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História Almas Trigêmeas - Eu sei o que vocês fizeram na vida passada (parte 2)


Escrita por: jord73

Notas do Autor


Olá, gente, como vão? Esqueci de comentar que o título é uma paródia do filme "Eu sei o que vocês fizeram no verão passado". Mas acredito que todas que já ouviram falar, fizeram a associação.

Enfim, boa leitura!

Capítulo 40 - Eu sei o que vocês fizeram na vida passada (parte 2)


Fanfic / Fanfiction Almas Trigêmeas - Eu sei o que vocês fizeram na vida passada (parte 2)

Anteriormente:

– Bruxas, cara. Elas são tão asquerosas – afirmou Dean

– Sim, e deve ser uma bem poderosa para fazer um saco deste. – concordou Sam – Isso é maior do que qualquer coisa que enfrentamos antes, de fato.

(...)

– Eu... tenho medo, Sam.

– Medo de quê? De mim? Acha que vou magoá-la?

– Não é isso. É... só que... eu não aguentaria passar de novo pelo que eu passei.

Levou apenas um segundo para o Winchester entender o que a caçadora queria dizer.

– Você fala do Luke? Vic, você não pode...

– Não foi só o Luke. Teve outro cara depois dele – ela fez uma pausa e abaixou o rosto – Uns anos depois, quando eu fazia meu último semestre do curso em Stanford, conheci um professor e acabei me envolvendo com ele. Ficamos quase um ano juntos, mas... um dia eu encontrei ele esquartejado no quarto de um hotel numa viagem que fizemos juntos. Foram demônios que fizeram isso com ele, tenho certeza... pela maneira como ele estava. Ele... tinha até me pedido em casamento nesse dia.

(...)

– Você é potencialmente o homem mais perigoso pra se envolver com minha sobrinha – Sam ia retrucar, mas Bobby fez gesto para se calar – Já se esqueceu de que Lúcifer quer usar você?

– Eu não me esqueci, Bobby. Mas eu não pretendo dizer "sim" para ele.

– Eu espero que não. Mas certamente ele vai tentar fazer de tudo pra te obrigar. E vai usar quem for pra isso. Ele usaria Dean se pudesse, mas seu irmão tem certa proteção do Miguel e dos anjos, então por isso ele tem uma chance. – fez uma pausa – Só que a Vic não! Ela vai acabar se ferrando nessa história por sua causa!

(...)

– Prazer em conhecê-lo... Reitor – disse respeitosamente.

George tomou delicadamente a mão dela e beijou-a. O toque dos dedos dele causaram uma sensação ruim em Collins, mas ela disfarçou tal sentimento.

– O prazer é todo meu... senhorita Collins – ele sussurrou numa voz rouca – Mas pode me chamar de... Ge... er, Richard.

(...)

– Olha, Sam, não se preocupe, cara, a gente vai encontrar outra maneira de achar a Vic. – garantiu Dean

– Eu... encontrei outra maneira por acaso.

– Qual?

Sam não respondeu. Joshua se adiantou e postou-se ao lado do Winchester.

– Eu – respondeu ele por Sam. Dean o fitou sem entender quem era ele. Os olhos do demônio escureceram.

– Um demônio? – esbravejou Dean escandalizado.

– Prazer. – disse ele com voz zombeteira – Meu nome é Joshua, o demônio que salvou a pele de vocês do último Tormento.

Capítulo 39

Eu sei o que vocês fizeram na vida passada (2ª parte)

Quatro anos e meio antes

San Diego, Califórnia

Quer se casar comigo?

A lembrança do pedido de Henry ainda ecoava em sua mente. Sorriu. Ela ficou tão surpresa e, ao mesmo tempo, tão feliz.

Mas por que não respondeu que sim na hora?

Victoria meditava sobre a questão. Estava de deitada de bruços numa espreguiçadeira tomando banho de sol diante de uma imensa piscina abarrotada de pessoas num dos melhores hotéis da cidade.

Ela usava um biquíni branco que emoldurava bem suas generosas curvas, embora a peça não fosse minúscula. Ainda assim, era o suficiente para atrair os olhares masculinos. Mas ela estava alheia a tudo à sua volta. Só pensava em seu namorado.

Henry ficou pouco ali porque começou a passar mal de repente. Vic quis acompanha-lo de volta ao quarto, mas ele insistiu para que ela ficasse.

Ele era maravilhoso! Um verdadeiro cavalheiro, raridade hoje em dia. Em momento nenhum havia demonstrado aborrecimento por ela não ter lhe dado uma resposta imediata. Disse que ela podia pensar o tempo que quisesse. O pedido foi feito naquela manhã durante o café do restaurante do hotel, antes de irem juntos à piscina.

Estavam naquele lugar paradisíaco há quase duas semanas curtindo as férias de Henry da Universidade. E ela, de certa forma, também estava de férias. Havia se formado há uns dois meses, mas estava envolvida na implementação do projeto que elaborou durante seu último semestre. O reitor Maison fazia questão de que ela ficasse à frente de tudo.

Reitor Maison.

Um terror indescritível tomou conta dela só de recordar a fisionomia do homem. Por que ele lhe causava tão sensação? Por que lhe dava asco?

Refletiu sobre aquilo. Sua intuição costumava ser bastante aguçada quando se tratava de lidar com o mal. É claro, podia se enganar em raras ocasiões, mas quando tinha certeza sobre alguma coisa ou alguém, era certeiro. E tinha certeza de que Richard Maison não era alguém confiável.

Chegou a ponderar se ele era algo sobrenatural, mas havia comprovado que não, pelo menos nas categorias em que conhecia. Havia mencionado o nome de Cristo várias vezes para ele a fim de comprovar se era um demônio, mas o reitor não se mostrou nem um pouco incomodado. Também notou que ele usava um relógio Rolex. Prata. Metamorfo também não era.

Mesmo que Richard não fosse um ente sobrenatural, isso não significava que fosse uma boa pessoa.

Aparentemente era benquisto por todos à sua volta. As mulheres, em especial, ficavam fascinadas por seu carisma e beleza – a começar por sua secretária, ainda que esta disfarçasse. E ele havia realizado mais projetos na Universidade do que qualquer reitor anterior, sendo o mais jovem escolhido para o cargo.

Só que alguma coisa nele não enganava Vic. Seus instintos a faziam querer manter distância. Ainda mais pelo olhar insano que o homem lhe dirigia quando pensava que ela não estava olhando. Ele disfarçava quando o flagrava, porém, não adiantava.

Notava também um desagrado por parte dele toda vez que ela e Henry estavam juntos. Não que eles se agarrassem em sua frente; sequer trocavam um beijo. Todavia, já não era segredo o relacionamento deles. E isso parecia irritar o homem – que tentava disfarçar, mas não a enganava. Henry não havia notado – embora fosse bastante perspicaz – mas ela sim.

Sentia que Richard a quisesse a qualquer custo, a qualquer preço. E não mediria esforços para tê-la. Como uma serpente que seduzia sua presa aos poucos até envolvê-la por completo para dar o bote.

Victoria se arrepiou só de se lembrar de Mason e o sentimento ruim que ele lhe despertava. Tratou de concentrar seus pensamentos em Henry.

Por que não respondeu prontamente à sua resposta?

Pensou nos possíveis motivos.

Seria por que ele era quase vinte anos mais velho? Não. Isso não era problema para ela. Era até vantajosa a diferença de idade. Ele lhe oferecia a sensação de segurança que há muito tempo não sentia desde a morte dos pais, dos Collins e de Luke.

Luke.

Amou-o sem dúvida, mas o que sentia por Henry era mais forte. Mais maduro.

Então seria por que ele era divorciado e pai de um garoto de oito anos? Também não.

A ex-mulher de seu namorado não era um problema para a vida deles, pelo contrário, já tinha reconstruído sua vida ao lado de outro homem e incentivava Henry a fazer o mesmo. Eles eram bons amigos, coisa rara entre um ex-casal. E Vic se simpatizou com ela.

Quanto ao menino, Victoria adorava crianças e, o pequeno Alex, virou seu fã logo na primeira vez que a conheceu num almoço com o pai. Ficou fascinado por sua beleza, a ponto de dizer que ela se parecia com uma modelo ou uma estrela de cinema.

Bem, o problema não era Henry. Era ela própria e sua vida dupla, ou melhor, tripla.

Seu namorado só conhecia a fachada que ela lhe apresentava de uma brilhante estudante de gestão de negócios. As outras duas verdades sobre sua vida não havia compartilhado. Herdeira da fortuna dos Blackwell e caçadora de monstros. Mas talvez fosse a hora.

Não, não diria nada sobre monstros para Henry. Ele a julgaria completamente louca. E na hipótese de acreditar, que bem faria se ele soubesse disso? Henry era superprotetor em relação a Alex e, saber que criaturas malignas existiam e circulavam livremente por aí, só o preocuparia mais em imaginar que o filho pudesse ser atacado por alguma delas.

Quanto à outra verdade sobre sua identidade como Sara Blackwell, isso ele aceitaria mais facilmente. É claro, com a versão oficial de terroristas serem causadores de sua tragédia familiar.

Há muito tempo que ela pensava em contar pelo menos isso a Henry; só não sabia como. Se ele pudesse entender...

E de repente, ela soube.

Sim. Ela queria se casar com Henry Dawson e usar seu sobrenome.

Iria contar a parte de sua vida referente à multinacional que comandava.

E estava disposta a largar as caçadas – ela já não estava mais realizando quase nenhuma. Tinha certeza de que Bobby apoiaria sua decisão.

Uma onda de felicidade e amor a envolveu. Ela se levantou depressa para subir ao quarto em que estavam. Enxugou-se na toalha, colocou o vestido de verão branco, pegou a bolsa, calçou as sandálias e correu depressa para dentro do hotel.

Sim, Henry. Eu aceito.

Seu coração batia só de imaginar a felicidade no rosto do amado, seus braços quentes em volta de seu corpo e seus beijos delicados.

– 0 –

Agora

– Um demônio? – repetiu Dean com expressão feroz – Sam, a gente não teve a nossa cota de lição com a Ruby e o Crowley?

– Dean, por favor, eu sei, eu sei – replicou Sam – Também não gosto da ideia, mas pelo visto parece nossa única chance de encontrar a Vic.

– Ah, qualé? O que esse cara pode ter a mais do que o Cass pra achar a Vic?

– Ei, com licença? – Joshua balançou a mão – Podem parar de falar de mim sendo que estou aqui?

Dean sacou o revólver e apontou-o. Castiel continuava parado apenas observando.

– O negócio é o seguinte, cara. Eu lhe dou três segundos pra cair fora daqui antes que eu resolva mandar sal em você e depois te matar. E quando falo "matar", não é só te enviar de volta pro inferno.

– Dean! – Sam tentou fazê-lo refletir.

– Não se mete, Sam! Esse demônio pode ter te levado no bico, mas a mim não. Por causa do chefe dele, a gente perdeu a Jo e a Ellen. Esqueceu disso?

– Não, não me esqueci, assim como não me esqueci de que ele nos salvou daquele Tormento que tentou me virar contra você e a Vic.

– Com certeza, tem um interesse por trás e boa coisa não é. É mais um querendo nos enganar com falsas promessas de ajudar. Sam, você já devia conhecer a raça.

– Eu sei, Dean. Melhor do que você eu sei. Essa seria minha última opção, mas não temos escolha.

– Eu não vou aceitar a ajuda dele! Cass pode arrumar outro jeito, não é? – voltou-se para o anjo.

– Na verdade, não me ocorre nada – admitiu Castiel balançando a cabeça para os lados.

– Qualé, Cass? Me ajuda aí!

– Escute, Dean, goste você ou não, eu vou recorrer a ajuda dele. Não importa o que eu tiver que fazer, vou achar a Vic de qualquer jeito - tornou Sam decidido.

Dean sentiu como se levasse um soco no estômago. Viu no olhar do irmão algo que não lhe agradou. Sentia que a história se repetia: Sam preferir confiar num demônio a nele. Tremeu de fúria e disse:

– Se você prefere acreditar nele, o problema é seu. Vá com ele se quiser! Mas eu vou arrumar outro jeito de salvar a Vic sem precisar confiar num demônio. – ele soltou um riso sarcástico – E ela ainda insiste em acreditar em você...

As palavras de Dean fizeram seu efeito. Sam fez menção de avançar nele, porém, Joshua colocou o braço na frente, impedindo-o.

– Ei, ei, gente! Sem brigas! – disse o demônio – Vamos resolver a questão da seguinte forma: o seu amigo do céu vai sondar a minha mente e ver se realmente estou dizendo a verdade ou não – propôs – Pelo o que sei, anjos podem fazer isso. Não podem?

Os dois irmãos não disseram nada de imediato. Fitavam-se com certo rancor pelo conflito ainda existente. Foi Castiel que se apresentou num átimo na frente de Joshua. Este quase tomou um susto. Os dois irmãos desviaram o olhar um do outro na mesma hora para observarem.

O anjo estreitou os olhos e sondou a mente de Joshua.

– Ele diz a verdade – declarou Castiel se voltando para os rapazes – Ele pretende nos ajudar e sabe como.

Sam tornou a olhar Dean com postura de desafio como quem diz "Viu?" Dean não gostou, porém, apenas indagou um pouco menos reticente abaixando a arma:

– E como você pode nos ajudar a achar esses caras... er...?

– Joshua – completou o demônio – Mas pode me chamar de Josh.

– Que seja. O que você tem que o Cass não tem?

– Uma moeda celta escondida no furgão deles e que é imune a feitiços contra localização. Posso ouvir a conversa deles a quilômetros nesse instante.

– Espere um momentinho aí! – Dean apontou o dedo para ele – Como você colocou essa moeda e quando?

– Bem, como já sabem, estou a serviço de Crowley e quando posso, dou um olhadinha em vocês. Vi esse furgão chegar quando vocês estavam na lanchonete. Achei estranho ninguém sair de lá depois de um bom tempo e também o fato de não ter uma placa de identificação. Demônios são detalhistas, sabe? Eu achei que não era algo a ser ignorado. E sem que notassem, coloquei a moeda num lugar em que não pudessem ver.

– Ah, está dizendo que você viu aqueles homens baterem na gente e levar a Vic e não moveu um dedo pra evitar?

Josh fez expressão de falso pesar

– Desculpem. Demônio! – apontou-se com os polegares – Lembram-se?

– Cínico! – Dean ergueu o revólver outra vez pronto a disparar. Sam fuzilou o demônio com o olhar.

–Ei, ei, calma! – Josh levantou as mãos em sinal de trégua – Também não agi por uma questão de estratégia. Tem um bruxo muito poderoso por trás de tudo isso.

– É mesmo? Conta outra novidade! – o loiro disse sarcástico.

– Mas esse não é um bruxo qualquer – continuou – Crowley acha que pode ser um feiticeiro lá da época dos Tudors, primo do rei Henrique VIII mais precisamente.

– E o que tem ele? O que ele quer com a Vic?

– Meu chefe acha que ele está mancomunado com Lúcifer nessa do Apocalipse e que tramaram juntos o rapto da Indomável.

– Então esse bruxo sequestrou Vic apenas pra tirá-lo do caminho a mando de Lúcifer? – inquiriu Sam aflito.

– Bem, não tenho muita certeza... mas parece que ele tem outros motivos pra querer sua namorada.

– Quais?

– Não me faça perguntas difíceis. Eu... não sei – Josh pareceu hesitar minimamente. Cass notou – Olhem, estamos perdendo tempo. Quer recuperar sua namorada ou não?

Sam assentiu sem hesitar e olhou para Dean com menos ressalva como se esperasse uma aprovação. Dean suspirou, mas acenou com a cabeça. Por fim, guardou o revólver no coldre.

–Então é melhor irmos logo. Não podemos achar o bruxo, mas podemos achar quem sabe como encontra-lo. – declarou Josh

– 0 –

Ela abriu a porta do quarto com o cartão na fechadura magnética. Entrou sem problemas. Fechou a porta atrás de si. O lugar era amplo e luxuoso, com três cômodos: uma espécie de antessala, o quarto e o banheiro neste.

– Henry? – chamou por ele – Henry?

Não houve resposta.

Talvez estivesse mergulhado num profundo sono. Tomara. Ele parecia mal quando subiu ao quarto. Ela esperava que o sono estivesse fazendo seu efeito restaurador.

Estava ansiosa para dizer a ele que aceitava sua proposta de casamento, mas resolveu esperá-lo acordar. Mesmo assim, queria ao menos ver o rosto de seu futuro marido dormindo serenamente.

Marido. A palavra soava bem.

Súbito, Vic notou algo estranho no ar. Um cheiro estranho. Enxofre.

Ela quis correr até o quarto, entretanto, as pernas não lhe obedeciam. O pânico tomava conta dela. O cheiro estava mais forte. Misturado ao cheiro de sangue.

"Vamos, vamos", ela se ordenou em pensamento.

Lentamente, se aproximou do umbral do quarto. Um passo de cada vez. Ao transpassar o arco, ela vislumbrou o pé da cama. A cama em que haviam feito amor em quase todas as noites daquele período.

E depois... viu sangue na parede. Uma grande mancha com respingos como uma pintura que alguém estivesse testando antes de aplicar.

A boca de Vic tremeu. E por fim, criou coragem e entrou no quarto de vez. Sabia que aquela imagem nunca mais sairia de sua mente pelo resto de sua vida.

A cabeça de Henry separada do corpo entre dois travesseiros e virada de lado com a expressão congelada de pânico e os olhos arregalados e com o pescoço enrolado numa corrente; seu tronco no meio da cama; os braços e pernas separados e caídos no chão em diferentes direções, também envoltos em corrente; sangue espalhado pelo quarto.

Collins prendeu o ar e não conseguiu emitir nenhum ruído. Nada se passava em sua mente. Ela deu alguns passos cambaleantes para trás, foi se agachando no chão lentamente até se deitar e ficou encolhida em posição fetal. Seu corpo tremia.

Na manhã seguinte, uma camareira que deveria limpar o quarto – e achando que não havia ninguém – abriu a porta e encontrou Vic nessa mesma posição, ainda acordada, mas com a mente vazia. A mulher nem teve tempo de acudi-la ao vislumbrar o corpo esquartejado.

O grito da serviçal era apenas um eco insignificante do grito preso na garganta de Victoria.

Victoria acordou sobressaltada do pesadelo. Dessa vez não gritou, mas sentiu falta de ar e puxou-o num suspiro ruidoso. Seu coração batia acelerado. Ela levou as mãos à cabeça e fechou os olhos.

Deus, que pesadelo terrível! Bom, ela sabia que não era apenas um sonho ruim. Infelizmente, era fato.

A morte de Henry por esquartejamento e, ao que tudo indicava, provocada por demônios. Talvez vingança de alguns que foram exorcizados por ela. Só podia ser porque não tentaram ataca-la nem mesmo no momento em que ficou incapacitada para qualquer defesa.

Ela ficou em estado de choque por dois dias. Tudo o que a polícia conseguiu arrancar dela foi "Bobby Singer" e o número de telefone dele.

O velho caçador voou para encontra-la assim que o informaram do ocorrido. Foi ele quem a fez sair do seu estupor, encarar a dura realidade e tomar as devidas providências: informar o que sabia à polícia (omitir o detalhe sobre os demônios), avisar aos pais do namorado e comunicar o fato à ex-esposa que teria que contar ao pequeno Alex.

Victoria ficou livre de qualquer suspeita devido ao seu estado, à falta de qualquer motivo e, principalmente, porque não havia evidências de sua culpabilidade. Naturalmente, nunca descobriram o responsável pelo crime. Ela supunha que só podia ser os demônios, mas é claro que não havia cabimento contar à polícia.

Collins não quis comparecer ao enterro de Henry. Não aguentaria tamanha provação e nem em ver o rostinho tristonho de Alex.

Depois, foi para a casa de Bobby onde ficou quase uma semana. Por fim, botou toda dor para fora. Chorou e chorou. Muito. Até tomar a decisão de retomar sua jornada de vez como caçadora.

Despediu-se de Bobby, não voltou à Universidade e começou a destruir todas as criaturas e mandar para o inferno todos os demônios que encontrasse pela frente. Se pudesse, mataria esses últimos também, mas na época nem sabia da existência de uma faca especial ou da Colt.

Jurou nunca mais amar ninguém. Nunca mais cairia nessa armadilha. Até conhecer Dean e Sam. E se envolver com o segundo.

Deus, Sam não! Por favor! Não vou suportar se ele também... Me permita morrer antes, mas não o tire de mim.

– Se sente mal? – uma voz masculina a despertou dos pensamentos turbulentos.

Vic tomou um susto e sentou-se rapidamente no colchão. Seu rosto se virou para o canto em que ouviu a voz.

Ela se espantou ao ver o homem que estava sentado numa poltrona próxima à cama.

– Reitor Mason?

– 0 –

Dean, Cass, Sam e Joshua estavam agachados e escondidos atrás de uma pequena elevação de terra. Observavam a movimentação de alguns caminhões do exército e um forte todo revestido com cercas elétricas e arame farpado. Já eram quatro da tarde. A viagem até ali foi longa.

– Tem certeza de que é aqui que vamos encontrar aqueles caras? – indagou Sam descrente.

– Não só eles, mas o chefão da operação, o primeiro-sargento. O nome dele é Brandon Slade. Ele quem sabe onde está sua namorada, foi ele mesmo quem levou, mas não daqui. Os soldados se livraram do carro com minha moeda, só que deu pra ouvir o suficiente. Não sabem sobre o bruxo que está por trás disso e nem para onde o sargento a levou... meio que ele os deixou na incógnita. O cara é bem prudente. Temos que descobrir se já voltou de lá.

– Mas... o Exército?

– Meus amigos, vocês se surpreenderiam ao saber das organizações e das pessoas que estão ligadas a demônios, bruxos e outras coisas do tipo.

Dean soltou um assobio curto enquanto olhava para frente.

– Não me surpreendo com mais nada. – disse ele

– Bem, e como vamos fazer para pegar o sargento? – tornou Sam

– Fácil. Com inteligência. Estão vendo o vigia? – apontou um sujeito alto e moreno claro num uniforme de exército. – Vou possui-lo por uns instantes pra sondar a mente dele e ver onde o nosso homem pode estar.

– Ei, só um momento! – Sam o deteve agarrando-o pelo braço antes que ele fizesse qualquer movimento para sair do corpo possuído.

– O que foi? – Josh inquiriu impaciente

Num movimento rápido, o Winchester pegou a lâmina especial e encostou no pescoço da criatura. Cass e Dean o olharam confusos

– O que você está fazendo, cara? Ficou maluco? – ele praguejou tremendo

– É só um aviso. Eu posso ter concordado com sua ajuda logo de cara, mas isso não quer dizer que confio totalmente em você. Já aprendi essa lição da pior forma – Sam apertava o maxilar com raiva – Você podia ter evitado que a Vic fosse raptada, mas não o fez. Não sei mesmo se acredito na historinha que você contou que o fez mudar de ideia. Mas se eu sentir que está nos preparando uma cilada, qualquer traição que possa colocar a vida da minha namorada em jogo, juro que te encontro e eu mesmo vou fazer picadinho de você. Entendeu?

Joshua engoliu em seco. O brilho nos olhos de Sam era assassino. Dean trocou um rápido olhar com Cass e ambos sorriram. Sam não era tão estúpido em cair na lábia de outro demônio como temiam, por mais desesperado que estivesse.

–Certo – concordou Josh e encostou o dedo na faca num gesto de tirá-la de seu pescoço – Anotado o recado, Winchester. Agora, será que posso fazer meu trabalho?

Sam estreitou os olhos e tirou a lâmina do pescoço de Josh.

– Obrigado – disse ele com sarcasmo. – Bom, tomem conta do meu corpo. Lá vou eu.

Ele se desfez numa nuvem negra e meteu-se goela abaixo no corpo do soldado. O corpo deste ficou paralisado por alguns instantes até Josh assumir o controle. Os olhos do oficial se escureceram por uns momentos. Depois, o demônio saiu dele e retornou ao seu corpo. O homem ficou confuso como se não processasse o que tinha ocorrido.

Joshua abriu os olhos.

– Bem, Slade já retornou tem duas horas, ele levou Victoria de helicóptero de algum lugar particular. Significa que o lugar onde ela está deve ser longe – declarou

– Droga! – Sam mordeu os lábios de aflição – E onde ele está?

– Está numa sala de operações bem no subsolo.

– Beleza! Cass pode ir até lá e pegar o sujeito pra nós – disse Dean animado.

Cass acenou com a cabeça.

– Hum... Tem um pequeno problema – Josh torceu a boca

– Que problema?

– Pelo que eu pude vistoriar na cabeça do soldado, a sala de Slade está repleta de símbolos enoquianos. Ele e o tal bruxo devem estar bem informados de que tem um anjo com vocês nessa.

– Droga! E agora?

– Deixem comigo! Eu tenho um plano. – Josh sorriu presunçoso – Vocês fiquem a postos.

– 0 –

Vic estava completamente confusa ao encarar aquele homem o qual não via há quatro anos e meio, praticamente desde o mês em que Henry morreu, na semana em que antecedeu a viagem de férias deles.

George lhe sorria como um garoto diante de seu ídolo. Vestia um terno preto de fina costura e sapatos de marca. O rosto dele era de uma beleza surpreendente, capaz até de competir com os Winchesters. Com tanta elegância, beleza e charme, ele havia conquistado várias mulheres, podia conquistar qualquer uma.

Menos Victoria.

Da mesma forma que antes, ela sentiu o mesmo arrepio de terror que costumava sentir perto dele.

– Reitor Mason? – ela o chamou de novo pelo nome só para se certificar de que não estava tendo outro pesadelo.

– Hum... Eu adorava quando você me chamava assim. – o sorriso dele se alargou – Apesar de eu sempre insistir que você me chamasse apenas de Rick.

Com a certeza de que estava acordada, Vic olhou o espaço em que se encontrava: um quarto amplo e com paredes forradas com carpete vermelho cuja textura se assemelhava a veludo. As cortinas da janela eram de um azul marinho, os móveis eram talhados em madeira nobre e pintados de negro; a cama que ela ocupava era espaçosa e suas laterais revestidas por um fino dossel italiano de tonalidade roxa. Havia um lustre de lantejoulas de cristal no teto.

Um aspecto sombrio e escurecido no cômodo, apesar do luxo.

– Onde estou? Que lugar é este? – colocou a mão na testa. Ainda estava confusa.

– Acalme-se, querida – ele se levantou e aproximou-se dela – Vai ficar tudo bem.

Sustentava o sorriso e seu olhar era vidrado. Estendeu a mão para tocar o rosto dela, mas Vic recuou para o lado. Não compreendia a presença daquele homem ali.

–O que está fazendo aqui? O que está acontecendo?

– Esta é a minha residência – ele estendeu os braços para os lados com um sorriso de orelha a orelha e, em seguida, estendeu a mão para ela – E você está aqui para ser a dona dela.

– O quê? – Vic, finalmente, saiu de seu estado de estupor e saiu da cama.

Foi só aí que ela reparou que estava vestida com uma camisola branca e transparente de tecido fino. Rapidamente, ela pegou o cobertor, cobriu-se e o fitou com medo. Quem a trocou? Será que...

– Não se preocupe. Eu... não toquei em você. – ele esclareceu como se adivinhasse os pensamentos dela – Foi uma criada. Eu não me atreveria a tanto, pois sou um cavalheiro.

Vic se sentiu aliviada, embora não deixasse transparecer. Não podia se imaginar sendo tocada por aquele homem.

Sua mente tentou concatenar os últimos acontecimentos. Um estalo ecoou. Ela se lembrou de tudo.

– Foi... você que mandou aqueles homens me sequestrarem?

– Eu não diria sequestro, eu diria... resgate. Eu estava te salvando de ser morta por causa daqueles Winchesters.

– Quê? – ela ficou pasma com tal resposta e sem saber o que pensar. – Olha, eu... você está completamente louco. Não sei como sabe sobre mim e os Winchesters, nem o que quer de mim. – apontou o dedo para ele em sinal de advertência – Mas seja como for, eu vou sair daqui.

– Silêncio! – ele gritou

De repente, o quarto tremeu, as janelas se fecharam, uma sombra escura se projetou em todo o quarto e uma brisa forte assoprou no recinto balançando as cortinas e o lustre.

– Meu Deus! O... que é você? – ela o fitou assustada – Eu cheguei a suspeitar que você não era humano, mas testei você pra saber. Só que ... nunca descobri o que você era... a não ser... – ela abriu a boca ao concluir – Você é um bruxo?

– Sim, sou. – ele se acalmou. O quarto voltou ao normal – Perdoe, minha querida. Eu não quis assustá-la. Mas só de imaginar em você querer voltar para aqueles homens... isso me deixou louco.

– Bruxo ou não, você... não me dá medo – o tom de voz dela era trêmulo, apesar de tentar mostrar coragem. Ela não temia bruxos, mas por alguma estranha razão, George lhe atemorizava mesmo antes de saber o que era.

– Sei que você é uma caçadora destemida, que você faz isso há muito tempo, querida. Mas sei que me teme sim. – ele sorriu – Eu espero acabar com isso... Elizabeth.

– Como? Do que me chamou?

– Elizabeth. Seu antigo nome. Um nome que eu nunca esqueci.

–Do que você está falando... Mason?

– George. – corrigiu ele – Meu nome verdadeiro é George Tudor. Sou primo do famoso Henrique da Inglaterra, pai da rainha Elizabeth. Aliás, fui eu que sugeri o nome da filha dele em homenagem a você.

– Você está enganado – Vic balançava a cabeça completamente atordoada – Seja você quem for e da época que for, eu não sou essa mulher que você acha que sou.

Ele riu.

– Você não se lembra, Elizabeth, mas é você sim ou pelo menos foi. Mas não te culpo, são poucos que conseguem se lembrar de outras vidas.

– De outras... o quê? – Vic pensou ter escutado mal.

– De outras vidas. Vidas passadas. Reencarnação.

– Isso não existe. São enganações que espíritos perturbados ou demônios contam para confundir as pessoas.

– Isso é o que os demônios pensam. Isso é que eles foram levados a acreditar. E muitos de nós também. Mas eu me lembro de todas as minhas vidas antes desta... esta que tem sido a mais longa e infernal para mim. Elizabeth, eu procurei você por séculos! – ele se exaltou com a emoção de um apaixonado – Foi uma sorte muito grande ter te encontrado lá em Stanford. Mas por infelicidade, eu perdi você de vista outra vez e não consegui te encontrar. Não sei... alguma força misteriosa te afastou de mim e me impediu de te encontrar todos esses anos, aliás, todos esses séculos.

– Meu Deus, pior do que um bruxo, é um bruxo louco. – Vic balançava a cabeça cada vez mais apavorada

– Você está diferente, Elizabeth, em outro corpo e com outro nome. Mas é você mesma. Posso reconhecer seu espírito

– Você realmente acredita nisso... Eu não duvido. – Vic se sentia encurralada, porém, recusava-se a se deixar dominar pelo medo – Mas eu não. Agora me deixa passar ou eu juro por tudo o que é mais sagrado que vou te matar não importa o quanto poderoso você seja.

– Você não entendeu, Elizabeth. Você não vai a lugar nenhum! – George gritou – Não vai voltar pra aqueles desgraçados! Eles são uma ameaça à sua vida!

– A única ameaça que vejo aqui é você, infeliz!

E num reflexo, Vic saltou sobre a cama e tentou pular até a porta. Mas assim que chegou, George estendeu o braço e sem tocá-la, jogou-a sobre a cama e prensou-a. Vic se debateu, mas não conseguiu se libertar.

– Me solte, seu louco!

– Sinto muito, Elizabeth! Mas não tenho escolha senão te prender aqui até você compreender. – a voz dele tinha um tom de lamento – Quando você começar a entender, juro que vou te soltar.

Ele acariciou sua face. Vic não disse nada, porém, tentou virar o rosto, sem conseguir. O toque dele lhe fez sentir repulsa. Em seu olhar, havia raiva mesclada com medo e nojo. George abriu a porta e saiu do quarto, fechando-a atrás de si.

Assim que ele se foi, Collins sentiu a pressão sobre seu corpo sumir e levantou-se num pulo. Foi até a porta e tentou abri-la, mas estava lacrada por um feitiço.

– Me solta! Me tira daqui! – ela começou a bater desesperadamente até esmurrar – Seu maluco!

Ficou um longo tempo socando até sentir os punhos latejarem. Parou. Encostou a testa na porta com agonia.

– Sam, Sam... Por favor, venha. Me tire daqui. Eu preciso de você – sussurrou baixinho quase sufocada

– 0 –

– Pode entrar – a voz autoritária de Slade ordenou à pessoa que batia na porta.

Brandon Slade era um homem moreno claro e bastante alto. Tinha cerca de trinta e cinco anos, mas aparentava ter mais devido às grossas sobrancelhas que se uniam no vinco do nariz e ao rosto quadrado de ar severo e grave. Estava de frente para um mapa com algumas marcas assinalando futuras operações. Virou-se para o sujeito que entrou.

– Senhor – um oficial grandalhão e loiro bateu continência.

– Pode relaxar, cabo Walker.

– Nós temos um problema.

– Problema?

– Tem uns sujeitos aí fora que estão escondidos... mas eu os notei.

– Uns sujeitos?

– Sim. Os mesmos caras que estavam com... a encomenda da nossa operação de mais cedo.

– Maldição, Travis! Falei para não deixarem vestígios! Falei para se livrarem do carro!

– Perdão, sargento! Mas fizemos tudo conforme suas ordens. Não sei como podem ter nos encontrado. Eles devem ser bons.

– E são mesmo – ponderou Slade – Bem que o bruxo me avisou... Devem estar também com o tal anjo.

– Perdão, senhor? – o soldado fez expressão de desentendimento.

– Nada, cabo. Esqueça.

–Quais são suas ordens? Devemos mata-los?

– Não, eles não podem ser mortos. Essa recomendação continua valendo. Reúna os mesmos soldados que você comandou e capturem eles. Se resistirem, atirem apenas para impedi-los de fugir.

– Sim, senhor – Walker bateu continência.

Enquanto isso, Dean, Cass e Sam esperavam ainda do lado de fora o momento para agir. Dean bufou várias vezes impaciente.

– Merda! Faz tempo que ele entrou lá. Por que está demorando?

– Deve ser parte do plano – replicou Sam.

– Plano que ele não contou para nós.

– Não temos escolha senão esperar – disse Sam com voz firme, mas depois bufou também – Droga, essa espera também me mata. Quando eu penso nas horas que se passaram e no que pode estar acontecendo com a Vic nesse instante nas mãos de um maldito bruxo, eu...

– Sam, calma – disse Dean colocando a mão no ombro do irmão – Vic vai aguentar. Ela é durona.

Sam o encarou. Dean sustentou o olhar confiante, porém, em seu íntimo, não tinha tanta certeza. Também estava muito preocupado com o que poderia acontecer com Victoria e ansioso para matar o maldito bruxo que estava com ela, mas tinha que dar apoio moral ao irmão.

– Ela é só uma mulher, Dean. E está sozinha. – retrucou Sam desanimado

– Depois o machista sou eu. Deixa a Vic saber quando a gente encontrar ela – Dean tentou brincar.

– Eu não quis dizer nesse sentido. Eu quis dizer que ela...

– Tá, Sam, eu sei. Só estava brincando.

Sam tentou sorrir, mas não conseguiu.

– É por minha culpa que isso está acontecendo.- continuou – E se eu não tivesse brigado com ela, se eu estivesse com ela...

– Ei,ei, vamos parar com essa ladainha? – Dean apertou o rosto do irmão – Sam, você não tem culpa alguma disso. E você estava com ela quando a pegaram. E eu também. Não consegui fazer nada tanto como você.

– Mas pelo o que Joshua disse, Lúcifer pode estar por trás disso. E é por minha causa.

– Talvez não, Sam. Ele disse que é uma suposição de Crowley. E mesmo que esteja, não é hora de se lamentar. Você tem que se concentrar! Tem que ser forte pela Vic pra gente salvá-la. Certo?

Sam acenou com a cabeça.

– E foi mal por hoje mais cedo... – continuou Dean meio sem jeito – Aquelas coisas que eu te falei sobre você voltar a confiar num demônio...

– Não, Dean, tudo bem.

– Não, não está bem, eu só quero que saiba que... eu te entendo.

Sam o olhou surpreso.

– Eu... você sabe, nunca tive um relacionamento sério por mais de dois meses, mas... posso imaginar o que você tem com a Vic – ele riu – Eu vejo todo o dia a forma como vocês interagem, mesmo com suas brigas. Cara, não sou do tipo romântico, mas sei que o que vocês têm é muito forte, mais forte do que com qualquer garota que eu vi com você... talvez até mais forte do que o que nossos pais tinham. E sei que isso é motivo suficiente pra você querer fazer qualquer coisa pela Vic.

Não disse mais nada. Sam o fitava profundamente, mais surpreso ainda por aquelas palavras. Dean engoliu em seco. Talvez não devesse ter falado tanto. Seu irmão bem sabia o que se passava em seu íntimo, sobre sua paixão por Victoria.

A verdade é que Dean entendia Sam não só pelo o que tinha alegado, mas porque seus sentimentos por Vic também eram intensos. Não sabia se eram como os do irmão, mas tinha certeza que era algo que nunca havia sentido por nenhuma outra mulher.

Sim. Era forte o que sentia, ainda que nunca houvesse acontecido nada entre ele e Collins. E por isso, também faria qualquer coisa para achar Victoria. Até mesmo dar um voto de crédito a um demônio, mesmo um que servisse ao Crowley, o maldito que julgava responsável pela missão fracassada em Carthage.

– Agora... sobre esse segredo seu e da Vic – Dean procurou desviar o assunto – Você deveria mesmo ter me falado.

– Eu sei, Dean, mas... como eu te disse, eu esperava que ela te contasse.

– OK. Mas depois que a recuperarmos, a gente vai sentar e conversar sobre isso.

– Tudo bem. – Sam assentiu – Eu quero mesmo...

– Pessoal, olhem ali. – Cass os interrompeu para lhes chamar a atenção

Um grupo de dez soldados – os mesmos que raptaram Vic – abriram o portão e cruzaram-no empunhando metralhadoras. Dessa vez, não estavam mascarados.

– Lá estão eles! – o cabo que os guiava apontou os caçadores e o anjo.

– Maldição! Aquele demônio nos traiu – esbravejou Dean. Voltou-se para o anjo – Cass, nos tire daqui de uma vez!

– Não, espere, Dean – Sam segurou o braço dele – Deve fazer parte do plano.

– E se não for?

– Vamos ter que arriscar.

E Sam estava disposto a extremos por Victoria. Dean sabia disso. E ele sabia que também estaria disposto a se arriscar por aquela mulher.

– 0 –

A porta do quarto se abriu sem que George precisasse mexer na maçaneta. Entrou por ela levando uma bandeja com um delicioso lanche composto por um grande pedaço de bolo fino de chocolate, frutas e suco.

– Elizabeth, trouxe um lanche – ele anunciou após atravessar a porta. Viu que ela estava sentada na cama com as pernas cruzadas e expressão abatida – Sei que você não come desde manhã, mas você precisa se alimentar.

Como ela não lhe respondesse, ele se virou e deu-lhe as costas para colocar a bandeja sobre a penteadeira.

– Vou deixar aqui. Não se preocupe que mais tarde vai ser servido o jantar e então você...

Não proferiu mais nenhuma palavra porque Victoria se levantou de uma vez e o atingiu na cabeça com um grande castiçal de ferro que ela escondia atrás de si, sobre as dobras do lençol. Deu-lhe vários golpes seguidos até derrubá-lo no chão.

– Engole essa, maldito! – gritou.

Vendo-o desacordado e com a cabeça ensanguentada pelos golpes, ela procurou recuperar o fôlego. Em seguida, largou o castiçal em cima da cama e saiu correndo do quarto. Tinha que encontrar uma saída.

Aquele quarto de aparência medonha ficava no fim de um longo corredor com outras portas e, por ele, Victoria correu. Do outro lado, chegava-se a uma ampla sala.

O lugar era realmente grande! E apesar do luxo, era de uma opulência que chegava a sufocar.

Vic ouviu o ruído de uma voz cantarolando e que vinha de uma entrada numa extremidade da sala. Ocultou-se sob a parede entre o corredor e o umbral que dava para o aposento. Viu uma mulher gorda e morena com traços indianos entrar na sala apenas para recolher uma taça perto do bar e leva-la. A senhora vestia um uniforme com avental. Devia ser a copeira.

Assim que ela saiu, Vic tentou encontrar a saída. Ela localizou o saguão e de frente, uma porta, talvez a saída. Correu para lá. Parou a poucos centímetros.

Tinha que pensar. Podia ter desacordado George, mas certamente devia ter vigias do lado de fora.

Bom, ela ia ter que improvisar. Andou devagar até a porta e pôs a mão na maçaneta. Não tinha chave. Se ao menos estivesse destrancada... Será que a sorte estaria a seu lado?

Dito e feito, não houve resistência na maçaneta. Vic abriu apenas uma fresta. O coração batia a mil. Ela não podia ser precipitada, tinha que dar uma espiada antes.

Abriu mais a porta. Ela soltou um grito de susto e, automaticamente, tapou a boca.

– Pensou que ia ser tão fácil, Elizabeth? – disse George com expressão sarcástica e um olhar de fúria. 


Notas Finais


Bom, o que acharam do que o bruxo disse? Será verdade ou piração dele? Piração ou não vem mais aí no próximo capítulo.

Ah, a foto acima que escolhi pra representar o Joshua é do ator John Cho que aparece em alguns capítulos da série Sleepy Hollow, da qual já falei para vocês. Na verdade, ele é coreano, mas como os orientais tem traços parecidos, enfim resolvi colocar ele, ao invés de um japonês. Eu acho ele bastante gato, mas cada qual tem seu gosto.

Até a próxima.


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