela fugiu por entre as árvores.

Collins se recuperou do golpe e foi acudir Harold.

– Guarda Peterson, o senhor está bem?

– Ai, ai, já estive... melhor – respondeu ele massageando sua parte inferior e se pôs de pé. – Ela... fugiu?

– Sim, naquela direção.

– Vamos... – ele cambaleou

– Está mesmo bem? – Vic o apoiou pelo braço.

– Urg... Eu vou sobreviver... Vamos antes que ela se afaste muito.

– 0 –

Owen e Jonathan avistaram o pequeno Charlie, mas ele correu assim que os viu. Eles tentaram alcançá-lo e chamavam-no, contudo, a criança não atendeu. Perderam-no de vista.

– Puta que pariu! – praguejou Jonathan – Como um garoto some assim?

– Ih, você tem que ver meu filho Jim. Quando quer se esconder das chineladas da mãe dele sempre que apronta, o danadinho parece o Papa-Léguas – brincou Owen – E se esconde que não tem quem ache.

Os dois riram do comentário para amenizar o clima. No entanto, a risada de Owen congelou. Ele arregalou os olhos como se visse algo terrível.

– Owen! Owen! O que foi? – Jonathan o chamou

– Fogo! Fogo! – berrou o homem com desespero e apontava para frente

Jonathan olhou para trás assustado.

– Mas... Está maluco, Owen? Não tem nada...

Jonathan não terminou a frase ao ver que seu colega disparou a correr como um louco na direção contrária a que apontara.

– Owen! Owen! Volte aqui!

Jonathan foi atrás dele para impedi-lo, porém, estacou ao ver cobras diante dele. Era um monte delas. Cobras de todo tipo. Transbordavam em torno dele. Enroscavam-se em seus pés.

O berro que soltou ecoou a uma boa distância.

– 0 –

Sam ouviu o grito do guarda, mas não deu importância. Não podia fazer nada por mais ninguém enquanto não despertasse Dean.

Seu irmão estava enlouquecido e tentara se matar com a faca da Ruby. Sam empregou toda sua força para imobilizar seu irmão, mas estava difícil contê-lo.

Dean se via novamente triturado em mil pedacinhos pelos demônios que o torturavam. A voz de Alistair ressoava em seus ouvidos despedaçados.

– Desista, Winchester! Isso nunca vai acabar.

E recompôs o loiro com o corpo inteiro para ser torturado mais uma vez.

– Quando... eu... sair... daqui ... eu vou... – ele tentava ameaçar numa voz fraca

– Você não vai sair daqui. Nunca! É uma vergonha para todos. Para seus pais, Bobby, Sam... e Victoria. Estão todos queimando aqui por sua incompetência! Você não conseguiu salvá-los!

– Men... Mentira... Eles não estão aqui...

– Tem certeza?

Alistair mostrou cada um deles – John, Mary, Bobby, Sam e Vic – acorrentados em outras vigas próximos a ele. Também iam ser torturados.

– Deeeeeeean! – gritou John enquanto um demônio o espetava com um gancho na altura dos rins – Isso é sua culpa! Você fracassou! Você não protegeu Sam! Você deixou sua mãe morrer!

– Papai! Nãaaaaao! – o loiro gritou em desespero

– Deeeeeeeeean! – Mary, Bobby, Sam e Vic gritaram em uníssono enquanto também padeciam o mesmo golpe – É sua culpa!

– Nãoooo! Desgraçados, parem! Parem!

– Dean! Dean! – Sam não estava conseguindo mais deter o irmão que tentava sacar o revólver para se libertar daquela agonia.

Era como se seu corpo agisse por instinto ao tentar se livrar da grande carga que sua mente não suportava da alucinação. Era esse o mecanismo.

Sam segurava a mão do irmão, mas sentia que não ia conseguir. Então fez a única coisa que lhe restava: socou o rosto do loiro com toda força. Um filete de sangue escorreu pelo canto da boca de Dean.

Funcionou. Por alguns segundos, Dean parecia ter voltado ao normal, tanto que focava atentamente o rosto do irmão.

– Sam? – perguntou confuso.

– Dean... – ele respirou aliviado – Tudo bem?

– Acho que... Nãoooooo! – as imagens começaram outra vez a permear sua mente.

– Dean! Dean! Escute, lute contra isso! É só uma ilusão! Dean!

Só que o loiro se debateu desesperado e empurrou o irmão de lado. Colocou-se de pé disposto a correr, mas Sam não se deu por vencido e derrubou-o de volta ao chão. Dessa vez, sabia o que fazer.

Deu outro soco forte no rosto dele. Dean pareceu acordar mais uma vez.

– Dean, me escute! Eu acho que consigo parar essas imagens se eu te socar, mas não posso fazer isso pra sempre... Tem que ser você... É coisa desse Tormento como você mesmo disse. Você já o enfrentou. Lute contra isso! Você consegue!

Dean voltou às suas alucinações no exato momento em que Sam terminou de falar.

O loiro via seus pais, Bobby, Sam e Vic sendo despedaçados pelos demônios e levados a uma gigantesca fornalha onde eram queimados. Quase voltou a gritar em desespero, porém, as palavras de Sam estavam gravadas em sua mente e ele procurou se concentrar nelas com mais determinação.

– Não vai gritar, Winchester, e implorar pelos seus? – Alistair o provocava.

– Não. – disse com uma máscara de fúria e firmeza na voz – Faça o que você quiser.

– Tem certeza? – insistia o demônio e enfiou sua mão dentro do peito de Dean na altura de seu coração.

Este gemeu de dor, mas se segurou.

– Pensa que vai se libertar disso?

– E como eu disse pra você nos trintas anos que me torturou no inferno pra me obrigar a torturar almas – disse com mais determinação na voz – Vá à merda!

– É? Mas você não aguentou, lembra?

Diante do loiro, apareceu um clone dele próprio com expressão perversa. Este sorriu e foi até um grupo de almas as quais começou a torturar. Aquilo fez a determinação do loiro vacilar, todavia, recordou-se de quem era e o que buscava.

– É, eu fraquejei. – disse com certo pesar, mas sua cabeça estava altiva – E...daí? Não sou santo. Eu sou Dean Winchester, o Batman!

Súbito, as imagens se desvaneceram. O loiro vislumbrou a floresta com mais nitidez e o rosto de seu irmão sobre ele.

– Seja bem-vindo, Dean! – Sam sorriu

– 0 –

Vic e Harold continuavam a tentar achar Pamela.

– Ali! – apontou Victoria para uma árvore. A altura chegava a ser de quinze metros.

Pamela se encontrava num dos galhos mais altos e preparava-se para se jogar lá de cima. Estava com expressão de quem se sente encurralada. Havia algumas pedras embaixo no local em que pretendia se atirar.

– Deus, não! – gritou Collins – Não faça isso, Pamela!

– Agente Pamela! Agente Pamela! – os dois a chamavam quase ao mesmo tempo.

Contudo, não conseguiram impedi-la. Sem hesitação, a federal pulou nos braços da morte para a libertação. O impacto foi violento. Ela caiu justamente em cima das pedras.

– Nãoooo! – exclamou Victoria com horror e pôs as mãos na boca

Peterson também estava chocado.

Parte da cabeça da mulher e de seu tronco tinham se estraçalhado. Nenhum deles tinha coragem de exprimir nenhuma palavra.

Por fim, Peterson se aproximou do corpo da vítima, agachou-se e fechou seus olhos dilatados. Era tudo o que podia fazer por ela no momento.

– É melhor procurar seus companheiros e os meus. Talvez tenham conseguido achar o menino – disse depois de um bom tempo.

Ao se levantar, o homem paralisou, arregalou os olhos para baixo e começou a tremer.

– Guarda Peterson? – Vic estranhou a reação do homem

– E... eu... tenho que sair daqui... Está muito alto! Muito alto! – ele se desequilibrou e caiu sentado no chão.

– Guarda Peterson!

Vic foi ajudá-lo a se erguer, mas quando foi tocá-lo, viu que seus braços estavam cobertos de baratas.

– Aaaaaaaahhhhhhh!

– 0 –

– Parece... que é o grito da Vic – declarou Sam.

Ele e Dean estavam tentando encontrar justamente sua colega e as demais pessoas.

– Vamos pra lá agora! – ordenou Dean.

Correram na direção em que ouviram o grito da caçadora. Esperavam que não fosse tarde demais e que ela não cometesse nenhum desatino.

Depois de certo tempo, encontram-na encostada numa árvore quase como se quisesse entrar em seu tronco para escapar de alguma coisa pavorosa que via diante de si.

Também viram o guarda Harold encolhido no chão parecendo um menino indefeso. Ele se pôs de pé num rompante e tirou o revólver do cinturão.

– Merda! – esbravejou Dean e foi impedir o homem – Cuide da Vic!

Nem precisou dizer. Sam correu até ela e agarrou-a pelos ombros.

– Vic! Vic! Vic! – sacudiu-a pelos ombros

A mente de Collins estava distante. Ela se via cercada por baratas e, no chão, os cadáveres das pessoas que amou e amava eram devorados por elas; seus pais, Luke, Henry, Bobby, Dean e Sam. Ela chorava de desespero. Queria ir até eles, mas não tinha coragem de enfrentar uma multidão de baratas.

Não suportava mais aquilo. Tinha que parar.

Fora daquela alucinação, Victoria berrava sem parar e debatia-se enquanto um Sam muito determinado a segurava com força. Ele sabia o que tinha que fazer. O único jeito de trazê-la para a realidade e incutir-lhe ânimo para enfrentar seus próprios medos era lhe aplicar algum golpe.

Dean já tinha dominado o guarda Peterson, socou-o várias vezes e obrigou-o a reagir contra as alucinações. Surtiu efeito. O homem conseguiu se dominar.

Sam não tinha coragem de machucar Victoria mesmo que fosse para salvá-la. Não podia conceber macular sua face com nenhum golpe. Mas tinha que fazer alguma coisa ou ela não se libertaria.

– Sam? – Dean se aproximou dele após verificar que Harold estava voltando a si – O que está esperando? Faça ela voltar.

– Eu... eu não posso, Dean. Não posso machucá-la.

Nem o loiro tinha coragem de socá-la, porém, era o único jeito.

– Espere, vou... tentar outra coisa – disse e sacou seu canivete.

– Calma, Vic, calma! – Sam tentava de todos os modos controlar a caçadora, mas ela continuava a berrar

– Deixe que eu cuido disso.

– O que você pensa que vai fazer? – indagou Sam ao ver o canivete na mão do loiro.

– A dor é a resposta pra acordá-la. Se você não vai socá-la e nem eu, vamos ter que causar outro tipo de dor. É o único jeito.

Sam não gostava daquilo, mas estavam sem alternativa.

– Vá em frente.

– Segure ela bem forte.

Dean pegou com dificuldade um braço da caçadora que debatia sem parar socando o peito de Sam e fez um corte em sua mão.

Foi instantâneo. Vic saiu do transe. Olhou confusa para o rosto de Sam. Viu que estava vivo.

– S... Sam...

– Vic, me escute. Você está tendo uma alucinação. Você tem que enfrentar isso. Tem que ter coragem se quiser que elas parem. Se elas voltarem, lute contra elas. Lute, Vic!

Estava ainda confusa, mas conseguiu absorver a informação. E logo as alucinações voltaram com força redobrada como para contradizer a declaração do Winchester.

Dessa vez, ela via Luke sendo pisoteado e morto pelo demônio que o matou enquanto o sangue de dentro dela, sangue de seu bebê, escorria sem parar. A imagem mudou de repente e ela via o corpo de Henry esquartejado na cama do quarto de um hotel.

No começo, Collins não conseguiu reagir, todavia, procurou se dominar, olhou para aquelas imagens e encarou-as com bravura. O terror foi se dissipando aos poucos. E logo estava contemplando o rosto lindo de Sam.

– Sam... – ela sorriu

– Vic – ele a abraçou aliviado com muita força

Dean também estava aliviado, embora desgostoso ao vê-los abraçados.

– 0 –

– Mas... isso é... loucura. – declarou Harold sentado na raiz de uma árvore com a cabeça baixa

Ele ainda parecia muito abalado. Tinham encontrado seus companheiros Jonathan e Owen. Mortos. Ambos tinham dado um tiro na própria cabeça.

Depois de chorar diante de seus corpos sem se importar que os caçadores presenciassem sua tristeza, ordenou que partissem imediatamente. Os três protestaram alegando que precisavam encontrar Charlie, todavia, o guarda estava irredutível. Era ele quem dava as ordens por ali. Ninguém mais iria morrer naquela floresta estando com ele, não carregaria mais nenhuma morte em suas costas. E mostrou que falava sério ao apontar a espingarda para os três. Iriam com ele à força se fosse possível.

Diante de tal postura, Collins e os Winchesters revelaram suas verdadeiras identidades, o real motivo de estarem ali e a verdadeira causa daquelas mortes. Só não informaram que aquele acontecimento bizarro era apenas mais uma peça no Grande Evento do Apocalipse que estava por vir.

– Eu sempre acreditei na existência do mal, do Diabo, mas que agisse assim sobre a gente... chega a dar um nó no cérebro.

– Acredite... é a mais pura verdade – afirmou Victoria

– Pior que estou acreditando mesmo. Não acho que isso seja uma alucinação coletiva, as coisas que vi na minha mente... eram reais demais... mas de uma forma muito intensa... muito apavorante.

– Entende porque não podemos deixar essa coisa vagando por aí? – insistiu Sam – Ela pode se espalhar e fazer mais vítimas e temos que evitar isso.

– Se o senhor quiser voltar, nós entendemos – tornou Collins – Mas nós...

– Por acaso está sugerindo que eu fuja com o rabinho entre as pernas? – Peterson se indignou – Nunca! Não tenho medo dessa coisa. Ela já me apavorou ao extremo e eu não vou fugir! Esse... sei lá... como vocês o chamam mesmo?

– Tormento.

– Isso. Esse Tormento vai pagar pelas vidas de meus amigos. Vou ajudar vocês.

– Tem certeza? Vai ser bastante perigoso.

– O que ainda estamos fazendo aqui? Vamos! – disse decidido – Aliás, como identificamos esse demônio?

– Aí é que está. Demônios costumam possuir pessoas e... pelo visto, este deve estar em alguma pessoa vagando por aí.

– Então... se encontrarmos essa pessoa teremos que matá-la?

– Infelizmente, sim – disse Sam – Mas temos que descobrir primeiro como acabar com ele. Não é um demônio comum.

– De qualquer jeito, temos que encontrar Charlie – ressaltou Victoria – A gente pensa em como derrotar esse demônio depois se o encontrarmos. Vamos de uma vez.

Dean estava bastante meditativo enquanto seus colegas e o guarda conversavam. Ele disse:

– Vão na frente. Eu alcanço vocês – disse e afastou-se.

– Aonde você vai? – indagou Victoria intrigada.

– Eu... acho que vou pegar um dos jipes pra carregar os corpos dos outros guardas e da agente Pamela.

Vic e Sam olharam para Dean como quem diz “Isso pode esperar.”.

– Confiem em mim, gente! Guarda Harold, o senhor me empresta as chaves?

– Claro.

– 0 –

– Ele tem que estar aqui! Nós temos que encontrá-lo! – Collins estava desesperada

Ia à frente dos homens. Eles procuravam andar no mesmo ritmo que ela.

– Vic! Vic! – chamava Sam

– Agora não, Sam, não podemos perder tempo.

– Vic, calma! – ele a alcançou e puxou-a pelo ombro.

– O que você quer? – ela se virou com impaciência.

– Vic, olha, eu sei que você está preocupada com o Charlie... todos estamos, mas... acho melhor deixarmos para procurá-lo pela manhã.

– Está brincando, não é?

– Vic, estamos caminhando por um bom tempo e já procuramos por duas horas pelo menino e também nenhum sinal do demônio ou de qualquer estranho que possa estar possuído por ele. Estamos todos esgotados. E ainda está escuro.

Collins não disse nada.

– Eu acho melhor tentarmos pela manhã que vai estar mais claro.

– Pode ser tarde demais – disse Vic com olhar de súplica – Pelo amor de Deus, Sam, ele é só um menino! Não podemos abandoná-lo à própria sorte, temos que encontrá-lo – Vic colocou a mão no ombro do Winchester – Por favor, só mais um pouco.

Sam não poderia resistir ao apelo daquela mulher. Suspirou resignado.

– OK. Vamos tentar só mais um pouco.

– Obrigada – ela sorriu.

Como ele poderia resistir àquele sorriso e àquele olhar?

– O senhor concorda, guarda Peterson?

– Por mim, tudo bem. – disse ele.

Andaram por mais algum tempo à procura de Charlie, mas sem sucesso. Por fim, Victoria concordou com eles em retornar ao acampamento e tentarem nova busca pela manhã. No caminho, Dean os encontrou de jipe.

– Agora que você resolveu vir, Dean? – protestou Collins.

– Desculpem, pessoal, é que tive... alguns contratempos – desceu do carro e aproximou-se deles – Já levei os corpos pro acampamento. Encontraram Charlie?

Vic negou com a cabeça com uma expressão de profunda tristeza. Dean pareceu meditar; depois se aproximou de Collins e pegou em sua mão.

– Não se preocupe, Vic. Acho que tudo isso vai acabar logo... e que Charlie vai estar são e salvo. Eu... prometo.

Sam não gostou nem um pouco do contato do irmão com Victoria, mas nada disse.

– Como você pode ter certeza? – indagou ela

– É só um palpite.

– 0 –

Chegaram ao acampamento. Dean parou a uma longa distância.

– Por que você parou aqui? – perguntou Sam intrigado

– Por ali não podemos passar. Tem... um pequeno empecilho.

– Que empecilho? – questionou Victoria

– Depois eu explico. Vamos por aquele morro entre as árvores – apontou uma pequena elevação que dava passagem no local onde estava a barraca de Collins.

Os três estranharam, mas desceram do veículo e foram pelo caminho indicado em fila indiana. Vic e Sam na frente, Harold no meio e Dean por último.

A barraca de Victoria estava desmontada e, sobre o chão, havia uma grande lona que cobria uma boa parte.

Collins parou alguns momentos para questionar Dean, mas ele apenas disse:

– Continuem andando – o loiro advertiu.

Sam e Vic prosseguiram o caminho cada vez mais intrigados com o comportamento do caçador. De repente, Harold ficou plantado no local. Não conseguia se mexer.

– Mas o quê...? – ele esbravejou

Vic e Sam pararam de andar e olharam para trás. O homem não se mexia, parecia preso no chão.

– Algum problema, guarda Peterson? – perguntou Dean com sarcasmo – Ou deveria chamá-lo... Freddy Krueger dos infernos, meu velho chapa?

– Eu... não sei do que está falando. – a voz de Harold era cautelosa.

– Não? Então tente sair da Chave de Salomão que risquei aí e está escondida debaixo da lona.

A expressão de Harold se fechou e assumiu um ar sombrio. Vic e Sam olharam espantados para ele. Seus olhos ficaram negros e assumiu um sorriso maldoso.

– Estou impressionado, Dean - disse com voz irônica – Para aquele que é considerado o mais sem noção dos Winchesters, você conseguiu matar a charada.

– Não, você que se esqueceu com quem estava lidando – replicou o loiro – E isso me conhecendo lá do inferno.

– Meu Deus, era você o tempo todo... desde a sede lá em Cody! - exclamou Vic

– Foi tão divertido bancar o guarda bonzinho e preocupado com as pessoas. E vocês confiando cegamente na minha preocupação em tirá-los daqui! – ele riu – E eu merecia receber também um Oscar pela cena que fiz com o medo de altura do guarda!

– Seu miserável, diga o que fez com Charlie! Onde ele está?

– Escondido e tremendo em algum lugar. Esperando pra ser usado por mim outra vez. O garoto está preso num pesadelo constante e não sabe mais distinguir o que é real do que não é real.

– Como pode fazer isso com uma criança inocente! E por quê?

– O Charlie foi uma isca pra atrair todos pra cá... acho que inclusive a gente – respondeu Dean – Você sabia que cedo ou tarde a gente ia vir até você.

– E como esperei! Vocês destruíram meu irmão e eu queria me vingar. Pena que você e a Indomável escaparam da morte, mas foi divertido brincar com vocês – encarou os dois e depois fitou Sam – Você é o queridinho de Lúcifer e isso o torna um intocável, mas... Nossa! Quantas coisas imaginei fazer você passar e ver. Ver sua namoradinha Jessy queimar umas mil vezes sem você poder fazer nada.

– Desgraçado! – Sam ia avançar, mas Collins o impediu.

– Não, Sam, deixe. Não vale a pena.

– Estou curioso. Como descobriu que eu estava no guarda Peterson? – dirigiu-se a Dean

–Assim como o outro Tormento, você só pode afetar quem tiver contato direto com você. Todos falamos com você, inclusive a família do menino. Cheguei a pensar que ele poderia estar possuído porque ficou dias desaparecido. Como uma criança pode sobreviver sozinha num lugar como esse? Mas aí me lembrei de outros dois casos que aconteceram em outras florestas próximas a Shoshone. O do casal de namorados e de outro guarda florestal. Eles se mataram em lugares bem distantes de Cody, mas... pra ter acesso em outras florestas da região se pode passar por aqui como deve ter sido com o casal. Já o outro guarda, não é difícil a comunicação entre vocês mesmo de diferentes regiões florestais.

– Meus parabéns! – o demônio bateu palmas – Tiro o meu chapéu pra você, Dean Winchester! Está certo, fui descoberto, mas e daí? Podem ter conseguido se libertar da minha influência, mas isso não faz diferença. Vocês não podem me destruir, nem mesmo com a sua faquinha de matar demônios. E se tentarem me exorcizar, posso até sair deste corpo, mas não voltarei para o inferno... irei possuir outra pessoa. De qualquer jeito, eu venci. Toda a região florestal de Wyoming me pertence e quando meu mestre vier, o Cavaleiro Morte, farei o resto do mundo mergulhar num eterno pesadelo.

– O Morte que é o seu mestre? – sorriu Dean – Puxa, ele devia ter escolhido um Tormento mais poderoso. Você não tá com essa bola toda não!

– Devia mostrar mais respeito, Winchester! – esbravejou o demônio – Afinal, eu me lembro de todas as vezes que entrei na sua cabeça, que explorei os seus medos mais secretos. Nossa, você parecia uma mulherzinha gritando de pavor e implorando pra que eu parasse! Era bem mais dramático do que o momento saudades que viveu hoje. Uma postura tão diferente dessa sua de valentão, de dono da situação.

– Já chega, seu filho da mãe! – gritou Sam – Você já atormentou demais meu irmão por hoje! Eu exijo que pare o que está fazendo agora!

– Por quê? O que vai fazer? Vai tomar sangue demoníaco e me mandar para o inferno? – diante do silêncio e o olhar de fúria de Sam, o Tormento continuou – Foi o que pensei.

Dean soltou um riso de escárnio.

– O que é tão engraçado, Dean Winchester?

– Sabe, você não me torturou o tempo todo que estive no inferno. Eu me lembro que fiquei os últimos dez anos livres de sua influência.

– Claro, o bebê teve medo de sentir mais dor e de ver mais monstros, aí se vendeu pra Alistair – zombou o Tormento

– Pois é, mas o tempo em que tive que torturar, eu também pude observar certas coisas no Inferno. Coisas que eu achava que de algum modo poderiam me servir pra alguma coisa. É claro que eu nem imaginava poder sair de lá algum dia.

– Interessante. Que tipos de coisas?

– Primeiro: você era o demônio mais feio que existia por lá. Nem os chefões como Alistair conseguiam superar você.

– Vou tomar isto como um elogio.

– Será mesmo? Lá no inferno não tem espelhos, mas tinham coisas que refletiam a imagem das almas, algo como se quisesse mostrar a todos o quanto horríveis e decadentes eram.

– Vai me contar algo sobre um lugar que conheço muito melhor do que o pouco tempo que você esteve lá? Por favor, o que espera fazer? Se pretende que eu diga algo que o faça pensar que pode me destruir está perdendo seu tempo.

– Calma, Freddy. Eu já vou chegar aonde quero. Como eu estava dizendo, lá tinha varias coisas que refletiam a imagem de todos no inferno e nem os demônios gostavam muito de olhar pra própria imagem. Só que nenhum deles tinha tanto medo desses reflexos como você. Parecia o diabo fugindo da cruz.

O Tormento riu. Só que era um riso nervoso.

– E o que está querendo dizer com tudo isso, Dean? Que tenho medo da minha própria imagem?

– Não sei, mas... que tal testar a teoria? – provocou Dean com um sorriso perverso e tirou de dentro da jaqueta um pequeno espelho retangular.

– Nãoooooo!

O Tormento foi pego de surpresa e não conseguiu desviar o rosto a tempo. Ele viu a própria imagem refletida no espelho de Dean, mas não era a face do guarda Peterson, era sua verdadeira forma. A imagem do terror absoluto. O demônio soltou um berro de gelar a alma. Seu rosto e seu corpo começavam a se desmanchar até se desintegrarem por completo.

Os três respiraram aliviados. Contudo, também estavam pesarosos. Era o fim do Tormento, mas também do guarda Harold Peterson. Ainda que não houvessem conversado com seu verdadeiro eu, lamentavam sua morte.

– Confesso que o que me ajudou também foi me lembrar do Mum-há dos Thundercats¹– comentou Dean para quebrar o longo silêncio.

Os três riram. Só mesmo Dean para buscar inspiração num antigo desenho animado.

Súbito, ouviram um barulho de alguma coisa se mexendo por entre as folhagens de uns arbustos. Eles sacaram as armas em estado de alerta.

– Droga! Será que o demônio deixou algum cúmplice à nossa espera? – murmurou Sam

– Esperem, não... atirem – Vic abaixou o revólver

– Vic, o que pensa que está fazendo? – sussurrou um preocupado Dean.

– É só... minha intuição.

Ela esperava que estivesse certa. E estava. Um Charlie muito assustado saiu da moita e correu até os braços dela.

– Charlie! – ela exclamou feliz da vida e abraçou-o – Você... você está bem?

– S...s... sim... estou – falou o menino pela primeira vez.

– 0 –

O caso foi encerrado como um estranho surto de uma alucinação contagiosa e rara causada pelo cérebro. Foi a alegação de Vic, Sam e Dean, ainda disfarçados como federais. Passaram o relatório para o xerife da localidade e entregaram os corpos das vítimas. Sobre o corpo de Harold, afirmaram que ele se matou ateando fogo às próprias vestes e que foi reduzido a cinzas.

Quanto a Charlie, ia ficar sob custódia da polícia local até uma tia de outro estado vir buscá-lo.

Ele não queria ir. Apegara-se muito a Victoria e ela também não queria deixá-lo, mas sabia que não tinha alternativa. Prometeu que um dia o visitaria no endereço da tia que a polícia havia localizado.

– Promete mesmo? – perguntou com sua vozinha infantil e insegura.

– Prometo. E você... se cuida. Sei que passou por muita coisa, mas... esqueça tudo isso. Faz de conta que foi só um longo pesadelo. Tá?

O menino assentiu e abraçou-a pela última vez. Collins o agarrou com uma tristeza profunda por deixá-lo. Apesar de terem estado juntos apenas por algumas horas, tinha se afeiçoado a ele.

Os Winchesters observaram comovidos a despedida dos dois.

– Vamos, Charlie – disse a assistente social que ia cuidar dele.

– Se cuida, guri – disse Dean.

– E boa sorte – desejou Sam.

– Tchau! – acenou

– Tchau! – responderam os três.

Depois disso, voltaram para pensão. Estavam exaustos. Quase não puderam dormir. Vic sabia que precisava conversar com Sam, mas queria descansar. E também refletir. O Winchester pareceu intuir isso, pois não fez nenhuma menção de falarem.

À noite, após ter dormido um sono tranquilo, livre de pesadelos, Vic tomou um relaxante banho.

Debaixo da ducha, lembrou-se da conversa que teve com Dean pouco antes de saírem do acampamento.

Eram oito horas da manhã. Sam e Charlie ainda estavam dormindo. Ela não conseguiu adormecer por causa das imagens perturbadoras que o Tormento havia lhe incutido e que ainda estavam vívidas em sua mente. Com Dean, ocorria o mesmo já que ele foi o primeiro que ela encontrou acordado. Ele estava encostado a um dos jipes. Ela se aproximou.

– Er... bom dia, Dean – cumprimentou meio sem jeito

– Bom dia – ele respondeu e disfarçou o tremor ao vê-la.

– Que bom que... tudo acabou.

– É, o guri está a salvo.

– Pelo menos ele.

O Winchester fez um sinal afirmativo com a cabeça. Silêncio. Ambos desviaram o olhar. Havia tantas coisas não ditas entre eles que não sabiam se deviam ou como deviam dizê-las.

– Olha, Dean... eu...

– Sim? – ele a incentivou com certa ansiedade.

– Sobre o que você viu entre o Sam e eu... olha, eu... ele e eu...

– Relaxe, Vic. Sam já me esclareceu tudo sobre vocês.

– Já?

– Sim, vocês estão meio que se acertando, não é?

Ela nada disse. Ele continuou:

– Acho que... você devia ficar mesmo com meu irmão.

– Você acha? – ela se admirou – Mas eu pensei que...

– Se é sobre esses dias em que eu fiquei um pouco empolgado demais com você, não esquenta.

– Dean...

– Não nego que você me atrai, mas... eu ia acabar te magoando como as outras – era quase a mesma coisa que dissera para Sam.

– É mesmo?

–É, eu sou assim. Não consigo me amarrar a ninguém.

– E todo aquele papo de que você desejava ter mais do que uma mulher diferente por noite? De que queria alguém para compartilhar suas experiências? – ela estava indignada, mas sabia que não tinha direito de estar.

– É, eu... – ele deu uma risadinha curta – Eu disse isso, mas... só que eu nem sabia o que dizia direito naquele momento. Acho que... só estava querendo te seduzir.

– Que bom! – ela disse com um sorriso amarelo – Obrigada por me esclarecer as coisas.

– É o mínimo que podia fazer por minha... cunhadinha.

Vic arqueou as sobrancelhas.

– Vou poder te chamar assim daqui pra frente? – ele fez troça.

– É... acho que sim.

Naquele momento, Sam tinha acabado de se levantar e cumprimentou a ambos. O assunto estava encerrado.

Vic se sentiu decepcionada com Dean. Mas o que ela queria? Esperava que ele declarasse seu amor? E depois de vê-la aos beijos e abraços com Sam? Não sabia se ele estava blefando ou não, porém, talvez fosse melhor assim.

Isso tornava seu impasse com Sam mais fácil de resolver. Deveria ou não assumir aquela relação? A resposta estava clara: sim.

Ela estava apaixonada por Sam, não adiantava negar. Àquela altura do campeonato, não fazia sentido o medo que ela tinha de perdê-lo para a morte caso se envolvesse com ele ou não. Ela sofreria do mesmo modo. E talvez se arrependesse de nunca ter se permitido viver momentos de felicidade ao lado do Winchester.

Sim! Ela queria ficar com Sam! Embora também admitisse sentimentos por Dean, eram os beijos do seu Gigante que ela desejava naquele momento.

Victoria estava eufórica! Agora que tinha certeza do que queria, não podia mais continuar distante de Sam. Precisava vê-lo, falar com ele!

Fechou o chuveiro, saiu do Box, pegou uma toalha, enxugou-se rapidamente e enrolou-se. Foi até o quarto para escolher uma roupa sexy.

Ouviu batidas na porta. Seu coração acelerou. Será que... era Sam?

– Só um momento! – gritou

Pegou no banheiro um roupão branco com o qual se cobriu.

Abriu a porta. Era mesmo Sam.

– Oi... Sam. – ela sorriu

– Vic, eu... – ele estava ansioso para lhe falar, mas parou ao vê-la com o roupão e com os cabelos soltos e um pouco molhados. Ficou um pouco ruborizado e sentiu uma pressãozinha lá embaixo – Você... estava se vestindo, né? Desculpe, eu...

– Tudo bem – ela disse sem reservas e decidida – Entre, vamos conversar.

– Ah... Tá.

Sam entrou e ela fechou a porta. Parecia muito ansioso. Victoria também. E estava morrendo de vontade de pular no pescoço dele e agarrá-lo de beijos, entretanto, ela se segurou. Não queria bancar a atirada mesmo que já houvessem se beijado.

– Pode falar, Sam. Sou toda ouvidos.

– Bem, eu... eu... nós chegamos a conversar, mas... ficou algo no ar entre nós e eu vim aqui saber de você.... como a gente fica?

Ela ia abrir a boca para responder, todavia, Sam disparou a falar.

– Eu entendi tudo aquilo que você me falou sobre o Luke e o... o Henry. Eu sei que você está com medo de se envolver... e eu também estou como eu te disse, mas eu acho que pode dar certo entre nós, Vic, eu...

– Sam...

– Olha, eu sei que o Dean tá atraído por você e... você deve ter notado, claro... mas eu conversei com ele... e ele aceitou numa boa... não precisa se preocupar se vai dar problema entre ele e eu e...

– Sam...

– Vic, eu prometo que vou fazer de tudo pra você não se arrepender se me der uma chance. Er... Quer ser minha namorada? – antes que ela tivesse tempo de responder, ele disparou – Eu sei que é meio careta isso, mas eu... eu sou assim, minhas intenções com você são sérias e...

– Sam... – ela tentava falar, mas ele não deixava

– E... sei que tem o Bobby, mas...

Não falou mais porque Victoria resolveu fazer a única coisa para calá-lo e deixá-lo tranquilo. Aproximou-se dele de uma vez, ergueu o corpo um pouco, enlaçou seu pescoço e beijou-o suavemente nos lábios. Se ele a achasse ousada demais por isso, paciência. Tinha chegado ao seu limite. Uma atração muito forte a impelia até ele.

Sam a enlaçou pela cintura e correspondeu também suavemente sem aprofundar o beijo. Ela desgrudou os lábios por um momento e disse:

– Eu queria te dizer, Sam Winchester, antes mesmo de você cruzar essa porta, que já me decidi. Eu aceito ser sua namorada.

Sam abriu um largo sorriso e puxou-a mais de encontro ao seu corpo. Pediu passagem com a língua na sua boca e ela deu livre acesso. Seus hálitos provocaram uma explosão dentro de ambos. Mais uma vez experimentaram aquela sensação única de serem um só. O coração dele batia a mil assim como o dela num só ritmo.

O cheiro do cabelo dela misturado com o shampoo e o perfume do sabonete com o odor de sua pele entraram pelas narinas dele e embriagaram seus sentidos. Ele começou a passar as mãos pelo corpo dela. O roçar nas pernas nuas de Vic fez a pressão em sua calça aumentar.

Conduziu-a até a beira da cama sem desgrudarem as bocas. Caíram de uma vez no colchão, ele por cima dela. Aumentou a pressão de seu corpo sobre o dela e os beijos se tornaram amais ardentes. Suas mãos percorriam as curvas e pararam nas pernas. Apertou-as. Ela suspirava e gemia. Ele descobriu o ombro direito dela e alisou a pele macia. Mordiscou ali, migrou mais mordidas até o pescoço e lambeu toda a sua extensão. Chegou a língua até o colo. Vic arfou. O roupão dela era a única vestimenta que o impedia de ter acesso ao seu corpo nu. Bastava apenas desatar o cordão.

Victoria estava sentindo uma comichão em sua feminilidade com as mãos do Winchester passeando em seu corpo e sua língua numa de suas zonas erógenas. Puxava os cabelos dele. Ela queria muito, era adulta e não era mais virgem. Mesmo assim, não estava preparada, não depois de tanto tempo. Precisava pará-lo.

– Sam... – ela afastou um pouco a cabeça dele com relutância. Estava com a respiração acelerada – Eu...

– Tudo bem... – ele disse ofegante com um lindo sorriso – Estamos indo depressa demais... Vamos devagar, não é?

– É... Quero que seja tudo perfeito – passou a mão no rosto dele.

Ele inclinou a cabeça para sentir aquele afago. Depois, entrelaçou sua mão com a dela e beijou a palma.

– Bom... o que acha de sairmos? – ele saiu de cima dela e convidou-a bastante animado. Puxou-a pela mão levantando-a.

– Um encontro? – indagou enquanto enroscava os braços de novo no pescoço dele

– É, nós já nos beijamos, mas até agora não saímos. E se vamos com calma, vamos começar por aí.

– Hum, está certo, Sam Winchester, mas eu vou ter que te expulsar do meu quarto pra poder me arrumar.

– É melhor mesmo porque estou fazendo força pra não te jogar naquela cama de novo e continuar de onde paramos.

– Sam! – ela o repreendeu fingindo estar escandalizada.

Ele riu. Desvencilhou-se dos braços dela, mas manteve o contato visual.

– Está certo, Vic, vou me aprontar também. Te pego daqui a uma hora.

– Mal posso esperar.

– 0 –

Dean estava no Impala em algum canto de Cody. Observava o movimento constante de um bar. Estava se decidindo se entrava ou não.

Por que hesitava? Tinha visto pelo menos meia dúzia de mulheres bonitas entrarem e estavam desacompanhadas. Era só adentrar o estabelecimento, chegar daquele jeito seguro e dominador de sempre e jogar todo o seu charme. Pronto. Ganharia a garota. Ou quem sabe, mais de uma. Uma noite de muito sexo.

Só sexo. Nada de amor. Sem compromisso. Duas coisas complicadas de lidar. Tudo o que ele mais evitou na vida.

Então por que se sentia tão vazio? Tão sem esperança?

Por causa de Victoria? Ela era só uma mulher. Diferente de todas que conhecera, mas era só uma mulher. Só uma mulher com quem sonhara durante muitos anos. Só uma mulher que era capaz de abalar as estruturas de seu ser.

E que a essa hora estaria no escurinho do cinema aos beijos com seu irmão. Apertou o volante do carro com raiva.

Presenciou Sam sair do quarto deles, ir até o dela e depois voltar com um sorriso de orelha a orelha. Viu ele se arrumar todo e perfumar-se. O tempo todo ele fingiu estar mergulhado em um profundo sono, mas quando o outro ia sair, não se conteve, espreguiçou-se e perguntou-lhe aonde ia.

A resposta? Ao cinema. Com Vic. Programa mais típico de adolescente, mas que valia para pessoas adultas. E funcionava. Duvidava que Sam fosse capaz de lhe relatar o conteúdo do filme no dia seguinte caso ele perguntasse.

Merda! Droga! A vida era tão injusta! E irônica!De todas as mulheres que havia no mundo, por que justo pela Vic seu irmão tinha que se apaixonar? Pior. Ela era também a garota dos sonhos de Sam. Assim como era dele. Algo que não entrava na sua cabeça.

Se fosse qualquer outro cara, Dean não teria escrúpulos de lutar para conquistar Victoria. Mas acontece que era seu irmão.

Podia tê-lo traído com uma maldita demônio, mas continuava sendo seu irmão. Jamais o sacanearia. E no fundo sabia que se fosse o contrário, Sam também não falharia com ele naquele aspecto.

Será que não era melhor assim? Talvez se Victoria ficasse com Sam, ele teria mais um motivo para não dizer “sim” a Lúcifer. E assim, Vic estaria a salvo de ser morta. E o mundo também agradeceria.

A única pessoa que podia sofrer no processo dessa simples lógica seria ele, Dean. Mas estava acostumado a se sacrificar, não? Sacrificara toda uma vida ao lado do pai correndo atrás de monstros e fantasmas. Mais um sacrifício como aquele não faria mal nenhum, não é?

Ele podia se consolar com todas as mulheres do mundo. Não foi feito para uma só. Sam se contentava apenas com uma. Então, o deixaria com a Vic.

Afinal, seu destino era ficar sozinho.

Suspirou resignado. Saiu do carro e entrou no bar.


Notas Finais


Mum-há dos Thundercats¹ - personagem do mal, uma múmia poderosa de uma antiga versão do desenho dos Thundercats, que se enfraquecia ao ver a própria imagem refletida.

1) Não sei se essa era a reação que vcs esperavam do Dean, mas ao meu ver, por tudo o que ele já fez por Sam ao longo da série, mesmo depois da traição por causa da Ruby, ele ainda ama o irmão por demais. E creio que ele, a princípio, não magoaria e nem brigaria com o irmão por mais apaixonado que esteja. Digo a princípio, porque mais pra frente vão surgir uma ou duas situações de conflitos entre eles por causa da Vic.
2) Sei que muitas de vcs torcem por Dean e Vic, mas conforme está no trailer, essa vai ser a fase Vic e Sam. Mas prometo que vai ter a fase Dean e Vic e será tão intensa quanto essa. E antes que me perguntem, Dean e Vic não vão trair o Sam. Vão ter momentos em que ficarão bem tentados, mas não vai rolar. Talvez no máximo, possa acontecer um beijo entre eles, mas não passará disso e nem seria por agora.
3) Só para ressaltar, a história é longa. Estimo no máximo uns noventa capítulos (talvez um pouco menos que isso) divididos em três fics. Portanto, quem ainda tiver ânimo pra ler, tenha paciência. Terá três fases: a primeira é esta do Apocalipse que será a mais longa; a segunda, será a do Sam sem alma, e a última (a mais curta), será parte da trama dos Leviatãs , mas como já falei quase não farei menção a eles. Inclusive, o fim deles será completamente diferente daquele da série (que achei meio forçado pra ser sincera) e Dean não irá parar no Purgatório. A trama terá um rumo diferente como já falei.

Bem, gente, é isso. Ah! Nos próximo capítulos, HENTAI! É, a primeira noite de Sam e Vic. E não será logo no primeiro encontro, daremos um pulo aí de alguns dias na história. OK?
Desculpem tantas informações, mas achei necessário. Até a próxima!


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