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História Almas Trigêmeas - Otelo (parte 3)


Escrita por: jord73

Notas do Autor


Mais uma parte desta aventura. Divirtam-se!

Capítulo 35 - Otelo (parte 3)


Fanfic / Fanfiction Almas Trigêmeas - Otelo (parte 3)

Anteriormente:

– Puxa! Que confusão, hein? – tornou o loiro

– E das grandes. Parece que temos um triângulo amoroso por aqui – comentou Sam

– Triângulos são complicados. Espero que nunca me veja envolvida em nenhum – disse a moça mais para si, porém, fitava os caçadores.

(...)

Os dois nada disseram. Meg encarou o mais velho.

– E pra sua felicidade, Dean, parte da nossa conversa não foi totalmente mentira.

– Do que ela está falando? – indagou Sam

– Um monte de imundícies sem sentido – afiançou o loiro com leve sobressalto.

– Eu só disse para o Dean quando me fiz passar pela Victoria que ela está apaixonada por ele.

Sam olhou de forma sombria para o irmão. Este nada respondeu. Limitou-se apenas a balançar a cabeça para negar tal afirmação.

(...)

– Temos mais outro Cavaleiro, não é? – Vic o lembrou

– O Peste.

– E também o Morte que ainda não enfrentamos. E outro Tormento – Sam também recordou – E pelo o que soubemos do Vingador dos Anjinhos, ele está muito zangado por termos acabado com o Cavaleiro Guerra, o seu Mestre.

(...)

Retomaram o mesmo caminho, só que Victoria ia à frente deles. Dean não pôde deixar de observar os quadris dela se balançando com graça e elegância enquanto caminhava.

– Pare, Dean – murmurou Sam baixinho.

–Ahm... Parar o quê? – replicou o loiro saindo de seu estado meio abobado

– Pare de ficar observando o corpo da minha namorada. Dá até pra ver a baba escorrendo da sua boca.

– Eu... Eu não estava... – tentou disfarçar envergonhado

– Estava sim, não negue. – murmurou Sam mal contendo um pouco da irritação que sentia – Você sempre a observa, eu sei.

(...)

– Qual o problema, Dean? Por acaso está com ciúmes?

– Há! Por favor... – abriu um largo sorriso amarelo.

Era verdade que ainda sentia ciúmes ao ver Sam e Vic juntos, entretanto, não era algo que o incomodasse tanto como antes. Além disso, não era a questão no momento.

– Não precisa tentar me enganar, Dean – retrucou Sam com desdém – Eu sei que você não suporta nos ver juntos.

– Não sei do que está falando – ele tentou despistar

– Eu não sou burro, Dean. Fingi que nunca reparei, mas sei que você a quer, que você deseja a Victoria.

(...)

– Sam, não precisa falar assim com ela! – Dean não podia tolerar que seu irmão tratasse Victoria daquele jeito.

Sam quase avançou em Dean que se levantou surpreso. Victoria ficou entre eles. Sua mão espalmava o peito do namorado.

– Chega, Sam. Vamos embora – seu tom era de aflição – Vamos voltar para o hotel.

– Não, não ainda. – protestou Dean – Nós temos que conversar, Sam

Ele tentou colocar a mão no ombro do irmão para acalmá-lo, mas este o empurrou com um dos braços.

– Sam! – Vic gritou apavorada tentando agarrá-lo pela camisa.

– Não se meta entre nós! – esbravejou Sam

– Qualé, Sam? – Dean tentava acalmar o irmão que estava a ponto de se descontrolar

– É o meu último aviso, Dean! Eu não quero você perto da Victoria! Não quero nem que olhe pra ela.

Capítulo 34

Otelo (3ª parte)

Na manhã do dia seguinte, Victoria e Sam saíram do chalé para investigar as dependências do hotel e apurar os três casos de assassinato que seguiam o mesmo padrão.

Vic estranhou que a sugestão houvesse partido de Sam, já que nos últimos dois dias, ele parecia bastante empenhado em monopolizá-la. Ela não chegou a expressar seu questionamento, porém, Sam foi rápido em explicar:

– Não quero dar motivos para Dean se irritar.

Collins não engoliu essa desculpa por dois motivos: primeiro porque o irritado (para não falar possesso) havia sido o próprio Sam. Segundo: ela detectou no olhar dele uma mentira por trás do tom aparentemente natural.

Aquela súbita mudança de comportamento dele a confundia. E tinha a estranha sensação de que algo muito maligno iria sair dali, ainda mais porque estava convencida da verdadeira causa que afetava Sam.

Mesmo assim, concordou. Acima de tudo, tinham um trabalho a fazer. E se a teoria dela estivesse correta, seria como matar dois coelhos com uma só cajadada.

Resolveram começar bem cedo a procurar indícios de algo anormal perto dos locais dos crimes. As fichas policiais que leram na delegacia indicavam a morte de nove pessoas no hotel em diferentes pontos e num tempo considerável. Os perfis dos assassinos suicidas e de suas vítimas variava.

Uma jovem que matou o namorado e outra hóspede com golpes de um machado que estava pendurado num dos pontos de emergência do hotel. Ela cortou os pulsos depois com o instrumento.

Um velho copeiro que trabalhava no lugar há anos matou sua esposa (também copeira) e um auxiliar de cozinha com macarronada envenenada que preparou para ambos. Em seguida, provou do próprio veneno.

Uma esposa traída que invadiu o local e flagrou o marido com a vizinha. Matou os dois a tiros e logo, atirou em seu próprio coração.

Dos três casos, apenas o último confirmava uma traição.

Devido a esses crimes, não era de se surpreender que o hotel estivesse com poucos hóspedes, visto que costumava ser o ponto mais procurado para turistas se alojarem.

A maioria dos funcionários que trabalhava ali também não gostava muito de falar sobre o ocorrido, principalmente porque um dos casos envolvia três colegas de trabalho. De qualquer jeito, não foi difícil para os caçadores se informarem a respeito dos lugares exatos dos crimes.

Usaram aparelhos de medição e outros artefatos, mas como era de se esperar, não detectaram sinais de enxofre ou qualquer indício de atividade paranormal. Isso corroborava a teoria exposta por Dean de que se o Tormento estava por trás daquela onda de massacres, não estava atuando diretamente. Devia agir através de outras pessoas que tinham algum tipo de contato com ele. A presença de pelo menos cinco serviçais da firma Aliance, entre os empregados mais antigos, também era um forte indício para suas suspeitas.

Resolveram interpelar o gerente para arrancar informações. Enquanto se dirigiam para lá, Vic olhou de forma despistada para seu relógio de pulso. Eram oito e cinquenta. Dali a dez minutos precisava se encontrar com Dean sem que Sam desconfiasse e não sabia como faria isso longe dele.

Por hora, resolveu se concentrar na tarefa que tinha pela frente. O casal se aproximou do balcão. Adam, o gerente, encontrava-se examinando alguns relatórios.

– Senhor Adam? – Vic o chamou.

– Sim – o gerente parou o que fazia e abriu um largo sorriso para os dois. - Alguma coisa de que precisam? Estão bem instalados?

– Sim, estamos bem, não se preocupe – Collins franziu a testa se fingindo de preocupada – Bem... na verdade – ela trocou um olhar com Sam como se receasse dizer algo.

– Podem falar se tiver algum problema. – disse Adam com rosto sereno – Estamos aqui para servi-los.

–É que ouvimos boatos... – prosseguiu Victoria

– Boatos? – ele ficou tenso e remexeu-se inquieto como se adivinhasse do que iam falar

– Ficamos sabendo que neste hotel nove pessoas foram mortas e que o nosso chalé foi palco de um dos crimes – Sam tomou a palavra.

– Como? Quem lhes disse isso? – o homem elevou uma oitava o tom de voz. Percebeu sua indelicadeza – Perdão... mas essa informação não é inteiramente verdade.

– Qual parte que não é verdade?

– A de que... colocamos os senhores justamente num chalé em que ocorreu um desses... tristes acontecimentos. Os senhores que escolheram o lugar, mas nós tomaríamos o cuidado...

– Então é verdade? – inquiriu Collins se fazendo de horrorizada. – Houve crimes aqui?

– Senhores, por favor, não há motivo para pânico... Mortes acontecem a toda hora em qualquer lugar...

– Nove mortes num hotel? Em curtos períodos? – interpelou Sam pressionando Adam

– Er... entendam... aqui não é o único lugar especificamente em que a violência tem aumentado. Por toda a cidade...

– Sim, nós soubemos – cortou Victoria sem piedade – Soubemos também que três das pessoas mortas trabalhavam aqui.

– Estamos perguntando isso porque... é meio estranho, sabe – adiantou-se Sam antes que o gerente retrucasse – Nove pessoas mortas num mesmo local e em pouco tempo...

– Achamos que alguém pode estar fazendo algum tipo de ritual macabro – tornou Victoria – Somos meio supersticiosos... Já ouvimos falar muito dessas coisas pelo jornal

– Posso lhes garantir que...

– Todos os funcionários trabalham aqui há muito tempo? – indagou Sam

– Sim, a maioria. Eu pelo menos tenho cinco anos aqui.

– O senhor disse a maioria. Tem algum recentemente?

– Bem... tem um faxineiro, o jardineiro e, naturalmente, dois copeiros e um auxiliar no lugar... dos que se foram – disse meio desconfortável – Nenhum deles ainda tem nem seis meses de casa, mas são todos daqui de Somerset. Foram recrutados e encaminhados por uma firma nova da cidade, a Alliance Empreendimentos.

–Então essa firma é segura?

– Até agora não tenho nada a reclamar. O responsável pelo pagamento deles e por acompanhar seu trabalho é o gerente de recursos humanos da firma Leonard Hanks, que aparece aqui de vez em quando. – ele balançou o dedo como se recordasse algo – Se me lembro bem, acho que vocês até o viram de longe ontem quando se cadastraram aqui.

– Um senhor claro que estava de terno verde? – indagou Vic após uma pausa

– Isso. Foi ele que veio a mando do presidente da firma oferecer serviço de pessoal.

– Espere... está dizendo que não foram vocês que procuraram a firma, mas foi ela que os procurou?

– Sim.

– Quando?

–Bom... uma semana antes do primeiro crime.

Vic e Sam trocaram olhares. De fato, a empresa estava relacionada com os assassinatos na cidade. Onde quer que enviasse seus funcionários – fosse residência, estabelecimentos ou empresas – um rastro de morte se instalava.

– Mas... vocês não vão acreditar nessas bobagens de que a empresa é amaldiçoada, não é?- ele sorriu com nervosismo- Isso foi só uma infeliz coincidência. E quanto ao hotel...

– Tem razão. Nós adoramos o lugar. Não vamos desperdiçar a oportunidade de estarmos aqui por besteiras – Sam concordou com um sorriso conciliador.

– Ainda bem – declarou Adam sem esconder seu alívio

– Só estávamos querendo nos informar – tornou Vic. – Desculpe se o incomodamos.

– Não, sem problemas. Estamos aqui para qualquer coisa.

– Obrigada de qualquer jeito.

– Às suas ordens.

Eles se distanciaram.

– Parece que tudo aponta para o nosso Tormento – comentou Sam enquanto caminhavam de volta ao chalé.

– Verdade.

– E parece que traição é o catalisador disso tudo.

– Não, não creio que seja isso.

– Como não? E a esposa traída que pegou o marido com outra aqui? E os casos que Dean nos contou ontem?

– Mas ele também disse que não havia nada de concreto que confirmasse uma traição. E também os outros dois casos daqui também não apontavam algo assim.

– Quando uma pessoa quer trair a outra, ela sabe como não ser descoberta – Sam a olhou profundamente nos olhos – Mulheres são mais hábeis nisso.

Collins estremeceu com o olhar dele. Era como se sugerisse algo.

– Tenho outra teoria sobre o que está afetando essas pessoas que mataram seus companheiros e seus “supostos amantes” – Vic mexeu os polegares no alto para a última expressão.

– Qual?

– Prefiro falar na próxima vez que encontrarmos com Dean.

–Não pode me falar agora? – ele estreitou os olhos – Ou é algo que eu não deva saber?

– Eu apenas... quero verificar mais indícios antes de ter certeza.

Ela sustentou o olhar no dele, mas tinha a ligeira impressão de que não estava convencido. Sam a fitou longamente. A expressão em seu rosto era difícil de decifrar. Por fim, abriu um sorriso.

– Tudo bem – disse ele – Deixemos para comentar sua teoria com o Dean.

– Está certo.

Na verdade, ela pretendia inventar alguma desculpa para afastar de Sam e ficar sozinha. Mas até agora não havia lhe ocorrido nenhuma convincente. Só que precisava; Dean chegaria a qualquer momento.

– Escute... - tornou Sam – Eu vou voltar para o chalé. Quero fazer umas pesquisas.

O momento era aquele. O único expediente que ocorreu a Vic era comentar que precisava ir ao banheiro público. Era o único local que Sam não poderia acompanha-la. Ou pelo menos ela rezava para que ele não se atrevesse. Tentaria convencê-lo a voltar para o chalé sem ela.

– Sam, eu... – abriu a boca, mas foi interrompida

– Por que você não vai dar uma volta pelo hotel sem mim?

– Ahm? – ela o encarou surpresa

– Acho que estou te prendendo demais aqui. Tenho estado... meio estranho ultimamente. Talvez seja melhor deixar você sozinha um pouco. Concorda?

Ela nem piscou. Estava confusa de novo.

– Vic?

– Ar... tá. Não se preocupe, Sam, sei que você só está demonstrando o quanto me ama – ela falou de modo natural que não transparecesse seu alívio – Mas estava pensando mesmo em passear agora por aqui. Então... você não se importa?

– Não... se é o que você quer – o tom de voz dele era controlado. Não deixava transparecer qualquer emoção. Inclinou-se sobre ela e beijou-a de leve na boca – Só não demore muito.

– Pode deixar. Voltarei logo

Ela ficou ali parada alguns momentos até ele desaparecer de sua vista. Não acreditou que fosse ser mais simples do que planejava. Porém, sua intuição lhe dizia o contrário, que fora fácil demais. Ela procurou ignorar o pensamento.

Por outro lado, aquela súbita mudança dele era um tanto suspeita. Quando começaram a investigar o caso pela manhã, por mais que o Winchester disfarçasse, ela flagrou um ou dois olhares hostis dele. O que será que ela fez? Ou melhor: o que será que Sam achava que ela fez?

Resolveu não perder mais tempo com conjecturas. Olhou o relógio mais uma vez. Um minuto para as nove. Caminhou de volta para o saguão do hotel. Dean devia chegar a qualquer momento. Ou assim ela esperava. Nem sempre ele costumava ser pontual. Tomara que essa fosse uma das ocasiões em que ele fosse!

Chegou à recepção. O gerente ainda estava lá. Ele arqueou a sobrancelha ao vê-la de novo. Vic apenas lhe dirigiu um sorriso tranquilo e postou-se na portaria.

Não decorreram nem dois minutos, a portaria se abriu em dois lados assim que Dean a atravessou.

– Vic – ele se aproximou dela - Como você está?

– Bem. Vamos conversar. Pode ser lá fora?

– Pode. Deixei meu Impala estacionado do outro lado da rua. Vamos lá.

Saíram do hotel, atravessaram juntos a rua e ficaram perto do carro. Dean encostou-se na lateral do veículo. Collins não pôde deixar de admirar como ele ficava sexy naquela postura. Ela ignorou o breve pensamento.

– E então? Você está mesmo legal? - indagou visivelmente preocupado

– Sim, estou. Um pouco assustada, mas estou.

– O Sam não surtou com você? Não te fez nada?

– Não... apenas me convenceu a ficar com ele o resto do dia de ontem no chalé.

– Traduzindo: te sufocou.

– Sim.

– Não foi difícil você sair pra vir se encontrar comigo? Ele não desconfiou?

– Não se preocupe com isso. Salvar o Sam das garras do Tormento é o que importa.

– Então você chegou a mesma conclusão, não é? Sobre o que está rolando com ele.

– Sim. Não encontro outra explicação pra esse surto dele com você e essa... necessidade de me controlar. O Sam não é assim. E batia com os casos que você nos contou ontem, principalmente com o do Jerry. – ela suspirou – O Jerry e todos os outros que cometeram os crimes eram pessoas ciumentas. O Tormento que os dominou está relacionado com ciúmes.

– E o Sam... parece que está na mira desse Tormento agora.

Eles permaneceram em silêncio por segundos. Aquilo era ruim.

– Eu só não entendo porque esse Tormento afetaria o Sam já que ele é o receptáculo de Lúcifer.

– Pelo que o Vingador dos Anjinhos nos disse, o Tormento do Guerra queria se vingar de mim e do Sam por termos matado seu chefe.

– Você acha que esse é o Tormento do Guerra?

– Espero que sim se isso significar que é o último pra gente lidar. Porque se são quatro cavaleiros, então são quatro Tormentos. E se ele está mesmo zangado... pode ser que faça o Sam me matar e a você também e... aí na última hora livra o Sam do feitiço.

Vic assentiu. Era a única explicação.

– Vic, você não pode ficar mais perto do Sam. No momento, ele não é confiável. Eu fiquei muito preocupado com vocês ontem. Quis vir aqui dar um jeito de te buscar, mas... pensei melhor e vi que só ia piorar as coisas. Resolvi investigar melhor e também contatar o Cass para me dar uma luz.

– Você falou com ele? Ele te confirmou sobre esse Tormento e como destruí-lo?

– Até agora não, mas deixei um recado. – ponderou sobre o que ia dizer – Se você não tivesse me mandado aquela mensagem, eu teria vindo pra cá ontem mesmo. Estava pensando nisso quando você me contatou – confessou

O tom de preocupação em sua voz era evidente. Eles se olharam profundamente.

– Você descobriu mais alguma coisa? – indagou ela para quebrar o clima.

– Já que perguntou... Lembra da recepcionista “simpática” que encontramos no hospital?

– O que tem ela?

– Adivinha.

– Não me diga...

– Ela matou o marido e uma cliente da loja dele com uma picareta.

– Meu Deus... – sussurrou Victoria sem piscar

– O nome dela era Louisie... e dizem os colegas que era uma ciumenta de plantão que toda hora ligava pro marido pra se certificar onde ele estava.

– Ela também se matou?

–Não, o pessoal da loja do marido onde tudo aconteceu a segurou a tempo. Ela está internada num hospital psiquiátrico. Eu consegui permissão pra vê-la.

– Você conversaram?

– Sim. Parece que ela voltou ao normal. Tanto é que disse que não havia motivo nenhum pra ela ter assassinado o marido. Nunca ficou provado que ele a traía. Mas... se fosse o caso, ela não teria coragem de mata-lo. No máximo... o expulsaria de casa.

– Ela explicou o que a motivou a mata-lo sem mais nem menos?

– Disse que de uns dias pra cá cismou que ele a traía e... até contratou um detetive pra vigiá-lo. E quando foi na loja do marido no dia do crime, ela o viu conversar com uma cliente e... do nada sentiu que devia matar os dois.

– Não há mais dúvida. Isso só pode ser coisa de Tormento.

– Lembra do faxineiro que encontramos no caminho do necrotério?

– Lembro. E me lembro de ter visto no crachá dele que trabalha para a Alliance.

– Isso mesmo. Ele começou a trabalhar no hospital pouco antes da Louisie começar a ficar paranoica.

– Então... isso só vem confirmar sua teoria de que a firma está por trás disso – ela balançou o dedo. Meditou por um segundo – E no dia que encontramos esse faxineiro no hospital, o Sam começou a agir estranho. Dean, será que foi por esse faxineiro que o Sam foi influenciado?

– Hum... Pode ser. Mas... pelo que pude notar, as vítimas com frequência mantinham certo contato com esse pessoal da firma. Por acaso aqui também...?

–. Sim – ela confirmou - Sam e eu fizemos umas investigações agora e descobrimos que existem pelo menos cinco funcionários da Alliance, além do gerente que vem de vez em quando supervisionar o trabalho deles.

– Vocês saíram? – ele estranhou – Ele conseguiu ficar normal pra investigar?

–Sim. Mas estou... achando meio estranho. Ele até me deixou sair pelo hotel sozinha. Disse que ia ficar no quarto pesquisando.

– Acha que ele pode tá desconfiado da sua conversa comigo? – o Winchester olhou preocupado para a portaria do hotel

– É provável... mas eu precisava me arriscar.

– Olha... é melhor a gente sair daqui. Se Sam estiver desconfiado, não deve ser uma boa ideia você voltar pra lá agora.

– Eu não posso abandonar o Sam assim! Não vou fazer igual quando o colocamos no quarto do pânico.

– Vic, a gente não abandonou o Sam... Ele estava fora de si. A gente só esperou ele se recuperar.

– Mas e se ele pensa que não? Ele estava tão estranho conosco antes disso acontecer. Tão distante... Vai ver foi aí que ele começou a cismar e quando chegamos aqui, foi uma brecha para o Tormento afetá-lo. – ela abaixou o rosto culpada

– Vic, olha pra mim – ele se aproximou e colocou a mão sobre o queixo dela. Vic estremeceu. Ele ergueu seu rosto – A gente não fez nada de errado. Só estávamos ajudando o Sam.

Collins nada disse. Por um instante, perdeu-se no modo intenso como Dean a fitava. Ele também se permitiu contemplar o lindo rosto dela, esquecido de tudo.

– Que cena mais romântica! – a voz alta e sarcástica de Sam e o som da batida de suas palmas os assustou. Eles se afastarem um do outro rapidamente. O moço atravessava a rua em direção a eles– Nossa, estou até comovido.

– Sam, eu posso explicar... - adiantou-se Victoria saindo de perto de Dean, mas este a segurou pela mão. Temia por ela, Sam estava fora de si.

– Não perca seu tempo, Vic – ele fechou o rosto mais ainda ao ver o gesto de Dean – Eu sei de tudo e não sou cego! Vocês estão se encontrando às escondidas! Vocês combinaram tudo ontem! Eu li a mensagem no seu celular. Falaram de mim, tramando pelas minhas costas. Eu só queria ver se teriam coragem pra isso.

– Escute, Sam – disse Dean soltando a mão de Vic e aproximando-se do irmão com cautela – Não é nada disso. A gente só estava...

Um soco de Sam em seu rosto o interrompeu e fê-lo cair no chão da calçada. Vários curiosos saíram de lojas próximas para ver o “espetáculo”

– Para com isso, Sam! – Vic gritou aflita – O que você fez?

– Com tanta mulher no mundo, você se mete com a minha? – disse Sam ignorando Collins e deu um chute no estômago de Dean. O loiro gemeu.

Por sorte, ele conseguiu abafar o impacto com as mãos; mesmo assim, sentiu dor.

– Chega, Sam! Pare com isso! – Vic o puxou pelos ombros para impedir que machucasse mais o irmão.

– Sim, chega! Você vem comigo agora! – Sam a pegou pelo braço transtornado sem se importar com o aperto forte. Começou a arrastá-la pela rua

– Me solta, Sam! Você está me machucando! – ela tentou resistir

– Eu? Te machucando? – ele parou um momento e voltou o rosto colérico para ela – Sou eu o machucado aqui com a sua traição! – virou-se e puxou-a mais uma vez

– Ei, Sam! Larga ela! – disse Dean de pé recuperado e avançou em Sam. Ele o derrubou no chão.

– Dean! Sam! Não! – Collins gritou desesperada

Era inútil. Os dois irmãos se engalfinharam e começaram a se socar. Dois homens mais corajosos se aproximaram e tentaram apartar a briga, porém, os Winchesters os acertaram, irritados por serem interrompidos.

– Parem com isso, vocês dois! – gritou, mas eles não lhe deram ouvidos.

Os dois pareciam animais mergulhados numa disputa feroz. Rolavam pelo chão, agarravam-se pelo pescoço, davam socos e chutes. Não se importavam em estar no meio da rua. Um carro parou quase os atropelando.

– Dean! Sam! – Victoria berrou desesperada

De repente, um estanho arrepio, uma sensação de estar revendo uma antiga cena vista várias vezes tomou conta dela. Estanhas e confusas imagens se projetaram na mente dela.

Ela é minha! – gritava uma voz masculina

– Não, é minha! – gritava outra voz

Corpos se digladiando.

Revólveres.

Sangue.

Sangue em suas mãos.

Dean e Sam caídos como mortos no chão. Ela de pé no meio deles.

– Moça, você está bem? – indagou um homem moreno que a olhava preocupado

Vic despertou de seu estranho transe. O que foram todas aquelas imagens perturbadoras e confusas que vagaram em sua mente? Havia sonhado acordada?

– Eu... – ela abriu os olhos espantada. Seu lábio tremia.

– Não se preocupe. Conseguimos separá-los – disse o homem com brandura como se houvesse descoberto o motivo de sua aflição.

Foi só aí que Collins voltou a si. Viu Sam e Dean separados um do outro a certa distância. Foi preciso uns oito homens para intervir. Cada irmão era segurado por quatro deles. Mesmo assim, estavam tendo dificuldade para conter os Winchesters. Eles pareciam feras que queriam avançar um no outro. Estavam machucados e com os cabelos desgrenhados. Havia uma meia-roda de pessoas em torno deles.

– Nunca mais se aproxime da Vic! Ela é minha! – gritava Sam descontrolado.

– Não é não! – retrucou Dean também descontrolado – Ela é...

– Parem! – Vic os interrompeu – Parem de brigar! Vocês são irmãos!

Como se um choque perpassasse o corpo de Dean, ele parou de se debater nos braços dos homens que o seguravam. Por um momento, Sam pareceu sofrer o mesmo efeito, porém, voltou a se debater com raiva.

– Me soltem! Eu vou acabar com ele! – gritou

Vic se posicionou no meio olhando de um para o outro. Ambos a fitaram angustiados. O olhar dela se deteve em Sam. Deu alguns passos em sua direção para desespero de Dean, porém, Sam a fez congelar onde estava:

– Como você pôde me trair com ele? Como pôde, Vic? Depois de tudo que passamos!

– Sam... – ela balançou a cabeça para os lados

Deu alguns passos atrás. Percebeu que ele ainda estava dominado pelo Tormento.

– Volte aqui, Vic! Não chegue perto dele!

Ela lhe deu as costas e voltou-se para Dean. Ele a olhou intensamente por uns momentos e engoliu em seco.

– Você está bem? – ela perguntou. Havia reprovação em seu olhar apesar da preocupação em seu tom de voz

Ele abaixou a cabeça envergonhado, dando-se conta do que havia feito. Assentiu.

– Vamos embora daqui – ela deu uma rápida olhada para trás, fitando Sam que a olhava como um animal ferido de morte. Vic voltou a encarar Dean – Temos que libertá-lo.

Dean acenou com a cabeça mais uma vez.

– Soltem ele – pediu Vic.

– Tem certeza? – um dos homens que seguravam Dean indagou na dúvida.

– Sim. Mas... – ela olhou Sam de novo – Só ele.

Os homens concordaram e soltaram Dean.

– E ele? – perguntou outro que segurava Sam.

– Por favor, segurem-no pelo menos... até meu amigo e eu sairmos daqui.

O homem a olhou com sorriso malicioso e olhar irônico como se dissesse “Amigo? Tá!” Victoria estreitou os olhos, mas resolveu ignorá-lo. Era provável que todos ali pensassem o mesmo. Não importava. Que imaginassem com suas mentes ingênuas e, ao mesmo tempo, maliciosas, o que sabiam ou acreditavam saber da vida. A realidade por trás de tudo aquilo os chocariam.

Victoria e Dean caminharam em direção ao Impala.

– Vai me abandonar de novo? – esbravejou Sam quando eles mal tinham andado – Como fez lá na casa do Bobby? Só pra ficar com meu irmão?

– Eu não te abandonei, Sam. Jamais faria isso. E muito menos te trairia com Dean ou qualquer outro homem. Você não está pensando com clareza porque... você também foi afetado como os outros.

Ela teve o cuidado de escolher bem as palavras por causa das pessoas à volta, embora não se importasse que presenciassem a cena. Mas Sam compreendeu. Por instantes, parou de se debater.

– No fundo você deve saber a verdade. O seu ciúme por mim não é normal. É... isso que está provocando tudo.

Sam permaneceu calado, porém, seu rosto voltou a expressar fúria.

– Você ainda não está dono de si. – prosseguiu ela – Eu vou com Dean... para descobrirmos como te tirar desta.

Ela e Dean tornaram a se virar e caminharam até o carro. Sam ainda se debatia segurado pelos homens. Victoria dirigiu um último olhar a ele antes de entrar no veículo.

Sam a fitou e, em seu olhar, transparecia sentimentos intensos: ódio, mágoa e dor. Vic, condoída, quase sucumbiu à ideia de retornar e ficar com ele para que tentassem superar aquela crise juntos. Dean a chamou:

– Vamos, Vic. Temos que ir.

Ela hesitou, porém, acenou com a cabeça e entrou no carro. Partiram. Por fim, os homens largaram Sam.

– Calma aí, cara – disse um deles cauteloso. E afastou-se junto com os demais

A pequena multidão ao redor também se dispersou aos burburinhos.

Sam ficou ali parado olhando o Impala até que sumisse de vista. Apertou os punhos.

– 0 –

Dean os conduzia em silêncio. Nenhum dos dois queria comentar o ocorrido. Ambos estavam imersos em seus próprios pensamentos.

– Aonde nós vamos? – indagou Victoria quebrando o clima

– A gente vai ter que ir nessa firma Alliance – respondeu Dean sem fitar Victoria – Temos que investigar pra verificar qual pessoa o Tormento está possuindo.

– Você tem um palpite?

– Talvez o presidente da empresa. Sempre são os figurões que mandam os peões fazerem seu trabalho sujo. - fez uma careta ao responder. Havia se ferido na briga com Sam no canto da boca, na testa e no peito.

– Antes nós vamos cuidar desses machucados

– Sem essa, Vic. Estou bem.

– Não, senhor. Não podemos ir nessa firma com você assim. O pessoal de lá talvez nem queira te receber. Vamos parar – falou decidida

Dean bufou.

– Pare agora, Dean – o tom de voz dela era baixo, mas imperativo.

– OK. Vamos dar uma passada no hotel em que estou. É caminho pra firma. - ele fez bico derrotado.

Alguns minutos depois, chegaram ao local e Dean estacionou em frente ao prédio. Desceram do Impala e Vic pegou o kit de primeiros socorros no porta-malas.

Passaram pela recepção – que já dava uma ideia do quão precário era a estrutura do estabelecimento – e subiram até o segundo andar em que ficava o quarto de Dean. Ele abriu a porta.

– Primeiro as damas – estendeu o braço para dentro. – Não... repare muito no local.

Vic entrou e ficou horrorizada com o que viu. O lugar era um muquifo! Boa parte da pintura das paredes descascada, o chão que era composto de tacos de madeira estava com várias deles faltando, a janela de vidraça tinha uma parte quebrada e o teto tinha uma mancha enorme que se estendia a um canto de uma das paredes – talvez infiltração. Isso sem contar o cheiro de mofo no ambiente e de algo podre que parecia vir do banheiro.

– Como... você está conseguindo dormir aqui? – ela perguntou

– Você tinha que ver anteontem. Estava bem pior. Tinha até baratas.

– Baratas? – Vic quase gritou

– Calma – Dean segurou o riso – Dei um jeito em todas elas e tive que obrigar o cara da recepção mandar alguém limpar essa muvuca.

– Mesmo assim, ainda está um filme de terror. Dean, você tem dinheiro suficiente na conta que eu... – parou de falar bruscamente

– Que você o quê? – ele a pressionou a continuar

– Que... eu sei. Lembre-se que eu também tenho. – despistou – Mas... é o suficiente pra você pagar um lugar melhor. Não tinha necessidade de ficar aqui só porque esse prédio está num lugar que é o centro de todas essas mortes.

Ele deu de ombros.

– Já estou aqui mesmo. Acredite, o inferno é mil vezes pior – houve uma pausa entre eles – Bem, vamos logo com isso que estamos perdendo tempo.

Victoria assentiu. Colocou a maleta em cima de uma cômoda bastante desgastada ao lado da cama de cabeceira enferrujada. Virou-se para Dean.

– Sente-se que vou cuidar disso.

– Não, Vic, pode deixar, eu...

– Senta, Dean – ela o pressionou colocando as mãos sobre seus ombros e quase o empurrando para que se sentasse na beira da cama. Surpreendido, ele obedeceu automaticamente. É claro que o que contribuiu foi a descarga elétrica que sentia toda vez que Vic e ele se tocavam fosse apenas por um momento.

Ignorando o olhar dele e o choque que também a percorria, Victoria pegou um antisséptico, alguns esparadrapos, gazes, um pedaço de pano e passou a tratar dos machucados do Winchester. Sentou-se do lado dele. Começou a estancar com o pano um pouco do sangue que havia no corte no canto da boca dele. Dean estremeceu. Ela também.

Ele a fitou com olhos abrasadores. Vic desviou o olhar e embebeu o pano com antisséptico e colocou outra vez no canto da boca de Dean.

– Au! – ele gemeu

– Desculpe.

– Tudo bem – sorriu. Voltaram a se contemplar.

Foi uma operação difícil para ambos; Vic tocar em Dean e ele sentir o toque dela. O Winchester sentia como se pegassem um ferro em brasa e passasse com suavidade em cada parte que era tocada. Mas produzia um calor gostoso, uma chama. Era difícil também se encararem por muito tempo sem que suas mentes fossem tomadas por pensamentos nada puros.

Ambos sabiam como era penoso um para outro. Não precisavam de palavras para se comunicarem. Só podiam fingir que nada estava acontecendo. Sam não tinha motivos para achar que eles o estavam traindo, porém, não podiam culpá-lo por acreditar nisso mesmo sem a influência de um Tormento.

Foram apenas uns cinco machucados que Vic tratou; o último, no peito dele, perto de sua tatuagem. Dean não conseguiu segurar um leve gemido quando ela tapou a ferida com o esparadrapo. Os dedos dela, a pele dela sobre a sua tinha um efeito devastador.

E havia o perfume dela. Sua proximidade permitia que ele aspirasse aquele aroma embriagador.

Deus, ele merecia ganhar o prêmio do ano por não sucumbir à sua vontade e agarrar aquela mulher!

Com Vic, ocorria o mesmo. Mas ela tentava focar seu pensamento em Sam e em salvá-lo. Surpreendeu-se quando Dean fechou a mão sobre a sua ainda no peito dele.

Eles se perderam na escuridão do olhar um do outro. A única coisa que conseguiam ouvir eram suas respirações. Ela olhou para a boca dele; ele vice-versa. A eletricidade pairando sobre eles. Foi Dean que quebrou aquela tensão:

– Pode deixar... Eu termino aqui... – sua voz foi quase um sussurro rouco

Vic assentiu trêmula e levantou-se de uma vez, dando as costas para ele. Foi para a janela fingir que queria apreciar a vista. Dean engoliu em seco. Fechou os olhos para ser recompor e terminar ele mesmo de colocar a gaze.

Collins ficou alguns segundos ainda na janela. A tensão do momento, o pensamento lascivo foi desaparecendo e deu lugar a uma ideia. Não. Uma lembrança. Algo que a havia intrigado no momento da briga entre Dean e Sam. Resolveu encará-lo. Precisava entender.

–Dean. – ela disse ao se virar para ele.

– Hunh? – ele a olhou ainda atordoado.

– Me explica uma coisa – ela deu alguns passos até ele. Torcia as mãos uma na outra com evidente nervosismo.

– O que?

– Eu... não me entenda mal. Sei que você estava querendo me proteger do Sam e que também estava se defendendo, mas... por que você continuou batendo nele daquele jeito?

Dean não respondeu. Engoliu em seco.

– O Sam, eu entendo porque está dominado por esse demônio. Mas e você, Dean? – falava num tom baixo, embora a censura fosse evidente – Sinceramente, parecia que você queria matá-lo. Você estava fora de controle.

– Eu... não sei, Vic. Deve ter sido a adrenalina – argumentou sem fitá-la – Acho que... me desesperei por ver o Sam descontrolado. Eu queria acordá-lo de qualquer jeito.

Não disse mais nada. Na verdade, não queria dizer. Ele não saberia explicar o que motivou sua fúria contra Sam. Ele queria defender Victoria do irmão. Não, mais do que isso. Ele sentia que devia tomá-la do irmão, reclamar seu direito sobre ela. Como se tivesse algum. Sentiu como se estivesse revivendo uma mesma cena da qual ele, Sam e Vic já houvessem participado. Uma tragédia.

Deus, aquilo era loucura! Mas essa era a verdadeira razão que o havia motivado. Só que não o diria para Victoria. Ela não entenderia. Ele mesmo não entendia. Ou não queria.

Vic não acreditou no que ele havia lhe dito. Mas resolveu não insistir. Tinha a vaga sensação de que não iria gostar da resposta.

O celular de Dean tocou os despertando daquele incômodo silêncio. Ele atendeu. Era Castiel.

– Fala, Cass.

– Dean, recebi sua mensagem – respondeu ele. Havia certa interferência no aparelho. Algo parecido com uma ventania.

– Cass... Cass! Não estou te escutando direito! – Dean colocou a mão em concha no ouvido – Onde você está?

– Estou no Tibete no alto de um mosteiro.

– Tibete? – o caçador ergueu as sobrancelhas – E o que você está fazendo tão longe?

– Uma pista para encontrar Deus. Vou tentar falar com o Dalai Lama.

– Mas... pelo o que sei, esse cara adora Buda. Não é outro tipo de deus?

– Bem, uma pista é uma pista. – respondeu meio vago – Mas... em que posso ajudá-lo?

– Estamos enfrentando outro problema. Ou melhor, outro Tormento.

– E como esse é? Que tipo de emoções violentas provoca?

– Ciúme. Todas as suas vítimas mataram seus companheiros e outras pessoas que achavam serem amantes. Depois, se matavam.

– Hum...

– Conhece esse?

– Estou tentando me lembrar. Você não viu algo assim... lá? – o anjo teve cuidado ao se referir à passagem de Dean no inferno. Sabia que falar do assunto não agradava o caçador.

– Eram muitos... milhares sem exagero. Não me lembro de todos. Acho que nem vi a metade. – respondeu sombrio – Por favor, Cass. Faça um esforço. É importante, o Sam também foi envolvido.

– O Sam?

– É, depois eu explico. E então?

– Pelo o que você me disse, me lembrei que existe um Tormento assim. Inclusive vocês inconscientemente se referem a ele como o Monstro Verde do Ciúme. Ele de fato, é dessa cor.

– Beleza. E parece que tem um senso de humor do caralho – disse irônico ao se dar conta que os uniformes dos empregados da Alliance eram todos verdes. – Como o derrotamos?

– A pessoa que foi envolvida por ele tem que nascer de novo e só assim pode matá-lo.

– Como é? – Dean elevou o tom de voz achando que havia escutado mal.

– A pessoa tem que nascer de novo.

– Como assim? – ficou mais confuso. Uma interferência cortou a comunicação – Alô? Alô? Cass?

Infelizmente, a ligação havia caído bruscamente.

– Droga! Era só o que faltava!

– O que foi? Cass disse como derrotá-lo?

– Disse, mas não faz nenhum sentido pra mim.

– 0 -

Sam limpava com um pano os machucados no rosto. Olhava-se no espelho do banheiro do chalé.

A raiva começou a ferver em seu sangue. Era culpa do seu irmão aqueles ferimentos! E ele estava... com Victoria!

Jogou o pano com raiva dentro da pia e deu um murro forte na parede sem se importar com a dor que latejou na mão.

Malditos! Malditos!

A essa hora, deviam estar juntos na cama enquanto ele estava ali sozinho e machucado. Esse tempo todo estava sendo enganado por eles. Os dois deveriam ter dado boas risadas às suas custas!

Sam agarrou a pia trêmulo de fúria. Abaixou a cabeça e crispou os lábios. Como puderam traí-lo daquela forma?

Eu não te abandonei, Sam. Jamais faria isso. E muito menos te trairia com Dean ou qualquer outro homem. Você não está pensando com clareza porque... você também foi afetado como os outros.

A lembrança das últimas palavras de Victoria lhe vinha à mente

No fundo você deve saber a verdade. O seu ciúme por mim não é normal. É... isso que está provocando tudo.

Um pensamento consciente brotou da mente de Sam. E se fosse verdade? E se ele estivesse sendo dominado por aquele Tormento? Afinal, nunca se sentiu daquela forma antes. É verdade que sempre foi um pouco ciumento mesmo quando namorava Jessica. Depois que passou a se relacionar com Victoria, aquele sentimento aumentou, mas ele nunca deixou que o dominasse e jamais fez uma cena. Aquilo não combinava com ele.

E confiava em Vic, mesmo com todos os segredos que escondia dele. E seu irmão jamais o sacanearia daquele jeito. Então por quê...?

Não seja tolo! É claro que isso é só uma mentira inventada por eles para desviar suas desconfianças

O pensamento veloz o atravessou na mesma hora

Você é protegido do Lúcifer mesmo que não goste disso. Por que um demônio a serviço dele se atreveria a mexer com você?

Era verdade. Aquilo não fazia sentido nenhum.

Você tem que mata-los! Mate aqueles desgraçados que te traíram!

Sim. Era isso o que devia fazer. Mas... e depois?

Depois não restará nada. Mas que importa? Eles te traíram. Talvez... podia considerar a possibilidade de se entregar para Lúcifer.

Sam se assustou com tal linha de raciocínio. Não parecia nem que aquilo fosse dele.

Tolice! Não tem mais ninguém aqui além de mim. Estou sozinho.

Seu rosto se contorceu de dor.

Sim. Sozinho. Dean e Vic me abandonaram. Não tem mais sentido eu lutar contra o Apocalipse. Já é o fim pra mim.

Matá-los. Era isso o que queria. Mas, primeiro, deveria encontra-los.


Notas Finais


Bem, gente, espero que tenha valido a pena. Só para esclarecer, sobre essa ida do Cass ao Tibete, bem mais pra frente devo fazer um flashback disso porque, de certa forma, vai se relacionar com a trama e também com a fase em que o nosso querido anjo é dominado pela sede de poder com as almas do purgatório dentro dele, como vcs devem se lembrar.

Enfim, próximo capítulo encerramos esse caso.

Até a próxima.


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