1. Spirit Fanfics >
  2. Almas Trigêmeas >
  3. Eu sei o que vocês fizeram na vida passada (parte 1)

História Almas Trigêmeas - Eu sei o que vocês fizeram na vida passada (parte 1)


Escrita por: jord73

Notas do Autor


Olá, pessoal!

A foto abaixo representa o Henry, o segundo amor da vida de Victoria. É o ator Laurence Fishburne. Não chega a ser um galã, mas considero um tipo bem atraente e também combina com o perfil do personagem que criei.

Enfim, divirtam-se!

Capítulo 39 - Eu sei o que vocês fizeram na vida passada (parte 1)


Fanfic / Fanfiction Almas Trigêmeas - Eu sei o que vocês fizeram na vida passada (parte 1)

Anteriormente:

– É uma honra conhecer um anjo de Deus – disse Vic.

– Você é uma caçadora difícil de encontrar, Victoria Collins.

Vic não soube o que responder. Não havia sentimento naquela sentença, fora dita com neutralidade. Por isso, não sabia interpretar se fora um elogio ou não. E nem o que aquele anjo queria dizer.

(...)

– Vocês estão bem? –indagou Sam aos seus parceiros

Eles assentiram. Voltaram-se para a criatura que os observava. Ocupava o corpo de um homem alto e negro de olhos verdes. Antes que qualquer um deles dissesse algo ou fizesse algum movimento para ataca-lo, ele disse:

– Não precisam agradecer. – fez uma rápida continência – Com os cumprimentos de Crowley.

(...)

– Só que... pra não ficar muito estranho... eu disse para os Winchesters e a Indomável que estava a serviço de Crowley – ele começou a gaguejar pelo silêncio de Anna – Sei que as instruções eram pra não me meter, somente começar a segui-los, mas...

– Tudo bem – Anna o interrompeu – Você fez bem.

– Sério? - indagou desconfiado – Quer dizer... Não vai me incinerar por isso?

– Não, fique sossegado.

Joshua teve a impressão de ver um brilho divertido nos olhos de Ana como se ela achasse graça no que ele havia perguntado. Deu de ombros.

– E... agora? – tornou o demônio

– Volte pra onde estão e não os perca de vista. E procure não fazer nada pra ajuda-los... se for algo com que realmente não puderem lidar.

(...)

– Vou dormir com o Dean. – ele disse

– Você... vai contar pra ele? – perguntou ansiosa.

– Não, pode ficar tranquila. Se alguém tiver que contar algo pra ele, esse alguém vai ser você.

Ele a fitou com intensidade. Ela correspondeu. O desejo e o amor que havia entre eles pairavam no ar. Foi um custo para Sam desviar o olhar e ir até sua mala catar alguns itens para dormir enquanto Victoria continuava parada, sem ânimo para detê-lo.

– Boa noite, Vic – disse num sussurro sem fita-la diretamente e abrindo a porta. Fechou-a suavemente.

– Boa noite... Sam – ela disse para si mesma.

(...)

– Está dizendo que...

– Sim. Lúcifer está livre. Você como grande bruxo deveria saber. Não notou os estranhos fenômenos que estão ocorrendo? Como as coisas estão mais loucas?

– É verdade – ele olhou para o lado como se procurasse concatenar as ideias – Mas... eu estava tão ocupado que nem parei pra pensar.

– Pois agora você não terá mais que pensar. Terá que agir. Você mesmo pode localizá-la agora.

– Mas como? Eu tento e não consigo. – olhou-a desconfiado – Achei que estava aqui pra me ajudar a encontra-la.

– E vou ajudar. Você não pode localizá-la, mas pode achar as pessoas que estão com ela.

Ele estreitou os olhos. Meg alargou o sorriso numa expressão cruel e prosseguiu:

– Os Winchesters.

Capítulo 38

Eu sei o que vocês fizeram na vida passada (1ª parte)

Cinco anos antes

Universidade de Stanford

- Senhor Richard Mason? – a voz da secretária o chamou na linha

- Diga, Amanda – respondeu uma voz masculina.

- O professor Dawson e a aluna dele estão aqui.

- Ótimo! – a voz do homem se animou – Mande-os entrar imediatamente. Ah! E mande trazer água e café. Você encomendou os salgados?

- Sim, senhor.

- Ótimo, prepare tudo – desligou

Em seu amplo gabinete, George se levantou bastante animado. Finalmente, ia vê-la, reencontrá-la e a teria em seus braços. Procurou se acalmar, não podia deixar transparecer sua ansiedade ou poderia assustá-la. Teria que ser muito paciente.

A porta se abriu.

- Com licença, senhor. – disse a secretária

Era uma bela mulher de cabelos castanhos compridos e olhos verdes que deixou um casal passar pela porta.

- Reitor Mason. – um homem alto e negro de belo porte, terno preto riscado e óculos se adiantou e apertou a mão de George – Como vai?

- Ora, por favor, Henry! Já lhe disse que nada de formalidade entre nós. Eu fiz duas matérias isoladas com você na época em que éramos estudantes. E sou mais novo, inclusive.

- Eu sei, mas você sabe como sou formal – o outro sorriu. – Mas tudo bem... Rick.

- Assim é bem melhor. E como você está? – os olhos de George não se desviaram de seu interlocutor, mas ele estava totalmente consciente da bela moça que acompanhava o homem, um pouco mais atrás.

- Muito bem. – ele se voltou para a moça atrás de si – Esta é a estudante de que lhe falei, com um projeto que pode revolucionar a cara da nossa Universidade. Rick, eu lhe apresento Victoria Collins.

Foi só nesse momento que George fixou seus olhos penetrantes na moça. Vic, desde que havia entrado, sentiu um arrepio, um medo inexplicável que a fez querer sair correndo longe daquele homem. Mas se forçou a se aproximar, sorrir e estender a mão.

- Prazer em conhecê-lo... Reitor – disse respeitosamente.

George tomou delicadamente a mão dela e beijou-a. O toque dos dedos dele causaram uma sensação ruim em Collins, mas ela disfarçou tal sentimento.

- O prazer é todo meu... senhorita Collins – ele sussurrou numa voz rouca – Mas pode me chamar de... Ge... er, Richard.

Quase que deixava escapar seu verdadeiro nome. Suavemente, Vic puxou a mão de volta. Esboçou um sorriso forçado. O reitor fingiu ignorar e se dando conta ainda da presença de Henry, acrescentou:

- Bem, sentem-se. – apontou duas cadeiras à frente da escrivaninha

Eles assim o fizeram. Vic à esquerda e Henry à direita.

- Quero ouvir mais detalhes sobre esse revolucionário projeto que te entusiasmou tanto, meu caro Henry. – tornou George

Henry trocou um carinhoso olhar com Victoria e voltou a fitar seu interlocutor.

- Quem melhor pode explica-lo é a própria Vic... digo, Victoria

O reitor notou o tom bastante familiar com que o outro se referia à estudante e também o modo terno como ambos se olhavam. Na verdade, havia notado antes um tom carinhoso quando Henry falava sobre Collins. Aquilo o inquietava bastante. Será que...?

O som estridente do telefone interrompeu sua linha de raciocínio. Ele sorriu numa expressão de desculpas.

- Perdão. Vou pedir para minha secretária que não transfira nenhuma ligação até terminarmos essa conversa. Com licença – o casal assentiu enquanto o reitor pegava o telefone do gancho.

Podia simplesmente ter apertado a tecla de viva-voz, contudo, não seria de bom tom que seus "convidados" ouvissem a conversa telefônica.

- Amanda, por favor, não transmita nenhuma ligação enquanto eu estiver com o Professor Dawson e a Senhorita Collins.

- Sim, reitor, mas... é que o senhor marcou com Sam Winchester para uma entrevista com relação a outro projeto. Ele está aqui.

Maldição! Sam Winchester! E... a poucos metros de Victoria. George tinha se esquecido completamente daquele compromisso de tão ansioso que estava por aquele reencontro com Collins.

O pânico interior não transpareceu no semblante tranquilo que sustentava. Numa voz bem calma, ordenou:

- Pois explique a ele que surgiu um compromisso urgente de última hora e peça que retorne amanhã sem falta nesse mesmo horário.

- Como quiser, senhor.

Amanda desligou. O reitor ficou alguns segundos fitando o aparelho até que Henry indagou:

- Algum problema?

- Não – George acrescentou – Nenhum problema.

Vic não acreditou naquele homem, aliás, tudo nele lhe soava falso. Contudo, permaneceu calada. Quanto a Henry, insistiu:

- Se quiser podemos voltar outro dia.

- Não, imagina. Nada importante que não possa ser adiado – fitou Victoria intensamente – Bem, senhorita, me fale de seu projeto.

Disfarçando sua inexplicável repugnância por aquele homem, Vic começou a explicar sobre seu trabalho.

George ouvia encantado. Ela era maravilhosa! Sempre foi. E finalmente a tinha ao alcance de suas mãos depois de um longo tempo. E isso porque a viu quando passava por acaso no auditório numa aula de Henry Dawson para falar com ele de um tal projeto que este havia mencionado que seria benéfico à Universidade. Da porta, sem ser notado, passou distraidamente os olhos entre os alunos até vê-la. Reconheceu-a imediatamente. A sensação que teve foi maior do que um homem descobrir um tesouro incalculável. Teve que se conter para não ir até ela.

Após a aula – e tomando cuidado para não ser visto por Collins – foi conversar com Henry. Procurando se conter, esperou a oportunidade para de alguma forma descobrir através do professor sobre a estudante que lhe interessava. A oportunidade veio quando Henry mencionou o tal projeto que tanto o entusiasmava. George descobriu que Victoria era a autora do trabalho. E sem perder tempo, havia marcado aquela entrevista. Só não marcou no mesmo dia por estar com a agenda lotada e também porque queria se preparar psicologicamente em recebê-la.

Victoria estava ali há um ano e meio e só fazia dois dias que ele havia descoberto que ela estudava num curso técnico de gestão de empresa na Universidade. Inacreditável! Mas antes tarde do que nunca.

Contudo, uma preocupação crescente dominava seu ser. Ela e Sam Winchester juntos num mesmo lugar. Stanford era grande, mas não o bastante. Era um milagre que aqueles dois não tivessem se encontrado ainda! Ele saberia disso. Vigiava cada passo do moço desde que o descobriu ali há seis meses. Sabia que morava com uma tal de Jessica Moore.

Mas por mais que Sam estivesse apaixonado pela namorada, se conhecesse Victoria, não conseguiria resistir à atração espiritual e física que havia entre eles. George tinha que evitar aquele encontro de qualquer jeito.

E sabia como. Sim. Isso definitivamente afastaria Sam Winchester de seu caminho.

Dessa vez, George não permitiria que aquele indivíduo ou seu irmão – seja quem quer que fosse – ficassem entre ele e sua Elizabeth.

- 0 –

Agora

- Ele descobriu tudo... Bobby – Victoria com voz chorosa falava com seu tio no telefone. Ele havia ligado preocupado após se inteirar com o próprio Sam que este havia descoberto o segredo dela – E... tive que contar o resto pra ele.

- Vic... Vic, minha querida, eu te avisei. Sam não é nada burro.

- Tá, eu sei. Não precisa dizer que me avisou – fungou o nariz – A coisa mais horrível de se ouvir de alguém é isso. Eu só quero que você me ajude.

- Ajudar como? Falar com ele não dá. Me ligou bravo me acusando de ser um mentiroso, tive que coloca-lo no lugar. Me pediu que eu voltasse a arrumar cartões de crédito roubados pra ele. Se recusa a aceitar seu dinheiro.

- Eu sei. Ele... me odeia. Nunca vai me perdoar.

- Não, não exagere. Você sabe que não é assim. Ele só está magoado. Mas eu conheço o Sam, ele logo vai entender e te perdoar.

- Será? – ela enxugou uma lágrima.

- É claro. Ele te ama, Vic. Ele vai te perdoar.

- Espero que sim.

- OK. Agora chega dessa choradeira que não combina com a Indomável que você é – o tom de voz dele foi de falsa repreensão – E você ao invés de chorar, deveria estar fazendo uso de todo o seu poder de sedução feminino para reconquistar o rapaz. Garanto que Sam não vai resistir muito tempo.

Vic conseguiu soltar um curto riso e enxugou mais uma lágrima.

- Valeu, Bobby. Só você mesmo pra me animar.

- Que isso, filha. Estou sempre pronto a fazer qualquer coisa por você – fez uma breve pausa antes de continuar – E quanto ao Dean? Você ou Sam vão contar pra ele?

- Não... Sam deixou que eu tomasse a iniciativa, mas... eu acho melhor não. Não quero mais um irmão Winchester bravo comigo por eu ter escondido quem sou.

- Vic... – a voz de Singer continha um tom de advertência.

- Ah. Bobby, eu... não acho que seja bom o Dean saber. Quanto menos gente souber, melhor – suspirou – Pelo menos eu preciso de um tempo antes de contar também pra ele.

O velho caçador suspirou.

- Está bem, teimosa. Faça como achar melhor. E... quanto ao Sam dê tempo a ele, filha.

- Fazer o quê, né? Não tenho escolha.

- Ânimo, Vic. E se cuida.

- Você também. E sei que não falo isso há muito tempo, mas, Bobby... saiba que eu te amo muito. Mesmo você não sendo meu tio de verdade, eu te amo.

- Que isso de eu não ser seu tio de verdade? É claro que sou. A gente pode não ter o mesmo sangue, mas isso não torna nossa ligação menos importante. – disse num tom repressivo. – E... eu também te amo, minha filha. – suavizou o tom de voz comovido pelas palavras de Vic – Só que este velho não é chegado em muita melação.

- Certo. – Vic riu. Bobby não gostava muito de demonstrar sentimentos, mas ela sabia o quanto ele se importava com ela – Tchau, Bobby.

- Tchau.

Vic desligou o celular e suspirou profundamente.

As coisas entre ela e Sam não estavam muito boas. Fazia dois dias que não dormiam juntos. E ele estava frio com ela. Não a tratava mal; procurava conversar normalmente sobre questões relacionadas às caçadas e ao Apocalipse. Porém, era sempre na presença de Dean.

Este não teceu nenhum comentário sobre o afastamento deles. Mas o olhar inquiridor que dirigia ora para um, ora para outro era o suficiente para imaginar as mil perguntas que se passavam em sua mente.

Victoria decidiu que pressionaria Sam para conversarem sobre aquela situação. Ela sabia que não era de bom tom encostar um homem na parede, entretanto, a necessidade que tinha dele, a falta que ele fazia ao seu lado estava lhe enlouquecendo.

Sim. Ia pedir uma posição de Sam. Com ela era assim. Tudo ou nada.

- 0 –

- E aí, gente? Está bom esse caso pra vocês? – indagou Dean com um recorte de jornal na mão.

Os três estavam sentados numa lanchonete. Sam perto de uma janela ao lado do irmão e este voltado para o corredor. Vic estava de frente para eles. Tentava fitar Sam diretamente, mas este desviava o olhar. O loiro percebia o desconforto de ambos, mas procurava ignorar.

- Eu sei que deve parecer apenas um caso ligado a algum tipo de metamorfo, talvez nada muito relacionado ao Apocalipse, mas é o que a gente tem por hora.

- Pode ser. Por mim está bem. – concordou Victoria.

- Sam? – Dean se voltou para o irmão.

- O que vocês decidirem pra mim está bom – replicou sem olhar para nenhum deles.

Um silêncio constrangedor se fez entre eles.

- Vou ao banheiro – anunciou Sam e levantou-se – Licença, Dean.

Dean se afastou para que o irmão passasse por ele.

Collins olhou com desalento seu namorado se afastar. Assim que se viu a sós com ela, Dean não se conteve mais:

- Afinal, o que tá rolando entre você e o Sam?

- Nós brigamos – respondeu Vic laconicamente.

- Isso qualquer um nota. E só pelo fato do Sam ter passado as últimas duas noites comigo e não com você já mostra que houve quebra de pratos. Mas eu quero saber o motivo.

- Me desculpe, Dean, mas isso não é da sua conta – ela disse irritada.

- OK. Tem toda razão – ele levantou os braços em sinal de trégua e fez um muxoxo – Mas contato que vocês não deixem isso atrapalhar o trabalho está bom. – apontou o dedo para ela – E outra: dessa vez, não contem comigo pra ser pombo-correio de vocês.

- Tá, tá, Dean – ela suspirou e colocou a mão no rosto com ar cansado. Depois, fitou-o – Olha, me desculpe, eu... não quis ser grossa. Mas o que aconteceu comigo e com o Sam é complicado de explicar, outra hora eu falo disso. Mas dessa vez a culpa foi minha.

- Oh – ele fez expressão de surpresa – Victoria Collins admitir que é culpada de alguma coisa é raro. Acho que o mundo caminha mesmo pro fim.

- He-he. Estou morrendo de rir – ela fez uma careta de desagrado para ele e cruzou os braços – E quer saber do que mais? Pode ficar tranquilo que eu não vou te usar como moleque de recados.

- Ainda bem.

- Mas pode me fazer um favor?

- Qual? - ele a olhou com cautela.

- Pode esperar por mim e por Sam lá fora? Eu vou tentar conversar com ele.

- OK. – ele se levantou prontamente – Mas só porque eu sou um cara muito legal.

Vic sorriu, quase rindo.

- Só não demorem muito – balançou o dedo em riste em advertência.

- Pode deixar, Winchester.

Dean saiu do estabelecimento. Uns quatro minutos depois, Sam voltava do banheiro. Parou diante da mesa e tentou não fitar Victoria. Sem sucesso. Ela ficou tensa. O moço olhou ao redor procurando pelo irmão.

- Cadê o Dean? – perguntou

- Está lá fora nos esperando – respondeu ela.

- Então... é melhor irmos.

- Sam... – Vic se levantou rapidamente e postou-se de frente para ele. O caçador engoliu em seco – Podemos conversar?

- Vic... – ele tentou evita-la.

- Por favor – ela insistiu suplicante.

Sam não conseguia resistir ao apelo daquela mulher. Além disso, também estava difícil para ele continuar com aquela postura fria com ela.

- Está bem – assentiu.

Sentaram-se.

- Pode falar – disse educadamente ainda que soubesse o que ela diria. Colocou as mãos sobre a mesa

- Sam... me desculpe de novo – ela colocou as mãos sobre as dele. Ele prendeu a respiração momentaneamente só de sentir o toque, mas procurou ignorar o efeito que ela tinha sobre ele. – Eu sei que eu devia ter te contado sobre mim, mas... não foi falta de confiança. Foi mais pra te proteger.

- Eu sei, Vic – ele suspirou – Acredite, eu sei.

- Então por que você ainda está sem falar comigo?

- Mas eu tenho falado com você sempre que você se dirige a mim – replicou dando uma de desentendido

- Você sabe o que eu quero dizer.

Ele suspirou por alguns instantes antes de responder:

- Vic, eu ainda estou magoado com você – ao ver que ela ia se justificar, ele ergueu uma das mãos no ar num gesto para que ela permanecesse calada – Eu sei, você me explicou, eu entendi, mas... ainda dói. O problema maior não foi você ter me escondido seu segredo, mas ter negado que tinha algum, isso várias vezes. E ainda por cima, naquela vez que a Meg se meteu entre nós, você ainda se fez de inocente, veio com um julgamento todo hipócrita pra cima de mim e se recusou a falar comigo.

- Então se trata disso? Você quer me dar o troco por eu te tratado mal por aquela vez? Por ter te ignorado?

- Não, eu não sou assim, você sabe disso. – olhou para baixo – Eu apenas mencionei isso pra você entender a decepção que eu estou sentindo. Olha, não é que eu achava que você não tivesse defeitos, mas... pra mim você era a mulher perfeita, a realização de todos os meus sonhos. Literalmente. – ele sorriu bobamente – Quando eu sonhava com você, quando eu via você, pra mim era como se eu estivesse diante de um ser mágico. Uma Fada. Era assim que eu me referia a você pra mim mesmo antes de te conhecer.

Victoria o fitou com intensidade. Eles chegaram a conversar algumas vezes sobre aqueles sonhos, sobre o motivo de tê-los antes de se conhecerem, porém, não chegaram à conclusão alguma. Contudo, ficou surpresa ao se inteirar de que ele a nomeava daquela forma.

- Sabe, eu... meio que te idolatrava – continuou o Winchester – E achava você incapaz de cometer um erro assim comigo. Eu sei... eu não te devia ter te colocado num pedestal , mas infelizmente eu fiz isso. E agora... está meio difícil pra mim perdoar suas mentiras.

- Sei – ela tirou as mãos de cima da dele e colocou-a em seu colo. Olhou para baixo. – E o fato de eu ser uma das mulheres mais ricas do mundo não tem nada a ver com isso também?

- Er... incomoda um pouco por causa desse estilo de vida ser um tanto diferente do que já vivi, mas... não é um problema. Mesmo que eu soubesse disso quando a gente se conheceu isso não teria me afastado de você.

- Mas você não quer mais aceitar aquele benefício que abri em seu nome, até recorreu a Bobby pra voltar a usar cartões de crédito.

- Nossa! Ele já foi correndo te contar – abriu um sorriso irônico e olhou para o lado – Não, eu não quero aceitar por uma questão de princípios. Chame de machismo, orgulho besta ou qualquer coisa do tipo. Mas eu não vou aceitar ser sustentado pelo dinheiro da minha namorada.

- Então você ainda me considera sua namorada? – ela indagou num tom tranquilo sem querer deixar transparecer sua ansiedade. Ainda assim, Sam detectou a necessidade dela de uma confirmação.

Ele não respondeu de imediato. Suspirou mais forte e abaixou o olhar. Não sabia o que dizer. Não queria terminar com Vic, sabia que não aguentaria ficar muito tempo longe dela. Aquela mulher tinha um efeito arrasador sobre ele que o assustava às vezes. Tinha um receio grande de que algo de ruim pudesse acontecer a ela. Por outro lado, também sabia que levaria certo tempo para voltar a confiar nela outra vez.

Aquele relacionamento havia começado de uma forma muito intensa e rápida. Praticamente viviam como um casal. As circunstâncias geradas pelo Apocalipse, o trabalho deles de se deslocarem para diferentes lugares e também aquele sentimento intenso e devastador, foram fatores que contribuíram para acelerar as coisas entre eles.

Talvez esse fosse um problema. Ele costumava iniciar boa parte de seus relacionamentos como algo sério, mas só se entregava por inteiro numa relação depois de um bom tempo. E talvez por ter agido por impulso ao contrário de sua postura habitual, de ter se envolvido muito profundamente logo de início sem observar Victoria, sem tentar conhece-la e ser meio cego em relação às atitudes estranhas dela, contribuiu para que aquela mágoa fosse mais profunda do que deveria ser.

- Acho que deveríamos ir mais devagar, Vic. – respondeu ele após meditar em instantes em tudo aquilo

- Mais devagar? Como? – ela o encarou com estranheza.

- Não sei... Pra começar, acho que eu não devia dormir todos os dias com você. Eu... acho que fomos depressa demais depois daquele fim de semana juntos. Não tínhamos nem quinze dias de namoro. – ele suspirou – Nos deixamos levar sem tentar nos conhecer direito, quer dizer... eu praticamente te contei tudo sobre minha vida, mas devia de algum modo ter insistido mais pra que você se abrisse comigo. Talvez se eu tivesse feito isso, não estaríamos aqui tentando consertar algo que já começou errado.

- Errado? Então é isso que você considera que nós temos? Um erro?

- Não foi isso que eu quis dizer – ele se apressou em dizer – Estou falando sobre a forma como começou.

- Tá, os segredos e as mentiras que contei – ela abaixou o olhar e assentiu concordando – E como seria nossa relação daqui pra frente? Você disse que acha melhor a gente não passar todas as noites juntos. Que mais?

- Não sei... Vic. Talvez eu devesse ficar mais com o Dean, viajar mais vezes no carro dele. Preciso ter mais tempo com meu irmão pra equilibras as coisas. É isso que pessoas fazem numa relação saudável.

- E nossa relação não é saudável? – seu tom de voz era melancólico

- Do jeito que está... não – ele admitiu com sinceridade –Se voltarmos da mesma forma, com a minha cabeça cheia de dúvidas a nosso respeito, talvez eu acabe te magoando ao dizer coisas que não deveria – ele colocou a mão sobre a dela – Não me entenda mal, não tenho dúvidas sobre meus sentimentos por você. Mas eu só preciso voltar a confiar em você. E isso tem que ser aos poucos.

Houve um curto silêncio entre eles. Collins assentiu. Não estava muito satisfeita com a proposta de Sam, mas, por outro lado, era melhor tê-lo daquela forma, do que não tê-lo.

- Tudo bem, Sam. – o tom de voz dela era de certo desapontamento – Eu te entendo. Nós... podemos fazer assim.

- Ei – disse Sam e ergueu o rosto dela. Por fim, ele havia esboçado um sorriso – Nós ainda estamos juntos, Vic. Não é como se eu tivesse terminando com você. Apenas vamos...

- Mais devagar – ela completou com um sorriso condescendente e revirou os olhos – Tá, Sam, eu entendi.

- Vem cá – ele se levantou e puxou-a delicadamente pela mão.

Abraçaram-se sem se importar com as demais pessoas no local. Vic se agarrou com bastante força a Sam; ele devolveu na mesma intensidade. Ela amava demais aquele homem e, cada dia que passava, aquele sentimento aumentava. Como era possível algo assim? Com o Winchester ocorria o mesmo. Ele se perguntava como aguentaria algumas noites sem tê-la ao seu lado. Sabia que seria um suplício! Não era só pelo sexo; era mais a sensação de paz e conforto. Desde que havia começado a dormir com Victoria, seu sono passou a ser mais sossegado mesmo que, às vezes, ela acordasse no meio da noite aos berros. Mas acreditava que aquele sacrifício faria bem a relação deles. Tomara que ele aguentasse sua própria resolução!

- Vamos? – perguntou ele e desgrudou-se com relutância – Dean deve estar bufando de impaciência por nos esperar.

- Com certeza – ela riu.

Saíram da lanchonete de mãos dadas.

- 0 –

- E aí? Como vocês estão? – indagou Dean.

Aguardavam Victoria encostados na lateral do Impala preto no estacionamento do motel. Além dos dois Impalas, havia três motos, uma velha camionete e um grande furgão preto.

Haviam saído da lanchonete que ficava a dois quarteirões dali apenas para arrumar suas bagagens, pegarem os carros e irem embora.

- Nós estamos bem – respondeu Sam.

- Mesmo? Então por que você vai no meu carro?

- Por quê? Não quer mais a minha companhia?

- Você entendeu a minha pergunta.

Sam suspirou.

- A Vic e eu... apenas resolvemos ir mais devagar na nossa relação. Decidi que quero equilibrar mais as coisas entre a gente.

- Na boa, Sam, me diz a verdade. – Dean assumiu uma postura mais séria – Você descobriu alguma coisa sobre ela? Aquele segredo que ela tanto guardava?

Sam mordeu os lábios. Não queria mentir para Dean, mas também não queria contar algo que Victoria deveria contar.

- Descobri, mas não é nada demais. – resolveu ser sincero em parte

- Mas o suficiente pra vocês terem brigado.

- Ela não é nenhum monstro ou aberração, se é isso que você quer saber.

- Disso eu não tenho a menor dúvida, embora reconheça que cheguei a pensar na ideia. Mas depois que ela foi possuída pela Meg, isso saiu da minha cabeça. Pelo que eu saiba, demônios só possuem humanos. Bom... quando muito, Ceifeiros como a Tessa.

- Então como vê, não tem com que se preocupar com o que está acontecendo entre mim e a Vic.

- Tem certeza? – insistiu Dean

Por um breve momento, Sam pensou em revelar ao irmão parte do que Victoria havia lhe contado. Pelo menos a parte da misteriosa ameaça sobrenatural que havia vitimado os verdadeiros pais de Vic e da qual William havia mencionado em sua carta. Sam também havia pensado muito sobre aquilo, à parte de estar magoado. Talvez eles devessem investigar sobre aquilo.

- Sim. Não há nada – Sam mentiu.

Primeiro, ele deveria consultar a namorada antes de colocar Dean por dentro dos fatos.

- Se você diz... – Dean notou uma leve hesitação de Sam, mas ponderou que não adiantava insistir. Pelo menos não naquele momento.

Victoria saiu do quarto com sua bagagem. Ao avistar os rapazes – principalmente a Sam – sorriu. Ele também sorriu e como bom cavalheiro que era, correu para ajuda-la com as malas e acompanhou-a até o carro dela. Abriu o porta-malas e colocou tudo lá.

- Então... é isso – disse ele.

- É isso – repetiu ela.

- A gente se vê na próxima parada.

- É.

Estava ansiosa por beijá-lo, mas esperava que ele tomasse a iniciativa. Era tão estranho estarem assim. Costumava ser tão natural eles se beijarem sem nenhum constrangimento quando dava vontade. Sabiam que levaria tempo até que voltassem a ser como antes.

Por fim, Sam não aguentou mais e beijou-a. Os dois sem se importarem com Dean presente, entregaram-se àquele beijo com ardor. Só fazia dois dias que não se beijavam, mas para eles era como se fosse muito tempo. Era algo inexplicável aquele sentimento. Era maravilhoso, forte, mas também dolorido e urgente.

Dean virou o rosto de lado um tanto incomodado e impaciente. Estava de costas para o furgão preto e, por isso, não notou de imediato o barulho da porta do meio do veículo se abrir e sair sete homens encapuzados com metralhadoras. Das portas da frente, saíram mais três homens. Todos eles corriam em direção a Sam e Victoria.

Quando Dean se virou para ver o que provocava o barulho das passadas que ouviu, antes que tivesse tempo de reagir, um dos homens se dirigiu até ele e acertou-o no rosto com a coronha da metralhadora. Ele caiu de joelhos atordoado enquanto o sujeito lhe apontava a arma.

Sam e Victoria mal tiveram tempo de desgrudar os lábios para presenciar o que acontecia quando foram abordados:

- Parados os dois aí! Não se mexam! – gritou um deles, possivelmente o líder.

- O que está acontecendo? – indagou Sam surpreso e postou-se à frente de Vic – O que vocês querem?

- Ela vem conosco – respondeu o homem ao fazer sinal para dois auxiliares se aproximarem e agarrarem Victoria.

- O quê? Não! – Sam tentou avançar sobre um deles para impedir, mas outro mascarado lhe deu um chute nas vértebras que o fez cair.

- Sam! – gritou Vic e fez menção de acudi-lo

- Venha conosco ou matamos seu namorado! – ordenou o líder.

Victoria parou. Olhou para Sam ajoelhado com uma arma apontada para ele. Por alguns instantes, ponderou a situação. Não poderia contra dez homens armados. Ela assentiu e deixou-se agarrar por eles.

- Vic! Não! Não faça isso! – gritou Sam e tentou se pôr de pé

- Cala a boca, imbecil! – esbravejou o mesmo homem que derrubou Sam e, dessa vez, deu-lhe um golpe na cabeça com a coronha, fazendo-o desmaiar.

- Sam! – Vic quis voltar atrás, mas foi impedida pelos seus captores que a agarraram com força. Ela tentou se soltar, mas eles pareciam ser bem treinados.

- Sam! Vic! – gritou Dean ainda ajoelhado com seu captor apontando à metralhadora

- Não se mova! – ordenou ele.

Dean o fuzilou com os olhos. Tentava pensar em algo para imobilizá-lo, tomar-lhe a arma e salvar Victoria.

- Vamos, Travis! – gritou o líder.

Todos já estavam dentro do furgão, inclusive Victoria.

Sem tirar os olhos de Dean, o mascarado assentiu e deu um golpe forte no rosto do Winchester. A última coisa que o caçador viu foram os pneus do veículo deslizarem antes de perder os sentidos.

À distância, fingindo estar relaxando com o som de uma música dentro de um Mercedes Benz do outro lado da rua, estava um homem descendente de japonês. Assim que o furgão passou por ele, seus olhos ficaram atentos. E ficaram negros.

Era Joshua.

- 0 –

- Dean... Dean... – a voz de Sam parecia distante, como num sonho. Aos poucos foi ficando mais nítida, assim como seu rosto. – Dean! Dean!

- Ai, Sam! Não precisa gritar – reclamou o caçador colocando as mãos sobre as têmporas. Foi se sentando aos poucos – O que... aconteceu?

- Eles a levaram, Dean! – gritou desesperado – Levaram a Vic!

Num estalo, o caçador se lembrou do que aconteceu.

- Pra onde a levaram? E quem são eles? Ai! – gemeu pela dor na cabeça e começou a se levantar devagar junto com Sam.

- Não sei... Mas temos que descobrir!

- Quanto tempo que... ficamos desmaiados?

- Tem quase duas horas.

- Nossa, duas horas? Esses caras sabiam mesmo onde bater.

- Foi um cara... o recepcionista do motel que nos encontrou e me acordou. Ele perguntou o que aconteceu. Falei... do sumiço da Vic e ele ficou de ligar pra polícia enquanto eu disse que ia te acordar.

- Polícia? Sam, não acho bom metermos a polícia no meio disso.

-E o que eu deveria fazer? Temos que acha-la de qualquer jeito! – Sam colocou as duas mãos na cabeça desesperado. Tinha pavor do que poderia acontecer com Victoria – Deus, por que a levaram? Por que ela?

- Sam! Sam! – Dean colocou as mãos sobre os ombros do irmão para tranquiliza-lo – Ei, calma! A gente vai encontra-la. OK? Sei que é difícil, mas tente se acalmar. Pode fazer isso por mim?

Sam estava atordoado com o olhar voltado para baixo, mas assentiu. Dean estava quase tão aflito quanto ele, entretanto, precisavam manter a calma.

- Certo – continuou ele – Vamos sair daqui antes que a polícia chegue. Mas vou ligar primeiro para o Cass e pedir para ele nos encontrar.

- O Cass! Isso! – concordou Sam. Estava tão agoniado que havia se esquecido de pensar nisso.

Dean acessou o número do anjo e esperou. O telefone tocou três vezes sem responder.

- Vamos, Cass. – murmurou Dean. Tentava se manter calmo, porém, a tensão do maxilar o traía.

- Dean? O que houve?

- Cass? Maravilha! – fechou os olhos aliviado – Precisamos de sua ajuda imediatamente. Pode vir até a gente?

- Onde vocês estão?

Ahm... Motel Don Juan... Numa cidadezinha uns setenta quilômetros de Indianópolis... O nome da cidade é...

- Já estou aqui – disse o anjo às costas do caçador

Puta merda, Cass! – Dean se virou irritado – Não chegue assim... atrás de mim. Não fica bem.

- Por quê?

- Por nada. Olha...

- Cass, a Vic foi sequestrada! – Sam se adiantou – Levaram ela!

- Quem? – espantou-se o anjo.

- Não sabemos. Foi um bando de homens mascarados dentro de um furgão. Levavam metralhadoras.

- Não tivemos nem chance de verificar o número da placa – completou Dean – Mas quem precisa de placa com um detector de pessoas como você?

- É verdade. A não ser nós dois, você pode localizar qualquer pessoa. – afirmou Sam esperançoso – Pode achar a Vic e nos ajudar a parar aqueles caras?

O Anjo não respondeu de imediato. Fitou-os sério.

- Cass? – chamou Dean achando que o anjo não havia escutado direito.

- Eu gostaria, mas não posso. – respondeu decidido a lhes revelar algo

- Como assim não pode? – estranhou Sam

- Assim como vocês, Victoria também possui um cunho enoquiano gravado nas costelas dela.

- Você gravou nela o cunho? Quando?

- Não, não fui eu quem gravou.

- Não? – estanhou Dean – Então quem foi?

- Acredito que tenha sido a Anna.

- A Anna? Mas como? Por quê?

- Não sei dizer. Talvez seja uma manobra dela pra tentar ganhar nossa confiança. Vocês sabem que a saída dela da prisão é muito suspeita para mim.

- Mas ela nos avisou lá do tal Leonel – lembrou Sam.

- Um truque pra nos confundir.

- Espera aí, Cass! Desde quando você sabe que a Vic já tinha esse negócio marcado nela? – indagou Dean

- Desde a primeira vez em que a vi. Mas pelo que pude sondar na mente de Victoria, ela não faz ideia desse cunho. Provavelmente a Anna colocou num momento em que ela estava dormindo ou pode até tê-la desacordado para tal.

- E você nunca pensou em nos contar sobre isso – pressionou Dean meio aborrecido.

- Não achei necessário alarmá-los. Eu precisava descobrir por mim mesmo. E com o aparecimento da Anna, concluí que só podia ter sido ela.

- Outro anjo não?

- Não – o anjo respondeu sem hesitar. Não pretendia lhes contar sobre nada do que Anna havia lhe revelado, principalmente sobre Isabel porque acreditava que era mesmo um embuste da anjo. – Nunca pararam pra pensar que se a Victoria não tivesse o cunho, seria fácil pra mim localizá-los em vocês terem que me informar o lugar? E o fato dos outros anjos também não terem conseguido localizar vocês através dela? Eles sabem que ela está com vocês.

- É verdade – disse Dean trocando um olhar com Sam.

Estavam pasmos por não terem chegado àquela conclusão há mais tempo e nem questionarem o fato.

- Olha, Cass, não temos tempo para discutir isso – retrucou Sam – Se você não pode localizar a Vic, talvez possa rastreá-los pelas marcas dos pneus do furgão deles. Se lembra que foi assim que encontramos o Dean daquela vez?

- Qual vez? – inquiriu o caçador intrigado

- Aquela que você pirou por causa do Tormento – esclareceu Sam – Pode fazer isso, Cass?

- Me mostre o local em que o carro estava – concordou o anjo.

Os três se aproximaram da área. Castiel se abaixou e apalpou a superfície com a mão.

- Estranho.

- O que é estranho? – questionou Dean

- Não há nenhum rastro de carro. É como se alguém tivesse tido o cuidado de não deixar vestígios.

- E como conseguiriam algo assim com um carro daquele porte, apressados do jeito que estavam e dentro do negócio? – indagou Dean com estranheza – Precisaria alguém estar do lado de fora e atrás apagando os rastros. E o cara teria que ser um Papa-Léguas para isso.

- Parece... um feitiço de proteção no furgão.

- Um feitiço? Então acha que os demônios estão por trás disso? – indagou Sam

- Bom, se estão, pra que contratar aqueles caras? – tornou Dean – Eram fortes pacas, mas não poderiam ser demônios. As metralhadoras seriam desnecessárias com os truques que eles têm.

- Talvez não sejam demônios. Pode ter... um bruxo por trás disso.

- Um bruxo? – perguntou Sam. – Por que o bruxo raptaria a Vic?

- O que vocês sabem sobre a Victoria? – retrucou o anjo com outra pergunta.

Sam não respondeu.

- Bom... ela disse que a família dela morreu numa caçada com demônios. – respondeu Dean balançando o beiço ao tentar se lembrar – Foi o que ela nos contou.

- Sam? – Cass se voltou para ele.

Sam suspirou. Não queria revelar as confidências que Victoria lhe fez. Entretanto, diante das circunstâncias, não havia outro jeito. Era a vida da namorada que estava em jogo. Contaria pelo menos a parte que interessava àquele caso.

- Na verdade, a família dela morreu em circunstâncias misteriosas numa explosão provocada por algo sobrenatural. – confessou ele

Cass o olhou atento. Quanto a Dean, arregalou os olhos e abriu a boca surpreso.

- E o que exatamente os matou?

- Ela não sabe. O pai dela deixou apenas uma carta dizendo que havia algo de muito ruim que ameaçava a vida dele, mas o alvo era ela. E pelo o que deixou entender era o tipo de coisa com que lidamos. – fez uma pausa ao encarar Dean que cruzou os braços e olhou-o com reprovação – Victoria acha que seja lá o que for, essa coisa traz algum tipo de maldição na vida dela e das pessoas que a rodeiam. Mas acho que essa parte já é meio exagerado da parte dela.

- É mesmo? - indagou Dean irônico – E quando você pretendia me contar a respeito?

- Era um segredo da Vic que eu descobri esses dias. Por isso que nós brigamos. Mas não era algo que cabia a mim contar pra você.

- Beleza! Tem alguma coisa que persegue a sua namorada, que pode ser uma ameaça à vida dela e também à nossa vida... e algo relacionado às coisas que caçamos e não me diz respeito? – Dean bufou – Tá bom!

- Não temos tempo para discutir isso agora. Temos que usar toda informação disponível – tornou Cass e dirigiu-se novamente a Sam – Mais alguma coisa?

- Que... eu saiba não – afirmou Sam

Castiel estreitou os olhos. Percebeu que Sam escondia mais algum fato a respeito de Collins, entretanto, concluiu que não devia ser relevante à situação.

- Certo – disse ele. - Mas precisamos colher mais informações.

- Talvez o Bobby saiba de algo – disse Dean. – Vamos ligar pra ele.

- Enquanto isso, Cass, será que você não poderia fazer um feitiço de localização pra tentar achar a Vic? – sugeriu Sam – Igual o que você fez pra encontrar o Leonel?

- Posso tentar. Mas se um bruxo estiver mesmo por trás disso, talvez seja inútil se ele for muito poderoso.

- Que seja. Vamos tentar mesmo assim.

- Beleza, gente – disse Dean – Mas é melhor tentarmos em outro local. A polícia pode estar a caminho.

- 0 –

- O que você acha? – indagou Joshua diante de uma lagoa de um parque. Observava uns patos nadando. Suas mãos apertavam a cerca que rodeava a área.

- Você vai ter que interferir – respondeu Anna

- Tem certeza?

- Tenho. – respondeu Anna ao seu lado – É provável de alguma forma Lúcifer esteja por trás desse rapto de Victoria Collins. Nesse caso, temos que agir.

- Então devo procurá-los e ajuda-los?

- Sim, mas em hipótese alguma revele que eu ou minha Chefe estamos por trás disso.

- Não se preocupe. Vou continuar deixando que pensem que Crowley que me enviou – ele riu – Assim vão pensar que, como todo demônio, não sou confiável.

- É você é? – Anna o provocou, embora com semblante sério.

- Tenho tudo para não ser – ele a encarou firme – Mas um único motivo me faz ser de confiança.

- E esperamos que esse motivo continue sendo forte o suficiente – ela falou levemente, porém, havia uma ameaça velada em sua voz

Joshua engoliu em seco.

- Agora vá – ordenou ela.

Ele acenou com a cabeça. Ela sumiu de sua vista.

- 0 –

- Por favor, Bobby, me diga que você está mais informado do que eu – Sam praticamente implorou ao telefone

Ele, Dean e Castiel haviam se escondido num galpão abandonado da cidade. Sam propôs aos dois que providenciassem o feitiço de localização enquanto ele buscava mais informações com Singer a respeito de Victoria. Na verdade, não queria que eles ouvissem a conversa, porque pretendia indagar sobre "o resto" da vida de Collins que não havia revelado.

- Quem dera que eu soubesse – declarou Bobby aflito após saber sobre o desaparecimento da sobrinha – Eu tentei pesquisar a respeito mesmo com a Vic me pedindo para não me meter, só que estou tão no escuro quanto ela sobre a coisa que matou sua família e que pode estar atrás dela.

- Você não faz a menor ideia do que pode ser?

- Meu voto vai para um grande demônio, do tipo do Azazel ou do Alastair. É o que ela mais suspeita e eu também. Mas quem sabe?

Sam meditou por alguns instantes antes de prosseguir:

- Escute, andei pensando... Será esse sequestro não pode ser de alguém ligado à empresa dela? Talvez pra tirar ela da jogada.

- Não sei... Acho um pouco difícil pelo o que você contou. Cass não disse que um feitiço cobriu os rastros do carro?

- Disse.

- Então teria que ser alguém que soubesse sobre esse mundo sobrenatural.

- Bom, o Matt foi um caçador. Não sei... Talvez possa ser ele.

- Duvido. Ele seria o maior prejudicado se algo acontecesse com ela já que graças a Vic ainda não o tiraram da presidência.

- É, verdade. Mas temos que pensar em todas as possibilidades.

- Talvez Lúcifer esteja por trás de tudo isso – lembrou-o Bobby – Não se esqueça que ele já sabe que ela é muito importante pra você e um dos motivos que o impedem de conseguir o seu "Sim".

- Pensei nessa possibilidade. E se eu não soubesse que ele estava preso na gaiola na época do massacre da família da Vic, ele seria meu principal suspeito pela morte deles.

- É verdade, mas isso não quer dizer que ele não esteja agora por trás do rapto dela. Já que ela também tem o cunho e ele também não pode encontra-la, poderia facilmente mandar alguém para isso.

- Mas não seria mais prático se fossem demônios ao invés de homens?

- Talvez ele queira posar de bom anjo e te levar ao desespero para pedir ajuda a ele.

- Pode ser... mas não sei.

- Sam, se for mesmo isso, não entre no jogo dele – o tom de Bobby era de advertência – Amo demais a Vic como se fosse mesmo minha sobrinha de sangue... não, na verdade, como se fosse minha filha, mas... não diga "Sim" para ele em hipótese alguma. Está me escutando? Encontre um outro jeito, não desista, mas não diga Sim". Entendeu?

- Tá, Bobby – ele suspirou tentando se acalmar – Não vou dizer.

- Assim espero. Droga! – esbravejou – É uma merda que justo agora eu esteja preso nessa cadeira, senão eu ia ajudá-los a procurar por ela.

- Eu só a pessoa menos indicada pra te falar isso, Bobby... mas tente ficar sossegado – Sam passou a mão na cabeça – E assim que tivermos notícias... ou melhor, assim que encontramos a Vic, eu ligo pra você.

- Se você me conhece, rapaz, sabe que não vou ficar sossegado – suspirou – Mas me dê notícias e que elas sejam boas.

- Vão ser. Prometo – a expressão no rosto de Sam assumiu um semblante determinado – Até mais.

- Até. – ele desligou

Sam guardou o celular. Havia um brilho determinado e sombrio em seu olhar. Havia prometido a Bobby que não diria sim ao Diabo se ele estivesse mesmo por trás disso. Mas ao mesmo tempo, não sabia até onde iria para encontrar Victoria sã e salva.

Qualquer coisa, pensou.

Não podia conceber sua existência sem Victoria. Ela havia se tornado tão essencial à sua vida quanto Dean. Se fosse lhe oferecida a possibilidade de escolher entre os dois numa situação de perigo, jamais poderia fazer tal escolha. Eles eram como duas metades de seu coração.

Estava desesperado! Fazia apenas pouco mais de duas horas que ela havia sumido, entretanto, eram como se fosse uma eternidade. Cada minuto, cada segundo sem saber dela era uma angústia em seu peito. E de repente, sua briga e mágoa com Victoria lhe pareciam coisas tão pequenas perante o sumiço dela. Jurava que se a encontrasse, colocaria uma pedra naquele assunto e seguiria em frente com ela da mesma forma que antes.

- Problemas? – uma voz se fez ouvir às suas costas

- 0 –

Dentro do furgão, Vic viajava com as mãos e os pés amarrados. Seus olhos estavam vendados e sua boca amordaçada. Eles a prenderam dessa forma porque uma hora depois de terem deixado o estacionamento do motel e julgando que os rapazes poderiam estar a salvo, Collins começou a lutar com os homens no veículo para tentar escapar. Entretanto, além de estar sozinha contra dez homens, eles pareciam bem treinados. Logo a dominaram.

Só que tiveram o cuidado de não machuca-la. Algo que ela não deixou de perceber.

Não fazia a menor ideia de quem poderiam ser seus captores e nem para onde a estavam levando.

Só sabia que nunca se sentiu impotente daquela forma desde que havia se tornado uma caçadora. Sentiu que dessa vez, tinha que contar somente com a ajuda dos rapazes.

Sam, meu amor, como eu queria estar com você agora. Venha logo, você e Dean.

De repente, sentiu o furgão diminuir a marcha, parar e após ouvir o murmúrio do motorista com alguém do lado de fora, o veículo tornar a se movimentar. Até que parou de vez e o motor se aquietou.

Ouviu a movimentação dos homens, dois deles lhe agarrarem – um pelos braços e outro pelas pernas – e tirarem-na de dentro. Ela tentou resistir, mas sem sucesso. Não havia nada o que fazer.

Ouviu um barulho estrondoroso e que aumentava à medida que se aproximavam dele. Reconheceu o som.

Helicóptero

Quem quer que estivesse por trás de seu sequestro era alguém que parecia ter muitos contatos. Inclusive aqueles homens pareciam bem treinados. Ligados ao exército ou coisa assim.

- Aqui estamos, senhor – disse o que parecia o líder – A operação foi um sucesso.

- Será quando a entregarmos – disse outra voz autoritária – Era necessário mesmo trazê-la amarrada?

- Conforme suas instruções, só em último caso. E ela... não é do tipo que se deixa levar facilmente. Mas não a machucamos, eu lhe garanto.

- Espero mesmo – o tom de voz era intimidador. – Eu assumo daqui com esses dois soldados

- Sim, sargento.

Sargento?

Então aqueles homens eram mesmo do exército como ela deduziu.

– Vocês nunca estiveram aqui.

- Não , senhor – concordou o líder – E quanto ao furgão?

- Livrem-se dele. Não devem deixar nenhum vestígio.

- Sim, senhor.

Após ouvir o que pareceu ser uma batida de botas para continência, Vic sentiu os homens a colocarem no interior da aeronave e tirarem sua mordaça; antes que ela pudesse protestar, cobriram seu nariz com um pano embebido num líquido forte.

Clorofórmio.

Foi seu último pensamento antes de mergulhar na escuridão.

- 0 –

- E então, Cass? – inquiriu Dean após o anjo ter feito todo o ritual do feitiço de localização com os objetos dispostos em cima do fundo de um velho barril de ferro.

- Nada – o anjo balançou a cabeça – Como eu suspeitava, tem um bruxo muito poderoso por trás disso. O furgão está enfeitiçado de modo que eu não consiga encontra-lo.

- Mas que droga! – gritou Dean. Até então procurava não demonstrar sua aflição pelo sumiço de Victoria, mas não se conteve. O anjo era sua última esperança – E agora? O que a gente faz?

- Sinceramente... não sei. – admitiu o anjo com pesar

- E cadê o Sam? Até agora tá falando com o Bobby?

Nisso, Sam chegou. Ficou parado na soleira da larga entrada do galpão.

- E então? O feitiço funcionou? – indagou

- Não, Sam. Sinto muito – respondeu Cass.

O Winchester assentiu de cabeça baixa.

- Você falou com o Bobby?

- Falei, mas... ele disse que não sabe de mais nada.

- Olha, Sam, não se preocupe, cara, a gente vai encontrar outra maneira de achar a Vic. – garantiu Dean

- Eu... encontrei outra maneira por acaso.

- Qual?

Sam não respondeu. Joshua se adiantou e postou-se ao lado do Winchester.

- Eu – respondeu ele por Sam. Dean o fitou sem entender quem era ele. Os olhos do demônio escureceram.

- Um demônio? – esbravejou Dean escandalizado.

- Prazer. – disse ele com voz zombeteira – Meu nome é Joshua, o demônio que salvou a pele de vocês do último Tormento.


Notas Finais


Gostaram? No próximo capítulo, algumas questões serão respondidas e também devo mencionar mais alguma coisa sobre o Henry, pra vcs entenderem a relação disso tudo.

Até a próxima.


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...