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História Almas Trigêmeas - O Céu se enganou (parte 2) - Final


Escrita por: jord73

Notas do Autor


A conclusão do caso. Nas notas finais, o link da música Quase sem querer, de Legião Urbana (eu queria muito colocar essa música em algum momento da história).

Enfim, boa leitura!

Capítulo 44 - O Céu se enganou (parte 2) - Final


Fanfic / Fanfiction Almas Trigêmeas - O Céu se enganou (parte 2) - Final

Anteriormente:

– Isso que eu chamo de um fim de semana de estilo – disse ele

– É realmente lindo. – disse Vic maravilhada.

– O nosso ninho de amor – ele a olhou com desejo e paixão refletidos no olhar.

(...)

– E Sam – continuou ela

– Hum?

– Nunca mais faça isso comigo – ela encostou o dedo no nariz dele

– O quê? – perguntou confuso

– Morrer do jeito que você morreu lá em 1978.

– Foi algo que não pude evitar.

(...)

– Eu só quero dizer uma coisa... Sam, eu nunca tiraria a Vic de você.

O outro não retrucou. Mas sua expressão se anuviou um pouco.

– Nunca ficaria entre vocês – continuou Dean – E mesmo... mesmo que algum dia a Vic não te quisesse, eu jamais... Ouviu, Sam? Jamais tentaria algo com ela.

Sam permanecia calado.

– Mas você pode ficar tranquilo porque isso nunca vai rolar. A Vic é louca por você. Até um cara como eu que não é nada sentimental, nota isso. Ela quer ficar é com você, Sam.

Calou-se. Aguardava uma resposta do irmão que não demorou a vir:

– Sei de tudo isso, Dean. Sei que você gosta dela bem antes até da Meg ter aberto a boca quando esteve dentro da Vic. – fez uma pausa. Dean engoliu em seco – Só não comentei porque não queria que você se sentisse mal com isso.

– Sam...

– Dean, não se preocupe. Eu... entendo. Juro pra você que entendo – riu com certa ironia – Só não posso evitar me sentir incomodado com o fato do meu irmão estar apaixonado por minha namorada.

(...)

– Ah, Vic, não sei o que faria sem você – ele relaxou a expressão e pegou no rosto dela

– E eu sem você... – a voz dela assumiu um tom angustiado - Sam, te pedi pra não fazer aquilo de novo. E você fez.

– O quê?

– Morrer. Você estava disposto a se matar à toa?

– Não era à toa, Vic. Eu me libertei do Tormento.

– Mas você nem tinha certeza de que ia dar certo.

– Não, mas matar você e Dean seria pior que morrer. E isso eu não podia permitir. – tomou fôlego – Vic, a maneira que você me olhou enquanto eu apontava a arma pra você... a confiança e o amor que vi nos seus olhos mesmo eu ameaçando sua vida... foi o que me deu forças pra me libertar. Acha que eu conseguiria suportar a ideia de te ferir? Não. Eu prometi a Bobby que te protegeria, prometi também ao meu irmão... e a mim mesmo. E vou cumprir isso não importa o que tiver que fazer.

(...)

– Onde estou? – tornou Dean

– No Céu.

– Céu? Como fui parar no Céu?

– Certamente você tem méritos para isso, a despeito de qualquer coisa. Eu lhe garanto.

(...)

– Sabe, quando você morre, dizem que sua vida passa perante seus olhos.

– O que quer dizer?

– Essa casa, é uma das minhas lembranças.

– Quando eu acordei, foi em uma das minhas lembranças. Aquele quatro de julho que queimamos aquele campo?

– Talvez o Céu seja isso. Um lugar onde você revive seus melhores momentos?

(...)

Súbito, o céu clareou, mostrando uma tarde ensolarada. Surpresos, viram que se encontravam no que parecia um bosque. Alguns metros mais à frente, havia um lago e, diante dele, uma casa de madeira com um cais aos fundos. A expressão de Sam foi de imediato reconhecimento.

– Acho que... – começou a dizer, mas se deteve.

– Outra lembrança sua? – interrogou Dean com sorriso amargo e tom irônico – Mais uma sem sua querida família?

Antes que Sam replicasse, ambos ouviram uma voz conhecida atrás deles.

– Sam!

Eles giraram os corpos. Era Victoria que se encontrava a três metros, entre duas árvores.

Capítulo 43

O céu se enganou (2ª parte) - Final

- Vic? – Dean arregalou os olhos entre confuso e surpreso

Ela se aproximou sorridente. Correu em direção a Sam. Ignorava Dean.

– Você também veio parar aqui? – Dean continuou – Mas você disse... o Cass...

Victoria nem o olhou. Apenas visualizava Sam. O sorriso deste era largo. Ela enlaçou seu pescoço e beijou-o. Dean estreitou os olhos.

- É, parece que perdi a aposta mesmo – ela soltou Sam e colocou as mãos na cintura.

- Sim, perdeu. – respondeu Sam, entregue por um momento àquela recordação – Eu fui mais rápido. Sou o melhor.

- Convencido – ela deu um tapa leve em seu ombro sem desfazer o sorriso

Foi só aí Dean que se deu conta de que a visão que tinham de Victoria não passava de uma lembrança do irmão.

- Me deixa adivinhar – disse ele interrompendo a recordação, colocando-se ao lado do casal e dirigindo-se a Sam – Foi aquele fim de semana que vocês passaram juntos?

- Acertou – confirmou Sam o olhando meio sem graça

– Já que você ganhou a corrida, merece um prêmio – tornou Vic como se a conversa não houvesse sido interrompida.

Os dois homens tornaram a olhá-la. Ela se afastou alguns centímetros do namorado. Mordeu os lábios com ar maroto. Agarrou as dobras da parte inferior da camiseta sem alças que vestia e começou a tirá-la. Dean sustou o ar na expectativa, porém, antes que visse qualquer coisa, Sam girou seu corpo repentinamente, obrigando-o a dar às costas à bela visão.

- Ei! – o loiro reclamou – Qualé, Sam?

- Qualé nada! – retrucou com expressão irritada – Este foi um momento íntimo entre a Vic e eu. Se você não reparou, ela começou a tirar a roupa.

- Não me diga! – zombou – Corta essa, Sam! É só uma lembrança. A Vic não tá aqui de verdade.

- Lembrança ou não, você não vai ver a minha namorada nua.

- Como se eu não tivesse visto antes – vendo o olhar assassino de Sam, levantou os braços em sinal de trégua – OK, não vou olhar nem um pedacinho.

- Ótimo – disse Sam mais calmo

- Você e a Vic... vocês transaram ao ar livre? – indagou curioso a despeito de sentir certo incômodo a respeito

- Não interessa – Sam ficou vermelho e olhou para Victoria completamente nua e parada como se esperasse que ele também tirasse a roupa.

- Uau, Sam! Quem diria? – ele soltou um assobio – Você que sempre foi do tipo conservador, hein?

- Ah, cala essa boca. É melhor... nós irmos – disse com certo pesar

Fitou Victoria correndo para dentro das águas como se estivesse com ele. Recordou-se daquele maravilhoso fim de semana juntos, daquele dia em que fizeram amor no lago, dentro dele e, em seguida, no gramado. Um tempo não muito distante em que possuíam a ilusão de que poderiam ficar juntos sem nenhum obstáculo entre eles.

- Vamos mesmo – disse Dean sem se virar. Puxou o irmão pela manga da camisa e começaram a subir a encosta – Não estou com a menor vontade de assistir o filme pornô que vocês gravaram.

Se fosse qualquer outra mulher, ele não pensaria duas vezes em espiar a cena de seu irmão transando. Mas em se tratando de Victoria, por motivos óbvios, não queria nem imaginar a situação. Não era masoquista.

- É, Sam, te dou um desconto pra essa lembrança aí. – prosseguiu Dean com um sorriso conciliador. Entraram num pequeno caminho inclinado entre as árvores – E também não posso reclamar muito. Me lembro que enquanto vocês estavam aqui, eu me diverti bastante com as gêmeas, e depois com uma chinesa, não... uma japonesa peituda.

Subitamente, voltou a anoitecer e depararam-se na porta de um bar bastante movimentado, como se o local houvesse surgido instantaneamente em seu trajeto. Ao fundo, um jovem de longo cabelo amarrado num rabo-de-cavalo tocava uma canção de Led Zeppelin, All my love.

Dean arregalou os olhos, mas ficou mudo.

- Que lembrança é essa? Tenho certeza de que não é minha – declarou Sam

- Não... é nada importante – Dean girou o corpo para sair e tentou fazer o mesmo com o irmão, mas este não arredou passo – É melhor a gente cair fora.

- Qual o problema, Dean?

Mas não esperou resposta. Surpreendeu-se ao ver Victoria entrar. Ela usava uma calça preta colante e uma blusa tomara-que-caia de cor prateada. Ela se dirigiu somente a Dean.

- Hum, tenho que admitir, Dean. O lugar é bom – disse ela

Pasmo, Sam abriu a boca e, com os olhos fulminantes, encarou um Dean constrangido.

- O que significa isso? – questionou num tom de voz elevado – Você saiu com a minha namorada?

- Calma, Sam, calma. Não precisa grilar – Dean pedia calma com as duas mãos espalmadas no ar – A Vic e eu... a gente só saiu como bons amigos, não aconteceu nada demais. Só conversamos, bebemos e... bom... dançamos um pouco. Mas tudo na amizade.

- Sei. Quando foi isso?

- Foi... quando você estava preso lá no Bobby surtando por causa do sangue demoníaco. Sam, só foi por duas vezes e foi porque insisti. A Vic nem queria sair perto daquela cela, mas tínhamos que relaxar ou íamos enlouquecer ficando o tempo todo lá.

- Tudo bem. A Vic me contou isso – disse mais calmo, porém, a expressão irritada ainda permanecia. Cruzou os braços e observou Victoria se sentar numa mesa e conversar para o vazio como estivesse falando com Dean. Voltou a fitar o irmão – Mas não dá pra acreditar. Como você considera isso uma boa lembrança com tudo o que eu passei naquele lugar?

- Er... como você mesmo disse, não dá pra controlar essa coisa. – deu de ombros com ar de desculpas

Encararam-se em silêncio por um bom tempo. Por fim, Sam disse com um olhar sombrio e num tom mais reflexivo do que acusador:

- Você está mesmo apaixonado por ela. Bem mais do que parece.

Dean engoliu em seco. Não havia o que contestar.

De repente, o bar começou a tremer e tudo ficou às escuras. Um feixe de luz penetrou pela porta e iluminou as silhuetas dos rapazes. Eles olharam automaticamente para cima, na direção em que ela vinha.

- Vai, vai, vai! – ordenou Dean e saíram correndo dali. Atravessaram a rua e entraram num longo beco entre duas lojas. Esconderam-se atrás de uma caçamba, entre um monte de sacos de lixo. Zacarias entrou pelo beco e começou a olhar para os lados despreocupadamente

- Uau. – disse ele numa voz trovejante e em sua postura arrogante e sarcástica. Parou a uma curta distância deles – Fugindo de anjos. A pé. No Céu. Com pensamentos assim, estou surpreso de vocês ainda não terem impedido o Apocalipse.

Estalou os dedos e fez com que surgisse o dia. Deu às costas à caçamba que ocultava os Winchesters

- Qual o problema, pessoal? – indagou – Só quero manda-los de volta à Terra, só isso. – os caçadores aproveitaram para averiguar em que posição o anjo estava. Abaixaram as cabeças assim que ele girou a dele para trás – Isso depois de encher vocês de boas novas. Vocês estão no meu território, rapazes. Quando eu terminar com vocês, estarão implorando para dizer "sim".

Assim que ele se virou novamente, os irmãos voltaram a olhá-lo e numa combinação silenciosa, correram de seu esconderijo.

-Anda, vai. – disse Dean

Zacarias ouviu o movimento e girou de vez. Os Winchesters entraram à esquerda de uma bifurcação que dividia aquele beco. Sam ia à frente com seu irmão o incitando a prosseguir

- Corre!

Entretanto, interromperam a corrida. Zacarias surgiu repentinamente no caminho deles.

- Vamos lá, meninos. Vocês podem correr, mas não podem "correr."

Ignorando-o, giraram os corpos e correram na direção contrária. Quando iam voltar para o meio do beco e sair pelo mesmo trajeto que fizeram, depararam-se com um homem mascarado, de capa, calça jeans e blusa preta. Ele fez sinal para que se calassem.

- Rápido, por aqui – indicou que o acompanhassem

E deu meia-volta. Seguiu correndo para o final do beco. Os Winchesters não pensaram duas vezes em segui-lo. Um muro indicava o fim daquele caminho, mas o homem não se intimidou e desenhou um círculo com caracteres enoquianos. Os irmãos se entreolharam. Como num passe de mágica, uma porta apareceu. Ele a abriu e esperou que os caçadores entrassem por ela, antes de fechá-la. Era a entrada de um bar completamente diferente do que haviam estado antes. Contudo, os rapazes nem prestaram atenção no local em que estavam.

- Espera, quem é você? – questionou Dean desconfiado

O sujeito tirou a máscara e a capa num gesto teatral, revelando-se. Era Ash.

- Buenos dias, vadias.

- Ash? – Sam estava surpreso

O lugar se iluminou sozinho. Ash estendeu os braços, num gesto orgulhoso de mostrar o lugar Era uma réplica do Roadhouse.

- Bem-vindos ao meu Céu Azul.

- 0 –

- Então cada pessoa tem uma espécie de Céu? Um de acordo com as lembranças de sua vida? – indagou Victoria surpresa

- Exato – respondeu Cass

- Hum, não parece tão ruim... apesar de , sei lá, ficar eternamente no meio de recordações do passado – ela ficou alguns segundos pensativa – Se bem que eu adoraria reviver alguns bons momentos da minha infância... com os meus pais, o Luke, o Henry... – Vic levantou a cabeça com expectativa – Por acaso eles...?

- Sim. Estão todos no Céu.

- Que bom! Pelo menos isso... Mereciam ir pra um bom lugar por terem morrido por minha causa.

- Não se culpe, Victoria. Isso só vai fazê-la sofrer mais. Eles morreram porque chegou a hora deles.

- Gostaria de acreditar nisso – ela suspirou – Mas se não pude evitar a morte deles, pelo menos vou evitar a morte de Sam e de Dean.

- Eles são muito importantes para você, eu sei. Você os ama.

Vic não respondeu. Ficou em silêncio por causa da maneira com que o anjo enfatizou a última palavra. Amar. E não num sentido fraternal. O que incluía Dean.

- Devo ser louca – ela admitiu após uma longa pausa – Eu amo o Sam, ele é meu namorado, mas... também não paro de pensar em Dean – abaixou a cabeça, colocando as mãos sobre ela. Suspirou – Que espécie de mulher eu sou?

- Você é a força deles – disse Castiel se aproximando. Vic levantou a cabeça o encarando surpresa – É como a ponte de equilíbrio entre eles. Sem você, eles não estariam conseguindo se entender tão bem desde que Sam libertou Lúcifer.

- Nossa! – ela quase riu, mal conseguindo absorver tal declaração – Mas como isso é possível, Cass? Você sabe mais coisas do que me disse na última vez em que falamos sobre eles, não é? Há uma ligação entre nós três? O que é? Por quê?

- É melhor eu ir, tenho... coisas a fazer – desconversou o anjo – Dean e Sam vão retornar logo, com certeza. Me avise quando isso ocorrer. Quero saber que informações eles trarão.

- Não, Cass, espere...

Contudo, o anjo desapareceu. Victoria bufou.

- Que ótimo. Sempre escorregando quando o apertamos demais.

- 0 –

Depois de uma conversa saudosa sobre o Roadhouse e o funcionamento do Céu que, segundo Ash, era como uma Disneylândia, os Winchesters contemplaram um dispositivo que ele próprio construiu e captava a linguagem dos anjos – idioma em que Ash era fluente. Foi através dele que foram encontrados.

Infelizmente, Ash os informou que não viu nem Ellen nem Jo, aliás, nem sabia que as duas haviam morrido. Tampouco sabia algo sobre os pais dos rapazes.

Todavia, tiveram a grata surpresa de reencontrar a vidente Pamela, que havia ficado cega e morrido por ajuda-los. Ela estava muito melhor do que esperavam. Dean e ela conversaram por um tempo enquanto Ash e Sam tentavam localizar o Jardim, o que não levou muito tempo.

Ash desenhou um símbolo com um giz numa outra porta do bar, o que os levaria até o anjo Joshua.

- Tome cuidado – disse Pamela após dar um forte abraço de despedida em Sam.

Teve vontade de beijá-lo, porém, como ele lhe contou sobre Victoria, ela desistiu da ideia. Mas ao se despedir de Dean, não mostrou nenhum pudor. Beijou-o com gosto, deixando- atordoado.

- É, assim como eu imaginei – disse ela após desgrudarem as bocas.

Os irmãos também se despediram de Ash e assim que cruzaram a porta, viram-se novamente na antiga casa em que moravam com os pais. Era noite no lugar. E, mais uma vez, Mary apareceu como uma doce recordação de Dean. Usava uma camisola.

- Querido, por que está acordado?

- Olha, me desculpe, eu amo você... Mas você não é real e nós não temos tempo – disse ele. Não podiam mais se perder em distrações

- Teve um pesadelo? – ignorou a resposta do moço e aproximou-se – Me diga.

- Preciso ir. – começou a se afastar

- Então que tal eu contar meu pesadelo, Dean? A noite que fui queimada.

O Winchester se deteve e observou-a surpreso. Súbito, a camisola de Mary começou a se manchar de sangue.

- Sam, vamos sair daqui – disse perturbado e virou-se.

- Não dê as costas pra mim – o tom de voz de Mary se alterou. Ele se voltou para ela novamente – Eu nunca o amei. Você era meu peso morto. Eu estava acorrentada em você.

Dean e Sam a fitavam com horror.

- E olha onde isso me levou – prosseguiu. Seus olhos ficaram amarelos como os de Azazel

- Dean – Sam chamou seu irmão.

Aquilo era mau. Uma luz verde se acendeu no ambiente. Todas as portas e janelas da casa foram lacradas por uma parede de tijolos, até mesmo a lareira. Os dois observaram atônitos ao redor o cerco sobre eles. Voltaram a encarar Mary. Os olhos dela voltaram ao normal, porém esboçava um sorriso de escárnio e continuava a torturar Dean com suas palavras:

- O pior era o cheiro. A dor, bem... o que se pode dizer quando sua pele está borbulhando? Mas o cheiro. Era tão... tão... Por um segundo pensei que tivesse deixado a carne queimar no forno. Mas era minha carne. E então, finalmente, eu estava morta. – Dean se distanciou e foi para uma parede onde dantes estava a porta. Tateou-a à procura de uma saída – A parte boa era que pelo menos estava longe de você.

Aquilo fez Dean interromper seus movimentos. Trocou um olhar atormentado com Sam. Mary suspirou com tédio.

- Todo mundo o deixa, Dean. Já percebeu? Mamãe, papai. Até o Sam. – ela olhou para o filho mais novo. Ela alargou o sorriso – E até essa moça, essa caçadora preferiu ele a você.

Dean a olhava entre confuso e magoado.

- Sim. Eu sei sobre isso. Não há nada que uma mãe não saiba sobre seus filhos. – ela balançou a cabeça para os lados com expressão de desdém – Que bonitinho! Você ama a namorada do seu irmão. Mas ela preferiu o pequeno Sammy.

Embora soubesse que aquilo não devia passar de alguma ilusão, cada palavra machucava Dean. Sam estava angustiado porque sabia como seu irmão se sentia.

- No fim, todos te deixam, Dean. Já se perguntou o porquê? Talvez não seja eles. Talvez seja você – ela soltou um curto riso

- Devagar, gatinha – a voz sarcástica de Zacarias irrompeu pelo recinto. Ele entrou e postou-se ao lado de Mary.

- Você fez isso – concluiu Sam.

- E estou apenas esquentando. Quer dizer, rapazes, vocês realmente pensaram que poderiam passar por mim para sua missão?

- Seu filho da puta.

Sam fez menção de avançar, mas foi detido por um anjo que surgiu atrás de si, segurando-o pelos braços. O mesmo se sucedeu com Dean.

- Eu poderia dizer a mesma coisa para você, Sam, mas na verdade virei um grande fã da sua mãe. – fitou a figura de Mary que permanecia parada com expressão maliciosa – Ou, pelo menos, da memória abençoada dela.

Aproximou os lábios do pescoço dela e beijou-o com luxúria. Dean e Sam fecharam os olhos para aquela visão libidinosa.

- Acho que passaremos um bom tempo juntos. Ela é uma baita coroa enxuta. –provocativo, encarou os rapazes

- Pode falar o quanto quiser, seu idiota. Continua careca – zombou Dean

- No Céu eu tenho seis asas e quatro rostos, uma delas é um leão. Você vê isso porque... – olhou de novo para Mary e deslizou o dedo pelo seu braço, incomodando os caçadores -... limitado.

Tornou a encará-los, fitou Mary e estalou os dedos. Ela desapareceu no mesmo instante.

- Vamos etiqueta-los, sim?

- Vai nos torturar até dizermos sim? Já ouvi essa – declarou Dean despreocupado

Zacarias o esmurrou no estômago. Ele se curvou para frente e gemeu de dor.

- Vou fazer bem mais que isso. Limpei minha agenda. Levante-o. – no que foi atendido, socou o Winchester no mesmo local. Este gemeu de novo, mas não se curvou por ser sustentado pelo anjo que o segurava – Deixe-me falar uma coisa. Eu já fui o melhor aqui, certa vez. Funcionário do mês, todo mês, sempre. Eu andava nesses corredores e as pessoas desviavam o olhar. Eu tinha respeito! – esbravejou a última frase. Silenciou por uns instantes, encarando seus reféns – E então eles me designaram vocês. Agora olhe pra mim. Não consigo fechar negócio com uma dupla de vermes. Todos estão rindo de mim. E estão certos de fazer isso. Então, mesmo dizendo sim ou não, ainda vou descontar em vocês. Ou quem sabe... até na garota de vocês.

Sam ficou possesso e quase se libertou de seu captor.

- Seu bastardo! Se você ousar chegar perto da Vic, eu juro que... – mas Zacarias o calou lhe esmurrando o rosto.

- Você não está em condições de ameaçar, Sam Winchester! Sou eu aqui que dou cartas. Vou fazer o que me der na telha para atingi-los. Agora é pessoal, garotos. E a última pessoa na história da Criação que iriam querer como inimigo sou eu. E vou dizer porquê. Lúcifer pode ser poderoso. Mas eu sou mesquinho. Serei o anjo no seu ombro pelo resto da eternidade.

- Com licença, senhor – uma voz rouca os interrompeu. Zacarias se virou.

A certa distância deles, estava um anjo baixo, de aparência idosa, barba e pele negra.

- Estou numa reunião – disse Zacarias impaciente

- Desculpe, preciso conversar com aqueles dois. – informou o anjo

- 0 –

Passaram-se apenas cinco minutos desde que Castiel havia deixado Victoria sozinha com os rapazes. Ela permanecia sentada, olhando para qualquer ponto que não fosse os corpos ensanguentados dos Winchesters. Tamborilava os dedos de uma mão na outra.

Aquela espera era uma agonia! Victoria não aguentava mais, embora só houvesse se passado meia hora – o tempo na Terra era diferente do tempo no Céu.

Por mais que Vic soubesse que seus parceiros ficariam bem, a sensação de perda lhe saltava no peito. Sua mente lhe vinha com pensamentos agourentos de que talvez seus companheiros demorariam muito mais tempo para retornar. Pior. Talvez nunca retornassem.

Collins teve um susto quando ouviu Sam inspirar o ar numa só tragada. Ele se sentou na cama com expressão de assombro. E logo depois era a vez de Dean.

- Vocês voltaram! – após o assombro inicial, Vic gritou de alegria.

Os dois olharam para ela.

- Acho que sim – retrucou Dean ainda um pouco atordoado

Vic se levantou e, por um instante, hesitou em quem deveria abraçar primeiro, mas logo correu para abraçar Sam.

Sem se importar com as roupas dele banhadas de sangue, ela se jogou em seus braços. Ele a estreitou fortemente. Vic enterrou o rosto na curvatura do pescoço dele. Era tão bom sentir o cheiro dele, a textura de sua pele!

- Ah, Vic – ele sussurrou. Precisava daquele conforto.

Ela se desgrudou do abraço dele e deu-lhe beijos rápidos na boca. Dean desviou o olhar.

- Você tem que parar de me assustar assim, Sam – ela reclamou com olhar reprovador – Tem que parar de morrer.

- Desculpe, não pude evitar.

Vic balançou a cabeça e abraçou-o mia suma vez. Em seguida, voltou-se para Dean.

- E você também, Dean. Não vá fazer o mesmo que o Sam.

- Er... sabe como é. – ele sorriu sem muito ânimo – Morrer faz parte do ofício.

- Você só fala besteira.

E se levantou sem muita pressa, sentou-se na beira da cama dele e também o abraçou. Dean não recusou o gesto de carinho, ao contrário, queria muito aquilo. Porém, procurou não estreita-la muito nos braços. Observou o semblante de Sam; não havia irritação, apenas um leve incômodo.

Victoria se afastou de Dean com um sorriso tímido e tornou a se juntar a Sam.

- Vocês estão bem? – ela indagou alternando o olhar de um para o outro enquanto começou a tatear o corpo de Sam em busca de ferimentos.

- Defina "bem." – soltou Dean

Em seguida, também apalpou o próprio corpo.

- Sumiram – disse ela ao ver que no corpo de Sam não havia nada.

- Com bala e tudo – completou Dean.

- Onde está o Cass? – questionou Sam.

- Ele me pediu para telefonar assim que vocês... ressuscitassem. – informou Victoria

- Deixa que eu faço isso – declarou Dean ao pegar o celular da cômoda e discar o número do anjo.

- Como foi lá? Deu tudo certo?

- Espera pra ouvir assim que o Cass chegar – disse Dean num tom seco e amargurado

Em instantes, Castiel estava no quarto após receber o telefonema. Os Winchesters relataram para ele e Vic tudo o que se passou, concluindo com uma mensagem de Deus enviada através de Joshua.

Victoria ficou pasma, incapaz de acreditar na última informação. Quanto a Cass, não articulou nenhuma palavra. Caminhou até a divisória de ferro que separava a porta das camas. O olhar dele era vago.

- Cass, você está bem? – Vic o interrogou preocupada.

Ele não respondeu.

- Cass? – ela insistiu.

Sam colocou a mão em seu ombro e balançou a cabeça como se a alertasse para deixar o anjo refletir.

- É melhor a gente arrumar as coisas e cair fora – declarou Dean querendo encerrar o assunto – Pode ser que alguns caçadores queiram conferir se o Roy e o Walt fizeram o serviço na gente.

Sam e Vic assentiram. A bagagem de Collins estava feita, de modo que ela só aguardou os rapazes arrumarem cada qual a sua. Não sabia o que pensar sobre informação que Cass tanto ansiava e que eles haviam fornecido. Não, não podia acreditar naquilo, tinha que ter alguma explicação.

- Vai ver Joshua estava mentindo – declarou Castiel, quebrando o pesado silêncio a que se submeteu. Não havia firmeza em sua declaração, mas ele esperava que o contradissessem.

Olhava o vazio. Os rapazes pararam um momento o que faziam e o fitaram. Collins também o olhou penalizada.

- Eu acho que não, Cass. Lamento – afirmou Sam.

Castiel não retrucou. De costas voltadas para eles, deu alguns passos e falou para o alto numa voz carregada de raiva e decepção:

- Seu desgraçado. Eu tive fé que...

Fez uma pausa. Os três observavam pasmos o começo do que poderia ser uma blasfêmia vinda justamente daquele que não questionava seu Criador. Entretanto, Castiel não conseguiu formular mais nenhuma palavra. Voltou-se para eles.

- Não preciso mais disso – tirou o amuleto de Dean do bolso e jogou para ele. O moço o agarrou. – É inútil.

- Cass, espere – chamou Sam

Porém, ele já havia desaparecido de suas vistas. Sam bufou.

- Ele não pode desanimar – disse Vic por fim – Logo ele. Eu ainda acho que há algum engano em tudo isso.

- Não há engano nenhum. Ouvimos muito bem – declarou Dean entediado sem levantar os olhos de seu amuleto.

- Não é isso. Quem disse que esse Joshua está falando a verdade? Talvez...

- Talvez nada, Vic. Quer saber? Não duvido mesmo que ele tenha falado a verdade. – riu amargo – É só olhar à nossa volta para ver o quanto estamos abandonados e ferrados há muito tempo, muito antes da gente urinar nas fraldas, muito antes do Zeppelin.

- Dean... – ela balançou a cabeça, discordando.

- Não importa, pessoal – disse Sam interrompendo o início de uma discussão e jogando uma calça em cima da cama. – Vamos dar um jeito. Ainda podemos impedir tudo isso.

- Como? – tornou Dean com expressão cansada.

- Não sei, mas acharemos um jeito. – ele se voltou para o irmão – Nós três acharemos um jeito

- Isso, Dean – concordou Vic – Não podemos simplesmente desistir só porque aparentemente uma estratégia não deu resultado.

Dean fitou a ambos com expressão de descrença, mas não lhes deu resposta. Ao invés disso, pegou sua bolsa, passou por eles, foi até a lixeira e largou o amuleto sem hesitar. Depois, abriu a porta. Vic e Sam o observaram preocupados. Antes de sair, apenas disse sem se virar para eles:

- Sabe, Sam, acho que hoje você deveria ir no carro da Vic. Vocês precisam disso.

Sam engoliu em seco. Ele entendeu o que o irmão queria dizer. Não poderia passar daquele dia a conversa com Victoria.

- O que ele quis dizer? – indagou Victoria confusa.

- Nada – suspirou Sam – Ele apenas... está sem chão por agora.

- Acho que todos nós. – ela se levantou e abraçou Sam. Enterrou o rosto em seu peito. Ele mergulhou o rosto no topo da cabeça dela, sentindo o perfume dos cabelos. Ficaram assim por alguns momentos. Depois, Collins levantou o rosto para ele – Mas vai passar. Como você disse, nós três vamos dar um jeito, não é?

- É, vamos. Nós... três – ele disse sorrindo levemente. Mas o sorriso não alcançava seus olhos.

- 0 –

Dean olhava para um ponto qualquer além da colina. Estava em seu carro, refletindo sobre os últimos acontecimentos, sobre sua ida ao Céu.

Não queria ficar encerrado no quarto de outro motel em que haviam parado para pernoitar. Não se sentia confortável e tranquilo para dormir, mas bem que queria. Queria se esquecer de tudo, entregar-se ao vazio. Estava tão cansado!

Suspirou. A essa hora, esperava que Sam estivesse conversando com Victoria. Definitivamente, não ia admitir que o irmão fraquejasse. Mas vindo dele, talvez não devesse se surpreender se não fizesse uma simples coisa como aquela.

Bom, não tão simples. Podia imaginar como devia ser difícil para Sam. Ele mesmo não queria que Victoria se afastasse deles. Não importava se ela continuasse com o Sam, tê-la por perto era como um bálsamo para todos aqueles obstáculos e monstros que tinham que enfrentar dia após dia.

Mas não era justo sacrificá-la por causa do egoísmo de ambos. Se bem que ele não estava certo se afastá-la resultaria em alguma coisa. Mesmo que ela tivesse o cunho enoquiano, isso não era garantia total de que não poderia ser encontrada. Por anjos não, mas por demônios a serviço do Diabo, tudo era possível. De qualquer jeito, era melhor que ficasse longe. Seria mais arriscado se ela estivesse no meio daquela batalha e fosse atingida por um dos dois lados.

A mente dele voltou a divagar sobre o último momento passado no Céu.

O anjo Joshua convenceu Zacarias a libertá-los com uma ameaça sutil de "ira de Deus." Em seguida, foram parar no tal jardim que na visão de Dean e Sam era a réplica do Jardim Botânico de Cleveland, onde haviam feito uma excursão escolar certa vez.

- Pode pelo menos mandar a ele uma mensagem nossa? – perguntou Sam

- Na verdade, Ele tem uma mensagem pra vocês: "Parem de insistir." – disse Joshua

- O quê? – Dean achou que havia escutado mal

- Ele já sabe. Tudo que querem dizer a ele.

- Mas...

- Ele sabe o que os anjos estão fazendo. Sabe que o Apocalipse começou. Ele só acha que isso não é problema Dele.

- Não é problema Dele? – Dean estava pasmo

- Deus já salvou vocês. Ele os colocou naquele avião. Trouxe Castiel de volta. Ele vos concedeu salvação no Céu. – voltou-se para Sam – Mesmo depois de tudo que já fizeram. É mais do que Ele já interveio em um bom tempo. Ele está farto. Amuleto mágico ou não, não poderão achá-lo.

- Mas Ele pode por um fim nisso. Tudo isso.

- Suponho que sim, mas Ele não vai.

- Por que não?

- Por que Ele permite o mal pra início de conversa? Pode ficar louco fazendo perguntas assim.

- Então Ele só vai sentar e assistir o mundo queimar?

- Sei o quão importante isso é pra você, Dean. Eu lamento.

- Esqueça. – Dean sentiu não um balde de água fria, mas uma geleira cair sobre sua cabeça e tirar seus últimos resquícios de esperança – É só mais outro pai ausente com um monte de desculpas, né? Estou me acostumando com isso. Deixa que eu me viro.

- Só que não sabe se pode se virar dessa vez. Não pode matar o Diabo. Está perdendo a fé em si mesmo e no seu irmão. E tem medo de que a companheira de vocês saia morta no meio dessa batalha mesmo que a mandem para longe. – Sam olhou para Dean, mas este não correspondeu – E agora isso? Deus era sua última esperança. Só queria poder lhe contar algo diferente.

- Como sabemos se diz a verdade? – tornou Sam

- Acha que eu mentiria?

- Não é o primeiro anjo que topamos.

- Estou torcendo por vocês! Queria poder fazer mais para ajuda-los, sério! Mas eu só adorno as cercas vivas.

- E agora? Indagou Dean derrotado

- Vão voltar pra casa de novo. Mas receio que dessa vez não vai ser como as últimas. Como das tantas vezes que voltaram. Dessa vez Deus quer que vocês se lembrem.

Podia imaginar a revolta de Castiel, afinal, o motivo da existência dele havia sido retirado. Não devia se surpreender com a aquela reação do anjo, que não devia ser nem metade do que realmente sentia.

Não. O que o surpreendia era ter alimentado alguma esperança a respeito, ele que desde que se entendia por gente nunca acreditou em Deus.

Era por isso que não sustentava nenhum tipo de fé, pois no fim as pessoas acabariam descobrindo que o tão onipotente Criador existia, mas pouco se importava com o destino da humanidade. Antes não os tivesse criado já que era para larga-los assim à própria sorte.

Quanto a Sam, Joshua estava certo. Ele não tinha mais fé no irmão. Tentou, esforçou-se, mas não conseguiu. Mas não permitiria que Sam falhasse com Victoria como havia falhado com ele.

Não contaram lógico, toda a conversa com o anjo, pelo menos não parte em que ele mencionava o plano de manda-la embora.

Sua mente se deteve na última coisa que o anjo lhes disse. Tantas vezes. Agora refletia sobre tais palavras.

Tantas vezes assim voltaram para o Céu? Foi isso o que Joshua quis dizer?

Bem, antes desta última vez, ele morreu umas tantas por causa de Gabriel, mas pelo o que Sam lhe relatou, o maldito deixou claro que ele foi parar no inferno. E depois, a "morte definitiva" causada por Lilith e seus cães infernais, a que até hoje se recordava em seus pesadelos. Então como pode parar no Céu? A não ser que tenha dado uma rápida passada.

Quanto a Sam, este morreu umas quatro. Quatro não poderia significar um número muito grande, não?

Bobagem. Não era algo para se martelar. O que Joshua disse deveria ser "força de expressão.".

- 0 –

    Tenho andado distraído
             Impaciente e indeciso
                E ainda estou confuso
                     Só que agora é diferente
          Estou tão tranquilo
E tão contente

Ia ser mais difícil do que Sam imaginou. Ele fitava o olhar de expectativa de Victoria. Expectativa e apreensão. Sim. De alguma forma, ela sabia que algo não estava bem entre eles.

Ele havia pedido para saírem do quarto de motel para conversarem. Não se sentia à vontade para terminar com ela dentro de um lugar assim.

Quase riu. Só ele mesmo para querer arranjar algum cenário romântico a fim de encerrar um relacionamento. Sim, encerrar um relacionamento, pois sabendo como Victoria era, duvidava que ela fosse aceitar a proposta de "dar um tempo". Com ela, era tudo ou nada.

Quantas chances
desperdicei
                               Quando o que eu mais queria
                               Era provar pra todo o mundo
             Que eu não precisava
                Provar nada pra ninguém

O lugar escolhido foi uma pequena ponte sobre uma lagoa de um parque. Um céu estrelado completava o cenário. Seria algo memorável e irônico ao mesmo tempo. Um lugar bonito como pano de fundo do fim de uma relação intensa e verdadeira.

– E então, Sam? O que você tem pra me dizer? – Vic o pressionou ao vê-lo calado.

Ele não respondeu de imediato. Havia ensaiado tantas vezes aquela conversa para no final não conseguir articular nenhuma palavra. A vida não era teatro para se passar e repassar a mesma cena de um acontecimento.

Me fiz em mil pedaços
Pra você juntar
             E queria sempre achar
                       Explicação pro que eu sentia

– Eu... não sei por onde começar.

– Quer saber? Antes que você comece, eu vou dizer para você o que penso.

– Vic...

– Desista, Sam. Eu não vou deixar você. E nem vou deixara essa missão, não importa o que você me diga.

– Eu não sei... do que você está falando – ele ficou surpreso que Collins havia deduzido com acerto, mas resolveu não admitir.

– Ah, por favor, Sam, você e Dean acham que sou burra por acaso? Não insultem a minha inteligência.

– Olha, Vic...

– Olha você, Sam Winchester! – ela levantou o dedo indicador – Eu observei o seu jeito comigo esses dias, a sua troca de olhares com Dean. No começo eu não sabia o que era, mas juntando melhor as peças, não foi difícil matar a charada.

Sam engoliu em seco. Não teve como contradizê-la.

Como um anjo caído
                   Fiz questão de esquecer
                 Que mentir pra si mesmo
             É sempre a pior mentira

– Eu não vou pra longe de vocês. Não aceito nenhum argumento de que eu devo me afastar. Eu não preciso que vocês me protejam!

– Vic, por favor...

– Por favor, digo eu! – ela colocou as mãos sobre o rosto dele – Sam, nós estamos juntos nessa! Não só o nosso relacionamento, mas uma missão em comum. Se você não queria que eu fizesse parte disso, deveria ter me dito naquela primeira vez em que nos encontramos na casa do Bobby.

Sam tentou abrir a boca para argumentar, mas não saiu nada. Ele não queria argumentar.

Mas não sou mais
                                       Tão criança a ponto de saber tudo

– Se você pôr um fim na nossa relação pra tentar me convencer que não me ama, vai perder seu tempo. Eu vou continuar indo pra qualquer lugar que vocês forem. E garanto que usarei todo o meu poder de sedução pra você se arrepender de ter até pensado em terminar comigo.

Sam não pôde deixar de sorrir.

– Agora é tarde demais pra voltar atrás. E nada do que você e Dean disserem ou fazerem vai me convencer a mudar de ideia. Meu destino está atado ao seu, Sam Winchester, aceite isso.

Já não me preocupo
            Se eu não sei porquê
               Às vezes o que eu vejo
     Quase ninguém vê
                 E eu sei que você sabe
          Quase sem querer
                          Que eu vejo o mesmo que você

Sam não pensou em mais nada depois da última sentença. Apenas a beijou com toda a paixão de que foi capaz. Em seguida, fosse por um impulso ou devido às últimas emoções provocadas por causa do sequestro de Victoria e da ida ao Céu ou simplesmente pela terrível sensação que experimentou de ficar longe da namorada, ele se abaixou, ajoelhou-se sobre uma perna e apoiou-se na outra. Seu olhar fitava o de Victoria com ansiedade.

Tão correto e tão bonito
       O infinito é realmente
                  Um dos deuses mais lindos

– Sam, o que está fazendo? – ela o questionou entre surpresa e confusa. A posição dele era sugestiva.

– Quer se casar comigo?

Surpreendida, Victoria prendeu a respiração. Colocou ambas as mãos sobre a boca.

– É claro... Depois que tudo isso acabar – ele se apressou em dizer.

Collins não conseguia responder. Havia perdido a voz tamanho o espanto. Seu coração batia acelerado. Houve um longo silêncio entre eles antes do Winchester prosseguir:

– Eu sei que o fim do mundo está vindo nos assombrar – disse Sam meio sem jeito – Sei que eu sou o homem mais perigoso pra a humanidade porque sou o recipiente de Lúcifer... mas mesmo assim... eu ainda quero ter esperança... eu quero acreditar que vamos conseguir superar tudo isso.

Sei que às vezes uso
       Palavras repetidas
                   Mas quais são as palavras
           Que nunca são ditas?

– Sam... – Vic estava com a voz embargada de emoção

– Então, eu pergunto: com tudo isso em cima de nós... Victoria Collins, você é louca o suficiente pra se casar comigo?

Vic não respondeu, apenas se abaixou à altura dele e jogou-se em seus braços, apertando-o forte. Sam a estreitou nos braços e levantou ambos.

Me disseram que você
estava chorando
           E foi então que percebi
        Como lhe quero tanto

– Isso é um sim? – perguntou sem desfazer o abraço.

Ela se afastou apenas para acenar com a cabeça várias vezes. Sam voltou a abraça-la e ergueu-a até tirar seus pés do chão. Rodopiou duas vezes e depois, colocou-a no chão. Beijaram-se e deixaram-se levar por aquele maravilhoso momento.

Já não me preocupo
             Se eu não sei porquê
               Às vezes o que eu vejo
    Quase ninguém vê
          E eu sei que você sabe
Quase sem querer
                      Que eu quero o mesmo que você


Notas Finais


Eis olink da música:

https://www.youtube.com/watch?v=2UkiLbkbDv0

Gente, Sam endoidou de vez! Ou é o amor que faz as pessoas cometerem disparates?

E aí, gostaram? Espero que sim. O próximo capítulo vai ser também adaptação de um episódio da temporada. Ah! Lembrando que faltam dez capítulos para encerrar essa primeira fase (a mais longa das três), Uf! Que alívio!

Até a próxima.


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