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História Almas Trigêmeas - Dia dos Namorados Macabro (Parte 1)


Escrita por: jord73

Notas do Autor


Bom, gente, outro capítulo. Ainda bem que estou conseguindo manter a frequência de postar a fic pelo menos duas vezes por mês. Mais uma aventura baseada num dos episódios da série. O episódio 14, My Bloody Valentine, cujo título traduzido é um nome de um filme e também resolvi colocar no título do capítulo, fazendo referência a esse filme estrelado por nosso querido Jensen Ackles, intérprete de Dean. Conservei a ideia central, mas quanto ao comportamento de Dean, será diferente como mostrado na série. OK?

Boa leitura!

Capítulo 31 - Dia dos Namorados Macabro (Parte 1)


Fanfic / Fanfiction Almas Trigêmeas - Dia dos Namorados Macabro (Parte 1)

Anteriormente:

E nem estava preparada para a reação dele. O que começou com um abraço solidário estava se tornando uma carícia sensual para ambos. As mãos do Winchester percorreram a extensão de suas costas de um modo nada inocente. O rosto dele se embrenhou pelo cabelo dela, sentindo sua maciez e o cheiro. Collins também deslizou as mãos pelo pescoço dele até suas costas. Pôde sentir a respiração dele se acelerar num arquejo em seu pescoço. E um volume se acentuou na calça dele encostado na virilha dela.

A mente de Vic mandava que ela se afastasse dali o quanto antes e voltasse para Sam, entretanto, seu corpo não lhe obedecia. Quando deu por si, Dean havia afastado um pouco seus corpos somente para pegar em seu rosto. Ele mirava alternadamente seus olhos e sua boca. Vic parecia hipnotizada. E tremia.

(...)

 

– Quanto a você, Sam, não precisa ficar constrangido com o que aconteceu. O Dean ia pro mesmo caminho. E foi tão difícil pra ele resistir!

Sam olhou de Meg para Dean com certa confusão. O loiro tentou explicar:

– Olhe, Sam, juro que não aconteceu nada...

– Não, apenas um beijo que você não resistiu em me dar. Ou melhor, na Victoria. – provocou a demônio.

(...)

– Na verdade, farei um favor aos seus pais.

– Qual?

– Apagarei suas mentes. Eles não se lembrarão de mim ou de você.

– Não pode fazer isso.

– Só estou dando à sua mãe o que ela quer. Ela pode voltar ao seu marido, sua família...

– Ela estará naquele quartinho de bebê.

– Obviamente. – virou-se outra vez e se afastou – E você sempre soube que isso ia acontecer de um jeito ou de outro.

(...)

– Victoria Collins. Sim. Você sabe o que ela representa. E sabe também que Dean e Sam são mais do que meros recipientes escolhidos por Miguel e Lúcifer.

– Você está mentindo – ele não podia crer. Ia de encontro com tudo o que sempre acreditou.

 

Capítulo 30

Dia dos Namorados Macabro (1ª parte)

Dean não parava de pensar em Victoria. Não era nenhuma novidade. Ele também estava com uma vontade enorme de agarrá-la. Também não era nenhuma novidade. O problema era que sua mente se focava nisso a cada cinco minutos desde que haviam chegado naquela cidade para investigar mais um caso.

Uma jovem de nome Alice havia morrido no próprio apartamento junto com um homem chamado Russel. O bizarro da história era que estavam começando a ter relações enquanto se comiam aos poucos. Não era uma metáfora. Devoravam as partes do corpo um do outro enquanto morriam e faziam sexo. Havia sangue por toda parte no domicílio.

Vic e Sam foram ao apartamento da jovem se encontrar com a irmã dela para colherem seu depoimento enquanto Dean foi ao necrotério da cidade a fim de analisar o corpo do casal. Havia voltado mais cedo do que seus companheiros e os aguardava em seu quarto para trocarem informações.

E volta e meia sua mente lhe produzia imagens de ele e Vic se agarrando ou simplesmente sentados dentro de seu Impala vendo o pôr do sol.

Deve ser o dia de hoje. Ou então é porque não pego ninguém há três dias, pensou tentando achar uma explicação. Hoje vou ter que liberar o monstro de qualquer jeito.

Concluiu que essa seria a melhor solução para aquela ânsia constante. E logo, Sam bateu na porta do quarto.

– Dean, chegamos – anunciou.

– Pode entrar, está aberto! – gritou ele.

O casal entrou. Dean sentiu uma comichão ao ver Victoria trajada como federal. Nossa, ela era tão linda! Ele balançou a cabeça para afastar os pensamentos lascivos. Collins também parecia perturbada em vê-lo.

– Como foi? – indagou. Estava sentado há um bom tempo numa cadeira com os pés em cima da mesa em que estava um laptop.

– Sem EMF, nem enxofre. Possessão demoníaca e espiritual estão fora – declarou Sam

– O que não quer dizer que não tenha nada de anormal – acrescentou Victoria evitando olhar Dean fixamente. O caçador havia notado há um tempo desde que chegaram à cidade e que também ela parecia perturbada às vezes só de conversar com ele. Aquilo o intrigou, mas não quis esclarecer. – A irmã dela nos contou que a Alice não tinha nenhum histórico de agressividade contra qualquer pessoa. Não falava palavrões, não bebia e... acredite ou não, era virgem.

– Sério? – abriu a boca – Quantos anos ela tinha?

– Uns vinte e cinco anos.

– Era uma espécie de freira?

– Não. Ela fez um voto de castidade pra só se entregar depois do casamento. E esse homem com quem ela estava era seu primeiro encontro amoroso depois de meses.

– Pois é, e deu no que deu. Se guardou tanto que quando resolveu se soltar, foi desastroso.

– Dean, não tem a menor graça – Vic o repreendeu.

– OK, eu sei. Foi só pra... descontrair.

Ele e Victoria se fitaram intensamente por um breve instante. O coração dele acelerou. E foi o primeiro a dissipar o contato visual esfregando os olhos com as mãos, simulando cansaço.

– Então o quê? – indagou como se questionasse o que poderia estar implicado no caso – Gente, e no legista? – não deu espaço para seus colegas indagarem e focou seu olhar no irmão – Vocês não viram os corpos. Esses dois começaram a se comer e continuaram. Os estômagos deles estavam cheios. Cheios como num jantar de Ação de Graças. Isso que é co-dependência!

– E qual o nosso próximo passo agora? – perguntou Collins

– Gente, não sei quanto a vocês, mas já é hora. – anunciou Dean ao esticar os dois braços para cima.

– Hora de quê?

– Alô? Sabe que dia é hoje? – zombou e apontou uma placa que havia sobre a mesa. Cortesia do motel desejando felicidades na data de São Valentim.

– É Dia de São Valentim. E daí? – retrucou Collins.

Ele a olhou pasmo.

– Não me diga que você e Sam não planejaram nada pra esse dia?

– Ora, Dean, é só uma data comercial como qualquer outra.

– Nossa, Sam, que namorada mais romântica você foi arrumar! – ironizou – Não sei quanto a vocês, mas eu vou comemorar.

– Você vai comemorar o Dia de São Valentim? – Collins soltou um riso curto

– É o dia preferido do Dean – confirmou Sam – Ele o chama... como mesmo?

– O Natal dos desapegados – completou o mais velho – É o dia que eu mais gosto de soltar o monstro.

– Me deixe adivinhar – Vic fez expressão pensativa - Você e um grupo de strippers numa boate.

– Ou um bando de mulheres solitárias em algum bar... dá na mesma. O importante é que é muito amor pra Dean Winchester dar e receber sem compromisso, sem dramas, sem brigas – ele olhou de modo significativo para o casal com um sorriso zombeteiro. Vic estreitou os olhos. E novamente, ele sentiu aquela força magnética o puxar para a caçadora. Imediatamente, levantou-se e pegou o terno que estava em cima da mesa e colocou-o nos ombros sobre a camisa branca que vestia – Pra vocês que ficam... até amanhã. – deu as costas aos seus companheiros, mas depois se virou - Ah, depois que terminarem as coisas por aqui, não se esqueçam de trancar o quarto pra mim.

Jogou as chaves para o irmão.

– Não vai trazer ninguém aqui? – indagou Sam

– Não, quero algo com mais estilo hoje.

Deu uma de suas costumeiras piscadas e estalar dos lábios e saiu assobiando. Sam balançou a cabeça achando graça. Quanto a Vic, ficou aliviada. Ela estava nervosa só de ficar próxima a Dean. Ainda bem que Sam não havia notado sua perturbação.

– Esse Dean... – foi tudo o que disse com as mãos na cintura.

– Quer saber, Vic? O Dean está certo. Nós deveríamos aproveitar essa noite para comemorar o nosso namoro. – ele sugeriu e enlaçou a cintura da namorada por trás.

– Não sei, Sam. – ela se virou para ele e colocou os braços em volta de seu pescoço – Faz tanto tempo que não comemoro essa data desde... –ela se interrompeu

– Desde a morte do Henry? – adivinhou Sam.

– É – confirmou com a cabeça – Não quero parecer antirromântica como disse o Dean, mas é meio estranho comemorar essa data depois de tanto tempo.

– Eu também não a comemoro desde a morte da Jessica – confessou – Mas, Vic, nós não podemos deixar de aproveitar momentos especiais como esse só porque nos trazem lembranças dolorosas. Nos não comemoramos o natal ano passado?

– É, mas deu uma confusão danada com aquela trickster – ela o lembrou.

– Certo. Com trickster e tudo, mas... comemoramos. E mesmo com a lembrança da perda das nossas famílias.

– Tá, foi.

– Pois então? Vamos também quebrar esse tabu. Eu sei que é só mais uma data comercial, mas isso não quer dizer que não podemos torná-la especial para nós.

– Uma celebração do nosso amor?

– Isso. Como é o propósito no dia de hoje. Que tal?

Collins sorriu e concordou com um aceno de cabeça. Ele também sorriu e deu-lhe um leve beijo nos lábios.

– OK, Winchester. Pra onde você está pensando em me levar?

– Na verdade, pra lugar algum. Fiz uma surpresa para você.

– Uma surpresa? – ela ficou curiosa.

– Sim. Está lá no nosso quarto. Vamos?

– Ah, vamos sim – entusiasmou-se.

– Mas você vai ter que fechar os olhos.

– Ah, não, Sam – reclamou com um beiço.

– Ah, sim.

Ela bufou.

– Está bem – concordou.

Eles saíram do quarto e trancaram-no conforme o pedido de Dean. Dirigiram-se ao quarto ao lado que era o deles. Pararam em frente à porta. Sam se postou entre ela e Victoria.

– Ó, você concordou. – apontou o dedo para ela – Vai ter que fechar os olhos.

– Tá bom! – disse olhando para cima e tapando os olhos com as mãos – Mas que seja rápido porque estou morrendo de curiosidade.

Sam se virou com um sorriso maroto e destrancou a porta. Abriu-a. Em seguida, conduziu a namorada pelos ombros no interior do aposento. Fechou a porta.

– Peraí... mais um pouquinho – ele disse enquanto trancava. Voltou a colocar as mãos nos ombros de Vic – Pode abrir.

Collins abriu os olhos aos poucos. E com eles, a boca.

– Gostou? – perguntou Sam entusiasmado com um sorriso

O lugar estava enfeitado com cortinas vermelhas, tapete da mesma cor e corações de papelão espalhados por todas as paredes do quarto. Na cama, até o travesseiro, coberta e os lençóis brancos haviam sido trocados por vermelhos e pétalas de rosas vermelhas estavam sobre o colchão. E no meio do local, uma mesa de jantar posta com um candelabro de velas acesas e algumas iguarias cobertas com papel alumínio prontas para serem degustadas junto com uma garrafa de champanhe. Victoria ficou sem palavras.

– E aí, Vic? Você gostou? – dessa vez, ele perguntou sério. Como ela não lhe respondesse, temia tê-la desagradado.

Collins se virou par ele.

– Sam... você... você preparou tudo isso só pra mim? – ela estava emocionada – Mas como?

–Bem, quando nós chegamos nesse motel, havia um anúncio desse serviço de um bufê e resolvi aproveitar. Pedi que eles fizessem tudo enquanto nós fomos à casa daquela moça investigar o caso. Eu avisei o recepcionista para abrir o quarto quando eles chegassem.

– Ah! Então foi isso que você falou pra ele àquela hora antes de sairmos – ela observou – E foi por isso que você quis que passássemos no shopping antes de voltar para cá. Foi pra ganhar tempo.

– É, eu tive medo deles não conseguirem fazer o serviço antes de voltarmos. Mas aí me avisaram por telefone lá no shopping – ele sorriu com ar travesso.

– Hum, danadinho! – ela balançou o dedo em riste para ele – Foi naquela hora... Você me enganou direitinho falando que era apenas o Bobby nos desejando Feliz dia de São Valentim. Eu devia ter desconfiado quando você disse que ele não podia falar comigo porque estava com pressa.

– Pois é – ele riu - Me avisaram que tinham acabado, foram rápidos. É, com o que me cobraram, tinham que ser. Ainda bem que ainda recebemos aquele benefício do tal bilionário misterioso.

Victoria ficou calada de repente. Alguma coisa a inquietava.

– O que foi, Vic? Você não gostou?

– Não, não é isso – ela desvaneceu a impressão e sorriu com os olhos marejados – Eu adorei, Sam! Eu... só não imaginava.

– Gostou mesmo?

– Amei! – ela garantiu com um sorriso mais aberto e acariciou a face dele – E você se arriscou a fazer algo tão bonito assim por mim mesmo eu não querendo comemorar. – suspirou – Nossa... quase que eu estrago tudo.

– Eu sabia que no fundo ia te convencer. E de qualquer jeito, você vale esse risco. – alargou mais o sorriso e fitou-a intensamente – Feliz dia de São Valentim, Victoria.

– Você não existe, Sam Winchester.

E se beijaram com paixão.

– 0 –

Dean circulava com o Impala pelas ruas da cidade. O pensamento em Victoria o perseguia.

Pare com isso e se divirta!

Havia vários bares abertos àquela hora decorados no estilo festivo do dia dos namorados. O Winchester tentava se decidir em qual entrar. Ele queria um estabelecimento que fosse mais “sua cara”. Por fim, estacionou em frente a um de nomeWildfire¹. O nome lhe chamou a atenção por lembrá-lo de um dos antigos desenhos animados que costumava assistir com Sam quando eram crianças.

Após descer do veículo, Dean entrou no local. Era um lugar enorme com letreiros brilhantes. Uma música de uma banda de rock soava no ambiente. O estabelecimento mais parecia uma danceteria do que propriamente um bar. E estava cheio. Alguns dançavam.

Ele passou por várias pessoas naquele lugar até encontrar uma mesa próxima ao balcão de bebidas. Sentou-se.

– Vai querer alguma coisa, senhor? – perguntou-lhe um garçom ao se aproximar após algum tempo

– Um Martini duplo.

Após anotar o pedido, o serviçal se afastou. O caçador deu uma olhada geral para localizar “seu alvo.” Ou com sorte, seus alvos, fossem de uma vez ou uma por hora, como costumava fazer naquela data. Bom, um cara como ele não precisava de sorte naquele aspecto.

Havia um bom número de mulheres desacompanhadas de homens, porém, ele prestou atenção em duas belas moças encostadas no balcão: uma tinha os cabelos castanhos claros que iam à altura do pescoço e olhos verdes; a outra era morena com um longo cabelo preto lustroso que ia até a cintura e possuía traços que lembravam uma índia. As duas notaram o olhar do caçador sobre elas e lançaram-lhe olhares lascivos. Dean resolveu “atacar” e levantou-se.

Todavia, quando ia se aproximar, notou alguns casais bastante afoitos no local que começaram a passar da medida dos amassos. Várias mulheres sentaram nos colos de seus parceiros e começaram a esfregar os sexos; um homem jogou tudo o que estava numa mesa e colocou sua garota em cima e começou a possuí-la ali mesmo. Dean ficou boquiaberto. Aquilo era fora de propósito até para ele.

Mas o que achou mais estranho é que as pessoas não pareciam nada chocadas com o que acontecia ali. Todos estavam envolvidos numa atmosfera luxuriosa, mesmo aqueles entregues ao ritmo da dança. E começaram a se aproximar uns dos outros e a esfregarem seus corpos. Ele olhou para o barman ao qual fez seu pedido. O homem não prestava atenção àquelas cenas e nem os outros funcionários. E do nada, começaram a pegar as garrafas do estoque e a beberem o conteúdo.

Dean arregalou os olhos. Havia alguma coisa estranha acontecendo ali. De repente, sentiu suas costas serem alisadas por mãos femininas.

– Oi gatão! Está a fim de se divertir? – indagou a morena de traços indígenas à sua esquerda.

– Porque você não veio até a gente? – perguntou a outra moça à direita dele – Estávamos fervendo por você.

– E ainda estamos. – disse a morena aproximando a boca no ouvido do caçador.

Dean se arrepiou.

– Uau, meninas! Vocês são diretas, hein?

A de cabelos castanhos o virou para ela. Dean arfou com o gesto inesperado.

– Você vai ver como!

Ele arregalou os olhos mais ainda.

– Sai fora, vadia! – outra moça se aproximou com as mãos na cintura. Era uma negra muito bonita – Eu vi ele primeiro.

– Uma ova! – disse a de cabelos castanhos e agarrou-o de frente – Nós que o vimos primeiro.

– É, ele é nosso! – afiançou a morena o agarrando por trás.

– Não, é nosso! – gritou uma ruiva num grupo de quatro moças

Logo uma multidão de mulheres se amontoou em torno de Dean cada qual querendo puxá-lo para si e reclamando direitos sobre ele. O caçador estava apavorado. O pior era que ninguém no bar prestava atenção ao que acontecia, todos envoltos numa atmosfera de luxúria ou vício. Os funcionários do local começaram a tirar a roupa e também se agarravam ou juntavam-se a alguns clientes numa verdadeira suruba. Tudo estava uma loucura!

Aproveitando que o bando de mulheres xingava umas às outras e empurravam-se num monte em torno dele, Dean se abaixou até chegar ao chão. Com cautela, arrastou-se e saiu no meio das pernas de uma delas até se ver livre do montinho.

– Ei, cadê ele? – gritou uma

Dean acabava de se levantar quando deram por sua falta.

– Ele está ali!

Ele saiu correndo do lugar.

– Atrás dele! – gritou outra.

Ainda bem que estava em forma, pois conseguiu se adiantar bastante ao grupo até chegar a seu Impala. Abriu a porta, entrou e deu partida. Por pouco, não atropelava uma louca que quase se jogou na frente do carro.

Somente quando estava a uma longa distância foi que se permitiu respirar. Deus! O que foi tudo aquilo? Tudo bem que era irresistível e conseguia atrair muitas mulheres sem nem mesmo precisar chegar até elas. Mas aquilo era exagero! E pior: ele fugindo de um monte delas. A ironia das ironias!

Não havia acabado de processar a informação quando viu alguns carros de polícia e uma ambulância em frente de um grande edifício. Algumas pessoas conversavam entre si parecendo chocadas. Estacionou e saiu do carro.

– FBI – disse ao se aproximar de um policial e mostrar o falso distintivo – O que aconteceu por aqui?

– Parece que a namorada de um funcionário matou o colega de trabalho dele e depois ela se matou e ele também se suicidou.

O caçador o olhou perplexo. Realmente, tudo havia passado do limite do bizarro para o macabro.

– 0 –

Vic e Sam se beijavam entregues à paixão e ao desejo. Haviam desfrutado de o delicioso jantar que o bufê havia preparado. Saciado o primeiro apetite, queriam satisfazer o outro.

Eles se beijavam e agarravam-se com um desejo crescente como em todas as vezes que faziam amor. As mãos de Sam deslizavam pelas costas de Vic e as delas se enroscavam ao pescoço dele. Ambos estavam vestidos como agentes federais e ansiavam por se livrarem daquelas roupas que os impediam de um contato mais íntimo.

Eles interromperam o beijo por um momento para recuperarem fôlego. Sam afastou um pouco o rosto para contemplar a bela face de sua amada. Acariciou um lado do rosto dela. Vic fechou os olhos para apreciar o contato e suspirou. Em seguida, Sam desfez o coque que prendia o cabelo de Collins. Os fios caíram como uma cascata sobre os ombros dela. Ele achou fascinante; adorava quando aquilo ocorria.

Victoria olhou com malícia para Sam e desatou o nó de sua gravata. Jogou-a ao chão. Então ele mesmo tirou a parte de cima de seu terno, ficando só de camisa branca e ajudou a namorada a tirar o dela.

Em seguida, agarrou o rosto de Collins e voltou a beijá-la avidamente. Logo suas mãos fizeram o caminho do rosto, passando pelo pescoço, costas, cintura até chegar às nádegas dela. Vic suspirou. Uma das mãos dele subiu a barra da saia preta dela e esgueirou-se para uma perna, sentindo a pele nua. Fê-la suspirar mais ainda.

Sam os conduziu até a beira da cama e os dois foram se deitando aos poucos quase sem se largarem. O corpo dele ficou por cima do dela. Collins sentiu algumas pétalas debaixo de si como plumas. As mãos do namorado continuaram o passeio pela anatomia de Victoria. Ele largou sua boca para mordiscá-la pelo rosto, orelha e, por fim, o pescoço. Vic gemia baixinho. Ansiavam para se aprofundar nas carícias e o Winchester havia começado a desabotoar os primeiros botões da camisa branca de Victoria quando o celular do moço tocou.

As mãos de Sam paralisaram a operação “tira a roupa” na hora e sua boca se deteve num ponto qualquer do pescoço de Vic. Ele apertou seus olhos fechados com visível irritação. Não acreditava que justo num momento como aquele ocorria aquela interrupção abrupta. Quanto a Vic, também ficou frustrada. Recuperava o fôlego das investidas do namorado.

O maldito celular tocava alto como se quisesse zombar deles. Sam queria tê-lo desligado, mas sabia que não devia. Era uma comunicação com Dean para uma emergência. O irmão só ligaria se fosse uma, afinal também era “a noite dele.”.

– Vai, meu amor, atende. O Dean só ligaria se fosse urgente – Vic expressou o pensamento do namorado.

A contragosto, Sam se levantou e atendeu a chamada.

– Que foi, Dean? – indagou sem esconder seu aborrecimento – Achei que você fosse aproveitar a noite de hoje.

– Uh, nossa, Sam! Que humor! Até parece que eu interrompi algo importante – disse irônico. Depois, ficou sério – Eu interrompi?

– O que aconteceu? – tornou Sam impaciente.

– Emergência. Vem pra cá no Hospital St. James que eu explico. Vou estar na porta.

– Certo. – disse Sam descontente – Até logo.

Ele desligou e olhou Victoria ainda deitada na cama.

– Mais alguma vítima? – ela indagou ao se sentar.

– Parece que sim. Dean está nos esperando lá no hospital.

Vic nada comentou, mas seu coração bateu acelerado só de imaginar que ia se encontrar com o caçador outra vez. O que estava acontecendo com ela? Tudo bem que seus sentimentos pelo Winchester mais velho eram fortes, entretanto, ela estava acostumada a lidar com eles e mantê-los sobre controle. Mas desde que investigavam aquele caso, não tirava Dean dos pensamentos. Foi só quando ela e Sam ficaram sozinhos naquele clima romântico é que conseguiu focar sua atenção no namorado.

– Vic? – Sam a chamou estranhado

– Ahm? – ela respondeu notando que estava pensativa

– Você está bem?

–S... sim... é só que... é uma pena que justo agora isso acontece – disfarçou. – Vai ser uma pena desperdiçar todo esse trabalho que você teve. – suspirou olhando com intensidade para o Winchester – Mas temos um dever a cumprir.

O homem se aproximou dela sorridente e deu a mão para ajudá-la a se colocar de pé.

– Não se preocupe, querida. Acredito que ainda vamos ter tempo de aproveitar tudo isso mais tarde.

Vic sorriu. E beijou Sam levemente nos lábios.

– Vamos então? – perguntou – Quanto mais cedo, resolvermos isso, mais cedo vamos poder voltar e continuar de onde paramos.

Beijaram-se de novo intensamente, arrumaram-se e saíram.

– 0 –

Encontraram Dean na portaria do hospital. Os olhares dele e de Vic se cruzaram e mais uma vez seus corações aceleraram fora do habitual. Todavia, conseguiram disfarçar devido à presença de Sam.

Dean fez um breve relato das cenas que havia presenciado no bar, inclusive o ocorrido com ele. O casal caiu na risada ao imaginar a cena do grande pegador fugindo de mulheres.

– Não foi nada engraçado – ele fez um bico de contrariedade – Vocês não sabem o sufoco que passei.

– Ai, Dean! – Vic ria mais descontraída – Quer dizer que você enfrentou um bando de mulheres à beira de um ataque de nervos?

– Não, foi um bando de mulheres à beira de um ataque com Dean – Sam não resistiu em zombar.

– He-he. Estou morrendo de rir – ele fez uma careta desgostosa – O negócio é sério, gente.

E após lhes relatar também o acontecimento trágico com um empregado num edifício, entraram no hospital.

No corredor do necrotério, vinha um sujeito magro e careca de terno e gravata que carregava uma maleta preta pelo mesmo corredor na direção oposta deles, à esquerda. Sam teve uma ânsia estranha, uma sensação conhecida à medida que se aproximavam do indivíduo. Uma força irresistível fê-lo encarar de modo penetrante o homem à medida que cruzavam o mesmo caminho. Todavia, o outro nem o olhou e seguiu seu trajeto.

Sam continuou a fitá-lo com o pescoço virado para trás. Vic que estava à esquerda do namorado (evitava ficar ao lado de Dean), não pôde deixar de perceber. Acompanhou o olhar de Sam e depois se voltou para ele.

– Sam... – ela o chamou

– Oi? – ele se virou

– Você está bem?

Dean também olhou curioso para o irmão.

– É, estou sim. – respondeu Sam um pouco perturbado

Vic franziu a testa. Sam olhou para trás mais uma vez. Seu nariz parecia sentir algo no ar.

– Tem certeza? – ela insistiu. Olhou também de novo o sujeito. Será que o Winchester havia notado algo de suspeito no homem com quem acabavam de cruzar?

– Tenho... É bobagem – ele a fitou.

Collins não se convenceu, mas não insistiu.

Entraram no necrotério onde se encontrava um legista velho, calvo, gordo, barba branca e óculos. Ele havia acabado de cobrir o corpo do suicida do prédio cuja cabeça estava perfurada por uma bala.

– Agente Marley, não consegue ficar longe, né? – ele indagou ao avistar Dean

– Pegou mais um suicídio duplo – observou o caçador ao se aproximarem do doutor.

– Acabei de fechá-los.

– Doutor Corman, esses são meus parceiros, agentes Anderson e Cliff – indicou respectivamente Vic e Sam

– Agentes – ele os cumprimentou com um aperto de mão – Terminei os exames preliminares. Eu tirei os órgãos e mandei amostras para o laboratório.

Foi ao lado de um armário onde havia um porta-chapéus. Colocou seu jaleco nele e tirou um chapéu que estava pendurado. Trajava uma camisa de mangas longas e listrada e gravata por baixo da vestimenta hospitalar.

– Ótimo. Se importa se dermos uma olhada nos corpos? – indagou Sam

– Claro que não. Mas como eu disse, as partes boas já estão separadas – abriu um freezer cujo interior estava cheio de vasilhas com órgãos.

Os três meio que estranharam o arranjo.

– Legal – disse Sam com voz desanimada

– Deixem as chaves com o Marty lá na recepção – jogou o molho para Dean que o pegou – E, por favor, senhores. Refrigerem depois de abrir.

Pôs o chapéu na cabeça e saiu. Era o fim de seu turno. Os caçadores ficaram sozinhos e puseram-se a trabalhar. Tiraram da geladeira todas as vasilhas com órgãos, colocaram-nas sobre as mesas, vestiram os jalecos, aventais e luvas. Durante um bom tempo, examinaram minuciosamente os órgãos.

Dean olhava com repugnância para um coração.

– Ei. – chamou a atenção de Sam e empurrou para ele a vasilha com o órgão. Sam e Vic o olharam curiosos – Seja meu namorado?

O irmão o olhou sem nenhuma graça. Quanto a Vic, sorriu.

– Vai ter que pedir permissão pra mim, Dean. – ela não resistiu em provocá-lo

– Oh, claro. Vic, você permite que eu namore o seu namorado?

Os dois caíram na gargalhada.

– Você não presta, Dean. – disse Vic entre risos.

– Oi, vamos nos concentrar, pessoal – Sam os repreendeu alternando o olhar para os dois.

Ambos seguraram o riso, mas continuaram a se fitar. E de repente, a troca de olhares se tornou prolongada e intensa. Sam, sentado entre eles, estava focado na análise dos órgãos. Por isso, não percebeu o clima que havia se instalado ali.

Dean e Vic sabiam que deviam desviar o olhar, mas uma força irresistível os atraía. O sentimento mútuo que nutriam se intensificou desde que investigavam a cidade e estava cada vez mais difícil de conter.

Haviam esquecido até da presença de Sam. Era como se houvesse somente eles dois ali. Os corações de ambos batiam forte, suas respirações se aceleraram, uma gota de suor escorreu pela testa de Dean e Vic passou a língua nos lábios com nervosismo. Felizmente, Sam os despertou daquele estupor:

– Olhem isso, pessoal – disse ele

– O quê? – disse Dean com a voz meio ofegante. Vic respirou fundo para se recompor.

Sam mostrou o coração que Dean havia lhe empurrado e mais outro.

– Esses corações têm marcas idênticas. Vejam só isso.

Os dois se levantaram e cada qual se aproximou de um lado de Sam. Evitaram se fitar e inclinaram-se para observar o que lhes era mostrado. Com uma lupa que Sam colocou para maior visualização, detectaram as tais marcas.

– Parece um tipo de letra – observou Vic

– Ah, não – Sam fez expressão de entendimento

– Que foi? – indagou Dean

– Acho que é enoquiano.

– Tipo marcas de anjo? – Dean ergueu o tronco - Como essa coisa marcada nas nossas costelas?

– Não sei, Dean.

– Ah, merda.

Dean se afastou e pegou o celular. Discou o número de Castiel.

– Cass, é o Dean. Estamos no porão do 31 C. Hospital St. James. – parou onde estava. Quase tromba com o anjo.

– Já estou lá – respondeu Cass ainda no celular e fitando o caçador, os rostos quase encostados.

– É, já saquei.

– Vou desligar.

– Está certo.

Vic riu ao observar a cena e perguntou:

– Como você faz isso, Cass?

– Isso o quê? – ele a olhou sem entender

– Aparece sem nós percebermos.

– Sei lá. Porque sou um anjo.

Ela revirou os olhos.

– Certo. Você disse tudo.

De onde estava, Castiel analisava Victoria. O que Anna havia lhe dito não saía da sua mente. Mas ele se recusava a acreditar. Havia chegado à sua própria teoria.

– Cass? – a caçadora o olhou confusa pela maneira que era analisada – Algum problema?

– Não. – disfarçou – Mas vocês devem ter algum já que me chamaram. O que está acontecendo?

Em breves palavras, Dean explicou a situação desde os casos de suicídio até o ocorrido com ele no bar. Quanto a Sam, mostrou-lhe sua descoberta. Cass se aproximou dos órgãos e confirmou a teoria de Sam. Segurava um coração enquanto os caçadores o observavam.

– Tem razão, Sam – disse ele – São marcas angelicais. Imagino que encontrou símbolos parecidos nos outros corações?

– O que são eles? O que significam?

– É um símbolo de união. Esse homem e essa mulher deveriam acasalar.

– Mas quem o colocou lá?

– Bom, seu povo o chama de “cupido.”

– O quê?

– O que o mito humano confunde com “cupido”, na verdade é uma ordem inferior de anjos. – disse ao se afastar – Tecnicamente é um querubim. Terceira classe.

– Querubim? – perguntou Dean

– É, existem no mundo todo. Há vários deles.

– Aquele bebê gordo que voa de fraldas?

– Eles têm controle sobre suas atividades fecais.

Vic conteve um riso.

– De qualquer forma, você está dizendo... – Sam tentava absorver a informação

– Estou dizendo que um cupido se rebelou. E precisamos impedi-lo, antes que ele mate de novo.

– Naturalmente. – Sam balançou a cabeça meio incrédulo.

– Você realmente está falando sério, não é? – Vic também custava a acreditar – Sobre cupidos?

– Sim.

– Meu Deus... Então meus sentimentos por Sam não passam de um produto fabricado por uma seta disparada de um anjo vestido de fraldas – Collins falava num tom tedioso – E eu que achava que fosse uma coisa sublime. – olhou para o namorado – Dá pra acreditar?

Sam abriu a boca para dizer algo, mas se limitou a ficar de boca fechada. Não sabia o que pensar. Quanto a Castiel, permaneceu calado.

– Com seta ou não, nós temos que parar esse cupido assassino – declarou Dean. E se virou para Cass com postura confiante – E nós vamos.

– 0 –

Os caçadores e o anjo foram a uma lanchonete para tentarem achar o cupido. O estabelecimento estava decorado ao estilo de São Valentim. Sentaram-se a uma mesa, mas Sam e Vic já haviam comido no quarto do motel e Castiel não possuía tal necessidade; apenas Dean fez um pedido.

De um lado, estavam os Winchesters; de outro, Cass e Vic, de frente para a porta do local. Uma garçonete loira vestida de blusa e calça preta trouxe um hambúrguer para Dean.

– Ele gosta da atmosfera desse lugar? – questionou Dean sem desviar os olhos de seu imenso sanduíche

– Aqui é um elo de reprodução humana. – esclareceu o anjo – É exatamente o tipo de jardim...que o cupido viria polinizar.

Dean despejou com gosto o catchup na carne de seu hambúrguer. Castiel observava o sanduíche de forma intensa. O Winchester pegou com vontade o lanche com as duas mãos, pronto a degustá-lo, mas quando ia abrir a boca, notou os olhos vidrados do anjo à sua frente.

– Que foi? – perguntou ele com estranheza.

– Você vai comer tudo isso sozinho?

– Por quê?

– Será que... posso provar um pedaço?

Os caçadores olharam assombrados para o anjo. 

– Ah, claro, pegue. - disse Dean desconcertado - Eu... posso pedir outro.

Passou o sanduíche para Cass que o tomou com voracidade. Os três caçadores ainda o observavam com espanto. Quando ele ia aproximar o hambúrguer de sua boca, parou o gesto no ar. Examinava uma direção do lugar.

– Ele está aqui. – informou

– Onde? Não vejo nada – disse Sam

Castiel observou o movimento acelerado dos enfeites que ornamentavam o teto. Uma leve brisa fez um papel vermelho voar e grudar no rosto de um homem que estava acompanhado de uma bela moça em outra mesa. Mas parecia que só estavam ali porque não tinham mais nada interessante a fazer. Só após tirar o papel do rosto, foi que o rapaz prestou mais atenção à sua acompanhante.

– Ali – Cass indicou a direção do casal

Os dois começaram a se beijar apaixonadamente.

– Está falando do casal sentado do mesmo lado ali? – inquiriu Dean

– Me encontrem lá atrás – o anjo pediu

Os três olharam para o lugar onde ele estava sentado, mas já havia desaparecido. Levantaram-se e foram até o depósito da lanchonete. Castiel estava lá com o braço esticado exalando um minúsculo ponto de luz na palma da mão. Concentrava seu olhar num ponto. Eles se aproximaram.

– Cass, cadê ele? – inquiriu Sam

– Eu o prendi – respondeu o anjo – Zoda kama mahrana. Manifeste-se.

Aparentemente nada havia acontecido. Os três olharam para todos os lados, mas não localizaram a entidade. Deram alguns passos procurando por ele. Nada. Imaginaram que talvez o ritual usado por Cass não houvesse surtido efeito.

– Então, cadê ele? – questionou Dean incrédulo

– Aqui estou eu!

De repente, um sujeito grande, nu, meio gordo e sorridente havia agarrado Dean por trás e o levantado um pouco. Começou a balançá-lo como se o caçador fosse um bebê. Ele ria sem parar. Sam e Vic ficaram estáticos sem saber o que fazer. Aquilo era um cupido?

– Socorro! – gritou Dean

– A ajuda está chegando – replicou o querubim – Está sim! Está sim! – ele viu Cass e largou o caçador de repente – Alô, você!

Aproximou-se do anjo e abraçou-o com força. Ria sem parar. Castiel fez uma tremenda expressão de desagrado, principalmente quando a criatura o levantou também do chão.

– Esse é o cupido? – questionou Dean incapaz de acreditar

– É... – respondeu o anjo com a voz sufocada.

– E olha só pra você – o cupido também largou Castiel e virou-se com o olhar fito em Sam.

– Não! – disse Sam apavorado.

– Sim! – o cupido se acercava. Vic e Dean se afastaram de Sam.

O Winchester deu meia-volta, porém, a criatura o abraçou de frente.

– Sim, sim, sim! – disse ele alegremente

Collins olhou com estranheza aquela cena, mas não se animou a fazer nada para acudir o namorado.

– Isso é uma briga? – indagou Dean a Castiel – Estamos brigando?

– Isso é o... aperto de mão deles.

– Não gosto disso.

– Ninguém gosta.

Enquanto o cupido ainda apertava Sam, Vic deu alguns passos de fininho em direção à saída.

– Ei, minha linda, não me esqueci de você! – o cupido largou Sam e foi atrás de Victoria.

– Ah! – ela soltou um gritinho. O querubim a agarrou por trás apertando-a na altura dos seios. Ela começou a bater nos braços dele para que a largasse, mas não obteve sucesso – Tire as mãos daí! Sam, me ajude!

O moço bem que tentou. Procurou separar o cupido e a namorada tentando enfiar os braços entre eles e fazer força para desgrudá-los, entretanto, a entidade era bem mais forte. Em seguida, Sam pegou nos braços de Victoria tentando puxá-la para si. Dean e Castiel resolveram não intervir com medo de serem “cumprimentados” outra vez.

Finalmente, o cupido se deu por satisfeito e largou Vic de uma vez. Isso fez com que ela trombasse em Sam e batesse a cabeça no peito dele. Os dois quase caem no chão.

– Ai! – gemeram os dois; ela ao sentir o impacto na testa e ele, na região peitoral.

O cupido se acercou de Dean e Castiel com uma larga expressão de bobo alegre. Eles ainda ficaram um pouco temerosos com sua aproximação.

– O que posso fazer por vocês? – perguntou ele

– Porque estava fazendo isso? – interpelou Castiel

– Isso o quê?

– Seus alvos, os que marcou, estão se matando ou enlouquecendo.

– O quê? – a expressão alegre de sua face se desfez – Estão?

– Escuta, cara nu. – Dean se arriscou a confrontá-lo – A gente sabe. OK? Sabemos que você tem voado por aí, acertando as pessoas com sua flecha envenenada, fazendo elas se matarem ou como se diz, “soltarem a franga” pra valer.

– O que não sabemos é por que. – completou Castiel

– Vocês acham que eu... – ele havia tirado o dedo da boca que havia colocado enquanto os ouvia. Seu rosto começou a assumir expressão de choro – Não sei o que dizer.

Ele foi para os lados de Dean que se desviou com asco. Mas o cupido pretendia chegar num canto para chorar. Vic e Sam se aproximaram de seus companheiros. Todos olhavam o querubim sem entender. Ele estava de costas se contorcendo de tristeza como um bebê.

– Alguém... alguém deveria ir falar com ele? – indagou Cass um pouco comovido

– Boa ideia. Vai fundo, Cass – Dean, como “bom amigo”, encorajou o anjo. Tanto Sam como Vic assentiram, dando seu “apoio”

– Olha... começou o anjo ao se aproximar do cupido que havia cessado um pouco o choro – Não queríamos ... –ele não sabia o que dizer. Olhou para trás. Dean lhe deu uma piscada. Vic lhe sorriu e Sam não esboçou nenhuma reação. Ele se voltou para o querubim -... ferir seus sentimentos.

A criatura se virou e abraçou-o fortemente outra vez. Cass gemeu sufocado. Dean olhou a cena com repugnância.

– Amor é mais do que uma palavra pra mim, sabe. Eu amo o amor. Amo! E, se isso é errado, eu não quero estar certo.

– Sim, sim. Claro. – Cass se sentia cada vez mais constrangido. Deu tapinhas amigáveis nas costas do outro. – Não faço ideia do que você está falando.

– Eu só estava fazendo minhas voltas marcadas. – para alívio do anjo, o cupido desfez o abraço – O que meus alvos fazem depois, não tem nada a ver comigo. Só estava cumprindo minhas ordens. Por favor, irmão. Leia a minha mente. Leia a minha mente e verá.

Foi o que Castiel fez. Penetrou fundo nos olhos do cupido e confirmou a veracidade de suas palavras. Virou-se para os caçadores.

– Ele está falando a verdade. – disse

– Feliz Natal! Obrigado! – disse o cupido num misto de alívio e sarcasmo

– Espera, você disse que estava cumprindo ordens. – Dean o interpelou

– Hum-hum.

– De quem?

Ele riu.

– Do Céu, bobinho. Do Céu.

– Porque o céu se importa se o Harry conhece a Sally? – tentava entender a lógica daquilo

– Na maioria das vezes, não. Só com linhas de sangue. Certos destinos. Tipo o de vocês. – apontou Sam

– Como é? – indagou Sam

– É, a união de John e Mary Winchester foi assunto importante lá em cima. Prioridade máxima.

– Está dizendo que juntou nossos pais? – questionou Dean

– Bom, não eu, mas... foi sim. Não foi fácil.

– Espere um momento – interrompeu Victoria curiosa – Me deixa ver se entendi. Você disse que não são todos os casos que o Céu dá ordens pra vocês cupidos interferirem. Correto?

– Hum-hum.

– Então... com o Sam e eu... – ela trocou um olhar com o namorado – O nosso relacionamento foi fruto do acaso?

O cupido os olhou pensativamente antes de responder. Depois, olhou para Dean. O caçador recuou um passo com estranheza. E de novo, o querubim voltou a fitar o casal.

– Hum... Curioso.

– O quê? – ela se sobressaltou um pouco. Sam também.

– Vocês são um tipo muito raro de se encontrar. Eu mesmo há décadas não vejo um caso assim.

– Assim como? – Vic insistia impaciente.

– Vocês não precisariam de um cupido para juntá-los. – abriu os braços e soltou um longo suspiro de admiração – Nasceram destinados um para o outro.

Victoria piscou os olhos várias vezes e depois sorriu com aquela informação. Em seguida, olhou para Sam que também esboçava um largo sorriso. Dean ficou um pouco incomodado com aquilo, mas não o demonstrou. Cass estreitou os olhos meditando no que o querubim havia acabado de dizer.

– Só que, minha linda garota, eu não sei se você é sortuda ou se você tem um problemão! – exclamou ele batendo palmas de contentamento

– Problemão? Por quê?

– Porque o Sam não é o único...

– Obrigado por sua ajuda, mas não queremos mais retê-lo – Cass o interrompeu bruscamente. Algo o incomodava – Você pode ir agora.

– Oh! Mas agora que a conversa estava tão interessante!

– Espere, antes de você ir, explique o que você quis dizer com o que não foi fácil juntar nossos pais – exigiu Dean.

– Hum... Eles não se suportavam no início. Mas quando terminamos com eles, eram o casal perfeito.

– Perfeitos?

– É. – disse todo alegre

– Eles estão mortos! – o loiro elevou o tom de voz

O cupido parou de rir.

– Desculpe, mas as ordens foram claras. Você e o Sam precisavam nascer. Seus pais... só tinham que acontecer. – começou a cantarolar – “Um casal formado no Céu... Céu”.

Irritado, Dean o socou. O cupido não sentiu nada, apenas fez uma expressão desgostosa. Quanto ao caçador, tudo o que conseguiu foi provocar uma dor em sua própria mão. Deu as costas ao querubim para massagear o punho.

– Filho da mãe! – praguejou ele

De repente, o cupido havia desaparecido.

– Dean, olha o que você fez! – Vic o repreendeu

– O que eu fiz? – ele olhou para trás. Deu alguns passos à frente – Onde ele está? Pra onde ele foi?

– Acredito que o chatearam – respondeu Cass

– Chateamos? – indagou Dean irritado

– Dean. Chega. – disse Sam se aproximando dele

– Que foi?

–Você socou um cupido!

– Eu soquei um idiota!

– Não, Dean, você que é um idiota! – Victoria também se aproximou

– Beleza! Agora virei o vilão da história!

– Dean, qual o problema? – indagou Sam – Tenho notado certa tensão em você desde que chegamos aqui.

Ele não respondeu. Tinha consciência dos olhos abrasadores de Victoria sobre si, mas não se arriscava a encará-la. Não queria se trair.

– Nenhum – replicou neutro – Eu apenas me irritei com aquele mané.

– É e graças a sua irritação não pude terminar minha conversa com ele – suspirou Collins – Eu queria saber o que ele ia falar sobre o Sam. Ele ia dizer alguma coisa, mas não terminou.

– Não se preocupe, com certeza era alguma bobagem. – disse para disfarçar sua inquietação – Fique contente do namoro de vocês não ser produto de uma seta envenenada, que era o que você temia. – disse sarcástico

Victoria o olhou com desdém. Depois, voltou-se para Castiel.

– Mas você também, hein, Cass! Por que tinha que interrompê-lo naquela hora?

– Como bem disse o Dean, ele ia falar alguma bobagem – reiterou Castiel aproveitando o gancho do Winchester

Por algum motivo, Collins não acreditou no comentário do anjo, mas resolveu deixar a questão de lado.

– E em vez da gente ficar aqui perdendo tempo com cupidos e suas tramas, a gente devia buscar em outra direção o que está causando tudo isso. – retrucou Dean

– Bem, se não é o cupido que está fazendo isso, então o que pode ser? – questionou Sam

– Um Tormento? – sugeriu Victoria – Eles são peritos em causar transtorno em massa.

– Dessa vez não – negou Cass – Não sinto a energia de nenhum deles no ar.

– Seja o que for é melhor a gente descobrir e rápido – disse Dean enfático e saiu de lá apressado como se não suportasse ficar naquele espaço.

Seus companheiros intrigados o observaram.

– O Dean está com algum problema – comentou Sam

Victoria não respondeu. Ela tinha a impressão de que o problema que afetava Dean era o mesmo que estava mexendo com ela.

–0 –

A água da ducha caía sobre a cabeça de Victoria. Ela não se lembrava de como havia chegado ali. Devia ser o sono. Sam havia lhe dado uma boa canseira a noite toda. Sorriu.

Após o encontro com o cupido, Cass foi embora e o resto deles resolveu descansar para continuarem a investigar os estranhos acontecimentos no dia seguinte.

Não ela e Sam. Retornaram ao quarto onde estava a decoração do dia dos namorados do jeito que haviam deixado. E o clima tórrido e romântico voltou com força total.

Os beijos apaixonados, as carícias ardentes, os perfumes mesclados num único aroma, o contato dos corpos, as pétalas das rosas na cama em suas peles, a decoração no quarto, tudo contribuiu para que os namorados quisessem prolongar os prazeres da noite até as últimas horas da madrugada. Ficaram exaustos, mas muito satisfeitos.

Sam me transformou numa pervertida, ela riu a esse pensamento. E eu também fiz isso com ele.

Victoria achou que bastava o tempo que estava no chuveiro e saiu do box. Foi pegar sua tolha pendurada na parede. Mas... estranho... A toalha que pegou não lhe pertencia e nem a Sam. Sua coloração era de um azul escuro. Será que era uma das tolhas do motel? Só que nem ela e nem Sam gostavam de usá-las, preferiam utilizar as que possuíam.

Como só havia aquela à mão, Victoria a pegou e começou a se enxugar. Mas se deteve ao sentir uma fragrância impregnada na tolha. Ela a aproximou de suas narinas e seu rosto assumiu uma expressão de surpresa. Não havia a menor dúvida. Era um perfume que ela conhecia muito bem e que não era de seu namorado. Era de Dean.

Aquela era a toalha de Dean? Estranhou. Mas como foi parar lá? Victoria resolveu indagar o namorado se o tecido pertencia mesmo a Dean e onde se encontrava sua toalha, todavia, ao observar o banheiro, notou que a disposição estava diferente. Notou também que na pia não se encontravam seus pertences de higiene: os cremes, sua escova de dente e a de pentear, xampu, condicionador, perfume, colônia, desodorante, o estojo de maquiagem. Nada. Só havia produtos de uso masculino como creme de barbear, barbeador, gel e outros itens, os quais também não eram de Sam. Disso, ela tinha certeza.

Intrigada com aquele mistério, Victoria se enrolou na tolha, abriu a porta e saiu do aposento. Não se surpreendeu tanto ao perceber que aquele não podia ser o quarto que divida com Sam. A decoração do bufê não estava lá. E se aquele não era seu quarto, então só podia ser... Estava com medo de completar o raciocínio, mas não via outra explicação. A não ser que fosse uma brincadeira de Sam. Mas teria que ser muito bem elaborada. E de qualquer jeito, esse não era o perfil do namorado.

No meio do quarto, estava uma cama de casal.

Por favor, que o Sam esteja ali. Que não seja o Dean.

Vic pedia mentalmente. Ela temia o que aconteceria se fosse o contrário do que desejava. Aproximou-se devagar para não acordar quem estivesse ali. Ia só tirar a coberta com cuidado e conferir quem era o dorminhoco.

No entanto, ao levantar a coberta, não havia ninguém ali. Era só um amontoado. Collins não sabia se ficava aliviada ou desapontada. Antes que decidisse, ouviu o ruído da porta de entrada do quarto se abrir às suas costas. Ela se virou. Era Dean. Ele vestia o mesmo terno da noite anterior e distraído trancava a porta. Ainda não havia visto Collins.

Vic ficou paralisada. Não sabia o que diria a ele porque não sabia nem como foi parar ali. O Winchester deu alguns passos e estacou ao se deparar com Victoria no meio do seu quarto usando apenas uma toalha – a sua tolha – que cobria parcialmente o corpo dela, dos seios até uma parte das coxas.

– Dean... eu juro pra você que não sei como vim parar aqui – ela tremeu e começou a tentar se explicar. Esticou o braço mostrando o banheiro – De repente eu estava tomando banho no seu chuveiro, mas eu...

Quando voltou seu rosto para fitar o Winchester, ele já havia se aproximado repentinamente e tomado seu rosto entre as mãos.

– Não fala mais nada – disse ele com a voz rouca e respiração entrecortada. Vic podia sentir seu hálito quente – Não importa como você chegou aqui, mas que você está aqui.

– Nós não devíamos... – ela tentou manter o bom senso, porém, não conseguiu.

No instante seguinte, Dean havia tomado seus lábios num beijo ardente. Foi como se uma combustão se produzisse dentro de ambos e exteriorizasse para fora. Não pensaram em mais nada. Vic enlaçou o pescoço do Winchester com os dois braços e deixou a toalha cair a seus pés expondo sua completa nudez. O Winchester a envolveu com os braços e sentiu seu corpo nu, a pele macia e quente. Sua ereção aumentou e ele a apertou contra seu corpo. O beijo se aprofundou. Ambos gemeram, Dean mais ainda. Ele friccionou seu membro na cavidade de Collins enquanto suas mãos deslizavam com ânsia pelas formas voluptuosas dela e suas línguas se perdiam uma na outra.

Eles foram à loucura! Começaram a tirar as roupas e sapatos do Winchester com urgência. Quase rasgaram as vestimentas. Victoria mal teve tempo de apreciar o corpo nu de Dean, pois este a jogou na cama e posicionou-se em cima dela. O beijo entre eles era avassalador, inebriante, bem como o contato de suas peles e de suas mãos no corpo um do outro.

Queriam prolongar o prazer em demoradas carícias, mas a necessidade de se integrarem num só foi mais forte. Dean penetrou Victoria de uma só vez e soltou um gemido quase tão alto quanto o dela ao fazer isso. Ele começou a estocá-la cada vez mais forte e seus gemidos só aumentavam; estavam quase chegando juntos ao ápice.

De repente, o som do alarme de um despertador assustou a ambos e fê-los paralisarem o movimento final que os levaria ao êxtase.

– Nãooo!!! – Vic gritou ao despertar. Metade do seu corpo se levantou na cama com o impulso – Não podemos!!!

Os olhos de Collins se fixaram num ponto e reconheceram seu quarto. O que dividia com o Sam. Lá estava a mesa com os restos do jantar e a garrafa de champanhe, os corações nas paredes e as pétalas sobre a cama.

Vic estava nua e enrolada na coberta. Resfolegava e suava. Sim, foi apenas um sonho, devia ter imaginado. Mas parecia tão real!

– Vic! – Sam a chamou vindo do banheiro. Estava nu com uma toalha enrolada em sua cintura. No seu rosto, havia um ar preocupado – Você está bem?

Ela o olhou. Seu lábio tremeu ao lembrar-se do sonho. Ela abaixou a cabeça envergonhada.

– Meu amor... – Sam se aproximou compreensivo e sentou-se na beira da cama. Colocou a mão no queixo de Vic e ergueu seu rosto - Foi mais um dos seus pesadelos?

Aquilo era demais! Sam tão carinhoso, preocupado e atencioso! E ela o traindo com seu próprio irmão – mesmo que fosse apenas um sonho – depois de uma noite linda que havia lhe proporcionado.

– Me abrace, Sam – pediu com a voz sumida.

O Winchester a estreitou carinhosamente em seus braços.

– Shhh... Não se preocupe, querida. Estou aqui. – ele disse com voz serena – E lembre-se que eu te amo.

– Eu... também, Sam. – sua voz tremia. Abraçava-o fortemente como se ele pudesse lhe transmitir segurança – Eu também te amo... apesar de tudo.

E era verdade. Ela o amava muito, ainda que também amasse a Dean. Por mais doentio e indecente que aquilo fosse.

– 0 –

No quarto ao lado, Dean também havia acabado de despertar. Estava sentado na beirada da cama. Ele suava e respirava como se quisesse recuperar o fôlego. Vestia apenas uma camisa larga e cueca. O maldito despertador vibrava sem cessar na cômoda ao lado.

Ele pegou o objeto com raiva e jogou-o contra a parede.


Notas Finais


Nota:Wildfire¹ - Cavalo de Fogo

Pois é, gente, vcs devem estar querendo me matar por lhes frustrar. Mas como eu disse, Vic e Dean terão o momento deles, mas sem trair o Sam. Quanto a esse sonho e também a outro que a Victoria teve com Sam lá mais atrás antes deles se envolverem, serão explicados no devido a tempo. Mas são mais do que simples sonhos. OK?Até a próxima.


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