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História Almas Trigêmeas - Eu, Meg, Eles


Escrita por: jord73

Notas do Autor


Hum... muita confusão neste capítulo. Boa leitura!

Capítulo 28 - Eu, Meg, Eles


Fanfic / Fanfiction Almas Trigêmeas - Eu, Meg, Eles

Anteriormente:

– Eu sou a Meg – apresentou-se a loira de cabelo curto

– Sam – ele sorriu e apertou a sua mão

(...)

– Vai pro inferno – disse Sam amarrado ao chão na pilastra

– Gatinho, eu já estou lá – respondeu Meg e aproximou-se dele aos poucos engatinhando. – Que isso, Sam, não precisa ser mau. – sentou-se em seu colo e encostou a boca em sua orelha – Eu acho que nós dois sabemos o que você sente por mim.

(...)

– Você acha que isso é um maldito jogo? – esbravejou Dean e aproximou seu rosto do dela que estava amarrada na cadeira – Onde ele está? O que você fez com ele?

– Ele morreu gritando – disse com satisfação – Eu mesma o matei.

O loiro nada disse, mas seu lábio tremeu de fúria. Em seguida, esbofeteou Meg. Bob e Sam o observaram apreensivos.

– Isso é meio excitante – retrucou a demônio com cinismo ao voltar o rosto para ele – Você batendo em uma garota.

(...)

– Sabe quando pessoas querem descrever a pior coisa possível? Elas dizem que é igual ao inferno – abaixou-se e deu um soco em Dean caído no chão – Tem uma razão pra isso. Inferno é parecido – pegou o loiro pela gola e o socou-o outra vez – Bem, é que nem o inferno. Até mesmo pra demônios. É uma prisão feita de osso, carne, sangue e medo – deu outro soco e pegou na cabeça do caçador – E você me enviou pra lá.

– Meg? – inquiriu Dean surpreso ao reconhecer o demônio que possuía seu irmão.

– Não. Não sou mais ela. Agora sou o Sam.

(...)

– Ruby? – indagou Dean enquanto era segurado por um Bobby possuído

– Errado. Volte mais – replicou a morena

– Meg?

– Oi – ela sorriu ao ver a reação de espanto dele – Estes são dias de milagre e maravilhas, Dean. Nosso pai entre nós. Sabia que voltamos a sonhar pela primeira vez desde que éramos humanos? É o céu na terra. Ou o inferno. Devemos ao seu irmão uma cesta de frutas.

– Meu Deus, você gosta do som de sua voz – ironizou

– Mas você por outro lado é o único empecilho na estrada. Todos os demônios estão morrendo pra tirar uma casquinha de você – ela se aproximou dele.

– Entre na fila – tornou com sorriso sarcástico

– Já chegou a minha vez, gato. Vamos lá.

E o agarrou pelo queixo com força e beijou-o. Dean não pôde evitar. Sentia repugnância ao ter sues lábios prensados pela demônio. Logo ela o soltou com satisfação. O loiro deu pequenos estalos com os lábios como se processasse o gosto e disse com provocação:

– Isso é pasta de amendoim?

(...)

– Aí estão vocês!

Era Meg na forma em que os Winchesters a encontraram quando a viram pela última vez. Seu corpo era de uma morena clara, baixa, magra, de rosto redondo, olhos e cabelos castanho escuro.

– Meg! - exclamou Sam

– Essa é a maldita demônio responsável por meu tio estar naquela cadeira? - inquiriu Collins com os olhos estreitados e mirou o cano da espingarda em Meg

– Ela mesma.

– Não deviam ter vindo – retrucou Meg sem se perturbar com a caçadora

(...)

– Não faça nada mais do que lhe foi ordenado, imbecil! – a voz esbravejou – Sou eu que fui designada para uma tarefa com eles.

– Que tarefa?

– Isso não lhe diz respeito. Apenas obedeça.

– Está certo. Você é quem manda – concordou de má vontade. Odiava receber ordens dela, mas não tinha opção.

– É assim que eu gosto. Deixe-os em paz, entendeu? Principalmente a Indomável. Assim que der, me encontro com você.

Capítulo 26

Eu, Meg, Eles

– Pronto, Sam. Comprei tudo – disse Victoria após pegar um desodorante de uma prateleira de um mercado e colocá-lo no meio da cestinha de compras. O namorado acabava de chegar ao seu lado – Comprou as cervejas e o bacon? Sabe que o folgado do seu irmão vai resmungar se faltar esses itens.

– Sim, comprei o que Dean me pediu – respondeu o Winchester carregando um kit de latas de cervejas debaixo do braço e um pedaço de bacon

– Que isso? – ela indagou ao olhar para as três revistas que o namorado segurava na outra mão. Ele mostrou as capas meio constrangido. Vic soltou um pequeno risinho e balançou a cabeça – Seu irmão e as chinesas peitudas!

Sam também riu e juntos foram pagar os itens no caixa. Após uma exaustiva caçada de longos dias em outra cidade, os três caçadores pararam naquela pequena localidade para descansar por uns dois dias antes de partir em busca de novo caso. Pela manhã, Collins e o namorado foram comprar algumas coisas naquele mercado. Dean não foi com eles; disse preguiçosamente que preferia curtir a programação de canais da TV no seu quarto. Em compensação, fez alguns pedidos do que queria em particular.

O estabelecimento ficava a uns dois quarteirões do motel em que estavam; Vic e Sam foram a pé de mãos dadas. Ao chegarem lá, não encontraram grande movimentação: além de um casal de meia-idade que estava no balcão (talvez os donos), havia apenas um adolescente mascando chicletes enquanto folheava revistas sobre vídeos games numa das prateleiras e uma moça loira muito bonita de óculos escuros analisando vários tons de esmaltes.

– Quanto dá tudo? – indagou Sam e tirou a carteira do bolso da calça

– Cinquenta dólares – respondeu um senhor de óculos no caixa enquanto ajudava Collins a colocar os itens em sacolas.

Enquanto Sam contava as notas, a senhora ao lado do caixa (provavelmente sua esposa) que ajeitava algumas coisas em cima do balcão, passou os olhos de forma distraída sobre Victoria e ia desviá-los, porém, detiveram-se atentamente com espanto sobre a caçadora.

– Meu Deus! – exclamou ela chamando a atenção dos três sobre si. Olhava com insistência para Vic - Me desculpe, minha jovem, mas... é espantoso!

– O que é espantoso? – inquiriu Sam

– Você... é a cara da modelo Verônica Torres! – ela respondeu à Victoria ignorando o moço

– Verônica Torres?

– Nossa! Foi uma modelo brasileira que fez bastante sucesso aqui antes mesmo dessa quem falam agora... a Gisele Bündchen. E também de uma antes... uma tal de Shirley... Shirley Mallman.

– É mesmo? – Sam se mostrou bastante interessado. Vic, por sua vez nada dizia. Parecia tensa.

– Sim, foi mais no fim dos anos setenta e comecinho dos oitenta. Você se lembra, querido? – ela se virou para o esposo.

– Agora que você falou, acho que... sim.

– É, querido, se lembra que ela ficou conhecida porque se casou com...

– Não, não me pareço nem um pouco com ela – cortou Victoria com rispidez.

– Claro que parece. – insistia a mulher – Vocês até poderiam ser...

– Desculpe, estamos com pressa – Vic tornou a cortá-la. Ela se voltou para o namorado – Pague o moço de uma vez, Sam, nós temos que ir.

– Tá... claro – ele a olhava com estranheza

O casal não comentou mais nada; ficaram sem graça com a grosseria de Collins.

O moço entregou o dinheiro para o caixa e este lhe devolveu o troco sem nada dizer.

– Obrigado – disse Sam com um sorriso meio de quem pede desculpas

– Disponha – o homem deu de ombros.

Sam e Vic saíram – na verdade, ela saiu na frente com passo apressado. O moço foi alcançá-la, não sem antes vislumbrar a mulher do caixa apontando na direção deles e cochichando com o marido.

– Vic, espere aí. – ele a chamou

– O que foi, Sam? – ela parou visivelmente aborrecida

– O que você tem? Por que saiu daquele jeito?

– Não tenho nada. Impressão sua.

– Ah, é? – ele estreitou os olhos encarando-a profundamente – Você foi meio rude com aquele casal só porque afirmaram que você se parecia com essa modelo... Como é mesmo o nome dela?

– Ai, Sam, não começa não. Não foi rude coisa nenhuma, eu apenas... apenas não queria render muita conversa – suspirou – Esse pessoal de cidadezinha começa a puxar assunto e quando você vê, eles estão te retendo.Temos muito o que fazer e não podemos chamar a atenção.

O Winchester não respondeu. Continuava a olhá-la de modo interrogativo. Sabia que ela estava mentindo para ele outra vez. Ela não o encarava muito tempo nos olhos e estava tensa.

– Vamos ficar aqui parados ou podemos ir? –ela queria encerrar o assunto.

– Vamos – ele concordou, mas não desviava seu olhar especulativo do dela. E voltaram para o motel carregando as sacolas sem trocar muitas palavras.

Vic tentava parecer descontraída, porém, sem sucesso. Ela não conseguia disfarçar suas emoções diante de Sam. Sabia que ele estava cada vez mais desconfiado de suas atitudes.

E nem eles e, muito menos o casal reparou na troca de olhares entre o adolescente que mascava chicletes e a moça loira dentro do mercado. Os olhos dos dois escureceram. A mulher passou perto do jovem de modo disfarçado e apenas lhe sussurrou: “Deixe que eu assumo daqui.”

– 0 –

– E então? Descobriu alguma coisa? – inquiriu Dean sentado na cama e bebericando uma cerveja.

– Não sei... – respondeu Sam evasivo enquanto olhava a tela de seu notebook sobre a mesa do quarto – Não tenho certeza.

Estava a tarde toda naquele quarto com o irmão buscando informações. Victoria não participava com eles e nem poderia; a pesquisa era sobre ela.

Após o breve incidente ocorrido pela manhã, Sam fingiu não dar mais importância ao caso. Ele, Vic e Dean fizeram a refeição matinal e, depois, o almoço. Haviam resolvido pegar um caso numa cidadezinha de Ilinois, algo que parecia relacionado a vampiros. No entanto, resolveram passar mais uma noite na localidade, pois ameaçava se formar um tornado para os lados que pretendiam seguir.

E com a desculpa de que queria passar a tarde com o irmão no quarto dele para terem um “papo de homem”, Sam deixou Vic sozinha no quarto dizendo que regressaria à noite para saírem. Ela ficou meio desconfiada, porém, não fez nenhuma objeção.

Uma vez trancado a sós no quarto de Dean, Sam lhe confidenciou o ocorrido pela manhã. Aliás, desde que os irmãos se acertaram definitivamente, o mais moço contou ao mais velho o estranho comportamento da namorada desde o início de seu relacionamento e de que ela parecia envolvida num grande segredo.

– Você já sabe minha opinião, Sammy. Se ela não quer abrir o bico, é melhor você tentar descobrir por si mesmo – declarou o loiro – Eu já te falei isso. Vai por mim.

– Mas, Dean, eu já te falei, não acho isso certo. Seria uma traição a Vic.

– Traição? Ela te conta mentiras, te esconde coisas e você que é o traidor?

– Também não é assim. Ela deve ter seus motivos.

Dean revirou os olhos

– Sam, quem não deve, não teme. Se ela não tivesse nada obscuro, não precisava esconder de você e sabe disso. E a gente é um exemplo vivo de que qualquer tipo de relação só é mantida à base da confiança. Caso contrário, não tem razão de ser.

– É, eu sei – o moço teve que concordar.

– Então, cara, você só tem duas alternativas: ou encosta a Vic na parede ou descobre por sua conta. Já vi que pra primeira alternativa você não tem os colhões, então vamos pro plano B.

– OK, Sherlock, então o que você me sugere que eu faça? Que a siga pra qualquer lugar que ela resolver ir sozinha? Ou que escute atrás das portas toda vez que ela receber um telefonema?

– Você é o gênio aqui e pergunta pra mim? – o loiro balançou a cabeça, pegou o laptop do irmão em cima da cama e colocou-o diante dele sobre a mesa em que estavam. – Não seria má ideia essas opções, mas comece por algo mais prático. Pelo Google, pra ser mais preciso. Não dizem que é o tal Big Brother? Se tiver alguma coisa da Vic, deve estar aí.

Sam olhou para o irmão e depois para o notebook. Hesitou por um momento, mas, por fim, decidiu-se a buscar informações sobre a namorada.

E assim a tarde transcorreu. De quando em quando, Sam olhava para a porta com medo de que Vic pudesse entrar e descobrir o que ele fazia.

– Sammy, deixe de ser paranoico – bufou Dean ao notar o estado de espírito de seu irmão – Não se esqueça de que estamos no meu quarto. A Vic teria que bater primeiro antes de entrar aqui.

O moço assentiu. Até o momento não havia encontrado nada de concreto. Havia várias mulheres com o nome similar a da caçadora. Victoria Collins tinha pelo menos uns trinta homônimos espalhados pelo país e alguns tantos pelo mundo; eram várias páginas do Google que apareciam relacionadas. O Winchester entrou em todas, até achou um perfil antigo de Vic no orkut, mas não havia nada de revelador do qual ele já não soubesse. Depois, teve a ideia de pesquisar sobre a multinacional Blackwell Blue Global, pois sentia que havia algo relacionado à empresa que Collins parecia ocultar.

Entrou na página da corporação. Navegou pela home, pela missão e outras guias. Nada. Foi no local em que mostrava a equipe de alta cúpula da empresa. Eram pelo menos uns dez membros e citava todos os nomes com seus respectivos perfis. Um lhe chamou a atenção em particular: Matt Spencer. O sujeito calvo e de óculos que ele havia visto pela televisão uns três meses atrás falando sobre a crise que a BBG estava superando. Matt! Vic costumava falar com um tal de Matt e afirmava ser um informante. Será que era ele?

Collins dissera que ele era um ex-caçador, mas não parecia o tipo. Bom, caçadores nunca parecem. Observou bem o homem. Chegou a ter ciúmes dele. Collins afirmou nunca ter havido nada entre eles, mas era muito enigmática sobre o sujeito. E se ela estivesse mentindo? Pior: e se ainda fossem amantes e esse fosse o segredo de Vic? Balançou a cabeça. Não, Vic não era desse tipo de mulher.

Esfregou os olhos e estendeu os braços para cima com as mãos entrelaçadas. Estava fazendo aquilo há horas sem sucesso. Vai ver que era realmente como Victoria havia dito. Talvez ela lhe escondesse coisas porque não se referia a ela e sim àquele tal de Matt. O homem era poderoso e talvez não quisesse seu nome comprometido com antigas confusões de caça. Ou talvez nem fosse o tal Matt.

– Encontrou algo? – Dean tornou a perguntar. Seus olhos estavam fitos na programação da televisão, porém, de vez em quando ele espiava o que o irmão fazia.

– Não. E estou começando a achar que talvez eu esteja mesmo paranoico com a Vic. Acho... que talvez ela me esconda coisas porque não são segredos dela.

O loiro balançou a cabeça.

– Se pensar assim te faz se sentir melhor...

– Vou dar só mais uma pesquisada ... pra desencargo de consciência. Se eu não encontrar nada, não falaremos disso.

– OK. A namorada é sua – o loiro deu de ombros com ar irônico

Sam voltou sua atenção para a página da empresa. Havia ainda um ícone a olhar: sobre o fundador que ele sabia se tratar de William Blackwell. Era o homem que Matt Spencer havia sucedido porque morrera sem deixar nenhum herdeiro. Havia ouvido falar bastante do empresário, porém, nunca vira uma foto sua. Todavia, ponderou que não tinha muita relevância. E saiu da página.

– 0 –

Vic se olhava no espelho do banheiro. Suspirou. Sam estava há horas no quarto do irmão.

Tinha certeza de que o namorado desconfiava dela. E estava cada vez mais difícil evitar suas suspeitas. Droga! Por que aquela senhora do mercado teve que abrir a maldita boca? E o pior era que não conseguiu disfarçar seu nervosismo. Felizmente, conseguiu interromper a mulher antes que ela desse mais informações. Foi por pouco.

De qualquer jeito, Sam estava com o pé atrás. Ele a olhava como se buscasse respostas, entretanto, ela desviava o olhar.

Começou a se questionar: será que valia a pena esconder seu segredo dele? Por quanto tempo conseguiria? Talvez ele entendesse. Não. O problema não era esse. Não era falta de confiança no namorado. Era algo... mais complicado. Ela queria proteger Sam. Ninguém poderia associá-la à sua antiga vida, caso contrário, ele e até Dean correriam perigo. Pelo menos, era isso que foi levada a acreditar.

Collins terminava de passar um creme sob o rosto. Iria colocar um vestido bem sexy para sair com Sam e enchê-lo-ia de carícias e atenções; procuraria distraí-lo.

De repente, Victoria sentiu um calafrio. Era como se algo ou alguém a observasse. Olhou para trás, mas não havia nada. Apenas a janela do banheiro estava aberta. Teve um mau pressentimento e ergueu o corpo para fechá-la.

– 0 –

Sam tentou pesquisar sobre o tal Matt Spencer na Net, mas não havia muita coisa relacionada à sua vida pessoal. Alguns rumores de que tinha algumas namoradas, mas nada oficial. Talvez Victoria não tivesse nenhuma relação com a tal empresa, além do que havia lhe contado sobre um trabalho feito lá. E talvez o presidente da corporação não fosse mesmo o tal informante de Vic. Era só coincidência ele também se chamar Matt.

Estava quase desistindo da busca quando lhe ocorreu pesquisar sobre o nome da tal modelo que a senhora do supermercado havia afirmado ser idêntica à Victoria. Como era mesmo o nome? Mônica Torres. Será que eram parentes? Não, os sobrenomes não coincidiam. E, além disso, a modelo era brasileira. Por outro lado, Vic havia comentado que morou um bom tempo no Brasil. Era algo a considerar, ainda mais pelo nervosismo com que ela demonstrou ao ser comparada à mulher.

Sam havia digitado o primeiro nome e estava para escrever o sobrenome quando o celular vibrou em cima da mesa. Ele o pegou. Era Collins.

– Vic? – ele atendeu com voz cansada.

– Sam, meu gatão, são quase sete – ela sussurrou com voz sensual – Você não vem?

– Eu... er... só estou terminando uma partida... de baralho com o Dean – mentiu. O loiro arqueou as sobrancelhas para ele.

– Mesmo? Hum, vem pra cá, vem – pediu manhosa – Você disse que íamos sair.

– Tá, eu... espera só mais um pouco – ele olhava o espaço de pesquisa do Google onde faltava o resto do nome que pesquisava.

– Ah, vem, meu amor. Preparei uma surpresa pra você.

– Vic... – ele tentou se desculpar.

– Por favor.

Deus! Como aquela mulher tinha um efeito poderoso sobre ele! Um simples olhar, uma simples maneira de falar o amolecia por dentro.

– Está bem. – disse ele vencido – Eu já vou.

– Até daqui a pouco... meu Sammy. – mandou um beijo por telefone e desligou

O Winchester resolveu parar com a pesquisa. Fechou a internet e desligou o laptop.

– Ei, como assim, cara? Você não vai terminar o que começou? – perguntou Dean com estranheza – É só ela te chamar e você corre feito um cachorrinho?

– Olha, Dean, eu pesquisei e pesquisei e não deu em nada. Não vou ficar inventando teorias de conspiração sobre minha namorada.

– Sam...

– Olha, eu... eu confio nela. Se ela me diz que não tem nada, deve ser verdade. Se tivesse qualquer coisa sobre ela de ruim na internet, eu já teria descoberto.

– Sam, ela é uma caçadora como a gente. E sobre caçadores, não vai ter mesmo nada na internet pra descobrir. No máximo algum perfil fake no Orkut ou no Face.

– O que prova que foi uma perda de tempo.

– Não, o que prova que você vai ter que ir mais a fundo. Vai ter que partir pra outras opções que falou. Seguir ela, tentar ouvir suas conversas pelo telefone.

– OK, Dean, tá certo – suspirou – Mas eu não quero pensar nisso agora. Estou exausto e quero ficar com a Vic nesse momento.

– Tá, mas não se deixe amolecer. Você vai ter que ficar mais antenado do que nunca.

Sam assentiu. Não queira mais discutir. Na verdade, não queria “ir mais a fundo na história”. Queria acreditar que Collins não tinha nada a ocultar.

– 0 –

– Vic? – o Winchester chamou-a ao entrar no quarto.

– Já vou, Tigrão. – ela respondeu do banheiro

Ele achou um pouco estranho o modo como ela o chamou, porém, não deu importância. Aquela mulher sempre o surpreendia. Foi se sentar na cama para esperá-la, entretanto, ficou de pé. Reparou que havia algemas e venda em cima do colchão. Os olhos dele se arregalaram. A porta do banheiro se abriu e de lá saiu Victoria. Os olhos de Sam se arregalaram mais ainda e abriu a boca. Collins estava fantasiada como domadora: um tipo de maiô preto, colante e minúsculo, máscara que cobria os olhos, botas de cano alto e chicote.

– Vi... Vic... o que significa isso? – indagou engolindo em seco.

– Isso significa diversão, meu Gigantão lindo!

Ela o olhou como se ele fosse um filé da melhor qualidade a ser devorado e lambeu os lábios. Sam suou frio. Nunca vira a namorada agir daquela forma, nem mesmo em suas investidas mais ousadas.

– Olhe, eu acho que... devíamos conversar – ele tentou dissipar o clima de luxúria.

Todavia, Vic o agarrou pela gola do casaco e empurrou-o na parede com força. Sam a olhou com mais espanto ainda.

– Você fala demais, Sam – ela sussurrou em seu ouvido – Se solta... amor.

E meteu a língua no ouvido dele. O moço arfou.

– Vic... por favor... – ele implorou com a voz rouca de desejo.

Porém, Victoria não lhe deu ouvidos e percorreu toda a boca, dentes e língua da orelha ao rosto dele até beijá-lo com voracidade. O medo e a resistência inicial foram sumindo dando espaço à excitação. Então ele pegou no rosto dela com força, sem a delicadeza habitual com que costumava beijá-la. As línguas se enroscaram com uma ferocidade como se fossem duas espadas brandindo. Parecia uma luta de quem dominava o beijo.

Por fim, Vic desgrudou sua boca da dele e foi até o pescoço. Ali, abriu a camisa do rapaz quase arrancando os botões, beijou e mordeu toda a região peitoral dele, fazendo-o grunhir. Quase fê-lo perder o fôlego ao abrir sua calça e acariciar seu membro sobre a cueca.

Ela quer me enlouquecer.

Foi seu último pensamento racional ao sentir a mão dela se introduzir dentro da pequena vestimenta.

– 0 –

Dean refletia sobre tudo o que o irmão lhe havia contado sobre Vic. Ou melhor, sobre o mistério que parecia ser ela. Tanto ele quanto o irmão estavam intrigados. Ele mais ainda, já que era desconfiado por natureza ou pelos anos em que foi treinado pelo pai.

Havia notado, é claro, algumas das atitudes estanhas de Collins como aqueles misteriosos telefonemas ou a viagem que realizou depois que encontraram Chuck na Convenção Sobrenatural. Embora achasse estranho, não ficou muito encucado, posto que Sam nada lhe dissesse de alarmante.

Todavia, com o que seu irmão havia lhe revelado, percebeu como a questão era bem mais profunda do que imaginava. Não era imaginação de Sam com certeza. Sammy era do tipo que confiava mais nas pessoas do que ele.

O que será que Victoria estava escondendo deles? Sim. Deles. Tudo bem que era com Sam que ela namorava, mas já eram próximos suficientes para ela também não lhe esconder segredos.

Suspirou. Aquilo lhe desagradava. Ainda que incentivasse o irmão a vigiá-la e investigar seus passos, gostaria no fundo que não houvesse nada. Collins havia assumido um lugar em sua vida muito importante. Talvez tão importante quanto Sam, o que ele achava difícil que fosse acontecer. E, por isso, não queria que ela também fosse alguém que traísse sua confiança. Já bastava o pai com a história de Adam e Sam com a de Ruby, coisas que havia conseguido superar. Não poderia conceber que Collins sendo a pessoa que era fosse capaz disso.

Infelizmente, seu instinto lhe dizia que sim. E era infalível.

Droga! Victoria também não. Que Sam esteja errado. E eu também.

E se não estivessem? O que poderia ser? Retomou à questão. Seria ela algum tipo de monstro? Mas se fosse assim, Bobby saberia. O velho caçador também não era do tipo que deixaria uma dessas passar. Ele próprio a teria matado. Será? Talvez não, afinal, Vic era sua sobrinha. Quase uma filha como ele dizia. E se fosse esse o caso, talvez receasse confidenciar para eles tal segredo. Talvez temesse que eles não compreendessem sua motivação puramente familiar e afetiva. Quem sabe talvez até esse fosse o verdadeiro motivo pelo qual Singer havia pedido a eles para trabalharem com Collins. Se ela fosse um monstro, poderia ser algo que Lúcifer quisesse utilizar como arma.

Não, era absurdo. Vic não poderia ser nada daquilo que caçavam. Seria uma contradição. Uma caçadora monstro. Ou uma monstro caçadora. Uf! Ambos os termos lhe deram um nó no cérebro.

Tentou pensar em outra coisa, mas o pensamento voltou. A não ser que ela não se enquadrasse em nenhum daqueles tipos de monstros. Sam teria percebido se ela era metamorfo, lobisomem ou vampira. Dormiam juntos quase todas as noites. Mesmo ele, que não passava tanto tempo assim com ela, também teria percebido. Ela havia manuseado objetos que feriam essas entidades. Só se fosse um tipo de criatura da qual nunca haviam ouvido falar.

Soltou outro suspiro. Mas e se o segredo não fosse ela ser um monstro? E se não houvesse segredo algum? Virou-se na cama inquieto com aquela dúvida cruel. Mas se não tinha segredo, por que ela agia de modo estranho?

E se descobrissem que Vic era um monstro ou algo do tipo, eles a matariam? Sam renunciaria ao amor da vida dele para cumprir seu dever de caçador? Bom, ele o fizera com Madison. Mas era diferente. A moça o havia pedido. E seu irmão não chegou a amá-la com a intensidade que amava Victoria.

Não. Sam não a mataria, sem sombra de dúvida.

E ele? Faria o serviço no lugar do irmão? Não precisava nem se perguntar. Não o faria. Por mais que isso ferisse seus princípios. Se seu pai soubesse disso, estaria revirando no túmulo.

Sorriu ao se lembrar de Gabriel. Por mais filho da mãe que ele fosse, não deixava de ter razão num ponto: eles, irmãos Winchesters eram lamentáveis. Eram a fraqueza um do outro. E, no meio deles, havia surgido outra fraqueza chamada Victoria Collins.

– 0 -

Era uma da madrugada. Sam estava exausto. E deitado de barriga para cima, olhava o teto do quarto. Estava completamente nu sem nada a lhe cobrir assim como Victoria. Ela dormia de lado com as costas voltadas para ele. Ele a havia possuído de uma maneira que nunca o fizera antes. Mentira. Foi mais a mulher que o possuiu do que ele a ela.

Fizeram sexo nas mais variadas posições e sem parar. Até que chegou uma hora em que ele pediu para descansarem. Depois, retomaram mais uma maratona sexual até ele cair exausto e não conseguir mais nenhum estímulo.

Uma estranha sensação de culpa o dominava. Ele virou a cabeça para namorada por uns instantes. Não se sentia muito animado a aninhá-la nos braços como costumava fazer. Estranho. Foi só por breves instantes que tal sentimento lhe passou porque logo seus olhos se fecharam com o cansaço que o dominou.

Ao perceber que o Winchester caía no mais profundo sono, Collins se virou para ele. Esboçou um sorriso. Satisfeito. Perverso.

– 0 –

Eram quase duas da madrugada quando batidas na porta acordaram Dean. O loiro tentou abafar o som insistente cobrindo a cabeça com a coberta. Por fim, desistiu, descobriu o rosto e bufou.

– Já vai! Já vai! – gritou com a voz rouca ao se sentar na beirada da cama. Esfregou o rosto para espantar o resto do sono. – Quem é?

Pergunta idiota. Só podia ser Sam ou Vic. Talvez os dois para chamá-lo e irem embora. Mas tão cedo? Ainda estava escuro.

– Sou eu, Dean – replicou a voz de Collins

– Só um momento – ele disse um pouco mais calmo.

Estava só de sunga e camisa. Pegou uma bermuda qualquer na mala e foi ao banheiro jogar um pouco de água para afastar o sono. Só então que abriu a porta para Victoria. Ela se encontrava enrolada apenas num robe vermelho com as pernas à mostra. Dean não pôde deixar de notar e sentir a temperatura esquentar. Engoliu em seco e tentou focar no rosto dela.

– Oi, Dean – ela sussurrou com um sorriso insinuante.

– Er... Oi – respondeu com a boca meio seca e olhou o céu ainda escuro – Não tá cedo demais pra aprontar as coisas?

– Sim, é. E Sam está dormindo. Não vim aqui pra te chamar pra partirmos, eu... apenas... – ela se interrompeu e olhou de lado como se hesitasse

– O quê? – ele ficou curioso

– Será que posso falar com você?

– Algum problema?

– Só preciso desabafar.

– Ah, claro. Entre.

Ele fechou a porta depois que ela passou. Os pelos de seu corpo se eriçaram ao sentir o envolvente perfume dela.

Toma jeito, Dean, disse para si mesmo em pensamento. Ao mesmo tempo, começava a lhe martelar o que ela queria falar com ele. Será que pretendia revelar o misterioso segredo que escondia de Sam?

Collins se sentou na beirada da cama do Winchester

– Tem problema eu me sentar aqui? – indagou de jeito inocente.

– N... não. Eu me sento ali na cadeira.

– Qualé, Dean? – ela troçou – Está com medo de se sentar ao meu lado?

– Medo? Eu? Claro que não! – ele engrossou a voz –Eu... só quero te deixar mais a vontade.

– Eu estou à vontade – disse ela – Só preciso mesmo de... um ombro amigo. Senta do meu lado, por favor.

O loiro não podia resistir àquele apelo, porém, procurou manter uma mínima distância de dez centímetros. Não confiava em seu próprio autocontrole. Lembrava-se bem do que quase aconteceu há dias quando Vic foi conversar com ele no quarto. Só que ela não estava com as pernas de fora na ocasião.

– OK, pode falar – ele resolveu ir direto ao assunto para não prolongar aquela tortura.

– Dean, tem uma coisa que preciso confessar.

– Sim? – ele ficou atento mal disfarçando a expectativa do que ela revelaria.

– Só me prometa que você não irá pensar mal de mim.

– Claro que não, Vic. Por que eu pensaria?

– Porque o que vou te dizer... é sobre nós.

– So... sobre nós? – ele piscou os olhos longamente pensando ter escutado mal

– E sobre Sam também.

– E... o que seria?

Ela suspirou.

– Eu não posso mais continuar com ele, Dean. Não... aguento mais.

– Mas... por quê? – estava surpreso.

– Eu não amo mais o Sam. Acho... que nunca amei.

O loiro não conseguiu emitir nenhuma palavra. Olhou para baixo meio confuso.

– Eu sei que parece estranho dizer isso a essa altura, mas é pura verdade. – havia certo tom de angústia em sua voz – Não posso mais continuar mentindo para mim mesma.

– E... desde quando você chegou a essa conclusão? – ele mal conseguia articular as palavras. Era difícil de acreditar, pois Vic parecia tão apaixonada e feliz com seu irmão.

– Pra ser sincera, desde que comecei a namorar com ele. Só que... como ele estava muito entusiasmado e feliz com nossa relação, eu... não quis desapontá-lo. E também porque me sentia bem com ele.

Dean não sabia o que pensar, nem o que dizer. Uma parte dele estava com raiva por ela enganar o irmão daquele jeito. Mas outra parte – e essa era a maior – sentia uma vaga esperança. Esperança de quê?

– E também percebi outra coisa. – ele permaneceu calado esperando a próxima revelação - Estou apaixonada por você, Dean.

Ele arregalou os olhos, sentiu o coração palpitar e uma gota de suor se formar.

– O quê? – ele indagou com um fio de voz.

– Eu... estou apaixonada por você – ela falou mais decidida e arredou o corpo para mais perto dele – Foi algo que simplesmente aconteceu.

– Vic, eu... – ele tentou manter a cabeça fria, mas estava confuso com o que acabara de ouvir.

– Eu sei que você sente a mesma coisa por mim – ela se insinuou e, dessa vez, encostou sua perna na dele. O Winchester sentiu “o amiguinho” se animar – Você mesmo me disse isso lá em Chicago ou pelo menos demonstrou.

– Eu... eu não sabia o que estava dizendo – levantou-se usando toda sua força de vontade – Eu estava transtornado pelo Tormento, não sabia o que fazer.

– Você sabe que bem antes do Tormento, aconteceu um clima entre a gente antes de irmos pra lá. – ela também se levantou e aproximou-se dele. Fitou-o intensamente nos olhos. A respiração de ambos se acelerou.

O perfume dela ficou mais forte em suas narinas. Reunindo toda sua força outra vez, o loiro se esquivou e deu as costas para ela. Aquilo o estava deixando-o louco. Era algo com que sonhava, mas que sabia não poderia ter. Jamais magoaria o irmão daquela forma não importa o quanto quisesse aquela mulher.

– Dean, o que foi? – indagou Vic e acercou-se novamente dele. – Do que você tem medo?

Tocou nas costas dele. O Winchester sentiu como se um choque elétrico o percorresse, mas interrompeu o contato e virou-se para ela:

– Você ainda me pergunta? – disse com raiva – Como pode falar assim tão natural de seus sentimentos como se os de Sam não valesse nada?

– Eu já disse que não sinto nada por Sam.

– Eu... não posso crer. Sinceramente, você não pode estar falando a sério.

– E por que não? Por que o Sam é seu irmão e você não quer magoá-lo?

– É! Não parece óbvio? – procurou se acalmar e desviou seus olhos do dela - Olha, Vic, você deve estar confusa e imaginando coisas a meu respeito. É melhor você ir...

– Eu não estou confusa! – ela gritou e pegou no rosto dele com as mãos. O moço arfou – Não sente isso como eu? – deslizou as mãos sobre o rosto dele – Eu sei que você me quer, Dean. Sei que me deseja – sussurrou no ouvido dele – Me beija, por favor.

– Vic, não... – ele pediu num fiapo de voz.

– Me beija – ela insistiu.

Não se aguentando mais, o Winchester a agarrou pelo rosto, tomou seus lábios com força e caiu por cima dela no colchão. Seu corpo estava queimando e não conseguia obedecer ao comando racional da mente. Desde que conhecera aquela mulher, desejava fazer aquilo. E havia aumentado desde a ocasião em que, no corpo de Sam, ele a sentiu nos braços, viu-a nua e chegou a sentir o gosto de seus lábios mesmo sem aprofundar num beijo.

Por alguns instantes, deixaram-se envolver pelo momento. Ele a beijava com voracidade, percorria as curvas dela com as mãos sobre o robe e sentia as unhas dela fincarem nas suas costas. Ele achou que fosse enlouquecer.

Todavia, seu cérebro lhe despertou para algo e ele a soltou de repente. Mas ainda ficou com o corpo por cima dela. Olhava-a de forma sombria e enigmática.

– O que foi, Dean? – ela perguntou e passou a mão sobre a face dele. O homem engoliu em seco.

– A gente... não devia fazer isso com o Sam – disse num tom neutro.

– Não, não devíamos – disse Collins com tranquilidade – Mas queremos. É mais forte do que a gente.

E beijou-o nos lábios. O loiro não correspondeu.

– Hum? – ela o olhou na expectativa.

– Certo – disse ele – Mas se vamos fazer isso, tem que ser do jeito certo. Com segurança.

– Segurança.

– Isso, camisinha, baby – esboçou um sorriso forçado.

Ela riu.

– Não precisa, Dean. Confio em você. E eu só fiquei com o Sam esse tempo todo.

– Sei, mas... mesmo assim, é bom prevenir. – ele se levantou – Não saia daí, baby. Eu só vou pegar uma camisinha ali na bolsa.

– Está certo, Winchester – ela sorriu e estirou os braços para o alto.

Ela ouviu o barulho que o loiro fazia ao remexer em suas coisas.

– Anda, Dean. Não temos o tempo todo. Daqui a pouco o Sam pode acordar.

– Um instantinho.

Mas que camisinha mais demorada.

– Achei – disse ele

Ela o olhou pelo rabo do olho. Ele estava de costas. Virou-se para ela e aproximou-se segurando algo com as mãos nas costas.

– Está pronta?

– Mais do que pronta. Vem, Tigrão – ela esticou os braços para ele.

– Então engole isso, sua vadia! – ele gritou e jogou um líquido na face da morena.

– Ahhhhhhhh!!! – foi o horripilante o grito que ela deu.

O loiro pulou em cima dela e tentou amarrar suas mãos com uma corda enquanto dizia:

– Achou que fosse me enganar... Meg?

– 0 –

Sam despertou e não viu Victoria ao seu lado. De repente, aqueles pensamentos que lhe vieram após a tórrida noite, começaram a lhe perturbar.

Sentia-se sujo. Não quis nem ter Victoria no aconchego de seus braços como costumava fazer. Como podia sentir aquilo? Eles se amavam! O que tinham era mais do que sexo, era amor. Amor. Eles sempre faziam amor.

Mas não dessa vez. Sexo. Foi isso que fizeram. Foi algo bastante animalesco, selvagem. Não que ele houvesse lhe batido, embora tenha aceitado levar umas pequenas chicotadas com as mãos acorrentadas na cabeceira da cama.

Mas sabia que foi algo diferente. Não a forma, mas o conteúdo. É claro que, de vez em quando, faziam algo mais ousado, só que de modo natural, envolvente e romântico. E toda vez que fazia amor com Collins, ele se sentia preenchido por dentro, como se fosse um só ser com ela.

Mas... dessa vez era como se houvesse tido relações com outra mulher e não Victoria. Que loucura! Mas era assim que se sentia. E aquele horrível sentimento de culpa. Como se houvesse feito algo sujo, obscuro. E por incrível que parecesse, aquela sensação começou a lhe evocar algo familiar. Ele já havia se sentido assim com outra mulher numa época não tão distante.

Não, não foi com outra mulher. Foi com um demônio. Com Ruby. Ela o consolou com várias noites de sexo quando Dean ainda estava no inferno. Entretanto, sempre vinha a sensação de culpa, de baixeza, que ele procurava ocultar com seu foco na vingança contra Lilith.

Deus, como pôde ser tão leviano e cego?

Ele se levantou de um salto da cama e começou a se vestir o mais rápido que pôde. Tinha que encontrar sua namorada. Não havia dormido com ela, mas com um demônio que a havia possuído. E pelo jeito atrevido e meio sarcástico como se mostrou em alguns momentos, já podia até adivinhar quem era.

– 0 –

Meg ainda estava gritando de dor pela acidez da água benta enquanto Dean aproveitava e amarrava suas mãos na cabeceira da cama. Não estava com a faca especial de matar demônios; não que tencionasse usar para matar a demônio e com ela, Victoria; apenas queria ameaçá-la. Felizmente, aquela corda estava embebida em água benta, o que enfraqueceria Meg e impediria que usasse sua força para escapar.

– Muito bem. Está bem amarrada agora. – disse e saiu de cima dela

– Maldito Winchester! – ela praguejou com os braços ardendo de dor. Seus olhos escureceram – Me solte agora ou vai se arrepender!

– Não, você que vai se arrepender por ter entrado no corpo da Victoria! – falou com expressão de ódio - E cadê o corpo em que você estava antes?

– Muito bem guardado. Mas o que foi que me entregou? – indagou Meg mais controlada embora sentisse os pulsos arderem.

– Pasta de amendoim – disse com um sorriso sarcástico. – Pude sentir o gosto na sua boca. E me lembrei que a Vic não é muito chegada. Mas você parece que tem um fraco por isso.

Ela riu. Resolveu ignorar a dor.

– Engraçado. Por um segundo achei que você diria que sua amiguinha nunca seria capaz de trair seu irmão dessa maneira.

– Isso também. Eu já estava meio desconfiado quando você não pareceu nem um pouco com remorso de enganar o Sam. Vic nunca agiria como uma vadia oferecida e traiçoeira como você.

– Oh, mas você bem que teve dúvidas, né, Winchester? E adorou a ideia, tanto que não resistiu à vontade de tirar uma casquinha.

– Agora chega! – ele gritou – Vai sair agora da Vic!

– E se eu não quiser?

– Então vou te mandar pro inferno de onde nunca você devia ter saído.

Fez menção de dar a volta e pegar seu livro de exorcismo na bolsa quando Meg o interrompeu:

– Como se eu fosse facilitar as coisas para você.

Assobiou de forma ensurdecedora a ponto de incomodar os ouvidos do caçador. Logo a porta do quarto foi arrombada. Outro demônio surgiu no corpo de um indivíduo alto, negro e musculoso, o mesmo que ocupara quando telefonou para Meg. Era ele quem estava também no corpo do adolescente no supermercado.

– Chamou, Meg?

– Dê um jeito nele ele! Mas não precisa matá-lo.

O loiro avançou para bater na criatura, mas este tinha o corpo mais forte e deu alguns golpes no caçador que conseguiram lhe abater. Em seguida, usou sua força para mantê-lo preso ao chão.

– Rápido, me solte! – ordenou Meg.

Ele tentou fazê-lo, porém, suas mãos se queimaram ao tocar nas cordas. Ele urrou de dor.

– Idiota! Vê se tem algum objeto cortante nas coisas dele. Vamos logo! – praguejou. A dor ficava mais incômoda.

O demônio começou a procurar. Nisso, Sam surgiu no quarto munido de sua faca. A primeira coisa que viu foi sua namorada amarrada na cama

– Vic!

– Cuidado, Sam! – alertou Dean

Ao vê-lo, o demônio partiu para cima tentando subjugá-lo, porém, o Winchester desviou de seus golpes e com um movimento ágil, enfiou a faca na testa do sujeito. A criatura morreu na hora e seu corpo caiu estatelado no chão.

O moço olhou para Meg.

– Sam, meu amor, rápido, me solte! – ela tentou enganá-lo

– Não, Sam. Ela não é Vic! – Dean o alertou – Ela é...

– Meg. – completou ele – Sim, eu já sei.

A demônio bufou com expressão de dor e raiva.

– Você está bem? – indagou Sam ao ver o irmão se levantar com uma careta de dor

– Ai, claro! É preciso muito mais do que um demônio para me derrubar.

– É, Deanzinho, você só precisa de mim – tornou Meg com sarcasmo.

– Há-há! – tornou ele com falsa graça e se aproximou do outro lado da cabeceira da cama – Você está muito engraçadinha agora, mas já devia saber que com a gente não se brinca!

– Ao contrário, adorei brincar com vocês.

– O que você quer? Por que está no corpo da Victoria? – indagou Sam se aproximando dela sem esconder sua raiva e preocupação com a namorada

– Como eu disse, queria brincar um pouco. Sabe, eu estava com um tédio enorme e decidi me divertir com vocês e com sua amiguinha usando o corpo dela – fez expressão de cão sem dono – Bom, com você, Deanzinho, não deu tempo pra me divertir - olhou com luxúria para Sam – Mas você Sam, hum... sempre soube o quanto você era uma fera na cama por trás dessa sua aparência de menino envergonhado. Só não imaginava o quanto! – lambeu os lábios deixando o moço constrangido. - Conheci muitos homens e demônios que davam um show, mas você suplanta a todos.

– Você... você transou com ela? – indagou Dean espantado apontando Meg

– Ei, ela está no corpo da Vic! Como eu podia adivinhar? – justificou-se

O loiro o olhou com repugnância.

– Há! Isso você vai ter que explicar pra sua namoradinha. Nossa! Ela está gritando que nem uma fúria aqui dentro imaginando mil formas de me triturar. Vai sobrar pra você, Sam.

O moço, com fúria, começou a recitar:

– Exorcizamos te, omnis immundus spiritus. Ominis satanica potestas,ominis incursio infernalis adversii...

Meg se contorceu e disse:

– Pare! Ou eu juro que corto a língua dela com os dentes e engulo pra sufocá-la até ela morrer.

Sam paralisou.

– Duvido muito que dê tempo pra isso. Continue, Sam! – incentivou Dean

– Eu se fosse vocês não me arriscava. – o tom de ameaça estava implícito, mas ela suavizou o tom – Não se preocupem, eu já estou de saída. – rangeu os dentes ao sentir a ardência – Não sou tão masoquista assim. – em seguida, olhou com malícia para ambos – Quanto a você, Sam, não precisa ficar constrangido com o que aconteceu. O Dean ia pro mesmo caminho. E foi tão difícil pra ele resistir!

Sam olhou de Meg para Dean com certa confusão. O loiro tentou explicar:

– Olhe, Sam, juro que não aconteceu nada...

– Não, apenas um beijo que você não resistiu em me dar. Ou melhor, na Victoria. – provocou a demônio. Os olhos do loiro queriam saltar das órbitas sobre ela. Sam engoliu em seco. - Você sabia que seu irmão está apaixonado por sua namorada?

– Sam... Não dê ouvidos pra essa vadia! Sabe que demônios mentem – o loiro tentou desconversar.

– A questão é: será que estou mentindo ou dizendo a verdade? – brincou e olhou perversa para Sam que estava com expressão sombria. Depois, ela voltou seu olhar para o loiro – Você e eu, Deanzinho, sabemos muito bem a verdade.

–Eu estou avisando, Meg... – o loiro ameaçou com os dentes trincados. – Diga só mais uma palavra imunda...

– E vai fazer o quê? Vai matar sua caçadora favorita? E você também faria isso, Sam? – vendo que nenhum dos dois respondia, acrescentou com expressão de desprezo – Como vocês são hipócritas. Não hesitam em matar os outros que são possuídos, mas quando se trata de alguém próximo a vocês, não tem coragem de mover um músculo.

– Você quer tirar a prova? – ameaçou o loiro

– Não precisa. Sei muito bem a resposta – debochou – E aproveitando que ainda estou aqui, gostariam de saber certos segredos da famosa Indomável?

Os dois ficaram surpresos e entreolharam-se.

Meg riu.

– Claro que gostariam. Pra começar ela não é exatamente o que vocês pensam que ela é.

Os dois nada disseram. Meg encarou o mais velho.

– E pra sua felicidade, Dean, parte da nossa conversa não foi totalmente mentira.

– Do que ela está falando? – indagou Sam

– Um monte de imundícies sem sentido – afiançou o loiro com leve sobressalto.

– Eu só disse para o Dean quando me fiz passar pela Victoria que ela está apaixonada por ele.

Sam olhou de forma sombria para o irmão. Este nada respondeu. Limitou-se apenas a balançar a cabeça para negar tal afirmação.

– Mas não se preocupe, Sam, ela ama você também. – fez pose pensativa – Bom, mas eu acho que depois da noite maravilhosa que você e eu tivemos, ela vai ter suas dúvidas.

– Exorcizamos te, omnis immundus spiritus... – recomeçou Sam com crescente raiva na voz.

– Sério? Vai mesmo se arriscar? – Meg grunhiu e o interrompeu fazendo menção de colocar sua ameaça em prática ao recolher a língua.

Num movimento rápido, Dean tomou a faca da mão do irmão e encostou-a na garganta da demônio

– Dean! – Sam o chamou, mas não foi ouvido

– Agora preste atenção, sua vadia, mais um movimento e eu juro que farei um pequeno corte no pescoço da Vic. – apertou a lâmina mais ainda – Não vai ser suficiente pra te matar e muito menos a ela, mas vai ser suficiente pra ferir você. E tenho certeza de que a Vic ia preferir isso a ter uma piranha dos infernos dentro dela.

Meg olhou fundo nos olhos do caçador. Sabia que ele estava falando a sério. Sam estava parado e tenso sem saber o que fazer.

– OK. Vocês são mesmo osso duro de roer – ela disse sem seu humor sarcástico.

E num átimo, abriu a boca e saiu do corpo da caçadora assumindo a forma de uma grande fumaça negra que se esgueirou pela janela do quarto.

A cabeça de Collins pendeu desacordada.

– Vic! – Sam foi acudi-la. Dean se afastou para ceder espaço ao irmão. Este desamarrou as cordas que ainda prendiam as mãos da moça. E depois pegou com suavidade em seu rosto tentando despertá-la– Vic!

A caçadora abriu os olhos meio confusa. A primeira coisa que viu foi o rosto preocupado do namorado sobre ela. A expressão dele foi de alívio e abraçou-a. Ela não correspondeu. Dean os observou um pouco desconfortável. Sam desfez o abraço e tornou a pegar no rosto de Collins.

– Você está bem? – inquiriu

– Estou! – respondeu num tom ríspido e afastou-se de Sam arredando o corpo para o lado. Virou o rosto para o outro lado para não encará-lo.

Ele a olhou desconcertado. Em seguida, encarou o irmão. Dean só fez uma expressão de quem diz “Você tá ferrado”.

– 0 –

Na mansão de Crowley, onde Lúcifer estava temporariamente instalado, ele recebeu Meg na sala. Ela apareceu no corpo de seu anterior receptáculo.

– Pai, aqui estou de volta – disse e ajoelhou-se diante do Arcanjo sentado confortavelmente num sofá. Apesar de achar tais comodidades desnecessárias para um Ser Superior como ele, não as desprezava de todo.

– Pode se levantar, criança – disse ele sem emoção na voz – Cumpriu a missão que lhe designei?

– Sim, eu consegui possuir o corpo de Victoria Collins. Pra minha sorte, ela não tem a marca que impede a possessão de demônios.

– E como foi?

– Creio que consegui lançar certa discórdia entre ela e Sam Winchester. – sorriu com satisfação – Ele dormiu comigo sem desconfiar de nada a princípio. E também creio que lancei a dúvida sobre a relação entre ele e o irmão a respeito dela.

– Fico feliz que tenha se divertido, minha criança – pegou no rosto dela com suavidade e apertou um pouco sem machucá-la. Mesmo assim, aquilo parecia uma intimidação – Mas o mais importante: você conseguiu sondar a mente dela?

Meg engoliu em seco. Aquilo era o principal motivo de sua tarefa.

– Bom, eu... eu tentei. – ela começou a tremer um pouco – Descobri que Victoria Collins não é sua verdadeira identidade e também que ela possui uma vida dupla. Mas...

– Mas... – pressionou o Arcanjo.

– Não consegui mais nada sobre ela e seu passado – respondeu. – É como se tivesse sido trancado na mente dela a sete chaves.

O Diabo nada disse, mas sua expressão ficou séria.

– E também como o Senhor deve saber há uma espécie de bloqueio na mente humana que não permite que nós demônios dominemos os homens por completo. – tentou se explicar – Algo que é bem pequeno, mas que dá pra eles saírem do nosso domínio se fizerem força.

De fato, foi assim que Bobby havia conseguido se libertar por instantes do controle do demônio que o possuiu e se esfaqueado para se livrar dele. Meg continuou:

– Só que no caso dela, esse bloqueio é bem maior. Como se escondesse algo muito grande ao qual demônio ou qualquer outro ser não pudessem ter acesso.

Meg tremeu mais ainda. Estava com medo da reação do Diabo. Embora houvesse tido êxito em possuir Victoria, falhou naquela parte primordial. Para a sua surpresa, Lúcifer abraçou sua cabeça como se ela tivesse se comportado como uma boa menina.

– Muito bem, criança. Você conseguiu confirmar o que eu já suspeitava.

Ela ficou atônita.

– Mas, Pai, o que obtive sobre ela é quase nada!

– E é exatamente isso que eu esperava que você encontrasse. Nada.

Meg o olhou sem compreender, mas achou prudente não questioná-lo. Ao invés disso, acrescentou:

– Só mais uma coisa, tem a ver com ela, mas também sobre Sam.

– Sim?

– Como o senhor sabe, eu já estive no corpo de Sam uma vez pra... tentar me vingar do Dean e de todos os caçadores.

– Certo.

– Uma coisa tinha me deixado intrigada, mas não dei muita importância na época. Só que quando possuí a namorada dele, percebi que os padrões de suas mentes são iguais. O Sam também possui o mesmo tamanho do bloqueio dela.

O diabo não pareceu impressionado, era como se já soubesse. Apenas disse:

– Ótimo. Fico feliz por mais essa informação. Agora, Meg, tenho mais uma missão pra você. Você a fará?

– Claro, Pai, é só me pedir.

– Essa não vai ser tão fácil e divertida.

Ele afiançou num tom que não agradou a demônio. Porém, ela estava disposta a fazer tudo para agradá-lo.

– 0 -

Sam e Vic voltaram para o quarto, ela bem à frente dele. O moço fechou a porta enquanto ela se sentava na beira da cama com as mãos entrelaçadas e apertadas. O clima entre os dois não estava nada bom. Victoria não havia dito nenhuma palavra ao Winchester no quarto do irmão dele, mas ele já sabia que ela estava prestes a explodir. Mesmo assim, preferia que ela despejasse um monte de impropérios a lhe dar um gelo como ela estava fazendo.

– Tudo bem, Vic – ele suspirou – Pode falar.

– Falar o quê? – ela cruzou os braços e olhou para baixo

– O que você está morrendo de vontade de jogar na minha cara.

– O quê? O fato de você ter me traído ou você ter dormido com um demônio? – inquiriu irônica e, depois, colocou a mão no queixo com expressão zombeteira de pensativa – Ah! Mas espere: foram duas coisas numa só.

– Vic, por favor, eu não tive culpa... Eu... – ele tentou se aproximar dela

– Não chega perto de mim! – ela o deteve com a palma da mão levantada

– Vic, não me trate como se eu tivesse cometido o pior crime do mundo!

– E você acha pouco o que me fez? – ela se levantou indignada – Você me traiu com uma demônio no meu próprio corpo!

– Eu não te traí! Eu... não sabia que você estava possuída! Como eu podia adivinhar?

– Ah, claro! Como se eu fosse agir como uma tarada maníaca pra cima de você como aquela... aquela vagabunda fez!

– Droga, Victoria! Eu me deixei envolver, tá legal? Eu achei... que era mais uma fantasia que você queria realizar comigo.

– Sabe o que me dá mais raiva? Você adorou tudo o que ela fez com você! Enquanto ela usava meu corpo pra te dar prazer, eu via a maneira como você se deliciava.

– Não da maneira que é com você.

– O que você disse? – ela esbravejou.

Opa! Havia dito algo de uma maneira que não deveria.

– Eu... – ele tentou se corrigir meio assustado

– Está querendo insinuar que não gosta da maneira como fazemos amor?

– Não, não foi isso que eu quis dizer. – ele balançou o dedo em riste

– Olha aqui, Sam, já chega! Você disse tudo claramente. Você tem uma tara por demônios, né? Primeiro, a tal Ruby e agora essa... essa Meg.

– Escute aqui, Vic...

– Ah, mas eu juro que isso não fica assim! – ela esbravejou com os olhos quase saltando das órbitas e espumando de raiva – Essa Meg me paga! Pode demorar, mas eu vou achá-la e quando nos encontrarmos, eu mesma vou triturá-la com a faca.

– Vic, me escute...

– Não, me escute você. Eu te disse uma vez que se você me aprontasse uma dessas, se me traísse, eu nunca te perdoaria.

– É? E quem é você pra falar de traição? – Sam se impacientou e resolveu revidar

– O que você está querendo insinuar?

– Você fala de traição, mas é você que tem agido nas minhas costas ultimamente!

– É mesmo? – ela colocou as mãos na cintura – Então fala o que eu tenho feito pra você insinuar que estou te traindo?

Ele já estava arrependido de ter começado aquela conversa, porém, não ia voltar atrás.

– Todos os segredos que você esconde de mim e as mentiras que tem me contado – antes que ela negasse, ele afiançou – E não venha me dizer que estou paranoico! A própria Meg disse que...

– Ah, então você confia mais na palavra de uma demônio do que na minha?

– Demônios mentem sim, mas não quando sabem que a verdade vai te ferir. E ela só confirmou tudo o que tenho observado. O que você está escondendo de mim, Vic?

Collins ficou calada. Infelizmente, naquele ponto, o Winchester estava certo.

– Vê? Você não tem resposta porque o que eu digo não é um produto da minha imaginação.

– Eu só não respondi porque estou pasma por você duvidar de mim – ela não ia confessar mesmo que agisse com hipocrisia.

– Então você nega assim como nega... – interrompeu-se

– Continue, Sam – ela insistiu com os dentes rangidos.

– A Meg também mentiu sobre você estar apaixonada pelo meu irmão?

Ele se arrependeu no segundo seguinte ao ver os olhos dela se arregalarem e seus punhos se apertarem.

– Vic, Olha... eu...

Não disse mais nada porque ela jogou um travesseiro sobre ele. Em seguida, lançou-lhe uma coberta. Ele a olhou pasmo.

– Você não dorme comigo nem hoje e nunca mais!

– Está de brincadeira, não?

– Sim, olha só como estou gargalhando! – abriu os braços com sarcasmo – Estou morrendo de cansaço depois de tudo o que passei pra ainda fazer graça!

– Vic, não é por aí...

– É sim, Sam. E não é de hoje! Você não confia em mim! E prefere dar ouvidos a uma cadela infernal. Eu não poso ter uma relação com a alguém assim!

– Você... está terminando comigo? - ele não podia acreditar

– Até segunda ordem sim. Agora, saia!

Ele a olhou perplexo e não se moveu. Ela pegou a mala de Sam e ia passar por ele para abrir a porta.

– Vic, espera, vamos conversar – ele tentou pegá-la pelo braço

– Não, Sam, sem conversa! – ela se libertou e avançou até a porta. Abriu-a e jogou a mala com as roupas do Winchester no corredor. – Agora, fora!

A expressão dele era de perplexidade. Balançou a cabeça incapaz de acreditar como tudo chegara ali. Sabia que era inútil discutir com a fúria que ela demonstrava no rosto. Só pioraria as coisas entre eles. Resolveu sair não sem antes fitá-la com os olhos suplicantes. Ela ainda segurava a porta e virou o rosto para o lado quando ele passou. Mal saiu, ela bateu a porta.

– 0 –

Dean ouviu batidas outra vez quando já estava quase no sétimo sono após a confusão com Meg.

– Ai de novo não! Quem é? – perguntou de mau-humor

– Sou eu. – era a voz de Sam – Me deixe entrar.

– Já vai. – levantou praguejando. Ia abrir a porta, entretanto, lembrou-se de algo e pegou uma garrafa em sua bolsa.

Abriu a porta. Recebeu o irmão com uma borrifada de água benta.

– O que foi isso? – Sam perguntou com os olhos fechados pela água que entra neles. Mal continha a raiva acumulada pela briga com Vic.

– Foi só uma precaução – respondeu o loiro – O que aconteceu?

– Vou ter que dormir aqui – disse, pegou mala, o travesseiro enrolado na coberta e entrou.

– O quê? – Dean indagou meio confuso.

– A Vic e eu brigamos e ela me colocou pra fora. – dirigiu um olhar assassino ao irmão - E eu não quero ouvir nenhuma gracinha.

– Er... não... claro.

Fechou a porta. Reprimiu uma risadinha ao imaginar a cena, mas logo perdeu a graça ao ver a expressão aborrecida do irmão. Adivinhou que algo assim iria acontecer.

Sam se acomodou numa outra cama no quarto e enterrou a cabeça sem dizer mais nenhuma palavra a Dean.

Ia ser duro para ele não poder compartilhar do calor e do perfume de sua amada.


Notas Finais


E aí, gente? O que acharam? Bom, essa parte da explicação da Meg será retomada mais pro final da história. Ah! O título da fic é uma paródia ao filme brasileiro Eu, Tu, Eles.

Até a próxima.


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