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História Almas Trigêmeas - O Exterminador do Futuro (Parte 1)


Escrita por: jord73

Notas do Autor


Bem, esse capítulo contém spoillers do episódio 13 "Sempre a mesma canção". No entanto, vcs vão reparar que fiz uma mudança radical. Nas notas abaixo, explicarei melhor. A música que coloquei é Alone, de Heart. O link também se encontra nas notas finais.Boa leitura.

Capítulo 29 - O Exterminador do Futuro (Parte 1)


Fanfic / Fanfiction Almas Trigêmeas - O Exterminador do Futuro (Parte 1)

Anteriormente:

– Isso vai soar um pouco... Na verdade, vai soar como uma tremenda loucura. – avisou Dean ao homem que era seu avô materno

– Certo – incentivou-o Samuel

– Mary é minha mãe.

– Como é?

– E eu sou seu neto. E sei do que estou falando.

– Como é que é, filho?! – o homem fez expressão incrédula

– Meu nome é Dean Winchester. Nasci em 24 de janeiro de 1979. Meus pais são Mary e John Winchester.

– Eu não tenho que escutar isso.

– Mary é morta por um demônio dos olhos amarelos em 1983. E acho que o que aconteceu hoje à noite, foi quando ele descobriu sobre ela. Se não pegarmos essa coisa agora e matarmos, e se ele fugir... então Mary morre.

(...)

Dean chegou ao local com o carro, mas parou aterrorizado ao ver a cena diante de si. John estava caído e morto no chão com a cabeça no colo de Mary. Esta, abaixada, beijava os lábios de seu pai cujo corpo já estava morto, mas era possuído pelo demônio Azazel. Selavam um pacto.

O demônio percebeu a aproximação do caçador e desgrudou os lábios dos da moça e virou-se para o loiro. Este saiu do carro desesperado.

– Não! – gritou e foi tentar atirar na criatura

Todavia, este saiu do corpo de Samuel cujo corpo caiu inerte. O loiro olhou estarrecido para sua jovem mãe. Ela o olhava de modo acusador. De repente, John voltou à vida.

– Mary? – disse confuso

– John. – ela o envolveu aliviada nos braços

Dean os observava com um nó na garganta. Não pôde interromper o desenrolar dos fatos tal como havia ocorrido no passado. Nesse momento, Castiel apareceu para buscá-lo.

(...)

Anna começou a gritar, ergueu o tronco sobre a cama e contorceu-se de dor enquanto Pamela instigava-a a se recordar de suas lembranças mais profundas. Do lado de fora do quarto do pânico, estava Ruby. Aporta se fechou e trancou-se sozinha. No interior, as lâmpadas faiscaram e começaram a se quebrar. Dean e Sam procuraram se proteger com os braços.

– Acalme-se, está tudo bem. – garantiu Pamela

– Ele vai me matar! – gritou Anna

– Anna – Dean se aproximou para tentar acalmá-la

– Dean, não – Pamela o alertou, mas não adiantou.

Anna totalmente descontrolada o acertou com o braço e derrubou-o em cima de uma cadeira que ele quebrou na queda. Ana se deitou no colchão outra vez e Pamela se debruçou sobre ela:

– Acorde em 1, 2, 3, 4, 5. – ordenou a médium e colocou a mão em sua testa – Anna?

A jovem ruiva se acalmou. Sam acudiu o irmão e ajudou- a se levantar.

– Anna? – Pamela tornou a chamá-la para que despertasse. Finalmente, ela abriu os olhos – Você está bem?

Ela não respondeu de imediato. Aos poucos, foi se sentando. Olhava fixo para a médium.

– Obrigada, Pamela – agradeceu – Isso ajudou muito. Agora me lembro.

– Do quê? – indagou Sam

– De quem sou. – respondeu olhando para ele

Dean a olhava estarrecido. Trocou um olhar com o irmão.

– Eu pergunto. Quem é você? – inquiriu o loiro

– Sou um anjo.

(...)

– Você não devia mesmo ter vindo – declarou Cass para Anna

Súbito, dois anjos apareceram e agarraram a ruiva um em cada braço

Cass virou o rosto tentando ocultar o constrangimento por sua traição.

Anna o olhou magoada, mas não disse mais nada. E logo foi levada dali.

(...)

 

– Você... você transou com ela? – indagou Dean espantado apontando Meg

– Ei, ela está no corpo da Vic! Como eu podia adivinhar? – justificou-se

O loiro o olhou com repugnância.

– Há! Isso você vai ter que explicar pra sua namoradinha. Nossa! Ela está gritando que nem uma fúria aqui dentro imaginando mil formas de me triturar. Vai sobrar pra você, Sam.

(...)

– Você... está terminando comigo? - ele não podia acreditar

– Até segunda ordem sim. Agora, saia!

Ele a olhou perplexo e não se moveu. Ela pegou a mala de Sam e ia passar por ele para abrir a porta.

– Vic, espera, vamos conversar – ele tentou pegá-la pelo braço

– Não, Sam, sem conversa! – ela se libertou e avançou até a porta. Abriu-a e jogou a mala com as roupas do Winchester no corredor. – Agora, fora!

 

Capítulo 27

O Exterminador do Futuro (1ª parte)

Conviver com Sam e Vic nos últimos três dias havia se transformado num verdadeiro inferno para Dean.

Nem mesmo na época em que o fato dos dois namorarem o incomodava bastante era algo tão penoso. Agora tinha que servir como intermediário para suas discussões.

Tudo começou, pela manhã, algumas horas depois do incidente com Meg. Sam disse a Dean que iria ao quarto de Vic só para pedir sua escova de dente e o aparelho de barbear que havia esquecido por lá. O loiro sabia que era só um pretexto do irmão para verificar se Collins estava mais calma e tentar fazerem as pazes. Todavia, a entrada tempestiva e expressão furiosa do moço ao retornar revelava que havia fracassado. O mais velho nem quis comentar nada.

Em seguida, após arrumarem sua bagagem, foram chamar Victoria para tomar café juntos. Péssima ideia. Ela foi com eles, mas se postou ao lado de Dean e, em nenhum momento, dirigiu o olhar ou a fala para Sam. Este, por sua vez, estava amuado. E ficou mais ainda quando Collins começou a puxar assunto só com seu irmão mais velho.

O loiro sabia que era alvo da aura assassina de seu maninho, porém, deu toda atenção para Vic não para provocar Sam, mas para acalmar os ânimos da caçadora. Sabia que estava no meio de um conflito silencioso entre seus companheiros e isso o deixava desconfortável.

Até então nenhuma faísca entre eles, embora a tensão estivesse no ar. Entretanto, ao se sentarem à mesa de uma lanchonete para fazerem seus pedidos, as coisas foram ficando mais tensas. Ele e o irmão se sentaram lado a lado e Vic de frente para o loiro. Ignorava Sam o tempo todo. Este olhava ora para baixo, ora para os lados. Em dado momento, Collins se dirigiu a Dean:

– Dean, preciso te pedir um favor.

– Qual? – ele perguntou, mas sabia que o irmão olhava para eles atento.

– Depois do que aconteceu comigo, preciso me prevenir. Onde posso fazer uma marca igual a essa que você tem contra possessão demoníaca?

Antes que o loiro respondesse, Sam se adiantou:

– Fica um pouco longe daqui, em outro Estado. Tem um homem que se faz passar por tatuador, mas é especialista em fazer marcas de proteção nos caçadores. Podemos passar por lá antes de pegarmos esse caso dos vampiros.

Era melhor não ter dito nada porque Vic destilou acidez em suas palavras.

– Dean, avise ao seu irmão que se quiser falar qualquer coisa comigo, não me dirija a palavra diretamente. Se quiser, fale por você.

Opa! Aquilo era mal! Se Collins havia começado o jogo do “fala pra ele” tal como havia feito com Dean quando investigavam o caso de Jesse era porque estava muito zangada com Sam.

– Er... Sam... Ela disse que se você quiser falar com ela...

– Muito bem! – Sam o interrompeu irritado e entrou no jogo – Pois diga pra ela que eu só estava querendo ajudá-la.

– Olha, Vic, o Sam disse... – tentou o loiro

– Então diga pra ele que não preciso da ajuda dele. Foi pra você que perguntei.

– Er... – Dean estava cada vez mais atrapalhado

– Diga pra ela que pode deixar, eu vou me lembrar bem disso da próxima vez.

– Olha, Vic...

– Fale pra ele que pra mim está ótimo. Ele deveria ter feito isso desde o começo.

– Er, Sam...

Mas depois dessa última resposta, Sam não disse mais nada. Tampouco Victoria nem mesmo para Dean. Os dois simplesmente viraram os rostos cada qual um para o lado. Dean ficou aliviado que se encerrasse por aí.

Ledo engano. Tal cena se repetiu em vários momentos naqueles dias. A última vez foi logo após irem ao especialista que fez a tatuagem em Victoria nos fundos da loja enquanto eles aguardavam.

Sam não gostou nem um pouco quando Collins declarou que faria o símbolo nas nádegas e, também gostou menos ainda da cara de satisfação que o tatuador fez. Aquilo cheirava à provocação. Porém, o Winchester não disse nada; não daria aquele gosto a ela. Mas se olhar matasse, o homem da loja estaria morto.

Dean também não gostou e achou tal atitude de Vic um tanto como ofensiva, embora ela e Sam estivessem meio que “dando um tempo.” Contudo, não fez nenhum comentário a respeito ao irmão para não alimentar mais ainda a raiva dele. Já era penoso ficar no meio de uma verdadeira guerra fria entre os dois.

Todavia, assim que saíram do local (Dean andava ultimamente no meio deles), Sam não conseguiu evitar soltar um comentário num tom irritado:

– Não sei pra quê fazer uma tatuagem nas nádegas.

– Dean, você por acaso ouviu alguém falar alguma coisa neste instante? – indagou Victoria provocativa sem se voltar para o loiro.

– Er... – o loiro ficou sem graça – Bem, foi o Sam que disse que não sabe pra quê fazer uma tatuagem na bunda.

– Eu disse nádegas – corrigiu o mais moço.

– Ora, diga bunda de uma vez! – tornou Dean

– Pois diga ao seu irmão que onde faço ou deixo de fazer tatuagem não é da conta dele – retrucou Victoria ríspida.

– Ui! – exprimiu Dean como se fosse ele o atingido – Bem, er... Sam...

– Ah, me desculpe, pensei que eu fosse seu namorado. – tornou Sam com ironia amarga – Diga isso a ela.

– Olha, Vic, ele... – começou o loiro

– Não, não é mais. – ela parou no meio da rua. Eles também. Vic olhava nos olhos de Dean, embora desse para enxergar Sam de perfil – Se ele está lembrado, eu disse que estava terminando com ele.

O loiro tentou falar, mas dessa vez nem conseguiu abrir a boca quando o irmão o interrompeu:

– Até segunda ordem. Foi isso que ela disse.

– Sim, mas...

– Ei! Espera aí! – esbravejou Dean alternando o olhar entre os dois – Sinceramente assim não consigo passar recado nenhum. E vem cá... não dá pra vocês resolveram isso como adultos conversando diretamente um com o outro?

– Não! – falaram ao mesmo tempo num tom alto que fez o Winchester recuar.

– OK, gente, podem... podem falar. Mas, por favor, mais... devagar.

– Quer saber? Vou falar só mais uma coisa – retrucou Vic com olhar fito em Dean – Eu não namoro homens que gostam de transar com demônios e escutam as sugestões erradas deles. Mas acho que eu não deveria ficar surpresa. Essa parece ser uma tendência do seu irmão. Veja o que está acontecendo no mundo!

Mal acabou de falar, Collins desejou não ter aberto a boca. Dean fez uma cara estarrecida. Quanto a Sam, ainda que Collins o observasse pelo canto do olho, ela viu sua expressão ferida. O moço nada disse, apenas sua garganta deu um nó, ele assentiu, afastou-se e atravessou a rua até chegar do outro lado onde estavam os carros.

Vic fechou os olhos e sentiu como se a mágoa que causara em Sam fosse em si própria. Em seguida, contemplou a face de Dean. Ele a olhava com reprovação. Também nada disse, apenas balançou a cabeça e também atravessou a rua.

Collins mordeu os lábios com raiva de si mesma. Ficou ali parada e esperou os rapazes partirem com o Impala preto na frente. Assim que eles se foram, ela se encaminhou até seu veículo. Abriu a porta, mas tornou a fechá-la com estrondo.

– Droga! – praguejou

– 0 –

Era de noite. No dia seguinte, estariam na cidade a qual se dirigiam para descobrir um ninho de vampiros e matá-los. Victoria estava sentada em seu Impala escutando música no estacionamento de um motel. Seus olhos estavam fechados enquanto ela absorvia a letra da melodia que tocava:

I hear the ticking of the clock

I'm lying here, the room's pitch dark

I wonder where you are tonight

No answer on the telephone

And the night goes by so very slow

Oh i hope that it won't end though

Alone

 

Eu ouço o tic-tac do relógio

Eu estou deitada aqui, no escuro total do quarto

Eu gostaria de saber onde você está esta noite

Sem respostas no telefone

E a noite passa tão lentamente

Oh, eu espero que isso não vai acabar mesmo estando

Sozinha

 

Desde que ela e Sam haviam brigado, Collins se sentia mal, embora se fingisse de forte. Em seu íntimo, sabia que Sam não tinha culpa do ocorrido com Meg. Mas as lembranças de ver o namorado e a demônio se pegarem através de seu corpo a feriam por dentro.

 

Till now i always got by on my own

I never really cared until i met you

And now it chills me to the bone

How do i get you alone

How do i get you alone

 

Até agora eu sempre vivi por conta própria,

Eu nunca me importei até encontrar você

E agora isso me arrepia até os ossos

Como faço para ter você, sozinha?

Como faço para ter você, sozinha ?

 

Estava no banheiro quando Meg se apossou de seu corpo naquela noite em que se preparava para sair com Sam enquanto ele estava no quarto com Dean. Ela teve a sensação de alguma coisa que a espreitava. Olhou para a janela como se o perigo viesse dali e fechou-a. Todavia, o ato não impediu que uma fumaça preta entrasse pelo cômodo e invadisse seu corpo e mente.

 

 

You don't know how long i have wanted

To touch your lips and hold you tight

You don't know how long i have waited

And i was going to tell you tonight

But the secret is still my own

And my love for you is still unknown

Alone

 

Você não sabe o quanto tempo eu desejei

Tocar os seus lábios e te abraçar apertado

Você não sabe quanto tempo eu esperei

E eu estava indo dizer-lhe esta noite

Mas o segredo ainda é meu

E o meu amor por você continua desconhecido ...

Sozinha

 

Foi horrível sentir que não tinha mais domínio sobre si. De ouvir Meg zombar dela por ter sido uma presa fácil e de usar seu corpo para seduzir e aproveitar-se de seu namorado. Todas as sensações que a demônio tinha nos braços de Sam, o prazer, o êxtase, ela sentia como se fossem dela própria, entretanto, uma raiva impotente a consumia enquanto ela via pelos olhos de Meg o deleite do Winchester, por saber que era a maldita e não ela que proporcionava aquilo a ele.

 

 

Till now i always got by on my own

I never really cared until i met you

And now it chills me to the bone

How do i get you alone

How do i get you alone

 

Até agora eu sempre vivi por conta própria,

Eu nunca me importei até encontrar você

E agora isso me arrepia até os ossos

Como faço para ter você, sozinha ?

Como faço para ter você, sozinha ?

 

 

A vagabunda ainda teve o descaramento de tentar seduzir Dean. E quando Meg declarou estar apaixonada pelo Winchester como se fosse ela, Vic quis sumir na mesma hora. E quase se perdeu de prazer ao sentir a excitação que Meg experimentou ao ter os lábios e o corpo tomados pelo loiro. Mas ao mesmo tempo, ficou aflita. Querendo ou não, ia trair Sam. Felizmente, Dean se deu conta do que ocorria a tempo.

 

 

How do i get you alone

How do i get you alone

 

Como faço para ter você, sozinha ?

Como faço para ter você, sozinha ?

 

 

Vic ouviu uma leve batidinha no vidro da porta do Impala. Abriu os olhos despertando de suas últimas recordações. Era Dean. Ela abaixou o vidro.

– Podemos conversar? – indagou o loiro com o corpo debruçado para a porta. Collins fez menção de sair, mas ele a deteve.

– Podemos conversar aí dentro mesmo? – inquiriu

– Claro. Entre.

 

 

Alone

Alone

Sozinha ...

Sozinha ...

 

O loiro deu a volta e abriu a outra porta do veículo. Entrou e sentou-se no banco de passageiro. Victoria desligou o som.

– Era Heart? – indagou o loiro perguntando sobre o nome do grupo

– Sim.

– Não faz bem meu estilo porque eu acho meio meloso, mas... o som até que é maneiro – disse com um sorriso e olhou o interior do veículo – Uau! Finalmente tenho a chance de conhecer o misterioso carro da Indomável.

Vic riu.

– E o que acha?

– É a sua cara – disse ele – E... tem o seu cheiro também.

Victoria desviou o olhar um pouco embaraçada pelo comentário. Dean se deu conta do que dissera e resolveu abordar o assunto que queria tratar:

– Vic, olha, eu vim pra falar sobre o Sam e sobre o que está acontecendo com vocês.

– Que legal! Agora o seu irmão te manda como intermediário das conversas dele – ela tornou com sarcasmo.

– Olha, em primeiro lugar foram vocês que me puseram nesse papel de pombo-correio das suas discussões. E em segundo lugar, não estou aqui pra intermediar nada, pelo menos não a mando do Sam. E se ele souber, me mata. Às vezes, ele é bastante orgulhoso como eu.

– Certo. Então o que você tem a me dizer?

– Vic, vocês tem que parar com isso. Não faz mais sentido essa briga de vocês. Se você queria castigar o Sam, pode apostar que deu certo. O cara tá parecendo quase um zumbi. Anda até meio desligado.

– Sério? – aquilo a deixou um pouco pesarosa

– É, e eu tô apavorado. Já é tempo de você parar com isso.

– Sabia que você ia ficar do lado dele! – esbravejou – São irmãos e é homem igual a ele!

– Ei, ei! Calma! Também não é assim! Não estou do lado de ninguém! Se resolvi tentar me meter nesse assunto de vocês é porque a coisa tá preta. E admita, Vic, hoje você exagerou com o que disse depois que fomos fazer sua tatuagem.

A caçadora não retrucou de imediato. Suspirou e disse:

– Certo. Eu sei. Não devia ter falado aquilo. Eu toquei fundo na ferida dele.

– Ah, que bom! Estamos começando a nos entender.

– Mas, Dean, isso não quer dizer que eu desculpe Sam pelo o que ele fez. Ele me traiu com uma demônio!

– Vic, tecnicamente ele não fez isso. Primeiro, porque foi no seu corpo que ele tocou, não de outra mulher. Tá, eu sei, não era você no comando – ele se adiantou ao ver que ela ia protestar – Mas ele não sabia disso. Ele achava que estava com você e não notou a diferença.

– Mas você notou e você nem é meu namorado. Não me conhece direito pra ter percebido.

– Discordo. Te conheço o suficiente pra saber que você nunca agiria daquela forma com o Sam. Você não é do tipo falso ou traiçoeiro.

– Achei que fosse a pasta de amendoim que te fez se tocar que aquela não poderia ser eu – ela brincou

– É, aquilo ajudou bastante – ele também brincou – De qualquer jeito, Vic, se eu fosse o seu namorado e não fosse a pasta de amendoim, eu também me teria deixado levar pela Meg.

Collins nada disse.

– Não digo isso por ser irmão do Sam ou ser homem, mas é porque eu acredito que a intimidade de vocês... er... as coisas que rolam entre vocês devem ser tão intensas que ele deve ter achado natural que você fosse agir do jeito que a Meg agiu.

Vic balançou a cabeça.

– Se fosse o contrário, se fosse Sam o possuído, eu teria percebido na hora que não era ele. – ela afirmou

– Será? – interpelou o loiro. Vic estreitou os olhos – Digo isso porque a Meg também já esteve no Sam.

– É mesmo? - Collins ficou espantada - Mas que vaca!

– Pois é. E eu custei a notar que não era ele mesmo. – Collins permaneceu calada com expressão pensativa – Talvez você notasse porque mulheres costumam ser mais intuitivas e observadoras que nós homens. Mas de qualquer jeito, Vic, tenha em mente o seguinte: o Sam nunca trocaria o que vocês têm por uma eternidade de prazeres com demônios.

– Nossa, Dean, essa foi romântica até pra você – Collins zombou.

– É, estou andando tempo demais com vocês. – sua expressão ficou séria – Imagino que está difícil pra você, mas acredite, também está muito difícil pro Sam, talvez mais pra ele porque se sente da mesma forma quando se deixou levar pela Ruby. Não deixe que a Meg destrua o que há entre vocês.

Vic virou o rosto e olhou para frente meditando sobre aquilo. O loiro achou que deveria deixá-la refletindo.

– Bem... é melhor eu ir – ele abriu a porta, porém, voltou-se para ela uma última vez – Só mais uma coisa, Vic – ela o encarou atenta. – Sobre eu... ter te beijado e aquelas coisas todas que a Meg insinuou sobre eu estar apaixonado...

– Tudo bem, Dean – ela o interrompeu – Sei que ela estava querendo te confundir e te manipular. Demônios são assim. Mentem. Assim como ela disse sobre eu estar apaixonada por você.

Um silêncio incômodo se instalou entre eles. Ambos engoliram em seco.

– OK – o loiro quebrou o clima. – Vou deixar você com... o Heart. Mas pense em tudo o que eu te disse.

E saiu do carro. Vic suspirou ainda confusa com toda aquela situação.

– 0 –

Anna Milton se aproximou de outro ser celestial que ocupava um corpo alto e esbelto, cabelos pretos e olhos verdes. No olhar da anjo de cabelos ruivos, havia um brilho de gratidão, respeito e veneração.

– Você mandou me chamar? – indagou ela

– Sim. – respondeu a outra – Você tem que avisar Dean e Sam do perigo que correm. Um dos anjos que te torturou vai tentar destruí-los, principalmente a Sam.

– Qual deles?

– Leonel.

– Leonel? – os olhos da ruiva se estreitaram ao reconhecer o nome – Quando?

– Logo.

– Você não pode impedir?

– Sabe que não. Não devemos interferir. Esse foi o erro dos outros anjos e de Miguel e Lúcifer.

Anna assentiu. Fez menção de sair, porém, a outra a avisou.

– Anna!

– Sim?

– Castiel está com eles.

Se a ruiva ficou surpresa não demonstrou.

– Então temos um problema – ponderou

– Não. Ele não é nosso inimigo. Não é seu.

Anna permaneceu calada.

– Tente não deixar que o que houve entre vocês na última vez atrapalhe sua missão.

A anjo concordou com relutância.

– Agora vá – ordenou a outra com suavidade

– 0 –

– Dean. – chamou Sam

– Sim? – respondeu o loiro

– Você beijou a Vic?

O loiro já esperava por aquela pergunta. O irmão quase não havia falado com ele durante aqueles dias, mas o encarava com certo rancor. Mesmo assim, Dean se fez de surpreso:

– Hein? Que pergunta é essa?

– Me responda. Você a beijou quando a Meg a possuiu?

Dean demorou alguns segundos para responder. Mas já havia ponderado que seria sincero até certo ponto.

– Tá... É, eu... eu a beijei .

Ao ver a fúria se estampar no rosto do irmão, acrescentou:

– Sam, foi mal, tá. Eu tinha... acabado de acordar de um sonho erótico com... uma chinesa. E de repente, a Vic... quer dizer, a Meg aparece em poucas roupas... como eu podia me controlar assim logo de cara? Ela soube como me envolver e eu me deixei levar.

Sam o olhou descrente.

– Qualé, Sam? Por acaso você me viu com ela na cama quando chegou no meu quarto? Eu me refreei a tempo. – suspirou – Eu jamais teria deixado as coisas irem tão longe. Nunca te magoaria nesse aspecto, Sammy. E muito menos a Vic.

Como o outro não respondesse, ele continuou:

– Foi por isso que eu notei que ela estava possuída.

– É, ao contrário de mim – a expressão de Sam se abrandou - Como eu pude ser tão idiota? Logo eu que costumo te criticar tanto com seu jeito com as mulheres.

– Sam, não se recrimine tanto. Até eu teria caído se estivesse no seu lugar. Olhe, dê tempo ao tempo. Logo a Vic vai perceber que não tem sentido brigar com você por causa da Meg.

– Tomara que não demore tanto como foi com você por causa da Ruby.

Dean nada replicou. Os dois se olharam longamente.

– Ela é menos cabeça-dura do que eu – declarou o loiro quebrando o silêncio

Finalmente, Sam esboçou um sorriso.

– Obrigado, Dean – disse ele – Sei que não estou sendo uma boa companhia pra você nesses dias.

De fato, Sam estava sempre amuado e quase não se dirigia ao irmão a não ser para usá-lo como intermediário em suas comunicações com Vic. Todavia, Dean o compreendia e também sorriu.

– Irmão é pra essas coisas. – disse

– Certo – Sam se levantou e apontou o dedo para ele – Mas esta já é a segunda vez que você beija a minha namorada. Sei que não foi... por sua iniciativa. Mas se fizer isso de uma próxima vez seja por engano ou qualquer outro motivo, eu juro que quebro a sua cara.

Sam falava sério, embora num tom leve.

– OK, irmão. Não se preocupe – tornou com um sorriso sem graça – Não haverá uma próxima vez.

Sam colocou o dedo no olho direito como quem diz “Estarei de olho”, pegou uma toalha e foi para o banheiro tomar um banho. Dean pretendia usar o recinto antes de se trocar para dormir, contudo, o programa que assistia na TV lhe deu sono e ele acabou por dormir assim mesmo na cama com roupa e tudo.

Não precisou exatamente quando começou a sonhar, entretanto, quando deu por si, estava no meio de um de seus sonhos. Disso ele tinha certeza. Era um lugar que se assemelhava a uma de suas fantasias mais secretas: o interior de uma boate. E aquela era rodeada de retratos do tronco feminino em roupas bem íntimas e abajures que refletiam uma luz vermelha. Uma mulher morena clara, cabelo bem curto, num vestido colante, botas e chifres em tom vermelho dançava num pequena pista circular. Ela se aproximou do loiro – seu único espectador – que estava sentado num cômodo sofá. Uma música bem agitada tocava.

– Retiro o que eu disse. Eu adoro o diabo – declarou Dean ao contemplar a visão à sua frente.

A moça se abaixou para o caçador e tocou levemente em seu queixo. Ele se arrepiou. Logo a moça se levantou e deu voltas para mostrar ao loiro o belo material de que era feita. Ele fechou os olhos deliciado. E quando tornou a abri-los, a morena estava abraçada com uma loira vestida de anjo e toda de branco em sua roupa íntima. Ambas dançavam enroscadas juntas olhando para ele. A expressão dele foi de surpresa.

E depois, as duas se desgrudaram e cada qual balançou o corpo para a admiração do homem.

– É isso que chamo de paz na terra – pronunciou encantado

As mulheres continuaram. A morena se virou de costas para a loira e esta colocou as duas mãos sobre a cintura de sua companheira formando um “trenzinho”. Em seguida, abaixaram-se e quase tocaram os lábios do homem. Aquilo estava cada vez mais interessante. Elas se afastaram e no centro do palco, estava Anna Milton vestida num casaco preto e em calças jeans. Dean a olhou surpreso.

– Anna? – perguntou incrédulo. Ele olhou para os lados meio desconcertado por ela testemunhar o que sua mente sórdida fantasiava – Só estava trabalhando em um caso.

– É sobre isso que você sonha. – ela disse num tom zombeteiro

Ele ficou sem palavras. Por fim, admitiu:

– Que mico!

A anjo sorriu e acercou-se dele

– Por que está invadindo minha mente? Por que não passou pelo motel? – inquiriu ele.

– Não consigo encontrar você – ela se sentou ao lado dele.

– O Cass fez essa coisa.

– Cass. Certo. – ela desviou o olhar para frente. Era como havia sido informada. – Esse é um amigo com o qual se pode contar. – seu tom era irônico.

– O quê? – Dean parecia confuso

– Ele não te contou?

– Contou o quê?

– Por onde eu estive? Claro que não. – concluiu ao sinal negativo da cabeça do loiro – Por que contaria?

– Por onde esteve?

– Na prisão. – fez uma pausa – Lá de cima. Toda a tortura, duas vezes mais falso moralismo.

– Por que ele não nos contaria onde você estava? – o loiro não podia acreditar

– Foi ele quem me entregou. Não fique tão surpreso. Sempre foi um bom soldado. Fazia tudo sob ordens.

– Não sabia. Você está bem?

Ela fez uma pausa mais prolongada. Não podia se deixar dominar pelo rancor por Cass. Isso era próprio de humanos e não deveria mais fazer parte dela. Além disso, estava numa missão.

– Agora estou. Eu escapei, por pouco. – respondeu – Por muito pouco.

– Precisa de algo?

– De nada. Mas tinha que te encontrar não por mim, mas por você e Sam.

– Como assim?

– Vocês correm perigo. Na verdade, é mais o Sam. Há um grupo de anjos, os mesmos que me mantinham prisioneira que temem que seu irmão diga sim a Lúcifer antes que Miguel tenha acesso a você. E eles vão arrumar alguém para matá-lo e espalhar as células do corpo dele pelo universo de modo que nem o Diabo consiga reconstruir.

– Droga! – ele praguejou – E você sabe onde e quando?

– Não. Mas sei o nome do que vai tentar matar o Sam. Leonel. Foi o que mais me torturou.

– Leonel – repetiu como para memorizar a informação

– Não posso falar mais nada. Tenho que ir...

– Mas Anna...

O loiro despertou do sonho antes que pudesse interpelá-la mais. Levantou-se agitado da cama ainda vestido. A TV estava desligada; certamente fora Sam.

– Sam! – ele deu um pulo da cama e tratou de acordar o irmão que repousava ao lado.

– Hunh? – o moço respondeu quase sem consciência

– Vamos , acorde! – Dean o balançou – Temos uma emergência!

– 0 –

Num veiculo de marca antiga cor marrom e algumas pinturas que o ornamentavam, estava um casal de namorados aos beijos e carícias. O rapaz tinha os cabelos longos e um pouco de cavanhaque. Quanto a jovem, seus cabelos estavam soltos com apenas um chumaço preso atrás e um trançado no topo da cabeça. Ambos vestiam roupas fora de moda para os anos 2000.

De súbito, alguém caiu no capô do carro. Os dois tomaram um susto.

– Meu Deus! – exclamou o rapaz. Saiu do carro assim como sua namorada para acudir a pessoa.

– Meu Deus! – repetiu a moça ao ver o sujeito que estava caído.

O indivíduo era alto, robusto, branco, cabelo negro bem cortado e olhos castanhos escuros. Uma aparência bastante agradável. Seu nariz sangrava.

– Você está bem? – indagou o dono do automóvel ao tentar levantar o moço que estava acordado, mas fraco.

– Temos que levá-lo a um hospital – declarou a moça também tentando levantar o homem – Vamos!

Eles conseguiram erguê-lo e levaram-no para dentro do carro. Estavam num beco com o muro de tijolos exposto e, afixado numa parede, estava um cartaz com John Travolta e Olívia Newton-John anunciando o filme “Nos Tempos da Brilhantina”

– 0 –

Assim que Dean acordou Sam e contou-lhe sobre o sonho com Anna, ligaram para Castiel. O anjo foi imediatamente até onde eles estavam e ouviu a conversa que Dean teve com a anjo e seu aviso.

– Não acredito nela – declarou o anjo – Pode ser um truque.

– Um truque da Anna? Mas por quê? – indagou Dean espantado.

– Ninguém consegue sair daquela prisão. Se ela saiu, é porque eles deixaram. Isso significa que ela quem deve estar planejando matá-los.

– Se é assim, por que ela perderia o tempo dela nos alertando de um falso perigo? – retrucou Sam – Não teria sido mais fácil ela combinar um local de encontro conosco para me emboscar?

Castiel não tinha resposta para isso.

– E sobre esse tal Leonel de quem ela falou? Ele existe mesmo?

– Sim. É o pior torturador do Céu e mais forte que a Anna ou eu juntos.

– Então o que a Anna disse é verdade.

– Mas ainda tenho minhas dúvidas.

Dean ia replicar, porém, nesse instante, alguém bateu na porta. O anjo e os caçadores ficaram de prontidão. Cass pegou sua lâmina de matar anjos e aproximou-se da porta. Fez sinal para que Dean respondesse.

– Quem é?

– Sou eu, Dean. Vic.

Sam ficou tenso. O que ela queria àquela hora? Quanto a Cass e Dean relaxaram. O anjo abriu a porta.

– Dean, desculpe se eu... – ela parou de falar ao ver que fora Cass e não Dean quem havia atendido – Cass? O que está fazendo aqui? – olhou do anjo para o loiro. Evitou encarar Sam. – O que está acontecendo?

– Entra aí, Vic, que a gente te explica. – respondeu o loiro. Ela entrou. – Você queria falar alguma coisa comigo?

Ela engoliu em seco. Desviou seu olhar para Sam. Na verdade, era com ele que pretendia conversar. Havia refletido sobre a conversa que teve com Dean. E também já não aguentava mais aquela situação entre ela e “seu Gigante”. Por isso, resolveu não esperar mais e ir conversar com ele mesmo que tivesse que acordá-lo àquela hora da noite.

Sam ficou na expectativa e também engoliu em seco. Era a primeira vez desde a briga deles que Collins o fitava de frente.

– Nada. – negou Victoria com a cabeça e desviou seus olhos do Winchester mais moço voltando-os para o mais velho – Pode esperar.

Sam baixou a cabeça frustrado, porém, não disse nada.

– Mas vocês ainda não me disseram o que está acontecendo. – tornou ela

Em rápidas palavras, Dean relatou os fatos.

– Peraí, deixa ver se eu entendi. Essa tal de Anna que é um outro anjo amiga de vocês te avisou que... o Sam está em perigo? – ela olhou para seu amado sem esconder sua preocupação. Sam a olhou com intensidade. Ela voltou a olhar Dean – E o Cass acha que pode ser uma mentira dela? Por que você acha isso, Cass?

– Por que ela estava presa no Céu. Eu... fui responsável por enviá-la pra lá.

– Você? – Collins ficou espantada

– Sim, mas me arrependo muito disso. Eu... era um... como vocês falam na linguagem de vocês?

– Um babaca – completou Dean

– Isso. Mas de qualquer jeito, Anna jamais conseguiria sair de lá se eles não tivessem a libertado.

– Eu ainda acho que você está enganado. Não poso acreditar que a Anna nos trairia assim. – retrucou Dean

– Só porque vocês tiveram um romance, não significa que ela permaneceria leal a você pela eternidade. Sei muito bem como o pessoal de lá pode ser convincente.

– Er... Um momento. O que você disse? O Dean... e essa Anna? – Vic sentiu um nó no cérebro ao ouvir tal informação. Cass assentiu. Ela ficou horrorizada e voltou-se para o loiro – Meu Deus! Dean, como pode ter salvação para alguém como você? Não perdoou nem o anjo!

Sam soltou um pequeno riso.

– Ei, não precisa também se escandalizar. – o loiro levantou as mãos – Na época que a gente a conheceu, ela era tipo um anjo caído e tinha se tornado humana. Olha, outro dia, eu te conto a história. – voltou-se para Castiel – Cass, não tem como verificarmos se a informação da Anna é verdadeira?

– Sim, posso fazer uma espécie de feitiço de localização pra saber onde se encontra o Leonel. Assim poderei saber se ele realmente está tramando algo contra vocês. Mas vou precisar de algumas coisas.

– OK. Pode falar que a gente providencia.

Após arranjarem o material de que o anjo precisava, ele dispôs tudo sobre a mesa do quarto e começou a desenhar a giz no móvel um estranho símbolo em forma de círculo com algumas linhas que o intercruzavam. Sam estava sentado na beira da cama; Vic numa cadeira e Dean andava de um lado para o outro. Aguardavam ansiosos.

Sam e Vic evitavam se olhar diretamente; entretanto, quando Sam não olhava para Vic, esta o fitava e vice-versa. A vontade de Collins era deixar sua birra de lado e postar-se ao lado de “seu Gigante”, porém, talvez pela presença de Cass e de Dean, não se animava a tomar tal iniciativa.

– O plano para me matar... Impediria mesmo o Satanás? – Sam inquiriu Castiel quebrando o incômodo silêncio.

Vic olhou preocupada de Sam para o anjo.

– Não, Sam. Fala sério – Dean respondeu como se a pergunta lhe fosse dirigida.

– Cass, o que você acha? A Anna tem razão?

Os caçadores aguardavam um pronunciamento do anjo.

– Não. Isso só... retardaria os planos dele. – afiançou Cass – Acredito que ele encontraria alguma outra forma, um outro receptáculo não muito eficiente, mas que pudesse substituir Nick no tempo que fosse necessário para ele iniciar o Apocalipse. De qualquer jeito, duvido que consigam matar Sam seja mesmo Leonel ou ela.

– Não entendo. Estamos procurando pelo anjo que quer matar o Sam? – tornou Dean – Por que cutucar o urso?

Vic se fez a mesma pergunta, embora não a pronunciasse em voz alta.

– Eles continuarão tentando – continuou Cass ao despejar um pequeno pó vermelho dentro de uma tigela de ferro a qual colocou no meio do símbolo – E conheço Leonel. Ele não vai desistir até o Sam morrer. Então, o mataremos primeiro.

Por fim, ele terminou de preparar os ingredientes para o feitiço. Começou a pronunciar algumas palavras enoquianas. Súbito, uma chama vermelha saiu de dentro da tigela assustando os caçadores, mas logo ela se apagou.

Castiel deu alguns passos para trás cambaleante e apoiou as mãos no encosto de uma cadeira. Os caçadores ficaram apreensivos. Após alguns instantes, ele respirou profundamente para tomar fôlego.

– Encontrei Leonel. E... posso senti-lo. Posso sentir sua intenção assassina. Sim, ele pretende mesmo matar o Sam.

Vic olhou apavorada para Sam; este correspondeu ao seu olhar. Dean também ficou perturbado, mas não deixou transparecer.

– Onde ele está? – indagou

– Não onde – retrucou Cass – Quando. Em 1978.

– Como é? – perguntou Sam e levantou-se da cama. Aproximou-se de Dean que estava parado no meio do quarto tão confuso quanto ele – Por que em 1978? Eu nem tinha nascido.

– E não nascerá... Se ele matar seus pais.

– O quê? - Vic e Sam falaram ao mesmo tempo. Trocaram olhares, porém, a caçadora se levantou e postou-se do outro lado de Dean.

– Leonel não pode chegar até você por minha causa. Ele já deve saber que você não pode ser encontrado. Então, ele irá atrás deles.

– Leva a gente agora. – ordenou Dean

– E entregá-los a Leonel? Eu deveria ir sozinho.

– São nossos pais, Cass! Nós vamos.

– Não é tão fácil assim.

– Por que não? – inquiriu Sam.

– Viajar no tempo era difícil mesmo com os poderes celestiais à minha disposição.

– Mas foi expulso.

O anjo assentiu.

– Você é tipo um Delorean sem plutônio suficiente? – tornou Dean

– Não entendo essa referência.

Vic não pôde deixar de sorrir.

– Dean quis dizer que você é como um campo de energia sem força suficiente. – esclareceu Collins.

– Ah, certo. Algo assim – concordou ele – Mas vou logo avisando, fazer essa viagem, com passageiros, no mínimo... – balançou a cabeça -... me enfraquecerá.

– São nossos pais – insistiu Dean se aproximando do anjo

– E são como se fossem meus sogros – disse Vic sem pensar. O loiro virou a cabeça para olhá-la; Sam também a fitou com intensidade. Ela observou melhor o rosto dele e deu-se conta de que havia falado demais. Desviou o olhar e abaixou a cabeça. Dean voltou sua atenção pra Cass:

– Se pudermos salvá-los e não só desse tal Leonel, se pudermos acertar as coisas... Temos que tentar – disse decidido

Cass balançou a cabeça para os lados, porém, não contestou. Resolveu atendê-los. Depois, providenciou alguns itens de que precisariam dentro de uma bolsa. Voltou-se para os Winchesters e Collins:

– Prontos?

– Não exatamente – admitiu Sam

– Eu estou. – disse Vic com firmeza pegando no ombro do anjo. Trocou um último olhar com Sam.

– Dobrem os joelhos – avisou Dean por entre os dentes. Ele sabia que a aterrissagem não era muito agradável. Já havia feito uma viagem no tempo para a mesma época onde encontrara seus pais mais jovens.

Castiel encostou os dedos nas testas dos irmãos e, logo, todos eles partiram dali.

Quando deram por si, Dean, Sam e Vic estavam juntinhos meio que agachados no meio de uma rua. Eles respiraram acelerado como se tomassem fôlego. Collins estava no meio deles. A mão de Sam estava apoiada em um de seus ombros. Ambos sentiram a eletricidade entre eles. Olharam-se brevemente.

Um veículo antigo buzinou interrompendo a interação. Os três se viraram. O motorista freou de uma vez quase os pegando.

– Caramba! – esbravejou o homem

Eles fizeram um sinal com a cabeça e o braço com ar de desculpas e saíram da frente. Todavia, quase que outro carro os pega. Por fim, chegaram próximos a uma calçada entre dois carros encostados. Respiraram aliviados.

– Conseguimos? – perguntou Sam olhando mais para Vic do que para Dean.

A caçadora nada disse. Apenas desviou o olhar. Sam revirou os olhos. Alheio ao clima, pois observava o local, Dean respondeu:

– A não ser que tenham voltado a fabricar Ford Pintos, eu diria que sim.

Olharam ao redor. Avistaram Castiel caído encostado na lateral de um dos carros.

– Cass? – Dean o chamou preocupado

Correram até ele.

– Vai com calma, beleza? – disse o loiro e tratou de levantá-lo, mas ele quis ficar sentado no meio-fio.

– Está sangrando – Vic disse o óbvio.

De fato, escorria sangue do nariz e boca do anjo. Ele estava muito fraco.

– Estou bem – disse com dificuldade

– Não está não – afiançou Victoria.

– Sim, estou – afirmou – Estou muito melhor do que eu esperava.

Entretanto, como para contradizê-lo, mais sangue saiu de sua boca fazendo-o tossir. Ele se curvou sufocado. Os irmãos o seguravam. Vic o olhava de pé aflita. Sam colocou a mão na frente do nariz para verificar sua respiração.

– Está respirando um pouco. – disse – O que fazemos?

– Que pergunta! Levá-lo ao hospital, é claro! – replicou Vic esquecendo por instantes que não estava falando com o Winchester diretamente.

– Não, tenho uma ideia melhor – disse Dean – Vamos, Sam, me ajude com ele!

Os dois ergueram o anjo e carregaram-no. Vic os seguiu.

– 0 –

Em outra parte da cidade, num hospital público, um médico verificava a pulsação do indivíduo que havia sido trazido pelos dois jovens em cujo carro ele havia caído. Estava deitado numa maca. Parecia um pouco melhor. A hemorragia de seu nariz havia cessado.

De repente, o sujeito abriu os olhos e as funções de seu corpo se normalizaram. O médico ficou surpreso com tão súbita recuperação.

– Oi, meu jovem, que bom que você acordou! – disse ele se inclinando sobre o paciente – Como se sente?

– Preciso ir – disse ele se levantando.

– Não, você não deve. Precisamos...

Todavia, foi interrompido quando o sujeito encostou um dedo em sua testa. O médico caiu desacordado no chão como se tivesse sido atingido por um raio.

O sujeito saiu da maca vestindo a roupa de paciente, porém, cambaleou. Droga! Ainda estava fraco, embora se sentisse melhor. Mas não queria ficar ali sendo tratado como mero mortal. Resolveu que iria para algum lugar mais relaxante repousar para recuperar as energias. Assim, poderia também meditar em como cumprir sua missão.

Ele não podia falhar.

– 0 –

Os caçadores decidiram levar Castiel a um motel para alugar um quarto para ele se recuperar. Vic não aprovou o expediente, porém, concordou com Dean que seria menos burocrático e demorado do que levá-lo a um hospital. E tempo era o que eles menos tinham.

Enquanto os rapazes instalavam Castiel, Collins resolveu procurar pelo endereço dos pais dos rapazes numa lista telefônica que estava numa cabine por ali perto.

– Vá atrás dela, Sam – disse o loiro enquanto ambos carregavam Castiel no corredor que dava para o quarto. – Eu posso cuidar sozinho do Cass e fazer seu registro.

– Agora? Não acho que seja uma boa hora.

– Sam, você consegue resolver isso em minutos se quiser.

– Não é assim, Dean. E depois, não vou ficar correndo atrás da Vic igual um cachorrinho. Se ela quiser me desculpar, ela que chegue em mim.

O loiro olhou para o alto e soltou um suspiro.

– Você é quem sabe – disse e deixou o anjo escorado no irmão para que pudesse abrir a porta do quarto. – Só que se eu fosse você não deixaria a Vic dando sopa. Vi alguns caras secando ela e as roupas dela são... um pouco sexy demais para esta década.

Sam meditou por alguns instantes. Por fim, disse:

– Aqui. Tome o Cass – ele passou o anjo cambaleante com cuidado para o irmão.

E correu até onde estava Victoria.

– É, Dean, você e sua grande boca. Agora fica com todo o trabalho – bufou – Nossa, Cass, você pesa um bocado!

E carregou o anjo para dentro.

– 0 –

Vic havia acabado de encontrar o endereço dos pais dos Winchesters na lista quando Sam se aproximou.

– Vic. – ele disse

Ela levantou a vista da lista ao ouvir a voz dele. Engoliu em seco.

– Olhe, o Dean não está mais aqui pra servir de mensageiro, pelo menos não agora – brincou, mas ela continuou o encarando séria. Ele suspirou – Será que você e eu não podemos acabar com isso? Essa situação está me deixando louco. – a voz dele assumiu um tom mais grave – Sinto a sua falta, falta das nossas conversas, dos seus beijos, do seu perfume e do seu calor. Sinto falta de nós.

Collins estremeceu pela última fala e não se conteve:

– Também sinto a sua falta.

– Então? Por que continuar com isso? – ele se aproximou mais – É só pra me punir?

– Não – ela balançou a cabeça – No começo foi, mas agora... – suspirou – Estou muito confusa, Sam. Eu sei que você não teve culpa no fim das contas sobre... o que aconteceu. Mas mesmo assim, pra mim está difícil.

– E acha que pra mim não?

– Eu... tento me colocar no seu lugar. Talvez se fosse comigo eu também não teria percebido o engano, mas mesmo assim quando me lembro do que você e aquela vadia fizeram, eu...

– Vic...

– Era meu corpo que você estava beijando e tocando. E sei que você pensou que fosse eu porque era meu nome que você chamava. Mas... o fato é que não era eu no controle. Foi muito... muito angustiante, Sam. Ver você pelos olhos dela, presenciar o prazer que você dava pra ela e que ela dava pra você. É algo que não tem palavras como descrever, me dá um nó no cérebro só de lembrar.

– Tá, eu entendo que deve ter sido uma barra. Eu lamento tanto ou mais do que você.

– Sim, eu sei. Eu só... só me dê mais tempo, tá? Eu pretendia conversar com você sobre isso quando fui ao quarto de vocês hoje... quer dizer, lá em 2010. Queria apenas pedir um tempo.

– Certo – Sam abaixou a cabeça um pouco frustrado.

– Só um tempo, Sam – ela procurou tranquilizá-lo – Não pretendo demorar. É só até eu conseguir assimilar essa situação melhor.

– Tudo bem – ele levantou a cabeça mais animado. Em seus lábios, um leve sorriso.

Bom, aquilo era um começo. Era melhor do que estavam nos últimos dias.

Vic sentiu o coração palpitar por aquele olhar e sorriso. Definitivamente Sam tinha um efeito devastador sobre ela não importa o quão zangada estivesse com ele.

– Você... encontrou o endereço dos meus pais? – indagou Sam mudando de assunto

– Ah... sim – disse ela procurando se concentrar e arrancou a folha da lista entregando-a para ele – Está deste lado.

Um casal vestido com roupas daquela época passou por eles. O homem tinha um bigode bem espesso. Vic riu.

– O que foi? – perguntou Sam com um sorriso

– Ali – ela apontou o homem

O Winchester virou a cabeça e alargou mais o sorriso.

Dean saiu do motel para juntar-se a eles. Viu que ambos riam de alguma coisa e olhou na mesma direção. Aproximou-se dos dois.

– Só os bigodes... – disse Sam para ele.

– Vejo que vocês dois se entenderam – ele disse os olhando com certa satisfação.

– Er... bem, mais ou menos.

O loiro fez cara de desentendido.

– Digamos que por enquanto vamos nos tratar apenas como amigos – respondeu Vic.

– Ah, legal. Então vão parar com aquela coisa de me usar como garoto de recados, né? Porque não nasci pra isso.

– É, Dean, pode deixar. Você está dispensado dessa função – disse Vic com ar de troça e trocou um olhar cúmplice com Sam

– OK, obrigado. – disse com ironia e assumiu um tom mais sério – Bem, gente, paguei pro Cass cinco noites na suíte de lua de mel. Falei pro gerente “Não perturbe, não importa o quê.” Sabem o que ele disse? “Relaxa. Quer comprar um baseado?”

Vic e Sam ficaram pasmos.

– Baseado – repetiu o loiro com descrença. – Deveríamos ficar por aqui, comprar ações da Microsoft.

– Talvez ficaremos se o Cass não se recuperar – retrucou Sam.

– Ele está bem? – indagou Collins

– Pareço com a Doutora Anjo, a mulher que cura? – perguntou irônico. – Ele acordará. Ele é durão para um nerdyzinho alado.

– Se ele chegou daquele jeito, tomara que o tal Leonel também – tornou Sam – Vai nos ganhar tempo.

– Vocês os encontraram? – olhou do irmão para Collins

– Sim. Os Winchesters. Número 485, Robin Tree. – Vic indicou um ponto na folha que Sam segurava.

– Vamos lá aparecer com os coroas. – disse se referindo a um dos carros antigos

– 0 –

Era de noite. Eles se dirigiam ao local com um carro azul que conseguiram roubar. Os rapazes iam à frente e Vic no banco de trás.

– Imagino que vocês estejam ansiosos pra reverem seus pais – comentou Vic para ambos, embora se dirigisse mais para Sam.

– É, eu estou. – admitiu Dean – Mas da última vez em que apareci pra matar saudades não devo ter deixado uma boa impressão pra minha mãe.

Vic assentiu. Dean havia lhe contado certa vez sobre o dia em que esteve naquele mesmo ano e testemunhou o pacto que sua mãe fizera e que mais tarde lhe custaria a vida.

– Também estou, especialmente com ela – respondeu Sam – Você sabe, minha mãe morreu quando eu era apenas um bebê, mas... Dean e meu pai me disseram várias vezes que ela era maravilhosa.

– Devia ser mesmo – ela sorriu – Estou ansiosa para conhecê-la e também a seu pai.

– Você vai adorá-los – disse o Winchester como se fosse apresentá-la como sua namorada.

– Claro. E eles vão querer saber pra quando é o casamento e combinar os detalhes – disse Dean com sarcasmo revirando os olhos - Gente, qual é, não podemos contar a verdade para eles.

– Por que não? – indagou Sam

– Ah, então vamos dizer simplesmente que seus filhos e sua quase nora estão “De volta do futuro” para salvá-los de um anjo “Exterminador?” Qual é! Esses filmes ainda nem foram lançados.

– Então falaremos que tem uns demônios atrás deles. Ela acha que você é um caçador, né?

– Que desapareceu logo após seu pai ter morrido. Ela vai me amar.

Vic riu da última frase.

– Olhem, só sigam minha deixa – concluiu após verificar que já estavam no endereço localizado.

Estacionou o veículo e saíram. Verificaram o número da casa e para lá se dirigiram. Tocaram a campainha. Logo uma moça loura muito jovem e bonita abriu a porta. Era Mary Winchester. Seu rosto sorridente assumiu uma expressão de assombro ao rever Dean. Ao seu lado, estavam Sam e Vic.

– Oi, Mary – disse o loiro num tom de desculpas.


Notas Finais


O link da música é este:
https://www.youtube.com/watch?v=1Cw1ng75KP0

A foto acima é do Leonel

É, gente, não será a Anna que vai tentar matar os pais dos Winchesters, mas outro anjo. Eu nunca aceitei o final que deram pra ela. Ela podia até ter morrido, mas defendendo os Winchsters e não como inimiga deles. Eu achei meio forçado ela ter mudado de lado mesmo com toda tortura pela qual passou.E, por outro lado, ela vai ser importante no desenrolar da trama mais pra frente. Vai haver uma conversa misteriosa entre ela e o Cass no próximo capítulo. O fato de eu poupá-la agora não significa que ela não vá morrer. Se eu decidir matá-la, só não será da maneira sem noção do jeito que foi na série. OK?

Até a próxima.


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