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História Almas Trigêmeas - Apertem os cintos... Dean quer dizer Sim! (Parte 2) - Final


Escrita por: jord73

Notas do Autor


Gente, cometi um grande erro e só fui percebi hoje por acaso ao dar uma revisada no índice da fic. Era pra ter postado este capítulo que é continuação do capítulo adaptado do episódio em que Dean decide dizer Sim a Miguel e, no entanto, me esqueci, e já fui postando os capítulos posteriores (alguns de vcs devem ter notado e estranhado). Tive que apagar todos na sequência (ainda bem que não eram muitos).

Felizmente, posto essa história em outros sites, por isso,não vou precisar reescrevê-los. Não se preocupem que já arrumo tudo até o capítulo em que estava e posto o novo na outra semana. OK? Desculpem o engano.

Capítulo 50 - Apertem os cintos... Dean quer dizer Sim! (Parte 2) - Final


Fanfic / Fanfiction Almas Trigêmeas - Apertem os cintos... Dean quer dizer Sim! (Parte 2) - Final

Anteriormente:

De repente, um ruído ensurdecedor se fez ouvir e Victoria sentiu uma dor aguda nos ouvidos. Tentou gritar, porém, não conseguia. E ninguém parecia ter escutado o som: o irmão continuava no jogo e os pais continuavam rindo abraçados. Nisso, as janelas se espatifaram, a casa começou a tremer e uma luz muito forte explodiu a casa.

(...)

– Não há mais óleo santo – informou Mary ao se abaixar no mesmo local onde estava a poucos centímetros.

As luzes começaram a falhar e o princípio de um zumbido, característica da presença dos anjos, ecoava. Sam pegou a lâmina. Vic se postou ao lado dele. Os outros ficaram atentos.

O som aumentou de forma ensurdecedora e todos taparam os ouvidos gemendo de dor. Vic teve uma estranha sensação de déja vu, mas não prestou muita atenção a isso. As vidraças da casa começaram a se quebrar. De repente, o som foi diminuindo até desaparecer.

(...)

Até então Miguel nem tinha dado por sua presença, todavia, no momento em que ouviu o som de sua voz chorosa, ele apenas lhe dirigiu um olhar desinteressado. Mas assim que viu o rosto dela, sua expressão se contorceu de visível espanto.

– É você!? Aqui!? – o tom enérgico e alto assustou a ela e a Dean

Victoria o olhou apavorada. No olhar do arcanjo, havia um misto de pânico e ao mesmo tempo, satisfação. Collins se sentiu por um segundo como uma barata que alguém temesse em encontrar, mas ao mesmo tempo, sentia-se satisfeito por achar porque pretendia exterminá-la.

Instintivamente, ela se encolheu. Miguel deu um passo até ela, mas Dean se postou rapidamente na sua frente.

(...)

“Eu não sei exatamente o que aconteceu. Estava com eles em casa. Estávamos na sala. Eu... acho que estava jogando videogame com meu irmão, o jogo do Mario Bros. Foi quando sem mais nem menos ouvi um barulho muito estranho e logo depois uma explosão. Parecia... uma luz branca. Depois, tudo o que me lembro foi de acordar num quarto de hospital com a Samantha velando meu sono.

Foi ela quem me contou com muito tato sobre a morte da minha família. Foi o primeiro golpe que tive na vida. Me senti num... um pesadelo.

E de fato se tornou o meu pesadelo de quase todas as noites.”

(...)

– Então será que foi essa Lilith que matou minha família? Ela quem destruiu minha vida? – Vic se levantou colérica da cama com os punhos cerrados – Maldita! Se não estivesse morta, eu juro que eu mesma a caçaria até destruí-la!

– Ela pode estar morta, mas o chefão dela não – lembrou-lhe Dean

– Acha mesmo que Lúcifer está atrás de mim e dessa trama toda?

– Você ainda tem alguma dúvida?

(...)

– Por falar na tal Victoria, tem uma coisa que eu não entendo, irmão. Todo esse tempo em que estive preso, você poderia sozinho ter resolvido esse probleminha de uma vez.

– Não me critique, você também no meu lugar não teria conseguido nada. Eu tentei várias vezes, mas há uma proteção sobre a alma daquela mulher que me impede de localizá-la. Isabel pensou em tudo.

O Diabo não retrucou.

– É claro que não é infalível porque só dura durante sua infância e some quando ela está prestes a se tornar mulher. Mesmo assim, Isabel sempre se adianta e sabe o momento exato de colocar o cunho nela sem matá-la e continuar que não seja localizada.

– Então... não há nenhuma brecha.

– Houve uma. Dessa vez, houve uma. Consegui encontrá-la nesse ponto exato antes da intervenção da nossa irmã... Achei que a tivesse eliminado. Mas não. De alguma forma, ela foi salva sem eu perceber.

(...)

– Aí, esses anjos apareceram do nada… e disseram que fui escolhido – tornou Adam

– Para quê?

– Para salvar o mundo.

– Como você vai fazer isso? - indagou Dean intrigado

– Ah, eu e um arcanjo… vamos matar o diabo.

– Que arcanjo?

– Miguel. - Dean quase fechou os olhos claramente sem entender – Eu sou a espada, a casca, sei lá o que dele. Eu não sei.

(...)

– O que há com vocês Winchesters? – esbravejou Castiel e chutou um Dean caído várias vezes – Vocês resolvem desistir de uma hora pra outra e me mandam pra fora de seu caminho? Primeiro Sam e depois você! – abaixou-se e levantou Dean pela gola – Só que Sam pelo menos reconsiderou – murmurou com os dentes cerrados – E de você... eu nunca duvidei nem por um momento.

Arremessou-o no chão uma última vez. Deu alguns passos até ele como se quisesse mata-lo, mas parou. Contudo, o brilho assassino permanecia em seus olhos. Dean tentou se manter consciente. Estava todo dolorido e machucado. Encarou o amigo.

– Acabe – pediu como se adivinhasse a vontade de Cass – Acabe com isso.

Apertem os cintos... Dean quer dizer Sim! (2ª parte) - Final

O punho de Cass se afrouxou. Deu um passo até Dean. O caçador apertou os olhos e esperou o golpe de misericórdia, mas tudo o que sentiu foi o toque dos dedos do anjo em seu ombro e uma letargia tremenda dominar sua consciência.

Aí veio a escuridão.

– 0 -

– Gente, como assim Adam sumiu? - indagou um Sam incrédulo.

Não obteve sucesso em localizar ou alcançar Dean. Voltou frustrado para a casa de Bobby e acabava de se inteirar que Adam sumiu debaixo dos narizes do caçador e de Victoria.

– Vou ter que dizer em espanhol? - retrucou Singer sarcástico

– Sumiu como? - Sam se exasperou – O que houve? Vocês eram dois! - alternou o olhar para ambos

– Veja como fala, cara!

– Calma, gente. Nervosismo agora não vai servir de nada – interveio Collins no meio deles. Voltou-se para o namorado – Sam, realmente não pudemos fazer nada, foi como num passe de mágica.

– É, ele estava bem na nossa frente e desapareceu de repente – tornou Singer

– Porque os anjos o levaram – informou Cass.

Surgiu diante deles carregando pelo ombro um Dean desmaiado e ferido.

– Meu deus... Dean! - Vic colocou as mãos na boca

– O que aconteceu com ele? - indagou Sam

– Eu. - respondeu Cass e jogou Dean na cama da sala como se fosse um saco de batatas.

Victoria havia prometido bater em Dean com mais força dessa vez se ele retornasse, porém, vendo seu estado desistiu. Seria até maldade. Dean já tivera sua cota com Castiel.

– Como assim os anjos levaram Adam? - Bobby retomou o fio do outro assunto – Você não marcou as costelas dele?

– Sim. Adam deve ter dado uma dica.

– Como?

– Eu não sei. Talvez num sonho.

– Certo. E para onde eles o levaram? - questionou Sam

– Acho que tenho uma ideia, mas vou verificar. – voltou a colocar Dean sobre os ombros – Antes só vou coloca-lo de volta na cela – fitou Sam – Dessa vez, vou algemá-lo.

Sam concordou.

– Espere, Cass, eu acho... – mas antes que Vic completasse sua fala, o anjo desapareceu – Droga!

– Qual o problema, Vic? – indagou Sam.

– Olha, sei que todos estamos desesperados com a possibilidade do Dean dizer Sim a Miguel ou mesmo o Adam, mas acho que prender os dois, em especial o Dean, não foi a melhor solução. Veja no que deu – afirmou alternando o olhar tanto para Sam como para Bobby

– E o que você acha que deveríamos fazer? Soltar o Dean e dizer “Olha, Dean, você está livre para deixar Miguel montar em você”? – o tom de Sam era ríspido

– Talvez. Algo assim.

Sam e Bobby se entreolharam pasmos.

– Está falando sério? – indagou Bobby

– Sim. Falo. Não podemos prender o Dean a vida toda.

– Não, mas pelo menos até resolvermos essa questão do Apocalipse. – tornou Sam

– Sem o Dean? – ela balançou a cabeça – Acho pouco provável. E agora mais do que nunca precisamos dele para salvar o Adam. Gente, por mais que eu concorde que o Dean esteja com a cabeça fora do lugar, não temos o direito de fazer isso com ele. Temos que lhe dar um voto de confiança pra nos ajudar.

– Vic, sinceramente... – Sam ia retrucar

– Sam, me desculpa o que vou dizer, mas de certa forma você contribuiu para reforçar ainda mais essa certeza dele de que você ia dizer Sim – Sam ficou sem fala. Sabia que era verdade, mas lhe doía que Vic lhe jogasse aquilo. Ela segurou o rosto em suas mãos para tranquiliza-lo – Meu amor, não estou falando isso para te magoar, eu só quero que reflita sobre sua atitude com ele. Sei que você reconsiderou, está aqui e me prometeu que vai resistir, mas... Dean não vê assim. Não mais.

Sam esfregou os lábios com certa angústia.

– O Dean pode ter deixado de acreditar em você, mas antes ele te deu um voto de confiança mesmo depois de você ter aberto aquela gaiola, meu amor – continuou Vic. Procurava dizer as coisas com cuidado para fazer Sam entender sem magoá-lo – Ele acreditou esse tempo todo em você... até chegar no limite, eu sei. Mas ele o fez. Agora é a sua vez.

Bobby continuou calado. Havia certa lógica no que a sobrinha dizia, mesmo assim, não achava que aquilo fosse uma boa ideia.

– A decisão é sua, Sam. Se você achar que deve continuar manter o Dean naquela cela, tudo bem... não vou ficar contra você. – garantiu Vic – Mas precisamos salvar o Adam, não podemos deixar que Miguel o tome. E só nós dois mais o Cass não vai ser suficiente. Acho que o fato de Dean ser a casca original de Miguel pode nos dar uma vantagem.

Calou-se na expectativa por uma resposta de Sam. Ele não dizia nada a princípio, porém, refletia em tudo o que namorada tentava lhe dizer.

Sim, ela tinha razão. Ele se lembrou de quando Dean o trancou naquele mesmo quarto na primeira vez quando descobriu sobre o sangue demoníaco. Além de desintoxicá-lo, a medida era também para impedi-lo de reencontrar Ruby e tentar agir por conta própria movido por sua obsessiva vingança contra Lilith.

É verdade que fizera besteira – a maior da história. Reconhecia seu erro e agora achava que o irmão fez o certo. Mas na época não via sob esta perspectiva e odiou ser privado de sua liberdade. Talvez o fato de ter sido aprisionado foi um incentivo maior para a tomada errada de seus atos. Se você proíbe alguém de tentar fazer algo, aí que ele vai fazer.

Ao relembrar sua própria atitude, podia entender em parte a teimosia do irmão. Tentar detê-lo só pioraria as coisas e reforçaria sua determinação.

Por fim, Sam colocou as mãos no rosto de Vic, beijou-a suavemente nos lábios e disse:

– Obrigado, Vic. Por sempre me ajudar a ver as coisas com mais clareza.

– 0 -

Numa sala de jantar luxuosa – local em que Dean esteve também pouco antes de Sam tirar Lúcifer da gaiola –, encontrava-se Adam sentado à mesa.

Havia várias garrafas de cerveja dispostas e uma travessa cheia de hambúrgueres empilhados. O jovem bebia uma cerveja e apanhou um sanduíche para degustar. Observava o lugar com curiosidade e admiração.

– Vejo que você e seu irmão têm o mesmo paladar refinado. - observou Zacarias com expressão irônica

Adam sufocou um arroto.

– E aí... estamos prontos? - perguntou ansioso

– Para quê?

– Como assim, para quê? Para o Miguel.

– Ah, certo. Isso. - Zacarias fez expressão de condescendência – Ouça, isto nunca é fácil... mas eu acho que vamos ter que te demitir você agora.

– Como é?

– Ei, não é nada pessoal. Você é gente fina, sério, coisa boa. Mas o lance é que você não é bem “o escolhido.” – mexeu os polegares – Você foi mesmo usado como isca.

– Não, mas e as coisas que você disse? Eu tenho que combater o diabo.

– Hum... Nem tanto. Ei, se isso serve de consolo, pelo menos você é o meio-irmão ilegítimo... do cara que nos interessa. – disse com cinismo – Nada mau, não?

– Vocês mentiram. Sobre tudo. – a decepção era evidente no rosto de Adam

– Nós não mentimos. Nós só omitimos certas verdades para manipular você.

– Ah, seu filho da mãe.

– Ei. Como acha que eu me sinto? – riu brevemente – Eu é que tenho que aturar este olhar idiota e surpreso na sua cara. – Adam o fitou com ar de desalento. Zacarias se aproximou e encostou-se na beira da mesa – Garoto... nós não tivemos escolha. Os Winchesters têm um fraco que é a família. Sam e Dean vão esquecer todas as diferenças... e vão vir salvar você e isso vai deixar o Dean bem aqui. – deu um toque na mesa com o dedo – Onde eu preciso dele. Esta é a noite, cara. – afastou-se com entusiasmo. –Nossa noite. Miguel previu. As peças finalmente se encaixando. E tudo graças a você... e a mim. Mas para que se gabar?

– É. Eu não vou deixar você fazer isto – Adam se levantou

– Fique frio, garoto. Senta aí – o anjo procurou tranquilizá-lo, mas sem a menor preocupação – Nós vamos fazer isto juntos. Depois você leva sua parte. Ainda vai ver sua mãe, falou?

– Por que eu devo acreditar em você? – Adam se sentou desconfiado.

– Quer saber? Eu fico ouvindo isto... – fez um movimento vertical com a mão de abrir e fechar seguidas vezes rapidamente. Depois parou – Mas o que eu quero ouvir é isto.

Apontou a mão para Adam e fê-lo vomitar sangue. O moço regurgitou, contraiu o corpo e gemeu de dor.

– Assim é bem melhor – Zach estava satisfeito.

– 0 –

Logo amanheceu.

Dean recobrou os sentidos. Viu que estava de volta no quarto do pânico. Tentou mexer o braço direito, mas estava algemado na cama.

– Como está se sentindo? – indagou Sam. Estava sentado numa cadeira, havia passado a noite lá em vigília.

– Só um conselho. – Dean se sentou na beira da cama. Seu corpo doía. – Não aborreça os anjos nerds. – Sam nada comentou. – Como vão as coisas?

– Adam sumiu. Os anjos estão com ele.

– Onde?

– Na sala onde levaram você.

– Tem certeza?

– Cass deu uma busca.

– E?

– E o lugar está cheio de asas. Tipo se está no inferno, esqueça a Ave Maria.

– O de sempre. – Dean virou o rosto – O que vocês vão fazer?

– Para começar? Levar você – Sam se levantou.

– Como é?

– Eles são muitos, não vamos dar conta sozinhos. – soltou as algemas do irmão – E você é a única opção na cidade.

– Não é uma péssima ideia? – indagou ao ver Sam se afastar e sentar-se onde estava

– Cass e Bobby acham que sim. Eu não sei não.

– E a Vic? O que ela acha disso?

– Ela também acha que devo te dar um voto de confiança, aliás, foi ela que me convenceu.

– Sério? – Dean não escondeu sua surpresa. Esboçou um sorriso misto de satisfação e desdém – Bom... mesmo gostando de saber disso, tenho que admitir que Bobby e Cass estão certos. Ou é uma cilada para me obrigar a dizer sim... ou não é uma cilada e eu vou dizer sim de qualquer jeito. – Sam se mexeu com desconforto – Eu vou. Estou avisando.

– Não, não vai. Na hora H, vai tomar a decisão certa.

– Sabe? Se eu pudesse virar a mesa... deixava você apodrecer aqui. Droga, eu já deixei você apodrecer aqui.

Sam quase riu.

– Ah, certo. Mas eu não sou tão esperto.

– Eu não entendo, Sam. Por que está fazendo isto? É só pra agradar a Vic?

– Não. Ela mesma disse que ficaria do meu lado independente da minha decisão. Eu... simplesmente quero fazer – deu de ombros – Porque sim. Você é meu irmão mais velho.

A contragosto, Dean se sentiu tocado. Porém, sua decisão não se abalou. E nem se abalaria.

Era o que esperava.

– 0 –

Castiel levou Sam, Dean e Vic num só toque para os fundos de uma fábrica abandonada.

Os três caçadores seguiam o anjo que caminhava a passos rápidos.

– Onde é que nós estamos? – perguntou Dean

– Van Nuys, Califórnia.

– Cadê a sala bonita? – foi a vez de Sam

– Lá dentro.

– A sala bonita fica numa fábrica abandonada em Van Nuys, Califórnia? – tornou Dean surpreso

– Onde você achou que era?

– Eu sei lá. Júpiter? Numa folha de grama? Não em Van Nuys.

– Pra que discutir? – replicou Vic – O Cass nos trouxe ao lugar certo.

– Exato – tornou o anjo com um olhar de gratidão para ela – É aqui que o Adam está.

– Só para saber... Por que você não pega o Adam, faz shazam e o tira de lá? – questionou Sam. Eles ficaram diante de uma parede pichada com uma pequena porta de madeira no meio.

– Porque tem pelo menos cinco anjos lá.

– E daí? Você é rápido. – argumentou Dean

– E eles são mais.

– Mas você tem um plano – concluiu Vic

– Tenho. – o anjo desatou a gravata da camisa que vestia debaixo de seu longo sobretudo – Eu acabo com eles, vocês pegam o rapaz. É nossa única chance.

– Espera aí. Você vai encarar cinco anjos? – Dean se surpreendeu

– Vou. – fitou bem de frente o caçador

– E não é suicídio? – quase riu de nervoso

– Talvez seja. Mas aí não vou ver você falhar. – ao ouvir aquilo, Dean não escondeu a surpresa e pesar no rosto. Vic e Sam se entreolharam – Desculpe, Dean. Eu não tenho fé em você, como o Sam e a Victoria têm.

Dean continuou a encará-lo fixamente, atingido por suas palavras. Cass o ignorou e tirou do bolso do sobretudo um canivete amarelo. Abriu-o.

– O que você vai fazer com isso? – perguntou Sam

Sem lhes responder, o anjo abriu a camisa e começou a fazer um corte. Fez uma careta de dor, mas ignorou-a.

– Cass! O que você... – Vic ia impedi-lo, porém, Sam a deteve.

Assim como ela e Dean, não entendeu de imediato o que o anjo pretendia. Mas sabia que havia algum propósito. Foi só quando ele terminou, é que compreenderam. Ele largou no chão o canivete ensanguentado e fechou a camisa.

– Estou pronto. – disse – Estejam a postos.

Os três assentiram.

– Tome cuidado... Cass – disse Dean ainda um pouco constrangido.

Castiel apenas o encarou sem responder. Em seguida, virou-se para a porta.

Os três se encostaram na parede a fim de não serem vistos. Castiel abriu a porta e entrou. A fábrica estava às escuras, mas a luminosidade de fora era suficiente para deixar entrever seu interior. Era um espaço amplo e, bem ao centro, havia uma espécie de barracão. Só se via a parte de trás sem nenhuma abertura. O anjo rodeou a pequena construção até sua parte frontal. Havia duas janelas e uma porta. Ele parou diante da entrada.

Súbito, sentiu uma presença atrás dele. Abaixou-se antes que a lâmina de outro anjo o acertasse. Depois virou, pegou o braço do adversário e obrigou-o a acertar a si próprio na perna. O anjo soltou um grito de dor. Em seguida, Cass tomou sua arma e, finalmente, matou-o.

Refeito do ataque e empunhando a lâmina, observou ao redor onde podiam estar os outros. Ninguém.

Depois de um curto espaço de tempo, surgiram quatro anjos que o cercaram. Aparentemente, ele estava em desvantagem. Assim eles achavam. Cass largou a lâmina no chão. Aguardou.

– O que estão esperando? – desafiou – Vamos.

Quando todos vieram ao mesmo tempo para mata-lo com suas armas, ele abriu sua camisa e tocou no símbolo enoquiano que havia desenhado em seu próprio peito. O círculo ensanguentado emitiu uma forte luz. Os anjos assim como Cass foram enviados para longe.

Do lado de fora, os três caçadores, com os ouvidos colados, prestavam atenção em cada ruído. Perceberam que não restava mais som algum. Então Dean entrou. Seus companheiros aguardariam o momento de agir. Só esperavam que, no fim, o loiro não se entregasse. É, era ali e agora que comprovariam sua fé nele. Tudo ou nada.

Dean caminhou até o barracão. Divisou o anjo que Cass havia matado. Aproximou-se da frente da casa e abriu a porta. Reconheceu a sala bonita tal como da última vez em que esteve nela. Viu Adam caído num canto. Largou a maçaneta. A porta bateu. Correu até o irmão.

– Adam! Adam! Ei. – abaixou-se para acudi-lo

O rapaz despertou sobressaltado. Sua boca ainda escorria sangue

– Você veio me buscar – disse num tom de surpresa e dor.

– É. Você é da família. – tratou de erguê-lo e apoiá-lo nos ombros

– Dean, é uma cilada.

– Eu imaginei.

Mal se viraram, Zacarias surgiu diante deles com seu sorriso irônico:

– Dean, por favor. Você achou mesmo que seria fácil?

– E você? – replicou o loiro

Sam, que vinha de fininho com uma lâmina angelical, quase acerta Zacarias. Quase. O anjo se virou de uma vez e o impediu. Com um toque, jogou Sam contra uma grade divisória de ferro.

– Sam! – gritou Dean

– Sabe o que eu aprendi com esta experiência, Dean? – tornou Zach. Dean olhava aflito para um Sam atordoado. – Paciência.

Com um leve movimento da mão, tornou a fazer Adam vomitar sangue.

– Adam! – este caiu dolorido no chão. Dean levantou os olhos para Zacarias – Solte os dois, filho da mãe!

– Ah, isto me lembra – Zacarias sumiu rapidamente. Em seguida, em menos de três segundos, trouxe Victoria consigo. Ela havia ficado do lado de fora do barracão esperando Sam entrar e fechar a porta. Pretendia desenhar nesta um círculo enoquiano com o sangue da palma da mão e, assim, enviar Zacarias para longe, caso o namorado falhasse. A expressão de Dean foi de pânico por ela – Você quis dizer soltar os três.

– Mas o quê... – Vic estava confusa. Não completou a frase porque Zacarias a arremessou contra uma parede. Ela gritou de dor pelo impacto.

– Vic! – gritou Dean e quis correr até ela, porém, Zacarias o impediu se postando à sua frente. Ele apertou os punhos se segurando para não bater no anjo – Seu covarde! Desgraçado!

– Eu achei que tinha detonado para sempre. E para nós isso é quase sempre literal – disse Zacarias ignorando a fúria do Winchhester. Sentou-se – Mas eu devia ter confiado no chefe. Tudo está acontecendo como ele disse. Você, eu, seus irmãos sangrando – apontou a mão em direção a Sam. Ele começou a cuspir sangue tal como Adam. – E a sua... “amiga” – enfatizou a última palavra com malícia. Em seguida, apontou para Victoria como se quisesse também fazê-la sangrar.

– Não, pare! – pediu Dean antes que ele o fizesse.

– Está bem, mas só porque sou um cara legal – disse irônico, mas não abaixou a mão como se deixasse a ameaça no ar – Afinal, você está pronto, não é? – Dean observava os irmãos cuspindo sangue e o gesto de Zacarias em direção a Collins disposto a fazer o mesmo com ela – Você sabe que não tem escolha. E nunca houve.

– Pare. Pare com isto agora.

– Em troca de quê?

– Droga, Zacarias. Pare. Por favor. – Dean engoliu em seco – Eu aceito.

–Dean, não! – gritou Vic já recuperada do golpe e de pé

– Quietinha. – Zach a segurou na parede com um movimento da mão esquerda sem se voltar para ela. Encostou a direita na orelha com zombaria. – Desculpe, o que disse?

– Tudo bem. Sim. A resposta é sim.

– Dean. – Sam com a boca sangrando sussurrou o nome do irmão como a lhe chamar a atenção.

– Você ouviu? – gritou Dean irritado para o anjo – Chame o Miguel aqui, seu desgraçado. – fitou os irmãos e Victoria com desalento. Eles o encararam incrédulos.

– Como vou saber se não está mentindo? – Zach o encarava com desconfiança

– Eu pareço estar mentindo?

Zacarias lhe deu as costas com um sorriso orgulhoso. Começou a recitar enoquiano para chamar seu mestre. Dean encarou mais uma vez tanto Sam como Vic. A expressão dos dois era de decepção e desesperança. Seu olhar se deteve no irmão.

– Ele está vindo. – anunciou Zach após terminar a invocação.

Sam encarava seu irmão mais velho com um desespero sem precedentes. Foi aí que Dean percebeu que não podia fazer aquilo. Sammy contava com ele, confiou nele, apesar de tudo. Aproveitando a distração do anjo, piscou discretamente para Sam com um sorriso de cumplicidade. O irmão o olhou e tentou absorver a informação. Vic percebeu o sinal e compreendeu. Dean a fitou mais uma vez; ela lhe sorriu.

Um leve tremor começou a movimentar a sala. Miguel chegava.

– É claro que tem algumas condições – informou Dean

– Quais? – inquiriu o anjo ao se virar para ele

– Umas pessoas, cuja segurança... eu quero garantir, antes de dizer sim.

– É claro. Certo. Faça a lista.

– E antes de tudo... Miguel não pode me ter, antes de desintegrar você.

– O que você disse?

– Eu disse... que antes de Miguel pegar um pedacinho de mim... ele vai ter que fazer você virar cinza – Dean se aproximava aos poucos

Zach riu.

– Você acha que Miguel vai entrar nessa?

– Quem é mais importante para ele agora? Você ou eu? – arqueou a sobrancelha

– Escute aqui... - o anjo se enfureceu e agarrou Dean pela gola – Você não passa de uma larva no rabo de um verme. Sabe o que vou ser, depois de entregar você a Miguel?

– Dispensável.

– Miguel não vai me matar – Zach sorriu desdenhoso

– Talvez não. – deslizou a lâmina escondida na manga da jaqueta para a mão – Mas eu vou.

De um só golpe, Dean atravessou a garganta de Zacharias com a arma. Contemplou assombrado a luz intensa que explodia o receptáculo do anjo por dentro enquanto este berrava. Dean caiu para trás e vislumbrou o corpo de Zach sem vida. Seu rosto ensanguentado e as asas estiradas como os braços. Sam e Adam pararam de sangrar e Vic se libertou da pressão contra a parede.

O tremor na casa aumentou e, com ele, uma luz preencheu a sala bem como um ruído alto e agudo. Miguel estava perto. Os quatro observaram apavorados, sobretudo Vic. Algo dentro dela começou a enchê-la de pânico. Aquele som, aquela luz, aquele tremor... não era a primeira vez que ela presenciava aquilo.

– Vic! – a voz de Dean a despertou. Ela se voltou para ele com os olhos arregalados, mas prestando atenção – Está bem?

Assentiu trêmula. Dean se levantou do chão e aproximou-se de Adam

– Vamos! Vamos! – Ergueu o irmão do chão – Você pode andar?

– Posso.

– Tudo bem – aproximou-se de Vic ao correr. – Saia rápido! Eu pego o Sam.

Ela o obedeceu ignorando o pânico interior. Correu e os aguardou do lado de fora. Dean levantou Sam e carregou-o pelo ombro. Adam ficou onde estava. Toda aquela luz e barulho o assombravam.

– Vamos! Mexa-se! – gritou Dean após abrir a porta e passar por ela junto com Sam.

Adam ia atrás deles, porém, a porta se fechou com estrondo mal seus irmãos haviam passado.

– Não! Não! – Adam bateu na porta desesperado – Dean! Socorro!

Dean deixou Sam caído perto de Vic. Ela estava paralisada, encarava a porta, sem conseguir mexer, falar ou pensar direito. Ignorando seu estado, Dean voltou correndo para salvar Adam.

– Não! Abre! – gritava Adam

Dean tentou pegar na maçaneta, porém, estava em brasa. Ele afastou a mão com dor.

– Dean! Socorro! – Dean se afastou por causa daquela luz. Era tão forte que até ardia se ficasse exposto por muito tempo – Dean!

– Aguenta aí! Nós vamos tirar você! – gritou ele em resposta – Fique firme! Adam! Está me ouvindo?

Adam parou de escutá-lo e virou-se para a origem daquela luz que o inundou por completo. Aos poucos, o som e toda aquela luminosidade foram sumindo para os que estavam do lado de fora.

– Adam? – Dean se aproximou da porta quando não havia mais sinal de Miguel.

Colocou a mão a poucos milímetros da maçaneta para sentir se havia algum calor. Deu uns toques rápidos e ao constatar a frialdade da maçaneta, girou-a e entrou. Nada. Não havia mais a sala bonita em que estavam. O lugar agora não passava de um escritório abandonado e mergulhado na escuridão; os armários vazios e enferrujados, a janela com a persiana enferrujada e um cheiro de mofo. Dean se virou para Sam e Vic. Sam o encarou com a mesma expressão de assombro e desalento. Eles haviam perdido Adam.

– Vic? – Dean chamou a caçadora preocupado. Foi só aí que notou que ela parecia distante. Sam também se voltou para ela – Vic?

Collins não respondeu. Súbito, caiu no chão e começou a se contorcer como se estivesse tendo um ataque epilético.

– Vic! – gritaram os dois Winchesters ao mesmo tempo.

Dean correu até ela, mas Sam que estava mais próximo, acudiu-a primeiro apesar da dor que ainda lhe corroía o estômago.

– Vic! Vic! – chamava-a desesperado com ela em seus braços se contorcendo

– Vic! – Dean também a chamava aflito. Abaixou-se e segurou-a pelo rosto – Por favor, agora não!

Contudo, Vic não despertava. Sua mente vagou pelo o que pareceu milênios, séculos, décadas. Imagens aterradoras e confusas passavam por ela. Lembranças ou ilusões? Difícil saber. Sua mente não conseguia registrar com nitidez tamanho o horror que lhe provocava.

Por fim, deteve-se no que parecia uma recordação menos terrível, numa época específica não muito distante. Uma memória perdida de seu passado de alguns anos atrás.

Era uma bela tarde de domingo. O sol brilhava alto, mas o dia estava frio como costumava ser em grande parte do ano. A família se encontrava reunida na sala.

O pai, William Blackwell, vestia uma camisa polo azul claro, bermuda de linho até os joelhos e os pés estavam descalços sobre o tapete persa. Era um homem bastante bonito embora com um princípio de barriga. Uma longa cabeleireira de cachos louros emoldurava sua cabeça inclinada sobre o recosto da poltrona enquanto a esposa lhe fazia uma relaxante massagem nos ombros tensos. Os olhos verdes estavam fechados para saborear o contato das mãos da mulher.

A mãe, Verônica Torres, era alta, magérrima e muito linda, pele negra, cabelos crespos até os ombros, olhos negros, boca pequena e carnuda num rosto fino de proporções harmoniosas. Usava um simples e elegante conjunto verde claro de uma blusa sem mangas e uma saia. Atrás da poltrona em que se sentava o marido, ela se mantinha de pé e com um singelo sorriso revelava a felicidade por aquele simples ato de conforto a seu homem.

Aquele momento de paz entre seus pais nos últimos dias era raro. Fazia algumas semanas que William andava nervoso, descontando sua raiva na esposa ou nos filhos ao se irritar com pequenas coisas que faziam. Principalmente com ela, Sara. Proibiu até de ela sair para qualquer lugar que fosse sem que ele pudesse estar por perto. Ela não podia nem brincar na casa de suas poucas coleguinhas e, às vezes, nem mesmo, com seu grande amigo Luke.

Não compreendia a atitude de seu pai. Ele nunca foi assim. Tampouco sua mãe o estava entendendo. Disso Sara teve certeza ao ouvir sem querer há uns dias um diálogo entre seus pais no escritório particular de William. Ela passava pelo amplo corredor da mansão porque pretendia ir ao seu quarto quando ouviu as vozes deles pela porta entreaberta do gabinete.

– O que está acontecendo, Bill? Por que você está assim? – perguntava Verônica

– Não tem nada acontecendo, Verônica. É impressão sua.

– Não ofenda minha inteligência, Bill! Você não tem sido o mesmo nos últimos dias. A forma como tem se portado como se algo terrível o ameaçasse... o exagero com a proteção com conosco, especialmente Sara... Isso desde essa última viagem de negócios que você fez. – Verônica fez uma pausa – Tem a ver com isso? Você descobriu alguma coisa, um tipo de monstro que pode ameaçar nossas vidas?

Sara não entendeu o que a mãe quis dizer com “monstro”, mas continuou atenta à conversa.

– Por Deus, não, Verônica! Cale-se! – Sara ouviu o barulho de um murro na escrivaninha. Espantou-se. Nunca ouviu seu pai levantar a voz para sua mãe. Escutou a respiração de William se acalmar – Desculpe, querida! Me desculpe. Eu não queria ser grosso.

– Tudo bem. Vejo que não confia mais em mim – o tom de Verônica exprimia mágoa

– Não, por favor, não pense isso – Sara ouviu som dos passos do pai. Em seguida, um estalar de um beijo entre ele e Verônica – Eu confio em você. Mas preciso que você confie em mim e não me faça mais perguntas. Por favor.

– Está bem – disse Verônica num tom mais calmo – Mas, por favor, não hesite em me contar seja o que for se você não aguentar mais guardar isso.

Sara não ouviu mais respostas. Apenas o som dos lábios de seus pais se beijando e seus suspiros. Deu meia-volta e percorreu o mesmo caminho de volta ao jardim. Não queria ser pega bisbilhotando.

A conversa dos pais a intrigou, porém, logo se esqueceu desse episódio até aquele momento. Contudo, William continuou inquieto por vários dias. Além disso, sempre a fitava com pesar e, às vezes, parecia querer lhe dizer alguma coisa, mas nada falava. Apenas continuava a mantendo sob uma intensa vigilância. E quando não podia estar com ela, mandava seus guarda-costas que recentemente contratou – quatro homens e três mulheres. Todavia, Sara notou que agiam de uma forma um tanto diferente dos outros que já trabalhavam para a família. Estes pareciam destoar da maneira de se portar de um guarda-costas, embora estivessem sempre atentos. Inclusive pareciam ter bastante intimidade com seu pai.

Sara também teve a ligeira impressão que Jack e Samantha Collins pareciam vigiá-la. Será que eles sabiam de alguma coisa que explicasse o estranho comportamento do pai? Ou ela que estava já começando a entrar na paranoia de William? Não teve coragem de comentar sobre isso com a mãe para não afligi-la, embora algo lhe dissesse que talvez ela também notasse.

O fato é que mesmo com todos esses pormenores, sua rotina não mudou muito. Agora estava ali com seus pais e seu irmão Thomas. Estava feliz por seu pai, pelo menos naquele dia, estar mais relaxado.

Estava tão absorta em contemplar o momento de intimidade entre seus pais que se esqueceu por um momento do que fazia.

– Sara! Preste atenção – Thomas reclamou.

– O que foi? – ela se voltou confusa para ele

– Aí! Perdeu o Luigi – ele apontou para a televisão. Nela, passava o videogame do Super Mario que eles estavam jogando – Você é mesmo uma burra!

– Ah, cala essa boca!

– Vem me fazer calar!

– Meninos, parem! – Verônica chamou a atenção de ambos sem deixar de massagear seu marido- Que coisa!

– É ele que tá me chamando de burra, mãe! – reclamou Sara

– Ela é burra mesmo! Perdeu o Luigi. É bom que só eu jogo!

– Engole então esse vídeo game, imbecil

– Ó, vocês dois! – dessa vez foi William que falou – Não ouviram sua mãe? Parem com essa briga ou eu vou desligar esse vídeo game.

Os dois se calaram e se encararam amuados. Mas a chateação de Sara durou pouco; ela não queria perder a sensação de tranquilidade com sua família. Voltou sua atenção para Thomas discretamente. Ele tinha a pele escura num tom pouco mais claro do que o da mãe. O cabelo era baixinho e crespo e os olhos eram como os do pai. Estava de short preto, camiseta branca e tênis. De vez em quando, brigavam, mas se davam bem a maior parte do tempo.

A risada dos pais fê-la se voltar para eles. William havia puxado Verônica para o colo. Ela se fingiu de chocada e repreendia o marido pelo atrevimento, mas se riu com ele.

De repente, a casa começou a tremer. Todos ficaram paralisados.

– Pai! – gritou Tom assustado e largou o controle

– O que é isso? – perguntou Verônica saindo do colo do marido.

– Calma, todo mundo! Vamos sair daqui! – ordenou William tentando manter o controle. Estendeu a mão em direção à filha – Sara, fique perto de mim! Tom, você também!

A menina quis obedecer ao pai, mas antes que desse o primeiro passo, o tremor aumentou, um ruído ensurdecedor se fez ouvir e todos tamparam os ouvidos para evitar aquele som agudo. Gritavam de dor.

– Sara! – chamou Wiliam e tentou se aproximar da garota

Nisso, as janelas se espatifaram e uma luz muito forte invadiu a casa obstruindo a visão de seus ocupantes. Sara não conseguiu divisar mais nada, nem ouvia mais a as vozes de sua família. O ruído aumentou. Teve a nítida impressão de vislumbrar grandes asas no meio de toda aquela luminosidade, mas não podia ter certeza. Foi a última imagem que contemplou antes de perder a consciência.

Victoria queria gritar.

Queria deixar que o ar irrompesse num berro como em todas as vezes em que sonhava parcialmente com aquele seu último momento com a família. Contudo, seu corpo estava imóvel. Estranho. Uma sensação terrível, a mesma de quando queremos despertar de um sonho ruim, mas o corpo parece pesado. Sabemos que estamos despertos, porém, algo nos trava. Talvez o medo? Pode ser.

O fato é que apesar de sua mente ter acordado, o corpo não acompanhou. Ao invés disso, ouviu vozes perto de si. No começo, não sabia distinguir de quem eram. Entretanto, à medida que o som delas lhe penetrava nos ouvidos com mais nitidez, ela reconheceu seus donos. Dean e Sam.

– Será que Adam está bem? – era a voz de Sam

– Duvido. – respondeu Dean – Cass também não está. Vamos pegá-los.

– E aí? – perguntou Sam após uns instantes

– Aí, o quê?

– Você voltou atrás, mas... eu vi seus olhos. Você estava quase dizendo sim lá dentro. Por que mudou de ideia?

Vic tentou se mexer. Nada. Mas ficou atenta. Ela também queria saber.

– Honestamente? Só uma coisinha – respondeu Dean – O mundo vai acabar... o céu vai desabar em cima de nós... eu olho para você e só consigo pensar... “O filho da mãe idiota me trouxe aqui.” – Sam soltou um riso curto – Eu não podia deixar você na mão. Nem a Vic. Afinal, quem melhor do que eu pra ser o padrinho do casamento?

Sam riu mais ainda. Se os músculos de Vic não estivessem paralisados, ela também riria.

– E não deixou. Foi por pouco – replicou Sam – Mas não deixou.

– Eu peço desculpas mais uma vez.

– Não, cara. Não precisa.

– Eu tenho que dizer isto. Eu não sei se é o lance de ser o irmão mais velho... mas para mim você sempre foi o irmão caçula que eu tinha que manter na linha. Acho que nós dois sabemos que não é mais assim. – suspirou – Droga, se você cresceu o bastante para ter fé em mim... o mínimo que eu posso fazer é retribuir. Então, que se dane o destino. Que se dane mesmo. Se vamos lutar contra ele, que seja do nosso jeito.

– Parece bom.

As vozes deles cessaram por alguns momentos.

Não, continuem falando, por favor.

Como se atendesse suas súplicas, Dean retomou a conversa:

– Tem outra coisa pela qual também tenho que me desculpar, Sam.

– O quê?

– Por... beijar a Vic.

Collins sentiu um arrepio. Então ele contou a Sam?

– Esquece, Dean... – Vic notou certa angústia na voz do namorado – Não importa mais.

– Não, cara, sério... Eu não tinha o direito.

– Dean, deixa pra lá.

– Mas Sam, preciso te explicar como aconteceu direito e por quê...

– Dean, eu não quero falar sobre isso – Sam não gritou, mas seu tom era imperioso – Não importa mais. A Vic tentou falar sobre isso comigo, mas eu não quis. Não quero saber nem porque ela também te correspondeu...

– Sam...

–... o que sei é que ela ainda me ama. Isso está claro para mim.

Vic sentiu um aperto no coração. Sam sabia!

Houve outra pausa entre eles.

– Tudo bem. – tornou Dean – Mas se você quiser quebrar a minha cara vou entender.

A risada de Sam ecoou vibrante e nervosa. Vic apreciava ouvi-la.

– Cara, eu já fiz isso quando tirei as chaves de seu carro e fugi do hospital.

– É, fez. Mas não foi só pelo... pelo que te contei. Você ia fazer de qualquer jeito, não é?

– Ia. – admitiu – Dean, sinto muito também por isso mais uma vez. De certa forma eu quase te empurrei para Miguel.

– Eu estava decidido mesmo antes de você ter surtado. Então... vamos dizer que estamos quites.

Nova pausa. Mais longa do que Vic desejava. Dessa vez, quem quebrou o silêncio foi Sam:

– Droga! Por que ela não acorda?

– Calma, Sam, ela está bem, a respiração está regular. Só uns minutos que durou aquele ataque dela.

– É, mas pra mim durou uma eternidade – suspirou – Não entendo porque ela teve esse tipo de reação.

– Não sei... talvez porque ela passou por muita coisa nesses dias. Ela morreu... e depois voltou. Isso mexe com a cabeça da gente. Tem também o lance da perda do carro... Cara, se fosse com a minha baby, eu tinha um troço. E também a dor de cabeça que dei a vocês, a tensão lá na sala bonita... Acho que foi tudo isso junto. Deve ter sido uma carga pesada pra ela. – havia certa insegurança na voz de Dean.

Ele não tinha certeza, era apenas uma hipótese. Sentia que havia algo mais. Algo dentro queria lhe recordar algo, mas não sabia bem o quê. Uma inquietude que sentia depois que relaxaram após constatarem que Collins estava bem. Era como se sua mente procurasse uma peça faltante a um quebra-cabeça, mas só não sabia que peça era essa.

– Pode ser. – disse Sam após uma pausa

– Logo ela vai tirar essa bunda magra do colchão. Vai por mim.

Eles pararam de falar mais uma vez. A aflição tomou conta de Vic.

Acorde, acorde, acorde.

Ela mandava, mas o corpo não obedecia. Súbito, sentiu um toque de uma mão em seu rosto. Um toque conhecido. Sam.

– Como eu disse, você e a Vic são as únicas pessoas que me fazem ir pra frente, aguentar tudo isso. – disse ele enquanto a acariciava na face – Se você tivesse se entregado a Miguel ou algo acontecesse a ela... eu fraquejaria. Talvez com um de vocês ao meu lado, eu ainda conseguisse aguentar, mas sem vocês dois...

– Desencana, Sam, isso não vai rolar. Tanto a Vic como eu ainda vamos pegar no seu pé. Ela então... nem se fala. Depois que se tornar a senhora Winchester, vai ter que usar as duas mãos pra pegar nesse seu pezão.

– Vá pro inferno. – Os dois riram, mas a risada de Dean parou de uma vez – O que foi, Dean?

– Filho da mãe!

– O que é?

– Sam, acabo de pensar numa coisa... acho que sei porque a Vic está assim. Não, não pode ser coincidência.

– Dean, calma. Não estou conseguindo te acompanhar.

– É que me lembrei de uma coisa... pode ter a ver com o que aconteceu com a família da Vic.

– Sabemos que foi a Lilith a mando de Lúcifer que os matou. Pelo menos é o que bate com que a Vic descreveu.

– É aí que está, cara. Acho que não. Ela falou de uma luz explosiva... foi por isso que achamos que podia ser a Lilith. Mas acabo de me lembrar de algo que tem me encucado há um tempo... Lembra da nossa viagem lá em 1978 para salvar nossos pais do tal Leonel?

– Lembro. O que tem a ver?

– Depois que o Leonel te esfaqueou, você ficou... estava... er... morto, com a cabeça deitada sobre o colo da Vic... ela chorava sobre você.

Vic sentiu um novo aperto no coração ao se lembrar.

– E daí? – perguntou Sam

– O Miguel apareceu depois e salvou nossos pais. Depois olhou para você e pra Vic por um momento, sabe... como quem não quer nada. Mas quando ele prestou atenção na Vic... foi muito estranho...

Não completou o raciocínio porque, bem nessa hora, o corpo de Victoria saiu da letargia em que se encontrava. Ela ergueu o tronco de uma vez com um suspiro brusco e sentou-se sobre a superfície do colchão.

– Vic! – Sam que estava perto a abraçou. Dean apenas observou aliviado.

Victoria não correspondeu ao abraço. Sua mente estava inquieta, precisava falar. Ao ouvir Dean mencionar aquela viagem no tempo, percebeu aonde ele queria chegar. Ela tinha certeza agora e devia compartilhar o que sabia com eles.

– Você está bem? – indagou Sam após afastá-la um pouco de seus braços.

– Sam, eu me lembrei! Me lembrei! – dizia ela aflita

– Calma, Vic. Relaxe – Dean se aproximou – Do que você está falando?

– Eu me lembrei, Dean, do que aconteceu comigo e minha família. Eu sei agora quem foi que matou eles e tentou acabar comigo. – ela o fitou

Ele e Sam se entreolharam. Pareceu-lhes como se ela estivesse ouvindo a conversa deles.

– Quem? – inquiriu Dean, mas quase podia adivinhar a resposta.

– Miguel.

 


Notas Finais


Bom, um dos mistérios que envolve a Vic resolvido.Mas acho que esses vcs já tinham matado depois da conversa do Miguel com o Lúcifer, né? Ficou bem explícito.

Gente, confesso que na parte que reproduzi da conversa do Adam com o Zacarias, foi muito nojento ao assistir o episódio. Isso porque eles mostram o cara vomitando sangue e, ao mesmo tempo, o sanduíche que ele estava comendo em destaque (acho que foi pra sacanear, esse povo, hein?)

Espero que tenham gostado. No próximo capítulo volta um personagem muito engraçado e querido de todos (um dos que odiei terem matado na série, apesar de ele ser um sacana). Adivinhem de quem estou falando! Difiiiicil, né? Rsrsrs...

Até a próxima.


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