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História Almas Trigêmeas - Se Eu fosse Vocês (Parte 1)


Escrita por: jord73

Notas do Autor


Espero que se divirtam ao ler tanto quanto eu ao escrever.

Capítulo 22 - Se Eu fosse Vocês (Parte 1)


Fanfic / Fanfiction Almas Trigêmeas - Se Eu fosse Vocês (Parte 1)

Anteriormente:

– É um trickster - disse Bobby

– É um espírito, demônio? - indagou Dean

– São semideuses. São imortais e podem criar coisas do nada, geralmente com senso de humor. Piadas mortais.

(...)

– Esse trickster... Bobby chegou a me contar que vocês o encontraram quando foram investigar um caso numa universidade - comentou Victoria - Como ele é?

– Nem queira saber - Sam desconversou.

– Imagine aquele tipo que não é nem um pouco boa pinta, mas ainda assim consegue ser tão simpático que atrai as pessoas, até mulheres em seu círculo social - responde Dean contendo a irritação - E imagine que você resolve desenterrar o jardim da casa dele e descobre um monte de corpos. Bem, esse é o trickster.

(...)

– Diga-me uma coisa - tornou Dean para o Brincalhão - Por que a estaca não matou você?

– Eu sou o trickster.

– Mas talvez não seja.

Sam jogou um isqueiro no chão perto do semideus. Um círculo de fogo se formou ao seu redor.

– Talvez sempre foi um anjo - tornou Dean

O trickster riu.

– Um o quê? Alguém colocou droga na sua vitamina?

– Façamos assim. Saia do fogo santo e será engano nosso.

Os três esperaram com calma. O Brincalhão ainda riu em tom debochado, porém, sua postura zombeteira desmoronou. A imagem do bosque sumiu e eles se viram novamente dentro da fábrica.

– Bem jogado, garotos. Bem jogado... - ele bateu palmas - Onde conseguiram o óleo santo?

– Pode-se dizer que tiramos do cu do Sam.

Sam olhou feio para Dean. Vic só balançou a cabeça para os lados.

– Onde eu errei? - continuou o suposto trickster

– Você não errou. Mas ninguém surpreende Cass como você fez - replicou Sam

– Foi mais pelo jeito em que falou do Armageddon - completou Dean

– Como assim?

– Experiência própria. Quando se fala da família, fica-se bravo pra caramba.

– Então... qual deles é você? - tornou Sam - Zangado, Atchim ou Babaca?

– Gabriel, beleza? - respondeu após uma breve pausa - Me chamam de Gabriel.

– Gabriel? O arcanjo? - inquiriu Sam

– O próprio.

Capítulo 21

Se Eu fosse Vocês (1ª parte)

– Droga! O Cass deve ter desligado o telefone - reclamou Dean olhando para o visor do celular

– Ele deve estar muito empenhado em tentar encontrar o tal de Crowley - justificou Sam - Esse parece um demônio difícil de encontrar até para um anjo.

– Então vamos ter que acabar com esse Arcanjo de meia-tigela do nosso jeito - retrucou o loiro

– Sem óleo santo e nem a tal lança de matar anjos? Acho melhor não, Dean - replicou Vic - Pelo menos não até conseguirmos com o Cass a uma dessas coisas.

Estavam numa pequena cidade de Illinois. Haviam ido à localidade por conta de uma estranha sucessão de casos em que alguns habitantes recebiam misteriosos presentes anônimos desde o início de dezembro, época natalina. As pessoas que os recebiam não encontravam nada no conteúdo dos pacotes, mas logo, em seguida, todos os seus desejos se realizavam. Todos aqueles desejos recentes que vinham do fundo do coração.

Seria maravilhoso se não fosse o fato de se concretizarem de uma maneira bastante desastrosa. Por exemplo, um desses casos em que os caçadores foram investigar - disfarçados novamente como federais - foi de um homem que nunca se conformou em não ser bem dotado em sua masculinidade. Ele desejava que seu órgão fosse maior do que de qualquer outro macho na face da terra. Dito e feito. Tarde da noite, bateram na sua porta e deixaram um embrulho no chão sem remetente. Ficou curioso, abriu o pacote, mas não havia nada. Entretanto, no dia seguinte, acordou e mal conseguia andar de tão grande que era seu membro. Maior do que o do maior elefante do mundo.

Ou o caso de uma jovem que havia flagrado o namorado com sua melhor amiga e desejou nunca mais vê-los na vida. Pedido realizado depois de abrir um pacote à noite. Estava cega pela manhã.

Esses e outros casos mais bizarros foram amplamente divulgados nos jornais e atraíram a atenção de Collins e dos Winchesters. Pelo humor negro das situações, deduziram que aquilo só podia ser coisa do Trickster, ou melhor, Gabriel.

Estavam há quatro dias na cidade e ainda não haviam conseguido atrair o Arcanjo para alguma armadilha, mas tinham certeza que era coisa dele.

Encontravam-se num bar noturno para relaxarem um pouco da busca. E, por outro lado era véspera de Natal e, embora não fosse uma data que gostassem muito de comemorar - porque lhes dava nostalgia pelas famílias que não mais tinham -, os caçadores decidiram celebrar. Na verdade, a ideia fora de Vic, mas o lugar não. Ela queria um ambiente mais requintado e em clima de comemoração em que pudesse dançar. Contudo, Dean bateu o pé e só concordou em festejar se fosse num lugar de sua escolha.

E estavam ali naquele bar, com apenas uma mesa de sinuca. O lugar, contudo, não estava muito cheio. Havia somente quatro homens além deles, fora o balconista. A maioria dos clientes preferia passar a data na tranquilidade de seus lares.

– Seu trickster de araque, eu te desafio a me enfrentar de homem pra homem! - esbravejou Dean um pouco alto pela bebida

– Shhh, baixe a bola, Winchester - advertiu Collins olhando ao redor - O fato de sabermos a verdadeira identidade do Trickster não nos coloca em posição de vantagem. Eu não quero ter que voltar assistir vocês na TV. Temos que ser inteligentes.

– Pois eu não tenho medo. Se esse trickster tiver coragem, que apareça aqui e agora!

Nisso, uma mulher de estonteante beleza entrou no bar. Possuía os cabelos loiros, curtos e lisos - tipo chanel - até o pescoço; os olhos eram azuis, os lábios carnudos e as formas voluptuosas. Usava um vestido vermelho sem alças que ia até as coxas e emoldurava-se bem em seu corpo. Calçava sapatos de salto alto da mesma cor. Estava desacompanhada e todos os homens do bar - com exceção de Sam que a vislumbrou rapidamente - ficaram paralisados ao vê-la. Até mesmo o balconista parou o que estava fazendo para admirar a mulher e, é claro, certo Winchester.

Vic também tinha causado impressão ao entrar no bar com seu namorado e Dean, contudo, os homens não se atreveram a olhá-la por muito tempo devido à estatura e corpulência de seus acompanhantes e ao notarem que um deles já tinha direitos sobre a morena.

E ao ver a tal mulher e o alvoroço que ela causara nos homens do bar - principalmente em Dean -, Victoria fechou o rosto. Em seguida, olhou para Sam - sentado ao seu lado - que sorriu para ela um pouco sem graça como se tivesse cometido uma falta apenas por ter olhado a loira por instantes, mesmo sem segundas intenções. A expressão abobada de Dean, que não desviava o olhar da misteriosa moça, também enervava Collins.

– Um Martini duplo, por favor - disse a mulher num tom de voz suave e sensual. Sua postura era de total indiferença com os homens que se encontravam por lá

– Cara, acho que ganhei meu presente de Natal hoje - disse Dean com olhar vidrado e fez menção de se levantar.

– Ei, Winchester, aonde pensa que vai? - Collins o segurou pelo braço. - Nós estávamos discutindo sobre o Gabriel.

– Que Gabriel que nada! A gente não veio aqui pra relaxar? - ele desdenhou - Pois eu vou relaxar bastante depois de uma boa atividade essa noite.

E se afastou em direção à mulher.

Um dos homens do local já tinha se aproximado da moça, porém, ela nem se incomodou em olhá-lo e fez um gesto de dispensa.

– Ei, gata, que isso? Me dá uma chance - dizia o sujeito.

– Vaza - foi a única palavra que saiu dos lábios da mulher sem se voltar para ele.

O indivíduo ia retrucar, contudo, Dean chegou por trás e interrompeu-o:

– Ouviu o que a moça disse, meu chapa. Vaza.

O homem se virou para Dean com postura de desafio.

– E se eu não quiser obedecer? - inquiriu

– A gente pode resolver a coisa aqui mesmo - retrucou o loiro sem se perturbar - Ou melhor, lá fora porque não é bom oferecer esse tipo de diversão pra uma dama. Mas vai dar no mesmo, você é que vai fazer um papelão.

O homem encarou o Winchester com expressão de ódio, entretanto, não se atrevia a enfrentá-lo. Era baixo e estava fora de forma. Também tinha a vaga intuição de que o caçador era alguém expert em brigas.

Com relutância, o sujeito voltou para a mesa onde estava sozinho com sua garrafa.

Dean sorriu de modo vitorioso e sentou-se ao lado da mulher.

– Devo lhe dar um beijo como prêmio por você ter me salvado? - perguntou a jovem com ironia

– Isso me agradaria bastante.

A mulher não pôde deixar de rir e dirigiu um olhar ao Winchester:

– Aposto que está pensando que já é o dono da situação.

– Culpado - disse ele levantando os braços com graça - Mas... pode ser que eu esteja enganado. Talvez eu tenha um desafio pela frente.

– Gosta de desafios? - ela o olhava com malícia

– Você não? - ele devolveu

Enquanto a conversa entre eles fluía, Vic mal conseguia conter sua irritação. Sabia que não tinha direito de sentir ciúmes do Winchester, mas era um sentimento que a invadia sempre que ele abordava alguma mulher pelos lugares onde passavam.

Ela conseguia disfarçar bem, podia enganar Dean e até Sam, porém, não podia enganar a si mesma. Amava seu namorado e estava feliz com ele, porém, também estava apaixonada por Dean. Não tanto quanto por Sam, mas o suficiente para lhe incomodar ao ver o loiro com outra pessoa.

– Vic? - Sam a despertou de seus devaneios

– Oi?

– Você ouviu o que eu disse?

– Desculpe, eu... me distraí. O que você me perguntou?

– Eu perguntei o que você acha de nós sairmos daqui? - respondeu o moço após uma pausa. Sua expressão era indecifrável - Acho que o Dean não volta conosco.

– É, eu também acho que não - disse procurando manter um tom neutro. Depois, voltou-se com um sorriso e acariciou a face do amado - Vamos então? Quero fechar a noite com chave de ouro, meu Gigante.

O rosto de Sam se abriu num sorriso.

– Pode apostar que sim.

Os dois se levantaram e Sam acertou a conta com o balconista. Em seguida, passaram por Dean e a misteriosa mulher. Os dois riam de alguma gracinha dita pelo loiro. Sam parou diante do irmão:

– A gente já vai - anunciou

– OK. Até... amanhã - disse ele mal se voltando para o casal.

Vic também mal olhou para ele, todavia, uma rápida troca de olhares com a outra mulher bastou para lhe causar um mal-estar. Teve uma sensação estranha de que a outra não era flor que se cheirasse. Contudo, podia ser apenas impressão. Ou ciúmes.

Sam colocou passou o braço em seus ombros e os dois saíram.

Dean olhou brevemente o casal com expressão indecifrável.

– Ela é uma mulher de sorte - disse a loira - Parece que ele a ama.

– Er... Ah, sim. Meu irmão até que é legal - falou sem muito entusiasmo - Mas eu sou mais ainda.

–Hum... Quero ver.

– Se você vir comigo, vai ver o quanto sou legal.

– E o que estamos fazendo aqui ainda? - provocou a moça aproximando seu rosto com jeito sedutor.

– Uh, nós nem estamos mais aqui, princesa - disse o loiro e pegou a carteira. Tirou algumas notas, colocou em cima do balcão e dirigiu-se ao balconista - É por minha bebida e pela da senhorita aqui. O troco é seu, colega.

Ele esboçou um sorriso torto para a mulher que retribuiu e saíram juntos do local.

Foram para o estacionamento e, antes de abrir a porta do seu carro, o loiro puxou a loira para o calor de seus braços e encostou-a com firmeza na lateral do Impala. Beijou-a com desejo e avareza. Entreabriu os lábios dela com a língua e aprofundou o beijo. Foi de tirar o fôlego.

– Nossa! Você sabe mesmo como ser legal! - disse ela arfante após desgrudarem as bocas

– E você sabe como levantar um homem - retrucou o Winchester.

O beijo da mulher o havia deixado tonto, o que era raro. Era ele que tinha tal efeito sobre as mulheres.

– Vamos pra um lugar mais confortável? - insinuou ele

– Que tal minha casa?

– Er... qual o seu nome?

– Sem nomes - ela mordiscou a orelha dele - E sem conversa.

– O... OK... - ele concordou sentindo seu membro pulsar - Vamos.

E com relutância, afastou-a dele para abrir gentilmente a porta do Impala.

– 0 -


Dean mal prestou atenção para o local para onde iam, tamanha era sua ansiedade. Normalmente, ele possuía o domínio de si sempre que levava alguma mulher para a cama, porém, aquela o estava deixando louco. Exceto Victoria, era raro alguma deixá-lo daquela maneira. E o melhor que nem por um segundo estava com o pensamento voltado para a caçadora.

– É aqui - avisou a misteriosa figura quando entraram pela esquina de uma rua sem movimento.

Estacionaram diante de uma imensa casa cor-de-rosa. O loiro nem reparou nos detalhes da residência. Tratou apenas de abrir a porta do carro e oferecer a mão para sua acompanhante sair. Sem dizerem palavras, foram de mãos dadas até a frente da casa. Ela pegou as chaves da bolsa e abriu a porta.

Mal cruzaram a soleira, a mulher o surpreendeu o imprensando contra a parede da sala e beijando-o de forma luxuriosa. O Winchester instintivamente agarrou suas nádegas. Ela se afastou dele sem desviar o olhar, rodopiou a perna com estilo para fechar a porta e agarrou o homem pela gola da jaqueta.

– Me mostra o que você tem pra mim, tesão - disse ela.

Dean arregalou os olhos diante da atitude daquela moça, porém, resolveu assumir o controle da situação. Rasgou o vestido dela parcialmente na altura do colo e agarrou-a com propriedade.

– Com todo o prazer, gostosa - retrucou com voz rouca

Ergueu-a nos braços.

– Onde é o quarto? - ele perguntou

– 0 -


– Isso, baby, rebola em mim - sussurrou Dean quase sem fôlego no ouvido da loira

O caçador estava sentado na beira da cama enquanto a mulher remexia o quadril por cima de seu membro. Ela puxava os cabelos dele num movimento de vai-e-vem enquanto gemidos estranhos e palavras imperceptíveis saíam de sua boca. O Winchester também estava alucinado.

Finalmente, a mulher soltou um grito alto de prazer. E Dean urrou quando atingiu o orgasmo mais uma vez com sua parceira. Ficaram parados sem se mexerem até suas respirações se normalizarem. Depois, a moça saiu do colo do homem e arredou o corpo até a cabeceira. Ele também foi junto. Deitaram- de frente um para o outro sem nada que lhes cobrisse a nudez. Não trocaram nenhuma palavra, apenas se olhavam.

O loiro estava fascinado por aquela mulher! Fazia uns três dias que estavam naquele quarto quase sem saírem, a não ser para comerem algo. Nem tinham percebido a passagem do Natal. E ainda nem sabia o nome dela que a moça se recusava a revelar. Então a chamava de "Deusa".

Não era para menos! O corpo daquela mulher era perfeito, sem nenhuma marca ou gordura. Sua pele era macia e quente, gostosa de tocar, parecia veludo. E ela sabia todas as posições do Kama Sutra com as quais experimentou com o Winchester.

Por outro lado, Dean sabia que estava encrencado com Sam e Vic. Havia pelo menos um número grande de mensagens perguntando seu paradeiro e cobrando sua presença. Tinham um caso inacabado para resolver e estavam sem a menor pista.

Bem, não era exatamente nestes termos que seus companheiros colocavam a questão. Estava mais expresso em forma de xingamento, particularmente por parte de Victoria, com expressões como "irresponsável", "Winchester sem noção", e outros termos bem mais grosseiros as quais ele apenas retornou com duas únicas mensagens de "Calma! Que preciso de um tempo!" e "Não se preocupem que logo voltarei".

Dean suspirou. Quase não pensara em Collins estando com a Deusa, porém, sua mente lhe traiu por breves instantes. Não era só por ela, mas também a lembrança de que tinha um trabalho dentre muitos por fazer. E ele não queria pensar nisso. Estava tão bom ali!

Por incrível que fosse, não sentia menor vontade de deixar sua parceira para retomar sua missão, já que sua filosofia era "Ame-as e deixe-as".

– Um centavo por seus pensamentos - disse a loira brincalhona

– Tenho que ir, tenho um trabalho pra acabar.

– Não, não vai não - disse ela melosa - Não está gostoso aqui comigo?

– Tá brincando? Está demais! Você é um furacão! - ele respondeu com entusiasmo e apoiou o cotovelo na cama e a cabeça na palma da mão - Mas sabe o que dizem? Tudo o que é bom dura pouco.

– Se você quiser pode durar o tempo que quiser - ela enroscou as pernas no corpo dele o provocando.

O loiro avançou e ficou por cima dela.

– Quer saber, baby? Está certa. Vamos aproveitar mais. Só mais umas horinhas não vão matar ninguém - mordiscou o pescoço da loira enquanto ela se ria

O celular do moço tocou. Ele praguejou. Havia verificado suas últimas mensagens e esquecera-se de desligá-lo.

– Deixa pra lá - disse a moça e tentou puxá-lo para ela

– Não, é melhor eu atender. Já devo ser um homem jurado de morte.

Ele pegou o aparelho e atendeu, não sem antes soltar um alto suspiro. Mas no visor apareceu o número do irmão. Menos mal.

– Fala, Sam - disse com tédio

– Até que enfim! Pelo amor de Deus, Dean, onde você se meteu? Por que não retornou nossas ligações?

– Calma, calma. Estou bem e vivo. OK? Eu...er... estava um pouco ocupado.

– Sei muito bem o seu tipo de ocupação no momento. Pelo amor de Deus, a gente tem um caso pra terminar! Não temos nenhuma pista e a Vic está uma fera com você!

– Tá, eu vou me encontrar com vocês. Pode avisar a Vic e trate de amansar ela.

– Quanto tempo você vai demorar pra vir?

– No máximo em uma hora.

– Acho bom porque se você não chegar, e a Vic e eu resolvermos esse caso, vamos embora com ou sem você. Entendeu?

– Entendi, entendi - bufou - Até daqui a pouco.

E desligou o aparelho. Em seguida, olhou para sua parceira.

– Bem, tenho mesmo que ir, Deusa.

– Fica - ela disse num tom firme.

– Bem que eu queria, mas... o dever me chama.

A loira não disse mais nada. Apenas o observou se levantar, procurar cada peça de roupa e começa a se vestir.

– Era o seu irmão, né? Aquele que vi ontem?

– É... meu irmão e... a namorada dele - retrucou sem encará-la - Temos... um negócio próprio que nos faz viajar.

– Parece que eles cobram muito de você.

– É, às vezes, mas eu também gosto do meu trabalho, costumo levá-lo a sério e também sou bom no que faço.

– Mas tenho a impressão que eles não te reconhecem.

– Não... até que... não é bem assim - ele parecia hesitar. Não queria fazer confidências a seu respeito, porém, algo na mulher o impelia - Às vezes, a Victoria e eu... a gente briga por não concordar em alguns pontos do nosso trabalho. E... o Sam... eu e ele tivemos algumas diferenças nos últimos tempos, a ponto de eu não conseguir mais confiar nele como antes. E... no fundo ele sente isso e se chateia mesmo que não me diga nada. E acho que por isso acaba ficando do lado da Vic - suspirou - Tem vezes que eu gostaria muito que eles trocassem de lugar comigo, pra ver como me sinto. Já não tenho tanta motivação como antes. Tantas coisas aconteceram... e ainda...

– E ainda...? - ela incentivou

– Nada - ele desconversou e retomou o que estava fazendo

– E ainda você tem que aturar ver seu irmão com a mulher por quem você está apaixonado.

Dean a encarou espantado. Como ela notou?

– Mulheres percebem essas coisas - ela respondeu à indagação muda - Mas não se preocupe. Sei que enquanto você esteve comigo, não pensou nela ou em qualquer outra.

O loiro continuou a fitá-la. Não sabia o que dizer ou fazer. Não tinha vontade de abandoná-la, mas, por outro lado, sabia que o mais sensato era deixá-la e esquecê-la como as outras.

– Não quer mesmo ficar? - ela continuou a tentá-lo

– Olha, eu... - começou ele.

– Tudo bem - ela o interrompeu - Não se preocupe. Você me proporcionou três dias intensos de prazer. Eu... quero te dar um presente atrasado de natal - ela disse e levantou-se enrolada no lençol. Abriu a primeira gaveta da cômoda

– Que isso, não precisa - ele disse meio sem graça.

– Faço questão - ela insistiu e entregou-o uma pequena caixa preta com a tampa amarrada por uma fita. - Comprei hoje pela manhã quando você estava dormindo.

– Poxa, eu não tenho nada pra te dar em troca.

– Não precisa. Apenas quero te dar algo que vai fazer você se lembrar de mim - ela sorriu

O loiro devolveu o sorriso e abriu a tampa. Todavia, não havia nada na caixa.

– Ah, sei. É uma pegadinha - ele sorriu sem graça.

– Ah, meu Deus, desculpa! - ela tapou o rosto com a mão - Me desculpe, o vendedor da loja deve ter feito uma confusão e se esqueceu de colocar o seu presente aí dentro. Era um relógio de pulso - ela se afastou - Droga! Amanhã mesmo eu vou lá reclamar.

– Não, não, tudo bem. Pode deixar.

– Não, eu faço questão. Eu comprei com todo o carinho.

– Tudo bem, baby, o que vale é a intenção. Faça assim, fique com o relógio... como recordação. Pra se lembrar de mim.

– Tá, se você quer assim - ela se aproximou e alisou os cabelos dele - Não preciso nem perguntar se você vai querer me ver de novo ou se quer meu telefone. Acho que a resposta pra as duas perguntas eu já sei.

– Não fique chateada, mas... é melhor a gente não se ver mais. Minha vida é complicada, meu trabalho é complicado... Eu sou complicado.

– Tudo bem.

– Vem cá - ele a pegou pela cintura - Pode ter certeza que eu não vou me esquecer de você - falou com sinceridade

– Tenho certeza que não - ela respondeu com um sorriso malicioso e num tom que provocou um arrepio em Dean.

Contudo, ele desvaneceu o pensamento e deu um último beijo naquela estonteante mulher.

– 0 -

Já eram quase sete horas da noite. Dean soltou um longo suspiro diante do quarto de Sam e Vic. Já podia antever a tempestade que ia se abater.

Ele bateu na porta. Esperou. Rezou mentalmente para que ambos tivessem saído para procurar pistas naquele suposto caso do Trickster. Entretanto, sua prece não foi atendida.

Sam abriu a porta. Estava com cara de poucos amigos.

– Er... Oi, maninho. Alguma novidade?

– Entre - foi a resposta seca de Sam

O loiro obedeceu.

– E... a Vic? - perguntou temeroso.

– Está no banheiro. A gente... já ia sair pra buscar mais pistas.

– Ah! - foi tudo o que disse. Sentou-se na beira da cama.

Um silêncio desconfortável se instalou entre eles.

– OK, Sam. Pode dizer. Eu agi como um irresponsável, mas, por favor, fala alguma coisa.

– Francamente, Dean, você me surpreendeu. Olha, por mais que você corresse atrás de alguma conquista nos nossos casos, você nunca foi desleixado dessa maneira. Mas deixa pra lá, não precisa me explicar nada. - interrompeu o moço ao ver que o irmão pretendia retrucar - Espero que tenha uma boa desculpa pra Vic. Te prepare que vai ser uma tormenta.

– É, eu sei. Por isso que eu prefiro ouvir suas reclamações.

– Ah, então você teve a consideração de voltar? - indagou Collins com ironia ao entrar no quarto - Fico feliz. Achei que você estava pensando em se desligar do trabalho.

– Olha, Vic, não é o que parece, eu...

– Calma, Dean, calma. Você não me deve nenhuma explicação com quem você dorme ou deixa de dormir. Esse tipo de atitude eu só não aceitaria do Sam - ela se voltou para o namorado - Ouviu, Sam? Nunca que eu ia te perdoar por uma dessas!

Sam a olhou perplexo e depois para o irmão com expressão de quem diz "Sobrou pra mim agora".

– Mas de você, Dean, não me importa nem um pouco suas safadezas - ela fez expressão de desdém e passou as mãos uma na outra - Só que da próxima vez faça o favor de nos avisar quando você resolver abandonar um trabalho por causa de alguma mulher. Assim nos poupa energia de nos preocupar com você e só nos concentrarmos no caso.

– Ei, ei, ei. Espera um momento aí, Victoria - protestou o rapaz se colocando de pé - Não venha com esse discurso hipócrita não. Quando você e Sam resolveram tirar um fim de semana juntos, com um monte de casos que temos pela frente, eu não falei nada.

– Ah, tá, tive que ouvir um pouco de reclamação, sim - retrucou Sam

– Que seja. Mas eu não fiz um chilique muito grande por causa disso.

– E nem tinha porque fazer. Você também deve ter aproveitado bem aquele fim de semana - tornou Victoria com sarcasmo. - E depois, nós tivemos a consideração de te avisar. Não sumimos sem dar notícia.

– Eu estava com aquela moça do bar. Vocês me viram ficar lá com ela.

– Só que o problema, Dean, é que você resolveu tirar uma folga de três dias logo no meio de um caso e nem avisou a gente. Ficamos preocupados - replicou Sam

– E pelo visto à toa, não é? Pela sua postura você deve ter se divertido muito enquanto nós dois estávamos dando um duro danado pra tentar encontrar o Gabriel sem nenhum sucesso - tornou Victoria - Mas quer saber? Deixa pra lá!

– Então não encontraram nada mesmo dele? - o loiro indagou para dissipar o clima tenso

– Até agora não. Estamos no mesmo ponto - tornou Sam

– Então vamos continuar procurando - disse se levantando - Vou junto com vocês pra tentar encontrar uma pista.

– Não, pode deixar, Winchester. Pode deixar que o Sam e eu podemos cuidar disso sozinhos - retrucou Victoria. - Pode voltar pra sua garota ou qualquer uma que você encontrar por aí.

– Olha, Vic, eu...

– E chega, tá? Não estou com a menor vontade de discutir com você. Quer dar licença do nosso quarto? - ela apontou a porta.

O loiro abriu a boca para protestar.

– Agora - falou a caçadora num tom que não admitia ser contrariada.

– OK, Ok. Se você quer assim... - ele disse aborrecido e tornou num tom provocativo - Quer saber? Vou é dormir bastante porque quase não tive tempo pra isso nesses três dias de tanta atividade.

Os olhos de Collins pareciam querer saltar pelas órbitas, porém, ela não disse nada. O Winchester saiu sem esperar resposta.

– Você... você ouviu o que seu irmão disse? - ela se voltou possessa para Sam.

– Estou acostumado a ouvir coisa pior dele.

– Ele não passa de um pervertido, galinha, mulherengo e depravado! - esbravejou - Ai, que raiva!

Algo no olhar de Sam fê-la se recompor. Um brilho estranho.

– Bom... talvez eu esteja exagerando - ela se sentiu culpada e foi se sentar ao lado do namorado - Não é pra tanto, né?

Ela sorriu com ansiedade para seu amado como se quisesse uma confirmação de que tudo estava bem. O olhar de Sam se enterneceu e ele abriu um sorriso.

– Estamos todos muito tensos por causa do Gabriel. - disse como se justificasse a tensão da namorada - Nós dois trabalhamos muito, ficamos procurando pistas e evidências, entrevistando pessoas pra nada até agora.

– Tem razão, Sammy. Nem pudemos sair nesses dias pra algum divertimento. Acabamos ficando aqui no quarto - acrescentou com um sorriso malicioso - Não que eu esteja reclamando de ter ficado só você e eu aqui... juntinhos.

– Eu sei - o sorriso dele se alargou - Mas... acho que devíamos seguir o exemplo de Dean e também relaxar.

– Está sugerindo o quê, amor? - ela relaxou e pegou no rosto dele - Que abandonemos tudo por aqui nas costas do seu irmão e fugimos de novo pra aquele lugar que passamos aquele fim de semana?

– Bem que o Dean merecia que fizéssemos isso com ele. Só que... não... eu pensei em algo mais simples, por aqui mesmo e só por hoje. Poderíamos sair pra um lugar bem romântico onde possamos jantar e dançar coladinhos.

– Hum... Gostei dessa ideia. Quer saber? A gente merece! - ela se levantou com entusiasmo. - Eu vou tomar um banho bem gostoso e me arrumar pra você.

– Posso te acompanhar no banho? - ele também se levantou e falou num tom sugestivo enquanto a enlaçava pela cintura

– Pode, mas... comporte-se - o olhar dela era repressivo, mas a forma como mordia os lábios a traía.

– 0 -

Chata, mandona, histérica e arrogante.

Dean repetia esse mantra sem parar na mente associando-o à figura de Collins.

Quem ela pensa que é?

Virou de um lado da cama com raiva.

E o Sam como sempre toma o partido dela.

Virou para o outro lado com mais raiva ainda.

Deus! Gostaria mesmo que os dois estivessem na sua pele para tentar lhe entenderem e pararem de amolar.

São dois hipócritas. Ficam de chamego pra cima e pra baixo saindo. Devem ter se agarrado bastante enquanto eu estava fora e me acusam com quatro pedras só porque quis curtir.

Sentiu o sangue ferver só de imaginá-los novamente juntos no quarto ao lado trocando carícias.

Maldição!

Cobriu o rosto com o travesseiro como se quisesse abafar aqueles pensamentos que o torturavam.

Bem, por um lado, não podia culpá-los por estarem zangados. Não era de qualquer ser que estavam tratando, mas sim de Gabriel, um dos filhos da mãe que acossavam a ele e ao irmão naquela droga de Apocalipse.

Como ele, Dean Winchester, pôde baixar a guarda assim? O Arcanjo devia estar à espreita para dar seu bote.

Ao se lembrar do motivo de seu descuido, um sorriso brotou nos lábios do moço. Resolveu se agarrar às lembranças dos maravilhosos momentos que passara com sua Deusa. Funcionou. Ele relaxou e dormiu.

– 0 -

A claridade invadia o quarto. Ele sabia que já era de manhã, porém, não queria despertar. Um perfume invadiu suas narinas. Um delicioso aroma. Mas... espere! Ele conhecia aquela essência. Era de Victoria!

Bom, agora que ele não queria acordar mesmo. Queria sentir aquela fragrância o envolver.

Quando foi virar de lado, sentiu o peso de um corpo sobre a direita do seu. Um calor gostoso. Pele macia. Os contornos de uns seios sobre seu peito. Fios de cabelo encostando-se a seu rosto. Pernas enroscadas nas suas.

O Winchester abriu lentamente os olhos e teve um vislumbre da beldade sobre ele: Victoria ressonava tranquilamente.

O moço sorriu. Estava mesmo sonhando. Só que este sonho parecia mais real do que todos os que tivera com ela. Conseguia sentir mesmo o corpo da amada.

Já que era mesmo um sonho iria aproveitar. Sem sentimento de culpa.

Contudo, ao levantar o braço que estava livre para acariciar o rosto de Vic, ele estranhou. Seu braço parecia um pouco mais longo e sua mão um pouco mais pesada. Ele observou a própria mão e notou que ela parecia maior. Bem, devia ser mesmo coisa de sonho.

Deixou para lá e alisou os cabelos de Victoria. Ela ficava tão linda quando dormia. Tão tranquila. Muito diferente da Indomável que costuma encarnar mesmo para ele às vezes.

Após um tempo, a mulher sorriu sem abrir os olhos como se estivesse apreciando o contato. A mão do Winchester deslizou para o pescoço. Deus! Ela era tão suave, macia e quente neste sonho! Ela seria assim na realidade?

Finalmente, Collins despertou, ergueu a cabeça e olhou para ele. Ela estava com o rosto amassado. Mas até isso ele achou encantador!

– Bom dia, meu amor. - ela disse com a voz rouca

Em seguida, deu-lhe um suave beijo nos lábios. Foi o bastante para deixá-lo atordoado.

– Bom dia - respondeu aéreo

Entretanto, levou um susto ao ouvir o som da própria voz. Ela estava mais grossa. Nem parecia a sua. Era mais semelhante a do...

– Dormiu bem, Sammy? - perguntou Vic com mais firmeza.

O Winchester pareceu ter levado um choque. De repente, afastou-se dela, sentou-se e encostou-se à cabeceira.

– Do que você me chamou?

– Sam, o que foi? - ela estranhou - Não ficou chateado porque te chamei de Sammy, não é? Você me disse que posso te chamar assim.

O moço nada disse. Apenas começou a olhar as próprias mãos, o corpo e apalpar-se como se quisesse verificar alguma doença no corpo. E logo se levantou de um pulo direto para o banheiro.

– Sam! - Vic o chamou preocupada e também se levantou atrás dele.

O Winchester acendeu a luz do banheiro e contemplou-se no espelho. Seus olhos se arregalaram.

– Deus, isso não está acontecendo... - ele proferiu num sussurrou quase inaudível

– Meu amor, algum problema? - Collins perguntou da porta do banheiro.

O moço virou a cabeça em sua direção para responder, contudo, quase cai no chão. Sua respiração ficou acelerada, seus olhos pareciam querer saltar para fora e seu membro ficou a ponto de bala. Victoria estava completamente nua!

A caçadora riu ao ver a expressão alucinada de seu namorado.

– Meu Deus, Sam, eu acho que você ainda está sob o efeito daquela bebida de ontem. Você exagerou um pouco.

O homem nada respondeu. Estava estático ainda com o olhar fixo na bela visão à sua frente. Collins se aproximou de modo provocante.

– E logo pela manhã já está aceso, hein, danadinho?! Hum... Mas eu também - ela se insinuou

E colocou os braços em volta do pescoço dele. Ele continuava sem reação. Lutava para se controlar. Seus olhos se fixaram na boca de Victoria que se aproximava da sua. O Winchester fez um esforço supremo para se libertar dos braços da mulher e escapar de seu beijo. Foi quase como recusar o paraíso de portas abertas para ele!

O moreno se afastou dela e ficou perto do box.

– Sam, o que foi? Parece até que está fugindo de mim? - ela estranhava cada vez mais

– N... não. Não é isso! Quer dizer... é, mas...

– Você está querendo brincar, não é? - ela se acercou dele e envolveu-o com os braços outra vez - Uma brincadeira pra esquentar nossa manhã?

E mordiscou a orelha dele.

– Oh, Deus, dai-me forças... - ele sussurrou arfante

E com determinação se distanciou dela novamente. Encostou-se à porta. Procurou acalmar o "incêndio" por todo seu corpo.

– Sam, que isso? Você está tão estranho está manhã. - ela o olhava cada vez mais intrigada - Não sei... Alguma coisa no seu olhar...

– Olhe, Vic... - ele começou a falar e procurou fixar apenas os olhos dela - Sei que vai parecer muito louco o que vou te contar, mas...

Batidas na porta interromperam o que o caçador ia dizer.

– Vic! Dean! Abram! - era a voz de Dean

– Ai, droga, o que seu irmão quer a essa hora? - praguejou Vic

– Deixa que eu atendo - o Winchester parecia apreensivo e fez menção de ir.

– Não, Sam, espere. Eu mesma vou... Assim eu falo pra ele umas boas verdades por vir nos incomodar.

– Mas...

Contudo, a mulher passou por ele e foi se vestir de uma vez.

– Vic! Dean! Abram! - a voz do loiro insistia

– Espere só um momento, Dean! - esbravejou Collins - Eu já sei que é você! Estou só me vestindo!

Ela amarrou o cordão do robe rapidamente, deu uma ajeitada no cabelo e abriu a porta.

– Espero que você tenha uma boa razão pra vir nos incomodar a esta hora! - Victoria foi logo avisando

– Vic, você... acordou agora... com meu irmão? - o Winchester a agarrou pelos braços bastante agitado

– Como é que é? - Collins se soltou imediatamente dele.

O homem passou pela caçadora e entrou esbaforido pelo quarto. Ao ver o irmão - que já tinha colocado uma calça moleton - encostado à porta do banheiro, dirigiu-se a ele:

– É você... Dean?

Antes que o outro respondesse qualquer coisa, Collins os interrompeu:

– Espere um momento aí, Winchester! O que deu em você? Como é que você entra assim no quarto dos outros sem ser convidado?

– Vocês... não dormiram juntos agora... não é? - o loiro perguntou à moça, porém, seu olhar se fixou na cama desarrumada e depois no irmão. Este negou com a cabeça veemente.

– O quê? - Collins riu - Dean, você bebeu por acaso?

– Escute, Vic, eu...

– Não, escute você. Desde quando é da sua conta se o Sam e eu dormimos juntos ou não? O que, aliás, é óbvio pra você há muito tempo, não é? Ou por acaso acha que o Sam vai pra outros lugares dormir com qualquer uma como é o seu caso?

– Vic, você não está entendendo...

– Não, eu estou entendendo muito bem. Você está sob o efeito de alguma droga que deve ter tomado com... essa fulana com quem você esteve por aí. E quer mesmo saber? Sam e eu tivemos uma noite maravilhosa juntos, e se não fosse por você, nossa manhã agora também seria maravilhosa.

E se aproximou do moreno colocando os braços em torno do seu pescoço. Deu-lhe um beijo para provocar o loiro e mostrar o quanto estava satisfeita com seu Gigante. O moreno não pôde evitar corresponder tal foi a surpresa. Porém, desvencilhou-se rapidamente antes daquele beijo se aprofundar ao ver o outro Winchester cruzar os braços com expressão assassina.

– Vic, olha, isso não tá certo... - o moreno parecia constrangido e tentava se explicar

– Sam, não dê ideia pro seu irmão. Ele que está sobrando aqui - voltou-se vitoriosa para o loiro - Se está incomodado, então se retire. Sam e eu queremos ter uma manhã cheia de paixão e você está nos atrapalhando.

– Eu iria, Victoria, com muito gosto se você fosse qualquer outra mulher - o loiro respondeu com um sorriso forçado - Só que tem dois pequenos detalhes. Primeiro: você não é qualquer outra mulher, é minha namorada. E segundo: esse aí não é o Sam, quer dizer, eu. Esse aí é o Dean.

Collins nada disse, apenas caiu na gargalhada. Teve uma crise de riso quase tão forte como da vez que viu Dean fazer um strip-tease. Aos poucos foi se acalmando.

– Dean, essa droga que você tomou realmente é forte! - ela continuava rindo.

Contudo, ao observar a postura do loiro e o modo como ele a olhava, ela sentiu um calafrio. Aquela maneira de cruzar os braços, o jeito zangado de olhar e até o modo suave e mais culto de como ele falou... eram idênticos aos de Sam. O riso dela morreu na hora. Seu rosto se virou para observar o rosto daquele que ela acabara de beijar e que julgava ser seu namorado. O jeito que ele a olhava era da mesma forma da de Dean quando sabia ter aprontado alguma.

– Você... não é Sam... não é? - a pergunta pausada foi quase um sussurro.

O rapaz balançou a cabeça de modo negativo com um imperceptível sorriso nervoso.

Collins arregalou os olhos. Se ele não era Sam, então... era Dean!? Meu Deus, tinha acordado com o corpo encostado no dele, tinha ficado nua diante do Winchester, praticamente se jogou pra cima dele e até... o beijou. E o miserável nem pra lhe avisar?

Tudo isso passou num átimo na mente de Collins, fez com que sua mão se fechasse e acertasse com toda força o nariz do homem à sua frente.

– Seu pervertido!

– 0 -

– Ai! Ai, Sam! Está doendo! - reclamou Dean enquanto o irmão colocava gaze em seu nariz quebrado. Bem, não propriamente "seu nariz".

– Pare de chiar, Dean. Já estou terminando - replicou Sam.

Os dois estavam sentados na beira da cama frente a frente. Victoria andava de um lado para o outro. Estava arrependida de ter socado Dean, não porque ele não merecesse, mas porque no fim das contas foi o nariz de Sam que havia quebrado.

Meu Deus, que confusão! Era uma situação realmente louca! Seu namorado e seu cunhado em corpos trocados. Ela só conseguia distingui-los pelo jeito de agir e falar de cada um - coisa que não se pode fingir por mais perfeita que seja a imitação.

E se ela estava assombrada, imagine os dois irmãos! Era como olhar para um espelho, embora com os maneirismos diferentes a que estavam acostumados a se expressar. E estavam desconfortáveis nos corpos que ocupavam no momento.

–Pronto, terminei! - disse Sam e levantou-se

– Ui! Mas ainda dói legal! - retrucou Dean

– Está satisfeita, Vic? Agora meu nariz vai ficar assim por uns três dias - reclamou Sam se voltando para a namorada

– Eu já pedi desculpas, amor - Victoria respondeu com pesar e aproximou-se dele - Foi sem pensar... quando eu vi, já tinha feito.

– É, mas agora se a gente conseguir destrocar nesse meio tempo, eu vou ter que ficar com o nariz assim.

– Ela pode ter socado seu nariz, mas fui eu que senti a dor - queixou-se Dean - Ai! E ainda sinto.

– E você não tem que reclamar! - repreendeu Sam - Não tinha nada que ver minha namorada nua e muito menos deixá-la te beijar! Por que não avisou logo pra ela?

– Pô, Sammy, eu tentei, cara! Mas eu não tenho culpa se ela foi pra cima de mim igual uma loba no cio.

A expressão de Vic foi de cólera.

– Eu vou bater nele, Sam! Eu vou bater nele! - ela quis avançar enquanto Dean se encolhia

– Calma! Calma! Parem vocês dois! - Sam esbravejou e colocou-se entre eles. - Não é hora para isso! Nós temos que pensar! Isso que aconteceu comigo e com o Dean com certeza foi coisa do Gabriel.

– Mas... como isso foi acontecer assim?

– A última coisa de que me lembro foi da nossa noite... depois que chegamos daquela boate. E de ter dormido com você nos meus braços. E hoje acordei sozinho no quarto de Dean. Eu te procurei, mas você não estava lá. Daí eu estranhei ... estar vestido. - respondeu um pouco constrangido em falar de sua intimidade com Vic na presença do irmão - E também estranhei meu corpo e quando fui no banheiro, tomei um susto quando me vi no espelho. Demorou pra eu me dar conta do que tinha acontecido e... vim aqui preocupado que vocês tivessem acordado juntos da mesma forma... que eu tinha deixado meu corpo.

– Er... foi, mas... - Dean procurou se explicar

– Mas nada aconteceu entre nós, meu amor. Juro - Vic se adiantou.

– É, Sam... nada aconteceu.

– E eu acabaria percebendo que não era você. Sei exatamente a maneira como você me toca e me beija - seu olhar que era de carinho para o namorado, dirigiu-se com reprovação para Dean - Mas se dependesse do seu irmão...

– Ah, tá! Não fui eu que foi avançando logo de manhã com... muito fogo. - tornou Dean sarcástico

– Ah, não, Sam ! Eu já disse que vou bater no seu irmão! Eu vou bater nele! - a caçadora avançou de novo

– Ei, ei, vocês dois! Já disse pra parar! - Sam se interceptou outra vez entre eles - O que está feito, está feito. Em vez de nós brigarmos, vamos nos concentrar em resolver a situação.

– Mas o que vamos fazer? Agora mais do que nunca temos que achar Gabriel e obrigá-lo a desfazer a troca entre vocês

– Eu acho melhor a gente pedir ajuda pro Cass. Só ele pode encontrar rapidinho aquele trickster fajuto - aconselhou Dean

– Infelizmente, a Vic e eu tentamos contatá-lo nesses dias em que você esteve "sumido". Mas ele não retornou - explicou Sam

– Você deixou mensagem?

– Várias.

– Então deixe mais uma e agora escreva que é em caráter de máxima urgência - e olhou para o corpo que ocupava com exasperação - E máxima urgência mesmo porque... me desculpe, mano, você pode ser maior do que eu, mas eu não troco meu corpinho lindo pelo seu de jeito nenhum.

Sam revirou os olhos e tratou de discar o número de Cass no aparelho.

– 0 -

– Então, vamos nos separar. - declarou Collins

Os três estavam no estacionamento do motel. Dean estava encostado na porta de seu Impala. Quanto a Vic e Sam, estavam parados diante do carro dela. Os três haviam combinado de se separar para encontrarem mais rápido algum vestígio da passagem do "trickster".

– Ainda não acho que seja uma boa ideia, Vic - retrucou Sam - Gabriel não é de brincadeira. Ele pode querer te aprisionar de novo numa ilha deserta.

– Pois que venha. Saberei lidar com ele da mesma forma que da última vez - ela sorriu com desafio e mostrou os punhos.

– É, seus punhos são de aço mesmo. Eu já comprovei - replicou Dean de seu carro e alisou o nariz machucado.

– Tudo bem, querida. Mas... tome cuidado - falou Sam

Pegou no rosto da namorada para beijá-la, entretanto, ela recuou e disse:

– Sam, melhor não.

– Por quê?

– É... que é muito estranho. Eu sei que é você aí no corpo do Dean, mas... ainda é o corpo do Dean.

Não que ela nunca houvesse desejado experimentar aqueles lábios, a forma como o loiro beijava. É verdade que nunca pensava em Dean quando tinha seus momentos de paixão e ternura com Sam, no entanto, quando estava sozinha não tinha controle de seus pensamentos sobre "seu cunhado".

Contudo, não usaria o pretexto dos dois estarem em corpos trocados para sentir o gosto da boca do mais velho dos Winchesters. Seria para ela... como traição.

– Eu vou me sentir estranha te beijando no corpo dele - continuou

– Por mim não tem problema - retrucou Dean - Pra mim vai ser uma experiência excitante observar como eu fico quando beijo alguém.

Ao ver a expressão raivosa do casal, acrescentou:

– OK. Esqueçam o que acabei de dizer.

– Tem razão, Vic - respondeu Sam para a moça embora olhasse com advertência para o irmão - Eu não quero o seu gosto nos lábios dele.

E se contentou em se despedir da namorada apenas com um abraço. Depois, cada um dos três caçadores tomou um caminho diferente.

– 0 -

Na manhã do dia seguinte, Sam foi o primeiro a despertar.

Eles não haviam encontrado nenhum vestígio de Gabriel e Cass continuava sem lhes dar notícias.

Dean e ele dormiram no mesmo quarto enquanto Vic dormia no outro. Sam achou melhor assim porque tinha esperança que Gabriel resolvesse destrocá-los. Não por bondade ou remorso, somente por pura gozação. Para deixá-los constrangidos caso Sam ficasse no mesmo quarto que Collins com o corpo de Dean e, no dia seguinte, despertasse novamente em seu corpo, só que no quarto que o irmão fosse dormir sozinho. E não ia ser nada agradável que Dean acordasse outra vez no mesmo quarto que Victoria.

Sam se espreguiçou na cama. Desde que havia assumido o corpo de Dean, ele se achava estranho, um tanto desajeitado, como se vestisse uma roupa que não combinava com ele. O mesmo se passava com seu irmão.

No entanto, acordara se sentindo confortável. E quando virou de lado, seu espanto foi grande. Na cama ao lado, via o corpo de Dean ressonando. Isso queria dizer que...

Sentou-se rapidamente e apalpou o próprio corpo e braços. Correu até o banheiro e viu-se no espelho.

Foi grande a sua alegria a se ver de novo em seu corpo!

– Dean! Dean, acorde! - ele chamou o irmão - Dean, nós voltamos para os nossos corpos!

– Ahn!? O q... quê!? - o loiro despertou parecendo um tanto confuso.

– Nós voltamos, Dean! - ele sentou-se na beira da cama de frente para o irmão e repetiu com alegria - Eu estou no meu corpo de novo e você no seu!

Contudo, a expressão do loiro foi de total horror. Ele se levantou de repente e começou a olhar para as próprias mãos e pernas.

– Meu Deus, não! - ele gritou com desespero

– Dean, o que foi? - Sam estranhou

Antes que o outro lhe respondesse, ouviu-se um grito de terror vindo do quarto ao lado.

– Vic! - Sam falou apavorado

Colocou seu calção rapidamente e pegou uma arma em cima da cômoda.

– Sam, espere, eu... - o loiro tentou deter o moreno, mas este já tinha saído em disparada para socorrer à namorada.

Sam abriu a porta com um chute e entrou.

– Vic! Vic!

– S...Sam!? - a voz da moça respondeu do banheiro

– Vic, você... está bem? - a voz estava mais aliviada, porém, ele continuava empunhando o revólver e foi para o cômodo. Abaixou a arma ao ver que sua garota parecia bem e vestida numa camisola preta. Estava diante de um espelho de rosto - O que aconteceu?

– Eu... eu vou matar aquele filho da puta do Gabriel!!! - respondeu a mulher se voltando para o Winchester .

Imediatamente, Sam percebeu algo errado. A voz era de Collins e o corpo também, entretanto, o jeito colérico e a postura eram completamente diferentes. Masculinizados.

– Dean!?


Notas Finais


Nossa! E agora? Dean no corpo de Vic e vice-versa. E o que vcs acham? Será mesmo que o Gabriel está por trás disso tudo?Esse título é pra parodiar o filme brasileiro Se Eu fosse você, com Tony Ramos e Glória Pires. Uma boa comédia na minha opinião

Até a próxima


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