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História Almas Trigêmeas - Apertem os cintos... Dean quer dizer Sim! (parte 1)


Escrita por: jord73

Notas do Autor


O capítulo contém partes do episódio 18, "Caminho sem volta". Na parte que relembra trechos de capítulos anteriores coloquei também trechos do episódio 19 da quarta temporada, "O irmão"

E a música é Running Up That Hill, da banda Placebo.

Boa leitura para todos!

Capítulo 49 - Apertem os cintos... Dean quer dizer Sim! (parte 1)


Fanfic / Fanfiction Almas Trigêmeas - Apertem os cintos... Dean quer dizer Sim! (parte 1)

Anteriormente:

– Alô? – Dean respondeu no celular

– É o John? – perguntou uma voz masculina do outro lado da linha. Uma voz mais jovial.

– Ele não pode falar agora. Eu posso ajudar?

– Não, não, não. Eu preciso muito falar com John. É Adam Milligan. Ele me conhece.

– Desculpe eu ter que te dar a notícia, cara, mas John morreu há mais de dois anos. – a voz emudeceu. Sam olhou curioso para Dean – Quem fala?

– Eu sou filho dele.

(...)

Sam viu que suas mãos e pés estavam bem amarrados e seu corpo estirado na mesa da cozinha. A mulher que supostamente era mãe de Adam espetou o dedo numa faca, mas nada aconteceu.

– Prata. Por isso, nenhum dos testes acusou. Vocês não são metamorfos...são ghouls – constatou Sam

– Sabe, eu acho esse termo racista – disse a fêmea se voltando para ele. Sam fez uma careta zombeteira. Ela se aproximou e cheirou seu corpo. Ele virou o rosto enojado – Carne fresca. Melhor do que o que estamos acostumados.

– Eu devia saber. Foi a caça fresca que me enganou. Ghouls geralmente não vão atrás dos vivos. Vocês são só aves de rapina que se alimentam dos mortos... e tomam a forma do último cadáver mastigado.

– E os pensamentos. E as lembranças. – disse o ghoul que assumiu a aparência de Milligan e aproximou-se da mesa – Como as de Adam, por exemplo.

(...)

– Nós vamos mesmo fazer isto? – indagou Sam.

Ele e Dean haviam enrolado em panos o corpo do verdadeiro Adam e colocaram-no numa pilha de gravetos.

– Os ghouls não falsificaram as fotos e nem o diário do pai – replicou Dean ao quebrar mais gravetos. Jogou gasolina na pilha e no corpo – Adam era nosso irmão. E morreu como caçador. Ele merece partir como um.

– Talvez possamos trazê-lo de volta. Chamar o Cass e pedir um favor.

– Não. Adam está bem onde está.

Riscou um fósforo e ateou fogo no corpo do irmão.

(...)

– Vai nos torturar até dizermos sim? Já ouvi essa – declarou Dean despreocupado

Zacarias o esmurrou no estômago. Ele se curvou para frente e gemeu de dor.

– Vou fazer bem mais que isso. Limpei minha agenda. Levante-o. – no que foi atendido, socou o Winchester no mesmo local. Este gemeu de novo, mas não se curvou por ser sustentado pelo anjo que o segurava – Deixe-me falar uma coisa. Eu já fui o melhor aqui, certa vez. Funcionário do mês, todo mês, sempre. Eu andava nesses corredores e as pessoas desviavam o olhar. Eu tinha respeito! – esbravejou a última frase. Silenciou por uns instantes, encarando seus reféns – E então eles me designaram vocês. Agora olhe pra mim. Não consigo fechar negócio com uma dupla de vermes. Todos estão rindo de mim. E estão certos de fazer isso. Então, mesmo dizendo sim ou não, ainda vou descontar em vocês. Ou quem sabe... até na garota de vocês.

Sam ficou possesso e quase se libertou de seu captor.

– Seu bastardo! Se você ousar chegar perto da Vic, eu juro que... – mas Zacarias o calou lhe esmurrando o rosto.

– Você não está em condições de ameaçar, Sam Winchester! Sou eu aqui que dou cartas. Vou fazer o que me der na telha para atingi-los. Agora é pessoal, garotos. E a última pessoa na história da Criação que iriam querer como inimigo sou eu. E vou dizer porquê. Lúcifer pode ser poderoso. Mas eu sou mesquinho. Serei o anjo no seu ombro pelo resto da eternidade.

(...)

– Sei o quão importante isso é pra você, Dean. Eu lamento.

– Esqueça. – Dean sentiu não um balde de água fria, mas uma geleira cair sobre sua cabeça e tirar seus últimos resquícios de esperança – É só mais outro pai ausente com um monte de desculpas, né? Estou me acostumando com isso. Deixa que eu me viro.

– Só que não sabe se pode se virar dessa vez. Não pode matar o Diabo. Está perdendo a fé em si mesmo e no seu irmão. E tem medo de que a companheira de vocês saia morta no meio dessa batalha mesmo que a mandem para longe. – Sam olhou para Dean, mas este não correspondeu – E agora isso? Deus era sua última esperança. Só queria poder lhe contar algo diferente.

(...)

– Seja como for, você tem que ter um pouco mais de fé no seu irmão, não importa o quê! Eu acredito nele, você também deveria!

– Não dá mais, Vic. Eu tentei.

– Então você simplesmente vai se entregar? Dizer sim ao Miguel?

– Vou. Sinto muito, Vic.

– Não diga uma coisa dessas, não você! – ela se acercou mais a ele e quase pegou em seu rosto. Quase. Conteve-se a tempo – Você é um homem forte! Sobreviveu ao inferno, é claro que pode aguentar tudo isso.

– Não! Não quando há outras pessoas no meio disso. Eu vou dizer sim ao Miguel, mas não sem antes ele me garantir a segurança de algumas pessoas, o Bobby, o Cass, alguns bons caçadores e uns amigos de que me lembro. – fez uma pausa olhando bem no fundo dos olhos dela – E principalmente a sua segurança.

(...)

– Bobby, você viu o Dean?

– Não, eu estava na cafeteria com o Matt. Ele está lá no saguão da entrada agora.

– O Dean?

– Não, o Matt. Não vi mais o Dean desde que você chegou. Por quê?

Sam não respondeu. Correu imediatamente para a entrada do hospital. Do outro lado da rua havia deixado o Impala do irmão. Se estivesse lá ainda...

Entretanto, o veículo não estava mais no local. Sam colocou as mãos na cabeça.

– Droga, Dean!

Apertem os cintos... Dean quer dizer Sim! (1ª parte)

O carro percorria a rodovia sem rumo certo.

It doesn't hurt me

Do you want to feel how it feels?

Do you want to know that it doesn't hurt me?

Do you want to hear about the deal that I'm making?

You, it's you and me

Isso não me machuca

Você quer sentir como eu me sinto?

Você quer saber que não me machuca?

Você quer escutar sobre o trato que eu estou fazendo?

Você, eu e você

Era de madrugada. Dean dirigiu por várias horas.

And if I only could

I'd make a deal with God

And I'd get him to swap our places

Be running up that road

Be running up that hill

Be running up that building

If I only could, oh

 

E se eu apenas pudesse

Fazer um trato com Deus

Eu pediria a ele para trocar os nossos lugares

Correria estrada a fora

Correr colina acima

Correria pelo prédio

Se eu pudesse, oh

Desde o momento em que saiu do hospital no dia anterior, ele dirigia quase sem parar.

You don't want to hurt me

But see how deep the bullet lies

Unaware I'm tearing you asunder

Ooh, there is thunder in our hearts

 

Você não quer me machucar

Mas veja quão profundo as balas estão

Ignore eu estou chorando sua separação

Ooh, tem um relâmpago em nossos corações

Somente parou quatro vezes: três para lanchar e uma para um breve cochilo de uma hora.

Is there so much hate for the ones we love?

Tell me, we both matter, don't we?

You, it's you and me

It's you and me won't be unhappy

 

Tem tanta raiva para os que nós amamos?

Me diga, nós dois somos importantes, não?

Você, eu e você

Eu e você não seremos infelizes

Sam e Vic não podiam segui-lo, estavam sem carro. Cass também não poderia por causa do cunho. Porém, era bom se precaver.

And if I only could

I'd make a deal with God

And I'd get him to swap our places

Be running up that road

Be running up that hill

Be running up that building

Say, if I only could, oh

 

 

E se eu apenas pudesse

Fazer um trato com Deus

Eu pediria a ele para trocar os nossos lugares

Correria estrada a fora

Correr colina acima

Correria pelo prédio

Se eu pudesse, oh

Resolveu parar uma última vez para pernoitar num motel. Estava muito longe para ser localizado. Então se permitiria passar uma noite de sono merecida antes de procurar Miguel. Estava decidido, mas precisava se aprontar psicologicamente.

You

It's you and me

It's you and me won't be unhappy

 

 

Você

Isso é você e eu

Eu e você não seremos infelizes

A próxima cidade não estava longe, ele para lá rumaria. Certamente, devia haver algum religioso pregando pelas ruas a conversão de todos porque “o fim estava próximo.” Pediria ao primeiro que encontrasse para colocá-lo em conexão com o arcanjo.

"C'mon, baby, c'mon darling

Let me steal this moment from you now

C'mon, angel, c'mon, c'mon, darling

Let's exchange the experience, oh... "

 

 

Vamos, querida, vamos querida

Deixe-me roubar este momento de você agora

Vamos anjo, vamos, vamos querida

Vamos trocar a experiência, oh

Dean nem se deu o trabalho de trocar de roupa. Deitou a cabeça no travesseiro e cochilou. Estava exausto, porém, não conseguia conciliar o sono. Como poderia? Sabia que o que estava fazendo era uma traição aos seus, sobretudo ao irmão. Mas era preferível ele se render primeiro às mãos de Miguel antes que Sam o fizesse com Lúcifer.

And if I only could

I'd make a deal with God

And I'd get him to swap our places

Be running up that road

Be running up that hill

With no problems

 

 

E se eu apenas pudesse

Fazer um trato com Deus

Eu pediria a ele para trocar os nossos lugares

Correria estrada a fora

Correr colina acima

Sem nenhum problema

Se Sam decidisse, ninguém poderia impedi-lo. Nem mesmo ele, seu irmão mais velho. Nem mesmo Vic. Aliás, justamente por causa dela que Sam falharia. Ele dera provas disso no dia anterior, embora tenha mudado de ideia no último instante. Mas só porque considerou a possibilidade de Victoria retornar à vida.

And if I only could

I'd make a deal with God

And I'd get him to swap our places

Be running up that road

Be running up that hill

With no problems

 

 

E se eu apenas pudesse

Fazer um trato com Deus

Eu pediria a ele para trocar os nossos lugares

Correria estrada a fora

Correr colina acima

Sem nenhum problema

E se não houvesse mais tal possiblidade? E se o Diabo destruísse Castiel e Anna para não interferirem em um novo ataque contra Victoria? Sam não teria outro meio de salvá-la a não ser através dele. E o mundo que se ferrasse.

And if I only could

I'd make a deal with God

And I'd get him to swap our places

Be running up that road

Be running up that hill

With no problems

 

 

E se eu apenas pudesse

Fazer um trato com Deus

Eu pediria a ele para trocar os nossos lugares

Correria estrada a fora

Correr colina acima

Sem nenhum problema

Isso Dean não permitiria. Salvaria o mundo (ou pelo menos parte dele). Garantiria a segurança de Victoria.

If I only could

Be running up that hill

With no problems

 

E se eu apenas pudesse

Correr colina acima

Sem nenhum problema

Mas seu coração estava pesado. Ele se sentia um fraco, um derrotado, com uma sensação enorme de fracasso. Não importava se Miguel vencesse. Ele havia perdido.

"If I only could, I'd be running up that hill

 

E se eu apenas pudesse, correr colina acima

– 0 –

– Vocês ainda não o encontraram? Mas, Sam, pensei que Cass estivesse conseguindo identificar as marcas do Impala! – Vic fez uma pausa – Tá, meu amor, eu sei, foi difícil conseguir um carro, por isso, vocês estão muito atrasados. Droga! Por que eu tinha que perder o meu carro? E justo agora! – quase chorou outra vez com a lembrança. Passou uma noite mal dormida entre chorar a perda de seu “velho companheiro” e a preocupação com Dean. – Sim, querido, tudo bem, vou ficar calma. – esboçou um sorriso desanimado – Tudo bem, espero notícias suas. Se cuida. Eu também. Tchau.

Vic desligou o celular visivelmente frustrada.

– E então? – inquiriu Bobby se aproximando do sofá em que ela estava sentada.

– Ainda não o encontraram.

– Não me admira – Singer acenou com a cabeça várias vezes – Ele sabe se esconder e fugir quando quer, igual ao Sam.

– Droga! Por que aquele idiota tinha que fazer isso?

– Você já disse... É um idiota... com i maiúsculo.

– Eu devia ter ido com eles.

– Pra quê? Não ia adiantar nada.

– Ao menos eu não ficava nessa espera. – bateu as palmas nas pernas – Não devia ter escutado nem você ou Sam e vindo pra cá. Eu estou perfeitamente bem.

– Sim, está. Mas depois de tudo o que passou, você tinha que relaxar um pouco.

– Não me venha com essa, Bobby. Vocês só me queriam longe por medo que eu seja atingida outra vez pelo Diabo. Mas saiba que não vou ficar de fora na próxima, não importa o que me digam.

– Eu sei. – ele suspirou resignado – Eu sei. Mas pelo menos você está aqui hoje segura.

Collins revirou os olhos.

– Agora pare de reclamar e venha tomar café.

– Não estou com vontade.

– Shh. Obedeça seu tio, menina. Não vai te servir estar morta de fome se quiser ajuda a vigiar o Dean quando o trouxerem de volta.

– Está bem – Vic sorriu a contragosto e levantou-se – Vamos.

– 0 –

A quilômetros dali, Dean havia acabado de despertar. Acordou bem mais tarde do que pretendia. Raios! Tudo culpa da falta de sono que só veio pela madrugada. Tudo bem. Nada o atrapalharia.

Começou a encaixotar suas coisas. Bebeu um gole de sua garrafa de uísque para criar coragem. Colocou sua velha jaqueta dentro da caixa. Jogou as chaves do Impala por cima.

Em seguida, escreveu uma carta de despedida para todos e os motivos que o levavam à sua decisão. Bebeu mais uísque enquanto se contemplava no espelho.

Covarde!

Parecia que a expressão de seu reflexo lhe dizia isso. Voltou para onde estava a caixa e colocou seu revólver dentro. Por último, a carta. Empacotou e lacrou com endereçamento para a casa de Bobby.

Outra vez foi beber. A bebida era como um canto de sereia para afogar sua dor. Ou pelo menos entorpecê-la um pouco que fosse.

– Vai mandar um telegrama? – perguntou Sam

Dean quase tomou um susto ao ouvi-lo e contemplar sua imagem diante do espelho. Virou-se.

– Como você me achou? – indagou

– Você vai se matar, não vai? – Sam não quis responder. Limitou-se a questionar seu irmão

– Eu não vou me matar.

– Não? Então Miguel não vai fazer você de fantoche? – Dean virou o rosto com expressão de tédio – Qual é, cara? É assim que termina? Você cai fora?

– É. Eu acho. – Dean encheu o copo de mais bebida

– Como pode fazer isso?

– Como eu posso? Você passou sua vida fugindo. – sorriu irônico – Se bem me lembro, até ontem você pretendia fazer o mesmo com nosso amigo Lúcifer pra salvar a Vic.

– É. Eu pretendia! – gritou Sam atingido. Procurou se acalmar – Eu sempre fugia. E eu estava errado em todas as vezes.

– A Vic não veio com você? – perguntou Dean num tom mais suave após curta pausa

– Não. Ela está com Bobby agora.

– Ela está bem?

– Sim. Não quis que ela viesse, não depois do que passou. Queria que isso fosse entre você e eu. – Dean não respondeu. Sam suspirou – Só... Por favor. Agora não. Ela está ajudando o Bobby a pesquisar alguma coisa.

– É mesmo? – fez expressão de desdém – Qual é?

Sam permaneceu calado.

– Eles não têm nada e você sabe disso. – tornou Dean e sorveu mais um gole

– Você sabe que eu tenho que parar você.

– É. Você pode tentar – colocou o copo sobre a cômoda – Mas lembre-se: Você não está “alto” com sangue de demônio desta vez.

– É. Eu sei. – fez uma pausa demorada – Quer saber como te achei? Da mesma forma que aquela vez que você ficou dominado por aquele Tormento – Dean arqueou as sobrancelhas – Eu trouxe ajuda.

Dean se virou e deparou-se com Castiel atrás de si. O anjo colocou seu indicador e dedo médio na testa do Winchester. A escuridão tomou conta de seus sentidos.

Quando deu por si, Dean estava deitado no sofá da casa de Bobby. Remexeu-se confuso.

– Ele acordou – disse Vic.

Dean olhou de lado. Ela estava sentada numa cadeira próxima a ele. Por um breve momento, o Winchester experimentou uma sensação de alívio e satisfação. Sentou-se com o corpo virado para ela. O tapa que lhe desferiu o pegou de surpresa.

– Como você se atreveu a fugir dessa maneira, Winchester? – esbravejou ela.

– Uau! – ele pôs a mão na parte atingida – Seu gancho continua forte, Vic. Pelo menos dessa vez não quebrou meu nariz. Ah, não. Na verdade foi o nariz do Sam que você quebrou.

– Não seja cínico, Dean! Você como sempre agindo como um idiota.

– Bom te ver mais uma vez também, Vic – ele olhou ao redor e viu Castiel e Sam de pé. Os dois o encaravam. Bobby também, mas estava de longe sentado numa escrivaninha do escritório com vários livros e papéis – É, mesmo não querendo é bom ver todo mundo de novo.

– Sabe o quanto nos deixou preocupados?

– Por favor, Vic, não precisa me dizer o quanto se importa comigo. – Collins estreitou os olhos irritada, mas nada disse. Dean se voltou para Sam – Eu devia ter imaginado que você traria outros meios de me convencer a voltar se não fosse pela conversa de “bons irmãos”

– Eu queria do meu jeito, mas Sam me convenceu a deixá-lo conversar com você. – replicou Castiel.

– Assim claro. Esqueci que você é um soldado. Atira primeiro e conversa depois – Cass estreitou os olhos – É, eu esqueci desse truque que você usou pra me achar. Se não eu teria deixado minha mina pra trás... mesmo com dor no coração.

– Não sei exatamente distinguir marcas de pneus de carros umas das outras. Eu preciso saber exatamente onde está parado um para eu conseguir divisar seu padrão. – esclareceu o anjo

– Vou me lembrar disso da próxima vez.

– Dean, não vai haver próxima vez. – retrucou Sam – Você não vai sair daqui.

– É. Nós vamos garantir que você fique bem acomodado – sorriu Collins com falsa cordialidade.

Dean não conseguiu disfarçar o desagrado em seu rosto, porém, nada disse em resposta.

– É melhor vir aqui no escritório com a gente – tornou Sam – Bobby está pesquisando alguma solução.

Sem alternativa, Dean se levantou e foi com todos para o cômodo.

– Oi, Bobby – cumprimentou-o seco

– Oi. – disse Singer sem erguer a vista do livro que estava folheando.

– Não tem nada pra me dizer?

– Na verdade tenho um montão, mas como estou ocupado tentando achar algo que impeça você de fazer mais alguma besteira, não vou me dar o trabalho.

Dean riu com escárnio.

Vic e Sam se sentaram junto a Bobby. Antes, fizeram sinal para Cass não descuidar de Dean. Este percebeu a mensagem oculta, mas fingiu não notar.

Depois de um bom tempo em que os três reviraram livros e papéis sem nada encontrar, Dean começou a se mover de um lado para o outro impaciente. Castiel ficou mais atento com seus movimentos.

– Certo. Não. Essa é boa mesmo. – Dean começou a reclamar – Oito meses de página virada e ralação, mas esta noite, esta noite, é quando a mágica acontece. – recostou-se numa pilha de livros e cruzou os braços com um sorriso irônico.

– Você não está ajudando – contestou Bobby

– É. Certo. Por que você não me deixa sair daqui, então?

Sam e Vic se entreolharam com expressão aborrecida.

– O que foi que aconteceu com você? – tornou Singer

– Só a realidade. – Dean se aproximou da mesa em que pesquisavam – A bomba é a única opção que temos. Miguel pode matar o diabo... e salvar um monte de gente.

– Mas não todo mundo. Nós temos que pensar em outra coisa.

– É. É fácil para você falar. Mas e se Lúcifer queimasse este mundo... e eu pudesse fazer alguma coisa para evitar? – voltou a se encostar nos livros – Adivinhe: culpa minha!

– Não pode desistir, filho. – Bobby esboçou um sorriso encorajador

– Você não é meu pai. – Dean riu e balançou a cabeça. O sorriso morreu no rosto de Bobby – E você não está no meu lugar.

Singer abaixou a cabeça aborrecido. Sam olhou para o irmão com reprovação, mas este o fitou com ar de “que se dane.” Vic ia abrir a boca para dizer algumas verdades para Dean, porém, Bobby colocou a mão em seu braço para impedi-la. Em seguida, abriu uma gaveta e tirou um revólver. Collins o fitou sem entender assim como Dean e Sam. O velho caçador colocou a arma em cima do móvel. Tirou uma bala do bolso e mostrou-a.

– O que é isso? – inquiriu Dean

– É a bala que eu ia enfiar no meu crânio.

– Tio... – Vic o encarou atônita

Bobby a ignorou e pôs a bala sobre a escrivaninha ao lado da arma.

– Toda manhã eu olho para ela. E penso... “Talvez seja hoje que eu vou chutar o balde.” – voltou-se para Dean – Mas não faço. Eu nunca faço. Sabem por quê? Porque eu prometi a vocês que nunca ia desistir! – gritou a última frase

Um silêncio se instalou. Dean engoliu em seco um pouco envergonhado. De repente, Castiel sentiu uma dor ecoar pelo cérebro. Encurvou-se e pôs a mão na testa. Todos o notaram.

– Cass, você está bem? – indagou Sam.

– Não.

– Qual e o problema?

– Tem alguma coisa acontecendo.

– Onde? – foi a vez de Dean interpelá-lo

O anjo não respondeu. Simplesmente desapareceu. Algumas folhas voaram como se um vento forte as levantasse.

Os quatro caçadores se entreolharam.

– 0 –

Numa floresta a quilômetros da casa de Bobby, Castiel surgiu. Andou alguns metros até parar num ponto em que algumas árvores estavam caídas e a vegetação destruída.

Cass notou uma parte em que a terra estava revolvida. Algo parecia querer sair. Ele parou. Abaixou-se. Estava prestes a enfiar a mão para tirar o que estivesse ali quando sentiu uma presença atrás de si.

Um anjo com uma lâmina tentou matá-lo, mas Cass segurou seu braço a tempo. Lutaram entre si até que Castiel lhe tomou a arma. Tentou revidar o golpe, porém, seu adversário o deteve.

Outro anjo aproveitou que Castiel estava impedido para acertá-lo. Porém, Cass o notou a tempo, agarrou o braço com que ele impunha a lâmina e fê-lo acertar seu colega. Este explodiu por dentro num feixe de luz.

Depois, Castiel derrubou o outro anjo e matou-o com sua própria lâmina. Tirou a arma de seu corpo e segurou-a olhando para os lados se havia mais soldados. Voltou ao local onde a terra se mexia, largou o objeto, abaixou-se e começou a escavar.

Uma mão humana saiu procurando algo em que se segurar. O anjo agarrou-a e puxou-a até o alto. A mão assim como seu dono saíram. O homem caiu no chão cansado do esforço. Cass se aproximou observando-o intrigado.

– 0 –

Vic, Sam e Bobby vigiavam Dean constantemente. Entretinham-se com a pesquisa, mas não o perdiam de vista um minuto sequer. Seguiam-no aonde fosse pela casa. Até para ele ir ao banheiro.

Em dado momento, Dean se aproximou de Sam que estava parado encostado na geladeira. Lia um livro.

– Eu quero uma cerveja. Dá licença? – Dean pediu

Sam se afastou minimamente. Vic, da escrivaninha com Bobby, observava os movimentos do loiro tão atenta quanto seu namorado. Era uma situação desconfortável, mas necessária.

Súbito, uma rajada de vento espalhou os papéis da escrivaninha. Era Castiel trazendo sobre os ombros o corpo do homem que desenterrou.

– Socorro! – pediu ele

– Rapazes! – chamou Bobby

O anjo colocou o sujeito em cima de uma cama improvisada na sala. Todos se aproximaram. Era um jovem loiro e magro cujo rosto estava sujo de terra. Desmaiado. Estavam intrigados, sobretudo Dean e Sam que ostentavam surpresa em suas fisionomias.

– Quem é? – perguntou Bobby

– É nosso irmão – respondeu Sam.

Todos se olharam confusos.

– Seu... irmão? – Vic piscou longamente – O Adam?

– Ele mesmo.

– Mas você não disse que ele foi morto e comido por ghouls?

Sam apenas assentiu.

– Cass, o que houve? – inquiriu Dean

– Anjos. – respondeu após colocar duas lâminas sobre alguns livros da escrivaninha

– Anjos? Por quê? – indagou Sam

– Eu só sei uma coisa. – ele balançou a cabeça sem saber responder ao certo. Aproximou-se do jovem – Temos que escondê-lo. E já.

Tocou no peito de Adam. Uma pequena luz que saiu de sua palma reanimou o rapaz. Este acordou de supetão. Levantou-se e sentou-se confuso e assustado, observando as pessoas ao seu redor.

– Onde eu estou? – perguntou

– Tudo bem. – respondeu Sam – Relaxe. Está a salvo.

– Quem são vocês? – fitou a Sam e Dean ao mesmo tempo

– Você vai achar isto um pouco...

– Ou muito louco – completou Dean – Mas, na verdade, somos seus irmãos.

– É verdade. – tornou Sam. Adam parecia incrédulo – John Winchester é nosso pai também. Veja, eu sou Sam...

– É. E este aí é o Dean. – completou Adam. Os dois Winchesters se surpreenderam – Eu sei quem vocês são.

– Como?

– Eles me falaram de vocês.

– Eles quem? – interpelou Dean

– Os anjos. – todos na sala se surpreenderam ainda mais – E agora, onde está Zacarias?

Silêncio geral. Ninguém ousava falar mais nada. Foi Victoria que resolveu quebrá-lo se aproximando do moço.

– Acho que antes de mais nada você precisa de um banho.

Adam não respondeu de imediato. Fitou-a embasbacado e mediu-a de cima a baixo. Dean e Sam notaram e não gostaram, sobretudo o segundo.

– E você... quem é? – perguntou ele

– Sou Victoria Collins. Prazer – ela estendeu a mão.

– O prazer... é todo meu - disse Adam que pegou com suavidade, mas firmeza na mão que lhe era oferecida. Sem querer a sujou e soltou-a sem graça – Ah, desculpe.

– Não, tudo bem.

– Os anjos só não me falaram de você – ele disse meio sem fôlego – Nossa!

Vic reprimiu um riso. Bobby arqueou as sobrancelhas. Cass permaneceu calado com expressão neutra. Dean e Sam se entreolharam como quem diz “Ele também.”

– Bem, eu vou lhe mostrar o banheiro onde você pode tomar um banho, relaxar... e depois conversamos. - Collins se voltou para Bobby – Tio, posso emprestar algumas roupas suas?

– Claro.

– Vamos então, Adam? - tornou Vic

Ele assentiu. Refez-se do assombro e assumiu uma expressão sombria. Acompanhou Vic sem dizer mais nada.

– Bem se vê que é irmão de vocês. Ainda mais seu, Dean. – comentou Bobby quase rindo. – Mas o que significa tudo isso?

– Tem alguma ideia, Cass? – perguntou Dean.

– Ainda estou pensando... Deixem ele voltar.

Ninguém comentou mais nada. Nem mesmo quando Victoria retornou. Voltaram aos seus afazeres habituais, dentre eles vigiar Dean.

Após meia hora, Adam voltou à sala totalmente limpo e vestido com calça, camiseta preta e jaqueta velha, tudo pertencente a Bobby. Calçava seus tênis emprestados também, o tamanho do pé quase igual.

Ainda mantinha o semblante confuso e desconfiado. Todos se acercaram a ele e rodearam-no.

– Sente-se aqui, meu jovem – Bobby indicou a mesma cama em que Adam despertou – Fico feliz que as roupas tenham lhe servido. A propósito… meu nome é Bobby. Prazer. – Adam assentiu se limitando apenas a apertar a mão do caçador. Singer indicou Cass – Este é Castiel. Ele... é um anjo.

– Ah, sim, os anjos me falaram dele também. Algo dele estar expulso do Céu.

Cass nada disse. Apenas estreitou os olhos. Os outros também se mantiveram calados, trocando olhares entre si.

– OK, já estão feitas as apresentações. A gente precisa esclarecer algumas coisas. – comentou Dean e puxou uma cadeira. Sentou-se sobre ela com o dorso voltado para o encosto. Os outros também se acomodaram. Bobby ofereceu um copo de uísque para Adam que o pegou – Por que você não nos conta tudo? Do início.

Adam não disse nada a princípio. As pernas tremiam com certo nervosismo. Sentia-se como se estivesse num interrogatório com todo aquele pessoal o encarando. Mesmo com Victoria, que lhe pareceu extremamente gentil... e linda. Mas resolveu se focar no rosto dela para se concentrar.

– Eu estava morto. No Céu – começou – Só que parecia o baile da escola. – abaixou o rosto perdido numa lembrança. Sorria – Eu estava beijando uma garota. O nome dela era Kristin McGee.

– É. Parece mesmo o céu – comentou Dean malicioso – Você deu uns amassos nela?

Sam pigarreou fitando Dean.

– Pode… Pode continuar – disse. Dean se calou

– Aí, esses anjos apareceram do nada… e disseram que fui escolhido – tornou Adam

– Para quê?

– Para salvar o mundo.

– Como você vai fazer isso? - indagou Dean intrigado

– Ah, eu e um arcanjo… vamos matar o diabo.

– Que arcanjo?

– Miguel. - Dean quase fechou os olhos claramente sem entender – Eu sou a espada, a casca, sei lá o que dele. Eu não sei.

– Que loucura. - Dean esboçou um sorriso zombeteiro

– Pode não ser – Cass se manifestou por fim. Dean se virou para ele

– Como assim?

– Vai ver eles desistiram de você, Dean.

– É. Mas isso não faz sentido.

– Ele é filho de John Winchester. Irmão do Sam. - todos o fitavam perplexos – Não é perfeito, mas é possível.

– Ah, só pode ser brincadeira.

– Por que eles fariam isto? - interpelou Sam

– Podem estar desesperados – concluiu o anjo – Vai ver que acharam que Dean teria coragem bastante para enfrentá-los.

– Quer saber? Fala sério, Cass? - redarguiu Dean

– Mas nem pensar. - replicou Sam – Depois de tudo que aconteceu… o lance todo do destino, os anjos aparecem com um plano B? Isso lá convence alguém?

– Calma, Sam... pessoal – interveio Vic colocando a mão sobre o ombro do namorado – Deve haver algum engano… pode ser algum blefe.

– Miguel nunca blefa. Tampouco se engana. Se mandou ressuscitar Adam é porque pretende usá-lo. - afirmou Cass

– Então... o que faremos?

– Sabem? Foi uma ótima reunião de família... mas eu tenho que ir – declarou Adam e levantou-se

– Não, não, não – Sam o impediu – Sente. E escute. Certo? - Adam olhou com desafio para Sam numa clara demonstração de recusa – Por favor.

Ele se manteve de pé e balançou a cabeça.

– É incrível. - disse irônico.

– Por favor, Adam – foi a vez de Victoria pedir.

O moço não resistiu ao olhar de súplica da caçadora. Bufou, mas voltou a se sentar. Dean sorriu com malícia para Sam que ignorou.

– Ouça, Adam... - prosseguiu ele – … os anjos mentiram para você. É baboseira.

– Certo. - ele riu irônico – Mas eu acho que não.

– Sério? Por quê?

– Porque são anjos.

Sam olhou para o alto com enfado.

– Eu também achava isso – interveio Collins – Achava que o que eles são definia o seu caráter, uma natureza bondosa. Mas acredite em mim, Adam. Eles podem ser tão ruins quanto Lúcifer.

– Desculpe, mas eu não...

– Eles disseram a você que planejam queimar meio planeta? - interrompeu Sam

– Eles dizem que a briga pode ficar feia. Mas é com o diabo, não é? Nós temos que derrotá-lo.

– É. Mas tem outro jeito.

Dean fez uma careta feia e prolongada

– Ótimo. E qual é?

– Nós estamos pesquisando o poder do amor. - ironizou Dean. Sam o olhou feio.

– E como vai a coisa?

– Nada bem. – esboçou um sorriso cínico

– Ouça, Adam. Você não me dá a mínima, eu sei – retomou Sam. – Mas eu imploro a você. Por favor. – Adam fez expressão meio pesarosa – Confie em mim. Dê mais um tempo.

– Você me dê uma boa razão. - desafiou Adam

Sam não respondeu de imediato. Bobby e Vic o fitaram na expectativa.

– Nós somos do mesmo sangue – foi tudo o que pensou. Dean quase riu.

– Você não tem o direito de dizer isto para mim.

– Você ainda é filho do John. – interveio Bobby

– Não, John Winchester era um cara... que me levava ao jogo de beisebol, uma vez por ano. Eu não tenho pai. – disse se virando para Bobby. Depois olhou para os irmãos – Podemos ter o mesmo sangue, mas não somos uma família. Minha mãe é minha família – fitou Victoria – Se eu fizer o trabalho, eu vou vê-la de novo. Nada pessoal, mas ela é a única que me importa. Não vocês.

– Muito justo – assentiu Sam. – Mas se tiver uma lembrança boa do pai, só uma... então vai nos dar um pouco mais de tempo. Por favor.

Adam não respondeu. Limitou-se a permanecer calado e com a cabeça baixa.

– Você deve estar com fome – declarou Vic com um sorriso para quebrar o clima. Ponderou que não deveriam pressioná-lo mais – Aliás, todos estamos. Vou preparar algo para comermos.

Ninguém comentou mais nada. O grupo se dispersou, mas Sam, Cass, Bobby e mesmo Vic sabiam que deveriam redobrar sua atenção. Agora além de Dean, deveriam vigiar Adam.

– 0 –

Anoiteceu.

Na pequena mesa da sala, Adam terminava de experimentar uma gostosa macarronada feita por Collins. O prato estava delicioso, porém, Adam não comeu muito, apenas remexia com o garfo. Mais cedo, seu apetite estava voraz. Mas agora a ansiedade e a pressão o reduziram. Victoria estava com Bobby no escritório analisando mais livros. Levantou os olhos e reparou que o moço não parecia muito satisfeito com a comida.

– Não está boa a macarronada, Adam? - perguntou ela num tom alto sem sair do local – Se quiser posso fazer outra coisa pra você.

– Não, está bom. - ele respondeu com um sorriso mais animado. - Eu só... não estou com muita fome.

– Certo. Mas tente comer um pouco mais. Depois de tudo o que você passou, precisa recuperar as forças.

Ele apenas assentiu com um olhar vidrado nela. Collins reprimiu o sorriso. Achava graça. Havia notado o interesse do jovem, mas é lógico que não pretendia estimular.

Já basta minha confusão só com dois irmãos. Não preciso de um terceiro.

Ficou olhando em direção ao caminho que levava ao porão onde estava o quarto do pânico onde Sam e Cass prenderam Dean. Ela não concordou a princípio com aquela medida, mas tinha que admitir que a situação pedia atitudes drásticas. Não poderiam vigiar Dean e Adam ao mesmo tempo, embora fossem quatro. O primeiro era muito esperto, cheio de truques. O segundo... bom, não se sabia o que se esperar. Adam não era caçador, porém, era melhor não subestimá-lo.

Vic suspirou. Desde a hora do almoço, não via Dean. Queria descer e dar uma palavra de apoio. Tentar mais uma vez convencê-lo de abandonar sua ideia louca. Estremeceu ao se recordar do que houve entre eles da última vez em que tentou dissuadi-lo. O beijo.

– Vá lá e pede para o Sam subir no seu lugar – disse Bobby

– Ahm? - ela se voltou para ele confusa

– Sei que você está preocupada com Dean. Pode ir lá. - sussurrou – Eu posso tomar conta do rapaz sozinho por uns instantes.

Vic o fitou.

– Está bem. - disse – Aguente aí só um pouco.

Ela passou pela sala com passos rápidos. Adam não deixou de acompanhá-la com os olhos, admirando seu perfil.

– Sem chance, rapaz. - disse Bobby encarando Adam

– O quê? – perguntou o moço confuso.

– Ela é namorada de Sam.

Adam não disse nada constrangido pelo velho caçador ter reparado em seu interesse por Collins. Abaixou o rosto e voltou seus olhos para o prato. Bobby balançou a cabeça e voltou sua concentração para as pesquisas.

Adam deu de ombros. Bem, não ficou muito desapontado com a informação. Collins o atraía, ficou fascinado por sua beleza. Mas mesmo que não estivesse comprometida com seu irmão, não tinha tempo para romances. Se fosse o caso, já teria lançado alguma cantada. Tudo o que queria era sair dali e encontrar-se com Zacarias. Ansiava por rever sua mãe, ainda que por pouco tempo. Contudo, tinha a impressão que não seria tão simples assim. Embora ninguém houvesse declarado, sabia que estavam o retendo ali com a desculpa de “tempo para arranjarem as coisas”. Com certeza, eles o impediriam de colaborar com os anjos.

Tentou engolir mais alguma coisa, mesmo sem vontade. Tinha que dar um jeito de sair dali. Esperou um pouco até constatar que Bobby estava absorvido na pesquisa. Vic não estava nem os outros, pelo menos não naquela parte da casa. Só havia aquele homem de cadeira de rodas. Seria tão fácil...

Adam alternou o olhar para Bobby e a porta que devia ser a saída. Deveria ir com cautela. E mesmo que o velho caçador percebesse, não conseguiria alcançá-lo com aquela cadeira. E até que os demais se dessem conta, pegaria algum ônibus ou gritaria por ajuda alegando sequestro.

Sim, ele tinha que fazer. Largou os talheres, levantou-se com cuidado e caminhou quase sem ruído até a porta. Prestes a alcançar a maçaneta, ouviu a voz de Sam em suas costas:

– Vai a algum lugar?

Parou surpreendido. Virou-se sem jeito tentando pensar em alguma desculpa

– Vou tomar uma cerveja – foi a primeira coisa em que pensou

– Ótimo. Nós temos cerveja. Senta aí.

– Ótimo – bufou e foi até a sala. Sam abriu o frigobar – Vocês ficam querendo me embromar com este lance... mas a verdade é que eu estou preso aqui, falou? – sentou-se à mesa enquanto Sam levava duas garrafas de cerveja

– Adam. – Sam puxou a outra cadeira – Eu sei que não acredita... mas o pai só queria proteger você, deixar você fora de tudo isso.

– É. Eu acho que o monstro que me pegou não foi avisado. - disse irônico

– Você lembra disso.

– Pois é.

– Acredite. Pior do que ver o pai uma vez por ano era vê-lo o ano inteiro.

– Você sabe que é um idiota?

– O quê?

– Sério. Veja só. Tinha eu e tinha minha mãe. Só isso. Ela dava plantão noturno no hospital. Eu fazia minha própria comida e dormia. Você pode dizer o que quiser sobre nosso pai. A verdade é que eu aceitaria qualquer coisa. – Sam não retrucou – Sacou?

Sam não soube argumentar. Apenas assentiu.

– Ouça, se a gente soubesse que tinha um irmão... - procurou justificar

– Mas não sabiam, então...

– Nós teríamos achado você. - completou. Adam sorriu cinicamente – Eu não posso mudar o passado. Eu até queria. Mas, daqui para frente...

– O quê? Vamos pular no trailer da família e viajar para a Disneylândia?

Sam balançou a cabeça com a resistência e sarcasmo do jovem. Ajeitou-se na cadeira.

– Tenho que dizer, com uma atitude assim... você se encaixa muito bem aqui.

– 0 -

Dean estava encerrado no quarto de pânico. Sabia que não havia saída. Mesmo assim, não podia deixar de tentar procurar algo que o libertasse dali. Virou-se quando a porta se abriu. Era Victoria.

– Ora, parece que o horário de visitas já está liberado – ironizou Dean

– Acredite, Dean, não concordei muito com essa decisão.

– Mas também não esperneou.

Vic suspirou.

– Se você não fosse tão teimoso, as coisas seriam diferentes.

– Sabe, é engraçado... todo mundo quer me prender por querer dizer Sim a Miguel – ele apontou o dedo para ela – A Miguel. Mas ninguém pensou em prender o Sam por ele quase ter dito sim a Lúcifer pra ressuscitar você.

– Você disse bem, Dean. Ele quase fez isso – justificou Vic – Mas depois mudou de ideia a tempo e não fez.

Dean riu sarcástico

– Claro, é muito fácil voltar atrás quando se tem a chance de arranjar as coisas. E no seu caso, a gente tinha o Cass e a Anna à mão. Sam sabia disso.

Collins bufou impaciente.

– Vim aqui pra tentar colocar um pouco de juízo na sua cabeça. Mas já vi que perdi meu tempo.

– Pode apostar. Não combina com você o papel de irmã de caridade. E não tem nenhum preso aqui querendo confessar seus pecados.

Collins balançou a cabeça o encarando com certa mágoa. Dean ignorou e deu-lhe as costas.

– Está certo. Se você quer assim...

Ela se virou e bateu à porta para que Cass abrisse. Dean pensou em se desculpar de alguma forma, porém, quando se virou ela já havia saído.

– Merda! – praguejou

Não queria que as coisas entre eles ficassem assim. Não depois de quase tê-la perdido para a morte... bom, para Tessa. E não depois daquele beijo.

Deu um muro num armário.

Do lado de fora, Castiel indagou:

– E então?

– Nada – respondeu Vic com um suspiro – Ele é mais teimoso do que uma mula

– Mas não empaca.

Vic riu.

– Ah, Cass! Só você mesmo pra fazer graça mesmo sem querer. - Castiel não respondeu – Aliás... com toda essa confusão esqueci de perguntar: você encontrou a Anna?

– Não. Eu a chamei, mas ela simplesmente não me atendeu.

– E o que você faria se ela tivesse aparecido?

– Enfiaria uma lâmina nela.

– Vai ver por isso ela não apareceu – Vic o encarou séria – Na boa, Cass, acho estranha essa sua resistência com ela. Das duas, uma: ou você está paranoico em duvidar das intenções dela ou existe algum motivo real para isso.

Não era bem uma afirmação. Era mais uma pergunta, porém, Castiel como sempre não respondia às indagações que lhe exigiam respostas as quais não estava disposto a dar. Vic torceu a boca.

– Tudo bem. Quando você quiser, Cass – suavizou o tom e deu batidinhas leves no ombro do anjo. Ele a fitou surpreso – Vou subir.

Ela se foi. Após alguns minutos, Sam descia.

– Vou falar com o Dean, Cass. - disse – Abra.

O anjo assentiu. A porta de ferro foi aberta. Dean estava parado a meio metro com os olhos atentos nele. Alternou o olhar do irmão para Castiel. Este o encarava como se prestasse atenção em cada movimento seu. Sam entrou.

– Cass, não é por nada não... mas da última vez que me olharam assim, eu transei. - replicou Dean com ar de seriedade

O anjo não retrucou, mas estreitou os olhos.

– Por que você não fica de olho no Adam? - pediu Sam se voltando para ele – Vic está lá com Bobby... mas nunca se sabe.

Dean piscou para Cass. O anjo fechou a porta sem tocá-la com um simples movimento da mão.

– É mesmo necessário? – retrucou o Winchester mais velho mostrando o local com os braços

– É. Nós estamos ocupados, Dean. E a casa está cheia de riscos.

– Eu não vou deixá-lo fazer nada.

– Adam? Não, eu também não.

– Não, você não me entendeu. - deu-lhe as costas coçando a nuca

– Não, não, não. Eu entendi você muito bem. Mas eu não vou deixar você fazer nada.

– O cara não vai morrer por minha causa – disse após se sentar, fechar os olhos, suspirar e tornar a abri-los

– Dean.

– É sério. Veja só quantas pessoas morreram, Sam. A mãe, o pai, Jess, Jo, Ellen. Até quando vou permitir?

– Nós não puxamos o gatilho.

– Foi quase a mesma coisa. - fez uma pausa – E agora há pouco, a Vic... - apontou para cima.

– Vic está bem.

– Agora. Mas e depois? Você sabe que o Diabo pode tentar de novo. Ele irá. - Sam abaixou o rosto. Dean mal abria os olhos com ar desanimado – Estou cansado, cara. Cansado de lutar contra aquilo que eu devo ser.

– Por que você não pensa meio segundo... e para de se sacrificar, para variar? Talvez seja melhor nós dois ficarmos juntos.

– Eu acho que não.

– Por quê? Dean, na boa. Diga. Eu quero saber – era bobagem perguntar. Sam sabia no fundo qual era o verdadeiro problema. Mas queria que o irmão falasse.

– Eu só... Não acredito.

– Em quê? - temia a próxima resposta

– Em você. - Dean o fitou. Sam imaginava. Ainda assim era duro ouvir a confirmação da boca de seu próprio irmão – Eu não sei. Não sei se vai ser sangue de demônio... ou para proteger a Vic, eu sei lá. Mas sei que eles vão dar um jeito de tomar você.

– Está dizendo que eu não vou resistir? - indagou Sam com voz embargada

– Ainda me pergunta? Você quase se entregou ontem.

– Mas eu resisti! - Dean riu – Dean, eu voltei atrás!

– Por pouco. E mesmo assim porque Cass te deu uma possibilidade... e você ainda hesitou.

–Por que imaginei que não adiantaria trazer a Vic com Lúcifer à solta. Nem Cass ou Anna são páreos para ele – suspirou – Ainda assim, eu resisti, Dean. Eu não vou falhar, acredite. Ontem foi só um momento de fraqueza.

– São sempre esses momentos de fraqueza, Sam. Foi assim quando você abriu a gaiola de Lúcifer.

– Dean, por favor, acredite em mim. - pediu – Eu prometi a Vic... Prometi a ela que se... se por acaso acontecer de novo e ela não puder... não vou ceder. Agora sei que isso me separaria dela para sempre.

Dean riu com ironia.

– Supondo que você consiga, então tenho mais um motivo pra me entregar a Miguel - Dean balançou a cabeça – Não vou ficar sentado e deixar a Vic entra na nossa lista de mortos, não se eu puder evitar.

– Então... é por ela que você pretende fazer isso?

– É. – admitiu – Mas também pelo Bobby, pelo Cass... pelo mundo, cara. E até mesmo por você. Se for preciso pra evitar de alguma forma que Lúcifer chegue até você, então...

– Droga, Dean! O que você quer que eu diga? Está bravo comigo porque bati em você e roubei a chave do seu carro? Me desculpe! O que tenho que fazer pra você acreditar em mim?

– Nada. Sinto muito, mas nada do que me disser ou fazer vai mudar o que sinto. - declarou Dean com expressão de falsa serenidade – E tem também essa sua raiva, essa sua sede de justiça... Lúcifer vai dar um baile em você, cara. É só uma questão de tempo.

– Não fale assim – Sam quase implorou com os olhos marejados.

– Eu não quero. Mas é verdade. E quando Satã tomar você... alguém vai ter que lutar com ele... e não será o garoto. - soltou um curto riso – Então, só pode ser eu.

Sam não quis dizer mais nada. Deu as costas ao irmão e saiu do quarto.

Cass vigiava atentamente Adam que dormia na cama da sala. Vic aproveitou para tirar um cochilo. Bobby praticamente insistiu. Ela concordou e foi para um dos quartos.

Sam retornou à sala. Bobby e Castiel o encararam com expectativa.

– Como ele está? - indagou Bobby. Sam apenas emitiu um som de frustração – E como você está?

Sam nada disse, mas sua expressão azeda dizia tudo. Singer também assumiu o mesmo semblante.

Como um soldado que não gosta de abandonar seu posto, Cass desceu imediatamente ao porão.

– E a Vic? - indagou Sam após a saída do anjo.

– Falei pra ela descansar um pouco – Bobby sussurrou, virando a cabeça para observar Adam – Estava exausta. Tive que praticamente obrigá-la a descansar. Quase não dormiu noite passada... eu sei. Tem trabalhado como uma louca nas pesquisas e ainda ajudando a vigiar Adam. E também tem o Impala... ela disfarça, mas a perda do carro a afetou como se fosse a perda de um ente querido. Era a maior recordação de seu pai – suspirou – Foram muitas emoções pra ela de ontem para hoje.

– Para todos nós. - Sam passou as mãos pelo rosto – Se eu pudesse, também descansava um pouco... mas não quero arriscar com o Adam. Você também devia cochilar, Bobby.

– Eu não! Posso estar aleijado, mas ainda sou forte como um touro – bateu uma das mãos em punho no peito com orgulho. Sam esboçou um sorriso cansado – Ainda temos muito trabalho a fazer. - movimentou a cadeira de volta à escrivaninha e fez sinal com a cabeça para Sam o seguir – Vamos lá, garoto! Não desanime agora.

Sam riu, um riso meio triste. E se juntou a Bobby.

– 0 -

Cass retornou ao porão. Por mais que o quarto do pânico fosse praticamente uma masmorra impossível de se transpor, o anjo queria se certificar de que “o prisioneiro” estava bem seguro.

Ao chegar à porta, estranhou não escutar som algum lá dentro. Aproximou o ouvido.

– Dean? - chamou

Não houve resposta. Abriu a portinhola pela qual se podia olhar parte do interior do lugar. Nenhum sinal de Dean aparentemente. A cama estava vazia.

– Dean? - tornou a chamar

Cass viu um abajur caído e a lâmpada quebrada. Achando estranho, ele destravou a tranca da porta, abriu-a e entrou.

Reparou numa cadeira que também estava caída assim como alguns livros. Aquilo o intrigou mais ainda. O que aconteceu ali?

– Cass. - a voz de Dean fez o anjo virar a cabeça em sua direção

Mal teve tempo de encarar o Winchester. Este fechou a porta de um armário de ferro. Nela, estava desenhado o círculo enoquiano com sangue. Dean o tocou. Cass gritou e foi tragado pela luz emitida pelo símbolo. Desapareceu.

Sem perda de tempo, Dean saiu. Procurou fazer menos barulho possível sempre atento se alguém desceria. O quarto abafava os sons produzidos ali, de modo que o grito de anjo poderia não ter sido ouvido. Mas não era bom arriscar.

O Winchester apanhou sua jaqueta pendurada num cabideiro improvisado com várias hastes, vestiu-a, subiu as escadarias do alçapão do porão e saiu.

– 0 -

– Bobby?

– Hum?

– Acho que vou dar uma olhada no Dean... só pra ver se precisa de alguma coisa.

– Se precisasse, teria pedido ao Cass.

– Eu sei, mas...

– Entendo, filho. Você está preocupado. Pode ir lá.

Deu um tapinha no ombro do moço. Este sorriu e levantou-se. Dirigiu-se até o porão.

Após alguns minutos, voltava correndo com aflição. Bobby levantou os olhos do livro que relia.

– Dean fugiu, Bobby! - avisou.

– O quê? - Bobby saiu de trás de sua escrivaninha – Como?

– A porta do quarto está aberta.

– Cadê o Cass?

– Voou para Oz. - Sam começou a se aprontar para partir – Ele não pode estar longe. Vigie o Adam.

– Como? Você não notou, mas ele tem uma ligeira vantagem.

– Vou chamar a Vic pra te ajudar.

Sam foi até um quarto, o mesmo que compartilhou com Victoria da vez que partiram para enfrentar o Diabo e bateu forte na porta. Não queria ter que acordá-la, sabia que estava exausta como todos, mas não tinham alternativa. Bateu outra vez.

– Já vai – ela respondeu com uma voz sonolenta. Depois de alguns instantes, ela abriu a porta. - Sam? O que houve?

– Dean escapou, Vic.

– O quê?

– Isso mesmo. Ele mandou o Cass pra longe e conseguiu fugir. Vou ver se consigo achá-lo.

– Vou com você.

– Não. Você tem que ficar.

– Sam, eu vou com você – insistiu ela

– Já disse que não, Vic – ela cruzou os braços – Vic, por favor. O Adam ainda está aí e Bobby não vai poder segurá-lo sozinho

– Está certo – ela concordou com um muxoxo e colocou as mãos nos ombros do namorado, encarando-o com visível aflição – Mas vê se traz aquele doido de novo, Sam! Faça o que for preciso!

Sam assentiu. Beijou-a rapidamente, passou na sala para apanhar sua jaqueta e partiu.

Vic esfregou o rosto para espantar o resto do sono e foi se juntar a Bobby com passos furiosos.

Maldito Dean Winchester! Como ele conseguia ser tão estúpido?

Na sala, Adam estava mergulhado em sono profundo. Súbito, se viu transportado numa espécie de sonho. Mas parecia real porque se viu no parque em que sua mãe costumava levá-lo quando era criança. Estava sentado num banco de madeira com o queixo apoiado sobre as mãos. Contemplava o playground que ficava na região central.

– Sua mãe não vem, você sabe – disse a voz de Zacarias.

Adam tomou um susto e virou-se. Ao seu lado, estava o anjo. Contemplou-o sem lhe dar resposta.

– Este era o parque onde sua mãe trazia você na folga dela, não é? – continuou – Ela não vem, ainda não. – virou-se para o jovem com sua expressão irônica – Mas ela virá. Logo.

– Você é Zacarias, não é?

– Eu sou. – proferiu com enfado – E você não está onde deveria, cara.

– É. Eu sei.

– Eu não consegui achar você... então vou chutar. Está com Sam e Dean.

– É.

– Nós não falamos deles? – fitou o rapaz com irritação. Adam assentiu. – Você não sabe que não pode confiar neles? Você sabe que Sam e Dean Winchester... são psicótica, irracional e eroticamente co-dependentes um do outro?

– Eu não sei – Adam vacilava – Eles falaram umas coisas sobre você. E também a Victoria, a parceira deles.

– Sério? – Adam fez que sim com a cabeça – Confie em mim. Primeiro, essa tal Victoria não passa de uma manipuladora que se envolveu nessa relação doentia deles e tem os dois na palma da mão – o rapaz ia protestar, mas Zach o interrompeu – Segundo, quando a coisa esquentar nenhum deles vai dar a mínima para você. É. Dean e Sam só vão preferir salvar a própria pele a salvar o planeta. – riu – E essa Victoria... acha que ela vai deixar eles se sacrificarem e perder seus dois brinquedos? Não, meu caro. É uma dessas mulheres que sabe como conduzir as coisas a seu modo... e seus irmãos também são os seres mais egoístas da face da terra. Não querem limpar a própria sujeira que provocaram. – o rapaz virou o rosto aborrecido. Tinha dúvidas. Zacarias notou e tratou de convencê-lo. Aproximou seu rosto ao do rapaz – Eles não são sua família... entendeu? – Afastou. Percebeu que os últimos vestígios de dúvida do jovem se esvaíam. Deu um tapinha amigável em sua coxa direita – Então... você vai querer ver sua mãe ou não?

Adam abriu os olhos. Viu que ainda se encontrava na sala de casa de Bobby. O velho caçador ainda estava no escritório com a sobrinha.

– 0 –

– O fim se aproxima! – berrava a plenos pulmões um religioso magricela, barbudo e de cabelo preso num rabo-de-cavalo. Estava diante de um bar e erguendo a bíblia o mais que podia. Era o centro da cidade de Sioux Falls. Vários transeuntes passavam por ali, mas não davam ouvidos às palavras do homem. – O apocalipse vai acontecer! Os anjos falam comigo e me disseram para avisar a vocês! O apocalipse...

– Ei! – chamou Dean se aproximando – Eu sou Dean Winchester. Você sabe quem eu sou?

– Santo Deus. – fitou-o com assombro

– Vou tomar isto como um sim. Ouça, eu quero que fale com seus amigos anjos e avise que eu estou aqui.

O homem se ajoelhou ali mesmo na calçada, fechou os olhos, juntou as mãos em prece e começou a rezar:

– Pai nosso que estais no céu... – Dean arregalou os olhos constrangido –... santificado seja seu nome.

– Você reza muito alto. – disse Cass surgindo de repente.

Com um único toque, desacordou o sujeito. Agarrou Dean pela gola e bateu seu corpo de costas contra uma parede de tijolos num beco por ali.

– O que é? Você pirou? – murmurou Dean assustado com a voz presa na garganta pelo impacto

Castiel bateu o corpo do Winchester em outra parede. Era como se agarrasse um boneco

– Eu me rebelei para isto? – começou a socar Dean. Parou um momento, segurou o Winchester pela gola e quase colou sua boca no rosto dele. Transparecia fúria – Para você se entregar a eles?

Jogou Dean outra vez contra a parede oposta. Socou-o sem parar.

– Cass. Por favor –rogou Dean

– Eu desisti de tudo por você... – lançou-o de volta à outra parede –... e é assim que você me agradece?

Deu-lhe outro soco e depois chutou-o contra uma cerca de arame. Dean caiu no chão. Estava com o rosto ferido e abriu uns machucados dos golpes que havia recebido do irmão no dia anterior. Seu corpo doía.

– O que há com vocês Winchesters? – esbravejou Castiel e chutou um Dean caído várias vezes – Vocês resolvem desistir de uma hora pra outra e me mandam pra fora de seu caminho? Primeiro Sam e depois você! – abaixou-se e levantou Dean pela gola – Só que Sam pelo menos reconsiderou – murmurou com os dentes cerrados – E de você... eu nunca duvidei nem por um momento.

Arremessou-o no chão uma última vez. Deu alguns passos até ele como se quisesse mata-lo, mas parou. Contudo, o brilho assassino permanecia em seus olhos. Dean tentou se manter consciente. Estava todo dolorido e machucado. Encarou o amigo.

– Acabe – pediu como se adivinhasse a vontade de Cass – Acabe com isso.


Notas Finais


Eis o link da música:

https://www.youtube.com/watch?v=4KEEXyRL0qE

Bom, espero que tenham gostado da adaptação. O título do capítulo é uma paródia ao filme "Apertem os cintos... o piloto sumiu!

No próximo capítulo, a conclusão. E vamos ter uma revelação de parte do enredo, tem a ver com Miguel (talvez vcs até já tenham sacado).

Até a próxima.


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