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História Almas Trigêmeas - Os deuses devem estar loucos (parte 2) - Final


Escrita por: jord73

Notas do Autor


Bom, a conclusão do caso. Está bem grande, eu sei, mas queria encerrar de uma vez. Espero que vcs gostem do final. Ah, e não deixem de ler as notas finais para os devidos esclarecimentos.

Boa leitura!

Capítulo 52 - Os deuses devem estar loucos (parte 2) - Final


Fanfic / Fanfiction Almas Trigêmeas - Os deuses devem estar loucos (parte 2) - Final

Anteriormente:

– Traga ele de volta – pediu Sam

– Quem? Dean? – Trickster se fez de desentendido – A minha garota não te mandou as flores? O Dean morreu. E ele não vai voltar. A alma dele está lá embaixo, dançando a rumba, neste momento.

(...)

– Sabe, você tem duas opções: ficar aqui esmurrando minha cara até se cansar ou assistir pra ver o que acontece. Por mim, eu não me importo com a primeira opção. Adoro ser maltratado, pisado e algemado. Pode vir, gata!

Victoria bufou e foi se sentar na beira da cama. Percebeu que ia perder seu tempo. Fingiria que aquela criatura não estava lá.

– Ah, se estiver com fome, a geladeira está bem abastecida – continuou ele e apontou a minigeladeira.

– Espero que você engula tudo e vomite até morrer! – replicou Vic

O Brincalhão riu com o atrevimento da destemida caçadora.

– Ah, Victoria, gostei muito de você! É uma pena que você esteja interessada nos caras errados.

(...)

– Onde eu errei? - continuou o suposto trickster

– Você não errou. Mas ninguém surpreende Cass como você fez - replicou Sam

– Foi mais pelo jeito em que falou do Armageddon - completou Dean

– Como assim?

– Experiência própria. Quando se fala da família, fica-se bravo pra caramba.

– Então... qual deles é você? - tornou Sam - Zangado, Atchim ou Babaca?

– Gabriel, beleza? - respondeu após uma breve pausa - Me chamam de Gabriel.

– Gabriel? O arcanjo? - inquiriu Sam

– O próprio.

(...)

– Eu te considerava mesmo uma deusa – disse ele e afastou-se para outro ponto da sala – Isso até descobrir o quanto sádica você era, tanto quanto seu pai. Ah, desculpe... perdão –ele disse com ironia ao vê-la estreitar os olhos – Não posso falar de seu pai porque eu não o conheci de verdade. O que encontrei foi apenas um arcanjo medroso se fazendo passar por um Brincalhão.

– Isso é uma coisa que devo agradecer a você e também a seus amigos – disse a semideusa num tom mais sério – Já tinha um boato de que havia algum tipo de ser mítico ou deus se fazendo passar por Loki há um bom tempo. Vou poder comunicar isso aos outros deuses pra castigar o farsante, esse tal de Gabriel. Meu pai está desaparecido há séculos.

(...)

– Olha, é meio estranho, nem eu mesmo sei te explicar, mas é sobre a sua namorada.

– A Victoria? – estranhou o moço – O que tem ela?

– Aí é que está. Eu... não consigo ter visões dela junto com vocês. Você sabe, as visões ainda veem se formando.

– E o que mais você tem visto sobre mim e o Dean?

– Er... não vem ao caso, mas nessas visões, a Victoria não aparece. É como... se ela simplesmente não existisse.

– Como assim? O que isso quer dizer?

– Nem eles mesmos sabem. Eu até tinha visto ela numa profecia, mas... foi algo isolado, nada relevante – ele se referia ao futuro alternativo em que Sam e Dean estavam separados e o loiro era casado com a caçadora, porém, resolveu não mencionar tal fato – Depois disso, eles pararam de vê-la, embora soubessem que ela está com vocês nessa do Apocalipse. Ouço os sussurros deles de vez em quando a respeito dela. Estão intrigados e me arrisco a dizer até com certo medo. É como se a Victoria fosse um grande personagem de uma importância essencial na história de vocês, mas ninguém sabe dizer que papel e em que momento. Como um personagem surpresa que você resolvesse criar de última hora pra dar aquele desfecho.

(...)

– Supondo que seja tudo verdade, que Isabel existe e você esteja a serviço dela... então é pior do que eu pensava. Isso significaria o fim de todos nós, a morte de todos os anjos.

– Não. Significaria um recomeço, nova vida.

– Recomeço? Nós perdemos nossa graça para nós tornarmos... macacos?

– Cuidado, Cass. Você está começando a falar como Lúcifer, Uriel e tantos outros como eles.

– Não quis dizer nesse sentido. Eu os respeito, eu os admiro, mas... não quero ser como eles.

– Por quê? O que o assusta? Lembre-se que eu já fui como eles. Cass, é muito bom ser humano.

(...)

– Ora, ora, irmão, sem hostilidades. Não é hora de disputarmos entre nós, temos que nos unir e dar uma trégua. Há um Inimigo em comum.

– Nossa querida e inconveniente irmã Isabel. Já suspeitava que ela quer nos atrapalhar como sempre. – Miguel fechou mais ainda a expressão – Anna estava presa no Céu e foi libertada por um grupo de anjos que se rebelaram contra mim há tempos. Acredito que sejam partidários dela.

–Então você concorda que ela seja uma pedra grande no nosso caminho?

– Sim. Ela...e Victoria Collins. Elas têm sido pedras há milênios no nosso Destino.

(...)

– Deuses? – indagou Sam num murmúrio aos seus companheiros, mal se atrevendo a encará-los.

Difícil de acreditar, mas era verdade. Deuses. E todos reunidos ali tendo os caçadores como “seus convidados”. O que faziam com convidados como eles? Não queriam descobrir tão cedo.

– E antes de irmos ao que interessa, algumas regras básicas – prosseguiu o nórdico – Não vale matar o outro, contenham sua ira. E fiquem longe das virgens do lugar. Estamos tentando ser discretos aqui.

– Nós estamos muito ferrados – sussurrou Sam

– Agora que percebeu, amor? – retrucou Vic num murmúrio e esboçando um sorriso amarelo

(...)

Súbito, as portas do salão se abriram e para a surpresa de todos – principalmente, dos três caçadores – Trickster, ou melhor, Gabriel entrou.

– Não podemos nos entender? – disse a plenos pulmões com seus braços abertos.

– Gab... – os três caçadores quase sussurraram ao mesmo tempo a verdadeira identidade do arcanjo, mas com um só gesto com um dedo ele travou suas gargantas para que se calassem.

Os deuses devem estar loucos (2ª parte) - Final

Dois anos antes

A morena clara de corpo escultural e olhos verdes misteriosos esboçou um sorriso malicioso. Em seguida, passou a língua sob os lábios vagarosamente como se saboreasse o momento. Estava revestida numa minúscula roupa de couro que mal cobria seu corpo.

O ambiente era um luxuoso quarto todo revestido de carpete vermelho mergulhado numa luz tênue do mesmo tom.

– Está pronto, gatão? – sussurrou a mulher num tom sensual.

– Estou – respondeu uma voz masculina no mesmo tom.

– Silêncio! – ela estalou o chicote no chão com fisionomia perversa e feroz – Quem mandou falar?

– Ai, estou encrencado! – replicou a voz, mas não havia um pingo de temor. Havia expectativa e desejo.

– Calado! – esbravejou a mulher. Dessa vez, o chicote acertou o peito masculino. Ele gemeu, mas um gemido de prazer – Aqui quem fala é só eu.

A morena fez uma pausa proposital e aproximou-se da figura deitada na cama com lençóis vermelhos. Era o Trickster, com apenas uma cueca minúscula lhe cobrindo a nudez. Seus pulsos estavam algemados à cabeceira da cama e os tornozelos aos pés do móvel. Ostentava uma expressão maliciosa e contorcida de desejo.

– Sabe o que vou fazer agora? – sussurrou a mulher e colocou o pé sob o peito dele, pressionando. Trickster revirou os olhos e sibilou. – Como você foi um menino mau, vou te castigar.

– Vem, neném! – gritou ele – Me bata, me maltrata... me chama de verme!

– Verme. – sussurrou a mulher e fê-lo se contorcer de prazer. Inclinou-se sobre ele até se sentar sobre seu corpo. Jogou o chicote de lado e estava prestes a mordiscá-lo a partir do queixo.

Súbito, uma luz forte inundou o ambiente. O lugar começou a tremer e um som agudo se fez ouvir.

A moça se virou com o corpo ao lado do Brincalhão.

– O que está acontecendo? – indagou assustada e agarrou-se ao seu parceiro

– Droga! – praguejou Trickster – Não acredito que me encontraram!

A luz foi sumindo aos poucos assim como o ruído. O quarto parou de tremer. De um canto do cômodo, uma voz feminina se anunciou:

– Há quanto tempo, irmão.

A expressão de Trickster foi de sincera surpresa, não tanto por ser descoberto, mas por quem via. Era Isabel que emulava um leve sorriso.

– Quem é essa? – sussurrou a moça no ouvido do Brincalhão

– Er... a quem devo a honra? – inquiriu este a Isabel, sem responder a pergunta de sua companheira

– Ora, por favor, irmão. Deixemos de joguinhos.

– Eu não sei do que está falando.

– Gabriel – chamou-o pelo verdadeiro nome num tom de repreensão – É comigo com que você está falando. Será que terei que ser mais expressiva? Não gosto de agir como nossos irmãos, mas ou você fala a sério comigo ou terei que bancar a irmã chata. Você decide.

Sua expressão era neutra, ela apenas arqueou a sobrancelha. Contudo, ele já conhecia o jeito dela. Com um suspiro derrotado, soltou-se das algemas, sentou-se na cama e fitou sua companheira.

– É melhor você ir agora. – disse num tom sério e aborrecido

– Mas, amorzinho...

– Vá. – ordenou sem alterar o tom de voz.

A moça suspirou frustrada e levantou-se da cama.

– Está bem. – disse resignada. Depois, sorriu com charme – Me ligue, viu? Para continuarmos de onde paramos.

Gabriel estalou os dedos com tédio e ela desapareceu.

– Irmão, não posso crer a que nível você chegou. – a boca de Isabel repuxou levemente para um lado.

– Gostaria de dizer que é um prazer revê-la, irmã, mas você acaba de estragar a minha festa – disse com um sorriso amarelo ao se levantar e tratou de se vestir apenas com um estalar de dedos.

– Tudo bem, Gabriel, sei que estava com saudades.

– Tenho que admitir... estou surpreso de vê-la após tantos milênios. Achei que nunca mais a veria depois que o desmancha-prazeres do Miguel prendeu nosso irmão na gaiola.

– Não deveria ficar tão surpreso... você sabe que tenho intervindo de vez em quando... o mínimo que posso, mas tenho.

– É, sei – sua fisionomia ficou séria – A propósito, como foi que você me encontrou?

– Depois que você abandonou Miguel, tentei te contatar, mas não foi fácil. Você conseguiu despistar a todos sem deixar nenhum vestígio. Todos ficaram surpresos, irmão... depois de mim, você é o mais procurado. Mal consigo despistar meus passos.

– Estilo, irmã. Estilo – replicou com ar arrogante.

– Sim, mas de todos, sempre fui a que mais conhecia o seu estilo. Então comecei a pensar: “Se eu fosse Gabriel e quisesse sumir do mapa, o que eu faria?” Assumiria outra identidade. Você gostava de imitar a todos lá no Céu e se saía muito bem.

– É, eu adorava principalmente imitar o Miguel – ele riu – Você se lembra de como ele se irritava fácil?

– Lembro – ela esboçou um leve sorriso. – Ele sempre foi tão sério.

– É... – ele parou a risada – Mas continue, Isa, estou gostando do rumo das suas investigações.

– Achei que se você fosse se passar por alguém, teria que ser um desses deuses ou algum ser bem poderoso. E perguntando aqui e ali, soube que Loki estava desaparecido há um bom tempo e só recentemente que havia voltado. A propósito... você o matou?

– Hum... foi mais...um acidente. O cara era bem divertido até. Mas também era esquentadinho. Não gostava quando o alvo de gozações era ele.

– Sei. – ela estreitou os olhos – Mas de qualquer jeito, tive certeza que só poderia ser você por causa da última novidade: a morte de Dean Winchester por um Trickster. – ela fez uma pausa. Gabriel não contestou, mas engoliu em seco – Então pensei: se fosse mesmo um Trickster ou o próprio Loki, não mataria um caçador. Eles detestam caçadores, mas não se satisfazem em matá-los. Não. Gostam de brincar, torturar o corpo e a mente deles até traumatiza-los como punição. Mas matar... eles só reservam para as pessoas comuns.

Gabriel permanecia calado, atento ao ponto em que sabia que Isabel chegaria.

– Matar um caçador seria como acabar com a diversão de um Trickster. Por causa dessa regra, muitos deles foram mortos de surpresa por caçadores. Então... que motivos teria um para acabar com a vida de Dean Winchester? A não ser... que não fosse um Trickster legítimo. Muito menos o próprio Loki. Foi aí que reuni minhas pistas para encontrar o tal Trickster, ou melhor... você.

– Como você poderia ter certeza, irmã, de que seria eu se me encontrasse? – questionou Gabriel com um sorriso de desdém – Se você bem vê, mudei cada célula do meu recipiente. Uh, e não foi fácil... Tive que dever vários favores.

– Simples, irmão... Tricksters deixam para trás apenas papéis de doces e balas. Mas nunca isto. – Isabel mostrou uma pena branca – Acredito que é seu, não?

Gabriel bufou.

– OK, Isa, você me pegou. Eu deveria saber que eu podia enganar qualquer um, menos você. O que quer de mim?

– Sabe perfeitamente o que quero.

– Ora, por favor... – ele fez expressão contrariada.

– Vá até Sam Winchester e devolva o irmão dele.

– Isabel, você não entende...

– Entendo muito bem. Você está tentando evitar o Apocalipse. Mas isso é interferir no rumo das coisas. Dean e Sam não precisam ir por esse caminho.

– Ah, eles têm uma bela alternativa pela frente! – o Arcanjo riu – Tem funcionado tanto que se eles pudessem lembrar, perderiam a conta de quantas vezes se estreparam.

– Dessa vez sei que vai ser diferente – garantiu Isabel. Gabriel balançou a cabeça mantendo o sorriso de deboche – Por que você acha que Miguel interferiu onde não devia?

– Porque ele viu uma brecha e se cansou de tanto esperar.

– Não. Porque ele sabe que chegou o momento.

– Olhe, Isa, ainda que seja assim, seu plano não me agrada muito. Gosto da posição em que estou e não pretendo abandoná-la.

– Achei que você gostasse dos humanos.

– Adoro... Amo... sobretudo, as mulheres – de modo cômico e exagerado, fez uma reverência e abriu os braços – Mas não quero estar no mesmo nível que eles.

– Não vou obriga-lo a nada, Gabriel. Mas de um jeito ou de outro será inevitável.

– Claro que sim. Você adora posar de boa samaritana, de liberal... mas no fundo é como o Miguel e Lúcifer. A única diferença é que não quer destruir o mundo, só subjugá-lo a uma nova ordem e com ela seus irmãos.

Isabel suspirou.

– Está bem, Gabriel, pense o que quiser. Não vou discutir isso com você. Só vim exigir que traga Dean de volta.

– Por que você mesma não o faz? Ou Miguel?

– Sabe muito bem que não posso dar as caras. Quanto a Miguel, soube que ele quer primeiro encontrar o Trickster atrevido que ousou enviar Dean Winchester para o inferno antes do tempo estabelecido e tortura-lo até que ele mesmo desfaça o que fez. Sabe como nosso irmão é pontual ao extremo e detesta antecipar ou atrasar seus planos.

Gabriel engoliu em seco.

– Er... como se ele pudesse me encontrar... – desdenhou – Consegui despistá-lo todo esse tempo, vou conseguir por mais um bom tempo. E dessa vez, ele procura por um trickster, não por mim.

– Ah, sim, mas acontece que até agora não havia pistas ligando você à identidade de algum trickster ou mesmo Loki – Isabel esboçou um sorriso condescendente – Talvez sem querer eu possa... ter deixado escapar algum comentário por aí ou deixado alguma ponta solta.

O arcanjo arregalou os olhos.

– Você não faria isso comigo!

– Quem sabe? Mas disse para alguns dos meus subordinados que se dentro de sete minutos terrenos desta conversação eu não retornar, pode largar por aí certo dossiê comprometedor que andei juntando a seu respeito – Isabel fez uma pausa proposital com ar de deboche – Hum... pelos meus cálculos já se passaram cinco minutos, faltam apenas dois.

– Sua megera! – vociferou Gabriel. Andou de um lado para o outro até que parou novamente diante dela erguendo os braços exaltado – Está bem! Vou procurar Sam Winchester e devolver o irmão dele.

– Você tem um dia para isso. E não tente me enganar.

Gabriel balançou a cabeça com desagrado.

– Bem, Gabi, foi bom revê-lo.

– Gostaria de poder dizer o mesmo.

Isabel ia dar meia-volta e partir, porém, mudou de ideia e disse:

– Não fique chateado comigo. Estou fazendo o melhor por todos.

– Sei. Me poupe desse discurso reciclado de Miguel.

Isabel estendeu um medalhão para ele.

– Pegue isso. Se algum dia você precisar de mim, me chame que virei.

– Claro, desde que eu tenha mudado de ideia e entrar para sua causa.

– Não, independente disso, eu o ajudarei.

Porém, Gabriel se recusou a apanhar o objeto. Isabel o colocou em cima da cama.

– Sinceramente... eu o ajudarei, irmão.

Tendo como resposta unicamente um olhar de má vontade dele, a arcanjo desapareceu.

Sozinho, ele suspirou. Sem olhar sequer para o medalhão, sentou-se na cama desanimado.

– Está bem. – repetiu para si mesmo – Vamos colocar os atores em suas posições e deixar o espetáculo acontecer.

Sim, faria isso. Se não havia remédio... Porém, faria do seu jeito. Um misto de melodrama com comédia. Iria se passar por Bobby Singer e fazer uma pequena brincadeira com Sam Winchester. Em seguida, revelar-se-ia e se faria de difícil só para ter o prazer de ouvir o caçador implorar pela volta do irmão.

Mas antes... será que deva tempo de retomar a brincadeira anterior com uma de suas fangirls?

– 0 –

Agora

Gabriel deu alguns passos adiante dentro do salão de festas.

– Sam, Dean. Sempre no lugar errado. E na pior hora, seus tolos, não é? – disse com seu ar debochado. Aproximou-se deles e parou diante de Vic com um sorriso malicioso. Pegou em sua mão e beijou-a – E Victoria Collins, minha mortal favorita, sempre ao lado dos caras errados.

Vic soltou a mão da dele bruscamente e dirigiu-lhe um olhar irritado.

– Loki. – Baldur chamou a atenção de Gabriel

– Ah, Baldur! – aproximou-se do deus ostentando o ar de escárnio – Que bom ver você também. Acho que meu convite se extraviou no correio.

– Para que você veio aqui?

– Para falar sobre o elefante na sala. – Ganesh ia se levantar pronto a redarguir, porém, Gabriel ergueu o indicador e olhou-o com ar apaziguador – Você não. O apocalipse. – todos o fitaram com atenção, sobretudo Baldur e Kali – Não dá para impedir, gangue. Mas vamos às prioridades. – virou-se para os caçadores – Os adultos precisam ter uma conversinha. Cuido de vocês depois.

Estalou os polegares. Imediatamente, os três sumiram. Reapareceram de súbito no quarto de Dean. Ainda estavam atordoados pelo o que presenciaram no salão. Sam quis dizer algo, mas nada lhe ocorreu; tampouco Vic. Foi Dean que abriu a boca ao se voltar para seus companheiros:

– Certo. Vocês viram... Caramba.

– É. Nem nos fale – pediu Sam com tremor na voz

– Só sei que... da próxima vez que eu disser ou demonstrar que tem algo errado num lugar, não vamos ficar – advertiu Victoria trêmula no meio deles.

– Sim – assentiu Sam várias vezes com a cabeça.

– Tudo bem. Da próxima vez. – Dean também concordou.

– Então, certo? O que faremos agora? – Sam deu uns passos à frente um tanto atordoado.

– N... Eu não sei – contestou Dean.

– Tem aquelas pessoas lá na cozinha... – lembrou Vic com um suspiro

– Nós tiramos os coitados do freezer e os tiramos daqui. E matamos uns monstros, se tivermos sorte.

– E desde quando vocês têm sorte? – a voz zombeteira de Gabriel ecoou pelo cômodo. Os caçadores voltaram as cabeças na direção daquele som.

O arcanjo estava sentado num sofá a um canto do quarto com o indicador encostado na cabeça numa posição meditativa.

– Quer saber? Dane-se, Gabriel. – Dean o desafiou

– Talvez depois, garotão.

– Seu maldito filho da puta! – Vic se aproximou em passos rápidos até ele e o esbofeteou. Gabriel apenas passou a mão de leve no rosto como se recebesse uma simples carícia – Nós devíamos ter acabado com você... fritado o seu rabo quando tivemos chance.

– Hum... vejo que seu toque continua firme, Victoria. E que você continua louquinha por mim.

Collins avançou nele, porém, Sam a segurou pela cintura.

– Calma, Vic, calma! Não vale a pena. – disse – Não dê esse gostinho a ele.

Ela se tranquilizou e afastou-se junto com o namorado.

– A gente devia saber – tornou Dean – Isso é a sua cara, desde o começo.

– Vocês acham que estou por trás disto? Por favor. – ele se levantou e acercou-se do caçador – Eu sou Costner, você são Houston. Você é mais parecida – fitou Vic com deboche. Ela estreitou os olhos. Gab voltou a encarar Dean – Eu sou seu guarda-costas.

– Você vai nos tirar do fogo? – Dean esboçou um sorriso de escárnio e incredulidade

– Na mosca. Os deuses querem matar vocês dois ou usá-los como iscas – apontou Vic – E tentar descobrir como te usar contra Miguel e Lúcifer. Se espalhou a notícia de que você parece ser algum tipo de ameaça para eles. Foi Mercúrio quem ouviu sabe-se lá como e onde e não demorou a divulgar. Ele é rapidinho.

– E eu sou mesmo uma ameaça? – indagou Vic interessada. Sam e Dean também ficaram.

– Como posso saber?

– Por favor. – disse ela num tom de descrença e cruzando os braços

– Tudo o que sei é que de qualquer jeito vocês estão ferrados.

– Uau. Há uns meses, você disse para Sam e eu desempenhar nossos papéis. E você queria manter a Vic longe. Agora, está nos ferrando?

– Ah, o final está chegando – declarou Gabriel com um bico de satisfação. Caminhou alguns passos adiante – Miguel e Lúcifer ainda vão dançar lambada. – voltou-se para eles novamente – Mas não esta noite e não aqui.

– E você está ligando?

– Eu não ligo. – pareceu hesitar por um instante – Mas eu e Kali, a gente teve um lance. Ela é boa com as mãos. – Os três o encararam estupefatos. – O que eu posso fazer? Eu sou sentimental.

– Que gosto ela tem. – Vic não disfarçou sua repugnância ao imaginar a cena entre o arcanjo e a deusa.

– Quem desdenha quer comprar – Gabriel sorriu maliciosamente para ela

– Eca.

– Eles têm alguma chance contra Satã? – inquiriu Sam

– Fala sério, Sam?

– Você tem melhor ideia, Dean?

– É péssima ideia – retrucou Gabriel – Lúcifer vai acabar com eles. Vamos cair fora, enquanto ainda podemos?

– Certo, ótimo. Por que não nos zapeia para fora daqui? – questionou Dean

– Se eu pudesse. Mas Kali pegou vocês direitinho. É um feitiço de sangue. Vocês estão no vidrinho...

– Como assim?

– Quer dizer que é hora da velha magia negra. – apanhou um frasco com o qual jogou um líquido na garganta para limpá-la e perfumar o hálito. Os três o encararam com estranheza

– Certo. É. Tanto faz – prosseguiu Dean – Nós vamos levar os petiscos do freezer conosco.

– Esqueça. Já vai ser difícil tirar vocês daqui.

– Uma ova que... – Vic ia protestar, mas Dean fez um gesto com um braço para que ela se calasse

– Eles chamaram você de Loki? – perguntou o caçador – Quer dizer que eles não sabem quem você é.

– Eu já disse. Estou na proteção à testemunha.

– Tudo bem. Então que tal nos contarmos... à legião do mal sua identidade secreta? - Gabriel permaneceu calado, o sorriso debochado desfeito. – Acho que eles não gostam muito de anjos.

– Eu faço vocês ficarem mudos – ameaçou o arcanjo

– Uh! – soltou Vic com deboche

– Nós escrevemos – afirmou Dean.

– Eu corto suas mãos – rebateu Gabriel e voltou-se para Vic – Sinto por suas lindas mãos, docinho.

– E eu corto o seu... – Sam interrompeu a resposta da namorada tapando seus lábios com os dedos.

– É. E o pessoal vai perguntar: “Por que vocês estão andando por aí sem as mãos?” – redarguiu Dean

Gabriel olhou para os três com desagrado. Eles ostentavam um sorriso de satisfação quando ele não retrucou. Haviam-no encurralado.

– Está legal – concordou entredentes

– 0 –

Kali se encontrava a sós em seu quarto e trocava de roupa diante do espelho da cômoda. Quando se encontrava apenas com sutiã e saia, a luz apagou repentinamente. Virou-se e viu Gabriel a alguns metros atrás de si junto a uma mesa de jantar com velas. Segurava uma rosa vermelha e ostentava um sorriso de segundas intenções.

– Bon jour, madeimoseile – soltou num tom sensual.

A deusa não conteve um leve sorriso, mas disse:

– Saia.

– Você sempre bancou a difícil.

– Eu estou em outra.

– Eu notei. Baldur? – ele torceu a boca – É mesmo?

– Baldur é descomplicado – Kali voltou sua atenção para o espelho. Fitava Gab através dele.

– 0 –

Enquanto isso, os caçadores voltavam para a despensa a fim de salvar as pessoas encerradas. Passavam pela recepção quando ouviram gritos vindos de lá. Correram para se esconder num canto. Ganesh, Kui Xing e Odin traziam o homem de óculos que havia conversado com Dean no bufet.

– Não! Não! Não! – gritava aterrorizado. Os três deuses o deitaram de bruços sobre o balcão da recepção derrubando tudo o que havia. – Não! Não! Pare!

Do esconderijo que estavam, os três caçadores observaram apavorados o que acontecia. Os deuses esticaram os membros do homem que se debatia. Xing ergueu uma navalha. Vic quis acudir, mas Sam a segurou.

– Tarde demais. – disse

Ela virou o rosto para não ver a terrível cena assim como Sam. Só Dean observou quando a navalha desceu.

– 0 –

– Como está Valery? – indagou Kali ainda contemplando Gabriel do espelho

– Er...bem, presumo eu – declarou parecendo meio nervoso – Você sabe... faz tempo que não a vejo.

A deusa nada disse. Parecia ruminar alguma coisa, mas sem deixar transparecer no que refletia.

– Eu nunca achei que você fosse do tipo – tornou ela ao se virar e observar mais uma vez todo o cenário que Gabriel havia preparado

– Romântico? – perguntou ele ao se servir de vinho

– Patético.

– Foi você que me chamou aqui.

– Porque eu achei que você levaria a sério.

– Eu estou levando a sério. Barco afundando, hora de pular fora. Ora, dane-se a bola de gude, vamos achar Pandora.

– Não precisa ser assim.

– Precisa sim – ele se aproximou

– Se lutarmos...

– Vocês morrem.

– E por que você acha isso?

– Eu já esbarrei com os micos alados uma ou duas vezes. – a expressão da deusa foi de desagrado. Ele pegou em suas mãos – Kali, chega de truques. Eu imploro. Não faça isto.

– Eu preciso.

– Não me culpe por tentar. – ele sorriu tentando disfarçar seu desconsolo. Importava-se muito com ela. Kali correspondeu ao sorriso dele – Ainda me ama?

– Não. – disse num tom malicioso e o puxou para seus braços.

– 0 –

Após o incidente na recepção, Vic, Dean e Sam conseguiram chegar até a cozinha. Sam tentava destravar a porta do freezer, porém, estava difícil. Dean e Vic se encontravam postados atrás dele prontos a tentarem qualquer outra coisa.

Súbito, Kui Xing puxou Dean pelas costas e arremessou-o contra um dos armários. Vic avançou sobre o deus, mas ele a pegou pelo pescoço e, sem a soltar, empurrou Sam contra a porta e começou a estrangulá-lo com a outra mão.

Aproveitando a distração do chinês, Dean se levantou e enfiou uma estaca em suas costas. Xing caiu morto e Vic e Sam se viram livres do seu aperto forte.

– Está bem, Vic? – perguntou Dean amparando-a pelo ombro ao que ela assentiu. Encarou-a e a Sam com nervosismo – Onde está o Gabriel?

– 0 –

Enquanto tentava distrair Kali com um beijo arrebatador, o arcanjo vislumbrou os três tubos de vidro em cima da cômoda que continham as amostras de sangue dos caçadores. Disfarçadamente, sua mão foi se aproximando aos poucos dos tubos. Os dedos sentiram o contato com o vidro, entretanto, antes que pudesse apanhá-los, sentiu uma picada em seu pescoço.

– Au! – desprendeu-se de Kali e gemeu de dor. Encostou a mão no local atingido. Sentiu gotas do sangue de seu receptáculo escorrer

– Você deve me achar uma tola, Gabriel – declarou Kali com expressão séria. O arcanjo a fitou como quem sabe que foi preso numa armadilha. Ela mostrou a palma da mão com o sangue do arcanjo – Está atado a mim. Agora e para sempre.

– 0 –

Não demorou que Victoria e os Winchesters fossem capturados por outros deuses e levados de volta ao salão. Lá, encontraram Gabriel sentado ao centro, como se estivesse num júri. Os demais deuses também estavam ali. De pé, em frente ao arcanjo, estava Kali sempre altiva e séria.

– Há quanto tempo você sabe? – perguntou ele à deusa depois de trocar um breve olhar desanimado com Dean

– Suficiente. Hoje tive apenas a confirmação. – Vic e os rapazes foram colocados à força em outras cadeiras da mesa – Alguns deuses e semideuses que conviveram com Loki começaram a falar que algum tipo de ser poderoso estava se passando por Loki. Uma que estava espalhando esse rumor era Valery, uma filha semideusa dele... que você a pouco demonstrou que não sabia de quem se tratava. Ela foi morta por eles. – o olhar de Kali se deteve sobre os caçadores. Eles se lembraram da trickster e se arrepiaram com a possibilidade de Kali querer vingá-la fazendo-os sangrar como fê-lo antes com Mercúrio. Contudo, Kali voltou seu olhar para o arcanjo. – Loki sabia cada passo de cada um dos seus filhos mesmo que sumisse sem lhes dar notícias. Se você fosse Ele, saberia da morte de Valery.

O arcanjo apenas assentiu com expressão aborrecida e notou o olhar de Dean sobre si.

– Como vai o resgate? – ironizou o caçador. Gabriel apenas esboçou um sorriso amarelo.

– Ora, surpresa, surpresa! – Kali chamou a atenção dos presentes – O mágico nos enganou.

– Kali, não. – pediu Gabriel

– Você é meu agora. – sentou-se em seu colo – E você tem uma coisa que eu quero. – Ela deslizou a mão suavemente para dentro de sua camisa. Baldur observou um tanto incomodado. Kali tirou do bolso interno da vestimenta de Gabriel uma lâmina angelical e ergueu-a alto para que todos vissem. – A espada de um arcanjo. Do arcanjo Gabriel.

Ela saiu do colo dele e levantou-se. Os demais deuses estavam surpresos.

– OK, OK... Eu tenho asas. Como um absorvente – satirizou. Em seguida, ficou sério. – Mas nem por isso estou engajado com Lúcifer.

– Ele mente – tornou Kali – É um espião.

– Eu não sou espião. Sou um desertor. Estou tentando salvar vocês. Conheço meu irmão, Kali. Ele pode acabar com vocês. Vocês não podem com ele. – voltou-se para os outros que procuravam disfarçar seu temor perante aquelas palavras – Eu já vi o filme e sei como a história termina.

– Sua história, não a nossa. – Kali lambeu os lábios com nervosismo – Ocidentais. É mesmo muita arrogância. Vocês se acham os donos da terra. Vocês saqueiam e matam em nome de Deus. Mas a sua não é a única religião e ele não é o único Deus. Vocês acham que podem destruir o planeta? Estão errados. Há bilhões de nós. E nós chegamos primeiro. Se alguém vai dar fim ao mundo... sou eu – ela inclinou o rosto até o dele e deslizou a mão em sua face. Sua fisionomia ostentava pesar – Desculpe.

Esfaqueou Gabriel com sua própria lâmina no peito. Vic tapou a boca para sufocar o grito; Sam e Dean viram sua única chance de escapar dali ser destruída.

Luz saiu por todas as aberturas do corpo de Gabriel. Os deuses observaram assombrados. O arcanjo soltou um grito agoniado e expirou. Kali se afastou como se sentisse uma dor atingi-la no coração. Mas não demonstraria tal fraqueza a seus colegas.

Um silêncio mortal ainda ecoava pelo salão. Foi Mercúrio quem o quebrou num sussurro:

– Que loucura.

– Eles morrem. – disse a deusa com um leve tremor na voz – Nós podemos matar Lúcifer.

Os caçadores ainda estavam meio em choque. Porém, Dean resolveu se arriscar e tentar argumentar. Levantou-se.

– Tudo bem, suas mentes primitivas – disse – Escutem aqui...

– Dean! – Vic o chamou e tentou fazê-lo se sentar puxando-o pela manga do casaco, mas ele a ignorou.

– Você está pirando? – indagou Sam por sua vez

– Não faça nada tolo... –advertiu Vic

– Estou sem opções. – afirmou Dean olhando de um para o outro e começou a andar em direção a Kali – Olhem, em qualquer outro dia, eu daria tudo de mim... para matar vocês, seus macacos sujos e assassinos. Mas, ei... é hora do sufoco – parou atrás da cadeira onde estava o corpo de Gabriel e dirigiu um breve olhar a ele antes de se reportar novamente aos deuses – Daí, mesmo que eu adore a ideia de cortar suas gargantas, imbecis... eu vou ajudar vocês – deu-lhes as costas para disfarçar o pavor e se serviu de um uísque numa mesinha atrás de si com garrafas e taças dispostos – Eu ajudo vocês a matar o diabo... E depois nós nos matamos uns aos outros, como é normal. – voltou-se para eles – Vocês querem Lúcifer... ele não está nas páginas amarelas. Mas meus companheiros e eu vamos trazê-lo aqui.

– Como? – questionou Kali desconfiada

– Primeiro, soltem os pratos principais. Depois, falamos. Ah, nós podemos encarar o diabo juntos... ou vocês podem me comer. – Engoliu em seco – Literalmente.

– 0 –

Por mais incrível que fosse, nenhum deus protestou – a começar por Kali. E dali a pouco, Dean foi encarregado de guiar os prisioneiros da despensa até o estacionamento enquanto Vic e Sam permaneciam no salão. O casal ainda se encarava aturdido com a argumentação de Dean.

Antes de sair, Dean chamou Sam à parte e sussurrou-lhe algo no ouvido, algo que não queria que Vic ouvisse. O irmão concordou. Apesar de não poder escutar, Vic teve impressão de que se tratava de algo a seu respeito. E por mais que perguntasse ao namorado, este nada confirmou.

– Vamos lá, pessoal! – incentivava o caçador da portaria enquanto todos “os hóspedes” corriam desesperados até seus carros e marchavam rápido dali. – Tudo bem. Tudo bem. Vai, vai, vai. Caiam fora daqui!

Assim que todos se foram, o caçador estava prestes a voltar quando ouviu sussurrarem seu nome no interior de seu Impala:

– Dean. – ele olhou em direção ao som da janela entreaberta da porta traseira. Percebeu espantado que era Gabriel se ocultando no banco de trás – Não olhe para mim. – pediu o arcanjo com certa aflição. Dean ficou aturdido e sem ação – Aja naturalmente. Entre.

O Winchester rodeou o veículo, entrou pelo lado do motorista e fechou a porta.

– Cara, não tem nada de natural em tudo isto. – declarou – Eu achei que você estava morto.

– Acha mesmo que eu ia dar minha espada a Kali? Aquilo pode me matar.

– E a que ficou com eles lá?

– Falsa. Eu fiz de uma lata de suco de laranja diet. Querem tirar nosso sangue de lá?

– Como é?

– Eu ouvi vocês lá. Kali gosta de você. Você se aproxima. Pega o plasma e a gente cai fora.

– Não. Entregue a espada a ela. Melhor ainda, por que você não fica e nos ajuda a derrubar Lúcifer?

– Não está falando sério – afirmou Gab saindo de sua posição abaixada e aproximando-se do encosto do assento do caçador como se não houvesse escutado direito

– Estou.

– Desde quando vocês são amigos de um monte de monstros? É o que eles são para vocês, não é?

– Sam e Vic estão certos. É loucura, mas é a melhor ideia que eu tenho. A menos que você tenha melhor...

– Certo – Gabriel deu uma batidinha no assento com os dedos esboçando seu sorriso debochado – Boa sorte, então. Eu vou sair da cidade. Se os caras querem se jogar no abismo, é problema deles.

– Eu vejo através de você, sabia? Por trás da couraça. O lance de “eu não dou a mínima.” Acredite, eu sei muito bem como é.

– É mesmo?

– É. Talvez aqueles pirados não sejam do seu sangue, mas são sua família.

– Eles me apunhalaram no coração.

– Talvez. Mas você ainda liga para eles, não é?

– Dean...

– E agora eles vão morrer lá, sem você.

– Eu não posso matar meu irmão.

– Não pode ou não quer? – Gabriel não deu resposta. Dean assentiu com entendimento – Foi o que eu pensei.

O Winchester saiu do veículo deixando o arcanjo mordendo os lábios de dúvida e frustração. Mesmo que quisesse acabar com Lúcifer, o que poderia ele fazer?

E de repente, Gabriel soube.

– 0 –

– Muito bem. Agora que seu irmão está despachando nossa comida, explique-nos como vocês pretendem trazer Lúcifer até nós – indagou Kali para Sam e Vic.

– Antes... posso pedir mais um favor? – perguntou Sam

– Ora, vocês, caçadores são muito exigentes – ela estreitou os olhos. Conseguiu ouvir os cochichos entre ele e Dean, pois estava atenta aos movimentos deles, caso pensassem em algum truque para enganá-la. Por isso, sabia bem o que ele ia pedir. Mesmo assim, queria ter a satisfação de ouvi-lo suplicar – Certo, aproveitem que estou de bom humor hoje. O que mais vocês querem?

Imagine se não estivesse, pensou Vic

– Pode mandar Victoria para um lugar seguro longe daqui? – tornou Sam sem olhar para Vic.

– O quê? Não, Sam! Não vou a parte alguma! – protestou Victoria

– Vic, você prometeu que se Lúcifer ou Miguel pintassem na área, você sairia de cena – ele se voltou para ela – Lembra?

Collins abriu a boca para argumentar, mas com essa teve que se calar. Apenas comentou:

– De modo que era isso que Dean cochichou com você naquela hora? Vocês combinaram.

– Os pombinhos já terminaram a briga? – interveio Kali com um olhar irritado – Porque a paciência não é um dos meus atributos.

– Podem mandá-la para longe ou não? – tornou Sam

– Podemos – replicou Baldur – Mas por que faríamos se ela parece ser uma ameaça que eles temem?

– Seja lá o que eles acham que ela representa, não temos como saber. – suspirou – Vocês só precisam de mim e de Dean. Duas moedas de troca.

Baldur e Kali trocaram olhares de concordância.

– Está bem. E sim, até concordo em entregar o sangue dela – pronunciou-se a deusa antes que Sam ousasse acrescentar aquele pedido – Mas primeiro diga o que quero saber.

– Eu só preciso chamar por ele – disse Sam ao se levantar e se aproximar de ambos

– Você vai conjurar Lúcifer?

Vic permanecia sentada, a expressão aflita. E também meio ressentida com a decisão que Dean e Sam tomaram nas suas costas. Porém, refletiu que ela própria concordou com os termos que levavam àquela medida.

– Mais ou menos – respondeu Sam sem se abalar – Eu só tenho que apagar uma coisa da costela... e ele vem correndo.

– Quebrar deve ser mais fácil – disse a deusa friamente. Sam engoliu em seco. Vic se levantou atenta. Mesmo em conluio com aqueles deuses não confiava que não fossem machucar seu amado.

Dean retornou ao salão com expressão aflita.

– O show acabou – declarou – A espada é falsa. E Gabriel? Ainda está vivo. – Vic e Sam abriram a boca de espanto – Eu odeio dizer, irmã, mas você foi enganada.

Súbito, as luzes do salão começaram a piscar.

– O que está havendo? – indagou Baldur preocupado se postando a frente de Kali

– É ele – disse Sam aflito e automaticamente foi até Victoria e puxou-a para a segurança de seus braços.

De fato, Lúcifer chegava até eles depois de dar um banho de sangue em todos os deuses. Mercúrio que o havia chamado lá como uma maneira de tentar se livrar da situação, traindo seus próprios companheiros. Porém, o tiro saiu pela culatra e ele foi o primeiro a ser atingido.

– Como? – indagou Kali ao Winchester

– Isso importa? – questionou Dean – Despacha a gente para fora daqui?

– Não podemos – declarou Baldur e deu alguns passos até a entrada do salão. Não pretendia fugir.

– É claro que não – declarou Lúcifer ao entrar. Via-se seu corpo mais deteriorado do que antes. Instintivamente Sam colocou Vic atrás de si. Dean se juntou a ele. – Vocês não disseram “Mamãe, posso ir?” Sam, Dean, que bom ver vocês de novo. – dirigiu-se a eles sem encará-los diretamente. Seu olhar focava em Victoria, um olhar aparentemente frio e neutro. – E claro... é bom vê-la de novo, Victoria Collins. E viva. – Collins tentou não estremecer diante da última palavra. Dean e Sam grudaram suas costas nela mais ainda e seus ombros lado a lado de modo a formar uma espécie de barreira. Estavam atentos e prontos a defendê-la. O Diabo esboçou um imperceptível sorriso – Relaxem.

– Baldur, não. – pediu Kali ao ver que seu namorado pretendia enfrentar o Diabo com toda a força de seu ser.

– Você acha que é dono do planeta? – o nórdico a ignorou e dirigiu-se ao arcanjo – O que lhe dá o direito?

Avançou até o Diabo para atacá-lo, mas este sem se perturbar o atravessou no peito com o braço. Sangue escorreu dos lábios de Baldur e este conseguiu manter o alento apenas por uns segundos para ouvir o Arcanjo dizer:

– Ninguém me dá o direito. Eu tomo.

E tirou o braço do corpo do deus como quem tira uma espada e jogou seu cadáver no chão. Aproximou-se um pouco mais dos outros. Os caçadores mal continham seu tremor. Kali ficou onde estava e seus braços se transformaram em duas chamas incandescentes, sua arma contra Satã. Lançou um fogaréu tão amplo nele que Dean, Vic e Sam tiveram que pular atrás da mesa e abrigar-se das chamas.

O fogo cobriu Lúcifer, mas após se dissipar, seu corpo não apresentava a mais leve queimadura. Nenhuma chispa parecia tê-lo atingido. Kali não se deu por vencida. Pretendia acertá-lo com um dos braços, porém, ele foi mais rápido e arremessou-a para longe com um soco.

Detrás da mesa, Sam deu uma espiada na luta e depois se abaixou

– Vocês estão bem? – perguntou ele

– Sim – respondeu Dean

– Vic?

– Estou.

– Mais ou menos – eles se espantaram ao escutar a voz de Gabriel e vê-lo reaparecer a seu lado com expressão meio culpada – Antes tarde do que nunca, não é? – entregou um DVD de capa de filme pornô para Dean – Guarde isto como a própria vida.

E saiu correndo. Kali estava derrubada no chão. Lúcifer pretendia esmagá-la com um chute, mas foi detido por algum movimento que o jogou para fora do salão. Os caçadores arriscaram a dar mais uma olhada. Gabriel estava de pé na frente do corpo de Kali, disposto a defende-la. Segurava uma lâmina

– Lucy, cheguei – disse ele. O diabo se levantou e caminhou disposto a terminar com a deusa, porém, Gabriel interceptou seu caminho empunhando a lâmina. – Não desta vez.

O diabo ficou onde estava um tanto surpreso. Aproveitando sua hesitação, Gab puxou Kali do chão com o braço e segurou-a forte. Ela se surpreendeu por ele vir em seu resgate.

– Pessoal, tirem-na daqui.

Os três se ergueram imediatamente e levaram Kali consigo enquanto Gabriel lhes dava cobertura. Lúcifer permaneceu no lugar apenas observando eles se afastarem. Kali dirigiu um ótimo olhar a Gabriel que não correspondeu. De tristeza.

– Uma garota, Gabriel, é mesmo? – indagou ele debochado – Eu sabia que você catava lixo... só espero que não pegue uma doença.

– Lúcifer, você é meu irmão e eu amo você. – declarou Gab com um sorriso de escárnio – Mas você é o rei dos malas sem alça.

– O que foi que você disse para mim? – o Diabo não gostou e deu mais um passo adiante

– Olhe para si mesmo. U-hou! Papai brigou comigo e eu vou quebrar os brinquedos dele.

– Olhe o tom.

– Banque a vítima, o quanto quiser... mas para cima de mim? Nós sabemos a verdade. Você era o favorito do pai. Mais que Miguel. Mais que eu. Aí veio Isabel e você não aguentou. Ela te tirou o posto de favorito. Sempre com ideias próprias, ideias criativas que agradavam o Pai... e você não suportava. Até que ela inventou a mais brilhante das ideias.... que fez o Pai amá-la ainda mais. Uma ideia que você adoraria ter pensado antes... mas ficou boiando. Foi aí que você realmente a odiou. E tratou de destruir o que ela projetou... e o papai aprovou e construiu. Quase. – o arcanjo enfatizou com bastante deboche a última palavra. Abriu os braços para os lados – Tudo isto é só um grande chilique seu. – fez uma pausa ao ver o sorriso desdenhoso de Lúcifer – Vê se cresce.

Do lado de fora, os caçadores e Kali chegaram ao estacionamento.

– Eu não vou entrar nessa coisa. – declarou a deusa ao ver o Impala

– O pescoço é seu – retrucou Vic sem temor

– Entre logo no carro, princesa – ordenou Dean com desafio.

Entraram no carro – os rapazes na frente e Vic atrás com a deusa (a caçadora não gostou muito) – e partiram dali.

No interior, os dois arcanjos continuavam sua “amistosa conversa”

– Gabriel, se estiver fazendo isto por Miguel... – começou Lúcifer

– Ele que se dane – interrompeu Gabriel – Se ele estivesse aqui, eu acabava com ele.

Lúcifer soltou um muxoxo

– Seu desleal... – acusou

– Ah, eu sou leal.

– Deixe-me adivinhar – o diabo não escondeu a expressão intrigada – É leal a Isabel agora? Claro, só assim você teria peito de me enfrentar.

– Não, a ela não. Também não gosto do que Isabel planeja. Só que devo admitir que pelo menos ela se importa de verdade com algo. Mas não. Sou leal a eles.

– Quem? Os supostos deuses?

– Às pessoas, Lúcifer. Pessoas.

– Então você é leal a Isabel... sim, porque se os defende significa que concorda com ela – Gab não respondeu. Apenas suspirou com tédio – Você está disposto a morrer... por causa de um bando de baratas? Por quê?

– Porque o pai tinha razão... é, e Isabel também. Eles são melhores que nós.

– Eles são abortos, fracos e imperfeitos.

– É verdade. Eles são imperfeitos. Mas muitos tentam melhorar e perdoar. E você precisava ver o Spearmint Rhino. – o Diabo o encarava surpreendido – Eu fiquei no banco um longo tempo, mas entrei no jogo agora. E não estou do seu lado, ou no de Miguel... nem mesmo de Isabel. Estou no deles.

– Irmão, não me obrigue a fazer isto – disse Lúcifer após uns instantes pensativo

– Ninguém nos obriga a nada.

– Eu sei que acha que está agindo certo, Gabriel. Mas eu sei com quem seu coração está. De verdade.

Enquanto o Diabo encarava de frente Gabriel, um outro Gabriel atrás dele – o verdadeiro – se preparava para atingi-lo. Empunhava a verdadeira lâmina que mataria Lúcifer. Quando ia acertar Satã, este se virou repentinamente e voltou o golpe de Gabriel nele mesmo, acertando-o na altura do peito.

– Aqui. –proferiu Lúcifer encravando a arma mais ainda no coração de Gab. Este gemia agonizante. O falso Gabriel com quem o Diabo estava conversando se desvaneceu. Após se virar e ver a imagem sumir, Lúcifer se voltou para seu irmão e pegou em seu rosto – Seu mágico amador. Não esqueça. Você aprendeu os truques comigo, irmãozinho.

Tirou a lâmina bruscamente e viu a luz se esvair do receptáculo de Gabriel e ouvia seus berros dolorosos. Lúcifer deu alguns passos para trás sentindo uma tristeza profunda por matar seu irmão favorito, porém, conteve o choro. Era preciso.

Contemplou o cadáver de seu receptáculo caído com as asas estiradas no chão.

– 0 –

Diante dos olhos arregalados de Dean, Vic e Sam, transcorria um filme intitulado “Casa erótica 13” em que aparecia uma loira deitada de bruços na cama que folheava uma revista e contava sua rotina em forma de diário.

Assim que ficaram bem longe do motel, Kali simplesmente os deixou. Desapareceu das vistas de Collins com quem viajava lado a lado no banco de trás. Assim, sem nenhuma despedida ou palavra de gratidão. Bom, talvez fosse melhor que o tenha feito. A tentação em matá-la ou vice versa era muito grande.

E apesar de não terem ficado para observar o final da luta, tinham absoluta convicção de que, dessa vez, Gabriel não conseguiria simular sua morte. O Diabo garantiria isso.

– Gabriel mandou você guardar isto como a própria vida? – perguntou Sam incrédulo ao se referir ao DVD do filme que assistiam no laptop em cima do capô do Impala. Haviam resolvido parar.

– Vai ver que ele é fã. – disse Dean – Este é dos bons.

– E eu que pensei que veríamos a revelação do século – disse Vic balançando a cabeça para os lados – Até o último instante ele continuou sendo um cretino, pervertido e filho da mãe – suspirou e mordeu os lábios – Mas por incrível que pareça... acho que vou sentir falta dele – os dois a olharam com descrença – É, vou mesmo. Pelo menos ele tinha... senso de humor. Distorcido, mas tinha.

– Eu trouxe a kielbasa que pediu. – a voz de Gabriel vindo do DVD lhes interrompeu a conversa e chamou-lhes a atenção.

O arcanjo aparecia no filme entrando no quarto da loira. Seu rosto tinha um espesso bigode e ele trajava uma roupa ridícula de garçom. Trazia uma bandeja com alguma comida e vidros de sal e pimenta.

– Hum... Polonês? – perguntou a loira ainda na cama

– Húngaro. – disse ele numa voz sensual

E jogou bruscamente a bandeja indo de encontro a loira. Os caçadores abriram a boca ao ver a esfregação do arcanjo com a mulher.

– O que está havendo? – perguntou Sam embasbacado

Súbito, Gab interrompeu seu interlúdio, virou-se para a câmera e falou:

– Sam, Dean... e minha grande fã Victoria Collins... um beijo para você – estalou os lábios num beijo. Vic piscou os olhos várias vezes. Sam e Dean apenas arquearam as sobrancelhas – Vocês devem estar se perguntando o que está havendo. – retira o falso bigode – Se estiverem vendo isto, eu morri. Por favor, não chorem, é constrangedor para todos nós. Sim, Victoria, sei que você vai sentir minha falta... não negue essa paixão que você sempre teve por mim

Collins estreitou os olhos e abriu a boca sem saber o que dizer. A loira do vídeo deitou novamente na cama à espera.

– Sem mim, de volta à estaca zero para matar Lúcifer. Desculpa. Mas vocês podem pegá-lo. – os três ficaram mais atentos. O arcanjo se sentou – A jaula de onde Lúcifer saiu ainda está lá embaixo. E, quem sabe, vocês podem trancá-lo de volta. Não será fácil. Vocês têm que abrir a jaula, atrair meu irmão de volta e... ah, é, evitar Miguel e o esquadrão de Deus. Detalhes, não é? Eis o grande segredo. Nem Lúcifer sabe. Mas a chave da jaula está por aí. – ele fez um movimento giratório com o indicador – Aliás, “chaves” no plural. Quatro chaves. Quatro anéis dos cavaleiros. Se pegarem todos, vocês abrem a jaula. Não vou dizer que aposto em vocês, caras, mas, ei, eu já perdi antes.

Os três trocaram olhares

– E Dean, você estava certo. Eu tinha medo de enfrentar meu irmão. – a loira se aproximou e começou a mordiscá-lo na orelha e no pescoço – Mas não tenho mais. Ah, uma última coisa... Victoria... você é o apoio desses dois idiotas, muito mais do que imagina – Collins se surpreendeu com o tom sério com que Gabriel pronunciou tal frase. Era a primeira coisa sensata que parecia lhe dizer diretamente – E se isso que conto não der certo... talvez a esperança esteja com você. – mais uma vez, os três se encararam inquietos, sobretudo Victoria. Gabriel se levantou enquanto a moça o acariciava pelas costas – Então, este sou eu, me levantando... e este sou eu, me deitando.

Virou-se e jogou-se na cama com a garota diante dos olhos estupefatos dos três caçadores.

– Eca! Pelo amor de Deus! Desliguem isso aí – disse a Vic virando de costas com expressão de repugnância.

Sam fechou o laptop. Ele e Dean com quase a mesma expressão.

– Cavaleiros, é? – Dean enfatizou o tema. Vic se voltou para eles. – Nós pegamos o Guerra. Já passamos pelo Fome. Faltam dois para a coleção de quatro. Agora só precisamos do Peste e Morte.

– É só isso? – retrucou Sam sarcástico.

– Claro, é só colocar um anúncio para nos encontrarem – Vic fez eco ao sarcasmo

– É um plano – tornou Dean fitando um e outro – Como vamos fazer, é outra história.

Vic e Sam assentiram. Os três não disseram mais nada e entraram no carro. Embora não trocassem ideias a respeito, algo que Gabriel mencionou ficou martelando em suas cabeças, sobretudo na de Victoria.

O que ele quis dizer com “talvez a esperança estar com ela”?

– 0 –

No meio de um deserto de areia sem a presença de viva alma ou demônio, encontrava-se Lúcifer. Diante dele, apenas um improvisado altar com um cálice dourado contendo sangue. Do receptáculo de Gabriel. Ostentava ainda pesar por tê-lo matado, mas logo tratou de desvanecer tal sentimento. Não havia tempo a perder.

Com o cálice levantado, pronunciou algumas palavras para realizar um feitiço. Dentro de instantes, surgiu uma grande chama que circundava o recipiente e dela ouvia-se uma voz potente como um furacão de máximo poderio:

– Quem ousa me chamar?

– Sou eu, Miguel. – retrucou o Diabo

– Lúcifer? Só podia. – replicou com desprezo – O que quer?

–Apenas informa-lo de duas coisas. Ou melhor, três. Como uma oferta de paz.

– Por que isso? – o tom de Miguel era de desconfiança – Certamente, você quer algo em troca.

– Hum... meu amado irmão. Você realmente me conhece. Sim, eu quero, mas é algo que o beneficia também.

– Me diga primeiro o que me traz de informação... e talvez eu esteja disposto a ouvir sua proposta.

– A primeira... é que houve uma conspiração de deuses pagãos. Eles planejavam nos destruir e acabar com o Apocalipse.

– O quê? – a voz de Miguel trovejou alastrando a chama para mais de um metro de alcance – Como eles se atreveram? Esses malditos pagãos!

– Não se preocupe, irmão. Já dei conta de todos eles. – Ou quase, pensou ao se recordar de Kali, mas isto Miguel não precisava saber, em sua opinião. – Sabe como são esses pagãos, no fim, apunhalam uns aos outros pelas costas. Eu só soube porque um deles... acho que, Mercurio, Marte... não me lembro o nome, tentou barganhar comigo – deu de ombros. Para ele, deuses romanos eram todos iguais, não importavam seus nomes – Mas levou o mesmo fim.

– E a segunda informação?

– Dean e Sam estavam lá... Os pagãos pretendiam usá-los como moedas de troca... E usar Victoria Collins também... Infelizmente, não pude destruí-la como pretendia.

– Não me surpreende nem um pouco. Você, com sua arrogância, achou que poderia com ela.

– Você não tem muita base para falar. Ou já se esqueceu que também a deixou escapar da última vez? – Lúcifer não escondeu seu desagrado com o comentário do irmão.

– Estava mais interessado em consegui um bom receptáculo do que me preocupar com essa mulher. Ela não me interessa mais... Aliás, nem Dean Winchester agora que estou no irmão dele. Adam serve para nosso embate final.

– Se você diz... Mas não se esqueça de que ela ainda pode obstruir meu acesso a Sam Winchester.

– Isso não é problema meu.

– Claro que não é, nunca é seu problema como não o era quando o Pai te pediu que me jogasse no abismo – retrucou com sarcasmo amargo – Só não vai dizer que é pirraça minha, caso eu faltar ao nosso encontro.

Depois de alguns instantes, Miguel redarguiu:

– Está bem, irmão. Vou ajuda-lo a tirar Victoria Collins da equação. É esse o favor que quer me pedir?

– Não. Isso não. Sabemos que se Victoria saiu viva daquele acidente é porque Isabel está em sua retaguarda. Não será inteligente destruir a mulher se nossa Irmã for sempre interferir.

– Ela não pode com nós dois.

– Não, mas temos que admitir que pode ser muito esperta. Ela pode precipitar os acontecimentos e fazer com que seu plano de ação se concretize.

– Não, não creio que ela fará isso.

– Como pode ter tanta certeza?

– Porque ela acredita nesse absurdo de livre-arbítrio para os seres humanos e a ideia dela só tem razão de ser se aqueles três desencadearam tudo sem interferências e sem pressão externa de ninguém. Se não fosse assim, ela já teria impossibilitado o Apocalipse há muito tempo.

– Pode até ser... mas acho melhor nos prevenir. E é aí que você entra, irmão.

– Como?

– Quero que dê um jeito para que se as coisas não saírem como planejamos, você garanta que elas não fiquem de todo perdidas. Arrume um jeito de ser possível voltarmos pra retomar o Apocalipse caso ele não se concretize agora como queremos.

– Ora, irmão, está com medo? E de Isabel? Quem diria! – zombou Miguel

– Não acho que você esteja tão seguro como aparenta – tornou Lúcifer imperturbável – E sim, eu não a subestimo. Não tenho vergonha de admitir isso para você, só para você. Afinal, não creio que vá sair por aí divulgando algo que só diz respeito entre nós dois.

Com essa, Miguel se calou.

– Está bem – disse – Vou pensar em algo e pedirei ajuda a Rafael.

– Não me diga que pretende revelar a verdade a ele.

– Ele não fará perguntas. Seguirá minhas instruções cegamente.

– Excelente.

– E sobre Victoria Collins...?

– Como eu disse, é melhor deixarmos pra lá. Tomemos apenas essa precaução... mas se como você diz Isabel não pode interferir, acho que essa caçadora não fará muita diferença na escolha de Sam por mais forte que seja a ligação entre eles.

– Não conte muito com isso. Dean recuou pelo irmão... e por ela.

– Sim. Mas eu vi no olhar dele, Miguel, quando eu os encontrei há pouco. Ele estava disposto a morrer por ela. Seja o que for que pretendam para nos impedir, ele acabará dizendo Sim para mim. E acho que até sei como.

– É mesmo?

– Sim. E essa é a terceira e última informação que tenho para você. Encontrei Gabriel por lá no meio daqueles deuses... e o matei.

– Gabriel? – o tom foi de surpresa – Depois de todo esse tempo... e você o matou.

– Não tive escolha. E não pense que ele estava disposto a morrer por você. Pelo contrário, disse que também o mataria se estivesse ali.

– Isso significa que ele estava com Isabel.

– Não. Ele estava pura e simplesmente... ao lado desses macacos. – riu – Disse que são melhores que nós.

– Imagino que ele ajudou os Winchesters e a Collins a escaparem de você – Lúcifer assentiu – Sei aonde quer chegar... ele deve ter falado sobre os anéis dos cavaleiros para eles.

– Certamente e como última medida, caso não conseguisse me derrotar. Ele pensava que não sei... Tolo. Como se um preso não fosse descobrir as chaves que o prendem na cela. – balançou a cabeça – E quase posso imaginar o que Sam Winchester pensará a respeito... como vai me atrair até meu calabouço. E é nisso que o amor que sente por aquela mulher o conduzirá. Enquanto acreditar que posso destruí-la, fará tudo para protege-la.

– Entendo. – o outro afirmou num tom meditativo. - Mas é pena que nosso Irmão tenha terminado assim. Queria tê-lo visto depois de todos esses séculos em que desapareceu. Mas no fim, se você não o matasse, eu o faria. Você tem certeza mesmo que ele está morto? Sei dos truques dele.

– Que ele aprendeu comigo. Sim, eu tenho. É do sangue dele que fiz esse feitiço de invocação. Ele foi depenado, eu mesmo constatei.

– 0 –

Em um lugar bem distante dali, do outro lado do mundo, no alto de uma montanha, encontrava-se Isabel. Contemplava a bela paisagem de diversas montanhas e montes, todos cobertos de neve. Meditava silenciosamente sobre seus planos até escutar uma voz atrás de si:

– Então é aqui onde você gosta de se isolar, Isa?

A arcanjo se voltou para o dono daquela voz que lhe encarava com expressão zombeteira:

– Olá, Gabriel. Fico feliz em ver que está bem.

– E como estou! Mais vivo e gostoso do que nunca! – abriu os braços e rodopiou sobre si mesmo. Em seguida, assumiu expressão comovida – Realmente... tenho que lhe agradecer. Foi um belo plano o seu.

– Eu não posso matar meu irmão.

– Não pode ou não quer? – Gabriel não deu resposta. Dean assentiu com entendimento – Foi o que eu pensei.

O Winchester saiu do veículo deixando o arcanjo mordendo os lábios de dúvida e frustração. Mesmo que quisesse acabar com Lúcifer, o que poderia ele fazer?

E de repente, Gabriel soube.

“É claro. O medalhão.”, pensou ele.

Sim. Isabel. Era a única que poderia lhe ajudar a combater Lúcifer. Claro, o único porém é que talvez iria dever o favor a ela. Suspirou. Se não havia outra alternativa... Mas era melhor dever algo a ela do que dever algo a Miguel.

Tirou o medalhão do bolso interno da camisa – ainda bem que o levava consigo, embora nunca pensasse que fosse utilizá-lo – colocou-o entre as mãos e com um pensamento forte invocou a Isabel.

Quando deu por si, estava numa sala espaçosa de uma mansão – a qual não soube precisar onde se localizava exatamente – e diante de si viu Isabel encostada numa lareira.

– Olá, Gab – disse ela com expressão serena. – Sabia que mais dia ou menos dia, você acabaria por me chamar.

– Então é aqui que você se esconde. – respondeu ele olhando ao redor – Onde fica esse lugar?

– Não se preocupe com isso. Você veio aqui para me pedir ajuda. Imagino que está em maus lençóis ou com Lúcifer ou com Miguel.

– Com Lúcifer. Resolvi enfrentá-lo, mas sei que não sou forte o bastante... não como você – bufou. Detestava admitir sua fraqueza e ter que pedir ajuda, mas não tinha escolha – Então... se não estiver ocupada pode me dar uma mãozinha?

– Não posso enfrentá-lo junto com você... se é o que quer.

– Como não? Você é quase tão forte quanto ele e se unirmos forças... ele já era.

– Sabe que não gosto de interferir... a não ser que seja absolutamente necessário.

– E não acha que é necessário? Alô, maninha... estamos falando do Apocalipse.

– Não vou interferir, Gabriel. Não com aqueles dois. Prometi isso ao Pai. Deixarei que as coisas caiam sobre seu próprio peso.

– Ah, é? Então pra que você me deu isto? – ergueu o medalhão – Foi só para enfeitar meu pescoço?

– Se você tiver que matar mesmo Lúcifer, vai acontecer naturalmente... mas sem que eu interfira. Apenas vou garantir que você não seja morto, caso falhe.

– Certo – suspirou derrotado – Mas como?

Isabel não respondeu de imediato. Apenas elevou o tom de voz:

– Anna, traga um dos prisioneiros.

Menos de dez segundos depois, Anna e mais três anjos surgiram no meio da sala entre Isabel e Gabriel. Traziam um anjo de feições loiras com as mãos algemadas. A expressão dele era de fúria e revolta

– Serve esse? – indagou Anna. Gabriel a observou com certa curiosidade. Já havia escutado a respeito daquela anjo.

– Sim. – falou Isabel e se aproximou do prisioneiro. Ele a olhou como se quisesse matá-la se pudesse

– Quem é esse? – indagou Gabriel confuso

– Um dos partidários de Miguel. Conseguiu descobrir esse esconderijo, mas não teve tempo nem de pensar em me delatar. Há outros como ele aqui.

– E... você os mantêm presos? – inquiriu, embora seu tom sugerisse outra intenção

– Quer saber se eu os torturo? – virou-se para Gab com um imperceptível sorriso – Não. São mantidos em quartos e bem servidos, mas se recusam a qualquer tipo de conforto ou comunicação.

– Oh. – Gab arqueou as sobrancelhas – Por que você simplesmente não os mata?

– Não faz meu estilo, você sabe.

– E como esse cara vai me servir de ajuda?

– Ele vai lutar no seu lugar contra Lúcifer. Nós vamos disfarçá-lo com sua aparência.

Com essa, Gabriel não pode deixar de gargalhar. Anna e os demais o fitaram com reprovação. Apenas Isabel permaneceu imperturbável.

– Des... desculpe, mana. – ele falou por entre as risadas – Não quero parecer grosseiro ou mal-agradecido... mas Lúcifer não vai cair nessa. Nem eu cairia.

– É aí que se engana, irmão. Também tenho truques que você e Lúcifer desconhecem. Esse é um poderoso que criei. Só vou precisar de uma gota do sangue de seu receptáculo, injetar no recipiente dele e ele ficará igual a você... Nem mesmo Lúcifer conseguirá notar a diferença.

– Foi assim que conseguiram entrar no Céu e me resgatar – esclareceu Anna – Eu estava presa lá. E aí Isabel mandou alguns anjos disfarçados de soldados que ela capturou.

– Uau. Se você diz... – Gabriel ficou sério – Mas como vamos fazer com que ele se passe por mim e lute contra Lúcifer? Não parece que ele deseja colaborar.

– Pode apostar que não – retrucou o anjo com desafio. E fitou Isabel - Jamais a ajudarei em qualquer trama que vá contra Miguel, sua aberração! – vociferou – Você e Lúcifer são farinha do mesmo saco!

– Cale-se, atrevido! – Anna o esbofeteou

– Anna, não – Isabel a repreendeu sem erguer a voz. Apenas com um olhar. Tornou a se dirigir a Gabriel. - Controle da mente, irmão. E você mesmo poderá fazer. O seu sangue também serve para isso... mas deve ser você. Assim você poderá ver e ouvir através dele toda a conversa e briga que tiver com Miguel... daqui mesmo. E manejá-lo como se você mesmo estivesse lá.

– Como nos videogames de última geração?

– Bem, não entendo isso... mas deve ser. E poderá canalizar sua força através dele pra tentar lutar de igual com nosso irmão sem o risco de você ser morto. E o processo não reverterá se ele quem for morto. Assim Lúcifer não descobrirá a farsa.

Gabriel não disse nada a princípio. Apenas abriu a boca impressionado.

– O que me diz, irmão? – indagou Isabel

– Eu digo que você é um doce, Isabel. Mas também pode ser um doce muito duro de saborear pra quem fica contra você. – Observou o prisioneiro se debater para se libertar, mas sem sucesso. Assoviou – Mas é também mais genial do que Miguel, Lúcifer e até eu juntos. Sim, eu aceito sua ajuda.

– Ótimo.

– E... qual vai ser o seu preço? – perguntou ele torcendo a boca.

– Não vou lhe cobrar este favor, Gab. Deixarei você em paz e nossos irmãos também já que acreditarão na sua morte.

O arcanjo ficou pensativo. E se fosse algum truque? Não. Conhecia Isabel. Ela jamais prometia algo que não cumpriria.

– E então?

– Bem... eu só preciso preparar uma coisinha antes. Acho que dá tempo antes daqueles loucos invocarem nosso Irmão. – abriu um largo sorriso e fez uma reverência teatral – Enquanto isso, adquiram seus ingressos, comprem pipoca e aguardem o espetáculo!

– Não foi nada – retrucou Isabel

– Eu me senti mesmo como se estivesse lá monitorando todos aqueles movimentos como num videogame virtual. Até senti o golpe da lâmina quando Lúcifer o acertou – suspirou – Pena que não deu para matar nosso Irmão. Eu devia saber que meus truques com ele não funcionariam.

– Pelo menos você está vivo.

– Só que eu preferia que você tivesse lutado comigo lado a lado para enfrenta-lo.

– Gab, já disse...

– Sei, sei, sei... – ele revirou os olhos – Você é adepta do livre-arbítrio e da não-interferência. Mas pelo menos podia ter ficado e assistido... como um apoio ao seu irmãozinho favorito.

– Não queria que se sentisse pressionado ou em dívida comigo. Não me deve nada, Irmão. Está livre para partir e se esconder.

– Eu sei... mas você sabe, por mais que eu não goste de levar a vida muito a sério, também sei agir como adulto. E não gosto de dever favores. – suspirou – Está bem, Isa. Eu vou ajudar você.

– Gab, não precisa...

– Deixe-me terminar... – ele a interrompeu – Tenho fugido esse tempo todo porque nunca quis tomar partido. Tentei impedir o Apocalipse levando Dean Winchester para o inferno antes do tempo, mas você me convenceu que só chamaria a atenção de Miguel sobre mim. Depois que a coisa estourou e Lúcifer saiu da gaiola, quis precipitar a decisão daqueles Idiochesters e obrigá-los a assumir seus papéis pra acabar com isso de uma vez. Mas na verdade, Dean me fez ver que o que eu realmente temia era enfrentar meus irmãos. Pra você ver que louco... alguém da minha estirpe aceitando conselhos de alguém como Dean Winchester. Você tinha razão... a que nível cheguei!

– Então... você simplesmente chegou a conclusão de que se escondeu por temer a eles?

– E por temer você também, Isabel. Acredite, irmã, é como eu disse... Você é um doce, mas pode também ser um doce duro de saborear. Não que eu me importe... mas sacrificou aquele sujeito no meu lugar. E isso pra alguém que diz que matar não faz seu estilo.

– Antes ele do que você. Não é óbvio?

Gabriel assentiu comovido.

– E depois, Gab... Você sabe que realmente os anjos não são destruídos como se pensa.

– É sua teoria.

– Não, eu mesma tive a prova. E posso lhe mostrar... se quiser.

O arcanjo deu de ombros

– Bem, então é isso. Eu estou dentro. Não só por uma questão de dívida, mas porque cheguei a conclusão de que seu plano é melhor do que o deles. Pelo menos, beneficia os humanos.

– Mas...? – incentivou Isabel.

– Não concordo totalmente com as condições.

– Bem, que tal você e eu as discutirmos enquanto tomamos uma xícara de chá lá no esconderijo? Talvez me convença a mudar alguns termos.

– Ora, por favor, você me acha com cara de madame pra tomar chá? Não, tem que ser tequila e das melhores.

– Certo, Gab. Tequila... e tudo o mais que você queira...

– Só uma coisa, irmã... Você acha mesmo que aqueles três vão conseguir? E se Sam não der conta e dizer Sim ao Diabo?

– Sei que de um jeito ou de outro, ele vai ser forte. Assim como Vic e Dean.

– Você tem muita fé neles. E isso mesmo depois de tantas falhas e fracassos em todas as vezes.

– Sabe como sou teimosa e paciente.

– É, você é mais parecida com o Pai do que Miguel e Lúcifer. Por isso eles sempre te invejaram.

Isabel sorriu.

– Obrigada, irmão. Agora... vamos?

E sumiram.

 


Notas Finais


Pois é, não matei Gabriel e nem vou. Gente, ele é um máximo, não tem como! Um dos melhores personagens da série (senão o melhor, fora os Winchesters).

Bem, sei que estão cheias de interrogações na cabeça, mas serão respondidas no devido tempo.

E quero fazer algumas considerações baseadas num comentário que respondi para uma leitora no capítulo anterior. Considerações até para lhes darem mais ânimo e segurança em seguir a história. Aí vão elas:

1) Para quem acha que a Victoria parece mais apaixonada por Sam do que por Dean. Bom, é natural já que ela desenvolveu um relacionamento amoroso com ele, pois até então ela se sentia atraída pelos dois desde o começo da mesma forma. Mas aí acabou se envolvendo com o Sam e os sentimentos se aprofundaram. Porém, mais adiante (como já salientei) ela vai se envolver com o Dean sim (tenham paciência deangirls) e aí o sentimento dela por ele crescerá ma mesma medida que os sentimentos por Sam. E vai chegar um momento em que ela vai se afastar deles por não saber com quem ficar e por medo que isso cause um transtorno na relação entre irmãos. (sim, spoiler, mas é bom adiantar o tema).

2) Também já falei isso aqui, mas quero reafirmar. Eu planejei uma história longa, porém, não pretendia dividi-la em mais duas fics. Mas posso garantir que a trama em si acaba de passar da metade dos capítulos, então a próxima fic terá menos da metade dos capítulos desta e a última menos ainda. E as próximas, principalmente a terceira, vão se focar menos nos episódios da série e mais nas questões principais: "o que Victoria realmente representa de tão importante a ponto de ser temida pelos dois maiores arcanjos?" e "por que ela, Dean e Sam têm uma ligação tão forte?"
Sei que vcs estão ansiosos pra chegar nessa trama principal (e acredite, eu também), mas tudo a seu tempo. Não é a propósito que estou me alongando, realmente essa trama do Apocalipse é essencial, principalmente Lúcifer e Miguel que retornarão à história mesmo com "sua derrota" como acontece na série. (outro spoiler aí, gente, mas por este capítulo na conversa entre esses dois, já meio que deu pra notar minha intenção)


Enfim, quis colocar essas questões porque talvez pensem que a fic não cumprirá o que se propõe, mas irá, podem ficar tranquilos. OK?

Até o próximo capítulo, sejam bonzinhos e me mandem reviews.


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