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História Almas Trigêmeas - É Difícil Dizer Adeus - (parte 1)


Escrita por: jord73

Notas do Autor


Bem, eis o penúltimo capítulo da fic (mas não da história). Contém spoilers do episódio 22 "Canção do Cisne"

Temos mais hentai entre Vic e Sam, e este está bem detalhado mesmo, como todos os outros. Se ficam com os cabelos em pé, então pulem essa parte.

O link nas notas de baixo e a letra são da música "Epitáfio", dos Titãs.

Espero que gostem!

Capítulo 57 - É Difícil Dizer Adeus - (parte 1)


Fanfic / Fanfiction Almas Trigêmeas - É Difícil Dizer Adeus - (parte 1)

Anteriormente:

– Este é o carro que você quer – afirmou Dean para o jovem John Winchester

- Ah, é? – o outro lhe perguntou incrédulo – Você entende de carros?

- É... É. Meu pai me ensinou tudo o que eu sei. – olhou John de modo significativo, mas este não entendeu. Dean indicou com a cabeça o Impala Chevy 67 de cor preta – Este aqui... Este é um grande carro. – ergueu o capô e mostrou o motor. John se aproximou para conferir – Trezentos e vinte e sete, quatro cilindros. Duzentos e setenta e cinco cavalos de força. Pode crer, este carro é demais.

 (...)

– Sabe... Por que não dizer “sim” aqui mesmo? - disse o Arcanjo ao parar de cavar outra vez e encarando apenas Sam – E acabar com essa discussão cansativa?

– Isso é loucura, não? - esbravejou Sam – Nunca vai acontecer!

Collins se levantou e também queria protestar, porém, sentia-se intimidada pelo Arcanjo, mesmo que ele estivesse a ignorando de propósito. Era como se quisesse demonstrar que ela não era importante.

– Não sei não, Sam – tornou Lúcifer ao prosseguir com sua tarefa – Acho que vai sim. Acho que vai acontecer logo... nos próximos seis meses. E acho que vai acontecer em Detroit.

(...)

– Vic, não posso te devolver seu carro. Nem mesmo com todo o dinheiro do mundo eu poderia te dar um igual. Sei que ele era único – declarou Dean no primeiro dia em que iam viajar para aquela caçada – Mas posso ao menos te oferecer o melhor do meu. Você pode considerar que é seu também

– Olha, que eu acredito – brincou ela.

– Falo sério mesmo. Eu... te deixo até dirigir de vez em quando.

– Sério mesmo? – ela se animou.

– É, mas sem abuso.

Ela riu.

– Claro, Dean, sem abuso.

– E pra te mostrar que é sério, olha lá – ele apontou para o painel do carro. Vic estreitou os olhos para poder enxergar o que Dean apontava – Está vendo?

– Não, eu... – começou a falar, mas depois conseguiu distinguir o que ele mostrava – É o meu santinho!

– É. Eu... vejo que você sempre anda com ele na mão e pedi ao Sam pra me entregar. Coloquei no carro. Uma forma de você se lembrar do seu.

 

 (...)

– Vamos supor que possamos abrir a jaula. E depois? Levamos o diabo até a beira e o fazemos pular dentro?

– Você me pegou.

– E se vocês o levarem até a beira, e eu pular?

– Sam... – houve uma ligeira pausa e tremor na voz de Singer

– Como quando virou a faca para si. Uma ação, um salto.

(...)

- Você tem que fazer o necessário para colocar Lúcifer na cela dele.

- Claro.

- O que for necessário – enfatizou.

- É o plano.

- Não. Ainda não há plano. Seu irmão. Ele pode deter Lúcifer. É o único que pode.

- Acha...

- Eu sei.  E não há nada que sua amiga possa fazer a respeito.

- Amiga? – ele pareceu confuso

- Victoria Collins. Ela não pode impedir a batalha do Apocalipse. – ele parecia saber de tudo, até sobre Victoria – É perda de tempo tentar buscar respostas que não podem ser dadas.

- O que quer dizer?

- Apenas a convença que ela não pode impedir Sam.  E também preciso de sua promessa. Você vai deixar seu irmão pular dentro do buraco infernal. – Dean engoliu em seco. Morte lhe estendeu o anel – Tenho a sua palavra?

- Sim. Tem. – estendeu a mão

 (...)

- Por mais que me agrade escutar isso de você, percebi que não tenho esse direito. É uma decisão sua, que não posso querer interferir. – sua voz tremia ao pronunciar cada palavra

- Vic, se é por causa do que o Dean contou sobre o que o Morte disse, eu...

- Não, foram as palavras de Castiel... e ele está certo. Bilhões de vida vão perecer. Não posso com meu egoísmo impedir a salvação do mundo... mesmo que...  – ela abaixou o rosto para não ter que encará-lo –... mesmo que seja a custo da nossa felicidade. Se está bem para você se sacrificar, Sam... então quem sou eu para ser um obstáculo?

 

É Difícil Dizer Adeus (1ª parte)

“No dia 21 de abril de 1967... o centésimo milionésimo automóvel da GM foi fabricado em Janesville. Um Caprice Azul de duas portas. Houve uma grande cerimônia, discursos. Até o governador apareceu. Três dias depois, outro carro foi fabricado. Ninguém deu a mínima para ele.”

- Mas deveriam – sussurrou Chuck para si mesmo enquanto digitava as palavras que lhe assomavam a mente como uma inspiração de alguma profecia.

“Porque este Chevrolet Impala 1967... se transformaria no carro mais importante...”

- Não, no objeto mais importante em todo o universo – corrigiu-se o profeta

“Seu primeiro dono foi Sal Moriarty... um alcoólico com duas ex-mulheres e três artérias entupidas. Nos finais de semana, ele dirigia dando Bíblias aos pobres. ‘Consertando as pessoas para o dia do juízo final’, dizia. Sam e Dean não sabem nada disso, mas se soubessem, aposto que sorririam. Depois que Sal morreu, o carro acabou na Rainbow Motors... uma revendedora de carros usados em Lawrence, onde um jovem fuzileiro o comprou por impulso. Claro, depois de um conselho de amigo. “

Sua mente vagou por aquela primeira viagem do tempo em que Dean conversou com uma versão mais jovem do próprio pai nessa revendedora.

“Acho que é aí onde a história começa.”

- E eis onde termina.

- 0 –

Sam estava sentado sobre o capô do Impala do irmão. Victoria havia saído e alegou que precisava mandar uma correspondência para Matt, algo para encaminhar alguma transação na empresa.

Eles finalmente haviam se acertado. Por um lado, Sam estava satisfeito por tê-la convencido de seu plano; por outro, seu coração sangrava por ter que deixá-la. E só de Vic se ausentar por alguns minutos tornava a separação deles mais angustiante. Não queria perder um segundo que fosse longe dela.

Agora só faltava a aprovação de Dean. Tentava pensar num modo de convencê-lo; Vic garantiu que o ajudaria.

Sorvia uma garrafa de cerveja enquanto esperava por Vic e pensava em argumentos para demover a teimosia do irmão. Como se houvesse o atraído por pensamento, avistou Dean se aproximando.

- Oi – disse Sam

O Winchester não respondeu. Limitou-se a se abaixar e apanhar uma garrafa da caixa de cervejas no chão ao lado do carro.

- Dean? – Sam notou sua expressão aborrecida – O que é que está rolando?

- Estou dentro. – respondeu

- Dentro...

- No lance do Satanás. Estou a bordo.

- Vai me deixar dizer sim?

- Não, esse é o lance. Não cabe a mim deixar você fazer as coisas. Você é crescido... Bem crescido. Se é isso que quer, cobrirei você.

- Essa é a última coisa que esperava ouvir de você.

- Talvez seja. Mas não vou mentir para você. Isso vai contra cada filamento meu. A verdade é que... vigiar você... meio que tem sido meu trabalho, sabe? Mas mais do que isso... é meio quem eu sou. Você não é mais criança, Sam. Não posso continuar tratando você feito uma. Talvez eu precise crescer também. – abaixou o rosto pesaroso – Não sei se temos alguma chance, mas... mas sei que, se alguém pode fazer isso, é você.

- Obrigado.

- Se isso é o que você quer... – virou-se para Sam – É realmente o que você quer?

- Eu o deixei escapar. – suspirou – Tenho de prendê-lo de novo.

- E a Vic? – olhou para os lados – Como você vai lidar com ela? Tentei procura-la antes pra... contar minha decisão. Não quero que me acuse também de ser um traidor que a apunhala pelas costas. Onde ela está? Não a encontrei.

- Ela saiu. Mas não se preocupe... nós conversamos. Ela também aceitou minha decisão – abaixou o rosto – Está bancando a forte e quer fazer com que nossos últimos momentos sejam os melhores possíveis, mas sei que está arrasada. Ainda assim ela entende como me sinto... o porquê de eu querer fazer tudo isso.

Dean assentiu e desviou o rosto.

- Então... é isso.

Não falaram mais nada e permaneceram um bom tempo ali terminando de beber suas cervejas.

- 0 –

“O Impala 67 preto que passou nas mãos de Dean e Sam é o objeto mais importante do universo, embora ninguém saiba o quanto. Mas é bom contar que uma semana depois que ele saiu da fábrica, outro carro, também um Chevrolet Impala 67 branco, saiu da mesma fábrica. Este não é tão importante quanto o carro de Dean e Sam, mas teve um papel fundamental. Sua primeira dona foi uma jovem feminista que liderava ativamente movimentos sobre a libertação da mulher e viajava com o carro para todos os cantos do país. Acabou seus dias casada com um grande machão, enviuvou e depois se casou com o irmão dele. Mas antes, dois anos depois de comprá-lo vendeu seu carro para a mesma Rainbow Motors, em Lawrence. E pouco depois, exatamente quatro anos antes que o Impala 67 preto fosse adquirido pelo fuzileiro naval, o Impala branco foi comprado por um tal Jack Collins, um tipo errante que circulava por vários lugares do país e um aficionado por carros. Ele passava pela cidade e entrou apenas por curiosidade na revendedora. Quando viu aquele Chevy branco, foi amor à primeira vista. Depois, o veículo passou para sua filha adotiva, Victoria Collins.”

— Isso está ficando interessante – sussurrava Chuck

“Infelizmente, os dias de rodagem do Impala acabaram num ‘acidente’ no meio da estrada. Não sobrou nada. Nada, a não ser uma minúscula imagem de plástico de São Cristóvão, protetor dos motoristas que sua última dona costumava deixar no painel. Mas mesmo destruído, o Impala branco havia cumprido sua função ao cruzar seu destino com o Impala preto.”

— E sua dona cruzou seu destino com os donos do Impala preto.

- 0 –

- Saiba que não gosto de nada disso – tornou Castiel – Acho que não deveríamos...

-... fazer isso sem consultar Dean e Sam antes – completou Victoria revirando os olhos – Eu sei, você já falou isso umas cem vezes.

- Não, com essa foi a terceira vez.

- Ai, Castiel, às vezes dá vontade de te adotar – suspirou Vic e apertou as bochechas do anjo para a surpresa deste – Olha, é como já te expliquei, preciso perguntar isso a sua amiga Anna, ver se realmente não há nada que eu possa fazer. Não posso ficar de braços cruzados vendo Sam... – ela embargou a voz -... vendo Sam se jogar assim pra Lúcifer, sacrificando-se por nós.

Castiel sentiu ímpetos de contar que não seria assim por muito tempo, porém, calou-se. Não queria se delatar que sabia bem mais do que estava falando. Limitou-se a perguntar:

- E se ela confirmar o mesmo o que eu te disse? Que as palavras de Gabriel foram apenas um logro?

- Então... vou me conformar. Aceitarei a decisão de Sam de vez e... o apoiarei.

Castiel estreitou os olhos. Teve quase certeza de que Victoria não falava com total sinceridade, porém, não a questionou. Não havia nada que ela pudesse fazer.

- Bem, vamos logo antes que deem por sua falta. Não podem desconfiar de nada.

Chegaram ao mesmíssimo campo em que dantes Castiel conversou com Ana. Não contou para Victoria, é claro, que esteve ali, mas sugeriu como se fosse a primeira vez que contatassem a anja naquele lugar.

- Então...  sei que você não é mais anjo, mas como não tem cunho, Anna deve te ouvir e te achar.

- Assim como qualquer outro anjo. É meio arriscado algum deles vir ao invés de Anna.

- Não importa. Por favor, a chame.

Cass assentiu. Concentrou sua mente na figura de Anna, como se dirigisse uma oração.

- Anna. Anna.

Aguardaram uns instantes. Olharam ao redor. Nada.

- Chame ela de novo, Cass – pediu Vic – Talvez não tenha escutado.

- Escutei muito bem – a voz de Anna atrás de Vic a assustou, fazendo-a se virar para ela – Cass sempre teve uma voz audível. E continua no mesmo tom mesmo com a perda de seus poderes. Olá, Castiel – dirigiu-se ao outro que apenas acenou com a cabeça. Em seguida, voltou sua atenção para a caçadora e esboçou um sorriso amistoso ao ver sua expressão surpresa – Olá, Victoria. É um prazer conhecê-la.

- Então... você que é a famosa Anna... suponho – a anja assentiu – E foi você quem me trouxe de volta à vida... daquele atentado?

- Castiel não te disse? – indagou Anna com um imperceptível sorriso malicioso, embora soubesse a resposta. Cass a fitou temendo que ela revelasse que foi Isabel a verdadeira salvadora.

- Ele deu a entender que não tem muita certeza se foi você, mas parece a única interessada no meu bem-estar – Vic estreitou os olhos – Sei que deveria agradecê-la, mas...

- Não tem – cortou Anna suavemente, afinal, não pretendia levar crédito por algo que não fez, ainda que não pretendesse desmentir.

-... me questiono sobre suas verdadeiras intenções – concluiu Vic

- Acreditaria que me preocupo realmente com seu bem-estar?

Victoria a sondou. Anna parecia tranquila e sincera. Havia algo em seu olhar. Calor. Talvez até um pouco mais do que costumava detectar nos olhos de Castiel. Deu de ombros.

- Cass por algum motivo não confia totalmente em você – respondeu Vic – Mas Sam e Dean sim... Então são dois contra um... eu vou confiar na intuição de meus parceiros.

Collins sorriu em retribuição ao sorriso da outra que se alargou. Cass não retrucou, mas não parecia muito satisfeito com a resposta da caçadora.

- Em que posso lhe ser útil? – retomou Anna

- Não sei se você está ciente dos últimos acontecimentos, mas...

- Sam Winchester pretende dizer sim a Lúcifer para empurrá-lo na gaiola e o prender de novo. Sim, estou informada. Tenho minhas fontes.

- OK. – Vic pensou em questionar quais eram as fontes, mas resolveu ignorar – O que eu quero saber é o seguinte: represento algum tipo de ameaça a Miguel e a Lúcifer? – Anna permaneceu calada – Gabriel quem nos falou sobre os anéis e ele deu a entender que se esse plano não desse certo, eu seria algo como a última esperança. Isso significa que de alguma forma posso intervir nessa luta do Apocalipse?

Anna não respondeu de imediato. Castiel engoliu em seco, temendo mais uma vez que ela fosse revelar sobre Isabel.

- Não há a nada que você possa fazer. Sinto muito.

- Mas Gabriel... ?

- Conheço-o mais tempo do que Cass. E posso afirmar que ele antes mesmo de sumir, sempre foi do tipo brincalhão.

- Ele não parecia que estava brincando. – retrucou Collins – Além disso, estive de frente tanto com Lúcifer quanto com Miguel. Os dois tiveram uma reação estranha a mim... quase como se eu pudesse atrapalhar os planos deles. Prova disso é o atentado que sofri, tenho certeza que o Diabo o provocou.

- Você é muito importante para os Winchesters, mais do que imagina. Os dois fariam qualquer coisa por você. – Vic engoliu em seco. Ouvir aquilo fez seu coração bater. Não só por se tratar de Sam, mas também por causa de Dean – É algo que Lúcifer e Miguel não entendem, mas até eles reconhecem o quanto é poderosa a força... do laço que os une. Você dá uma espécie de fortaleza aos seus companheiros, até para eles desafiarem o que foi decidido sobre o destino deles. Isso certamente é o suficiente para aqueles arcanjos quererem você morta.

Anna não titubeava em suas afirmações. Foi o suficiente para convencer Victoria.

- Então... não há nada?

- Não, sinto muito. Sei como se sente. Eu já fui humana por um tempo... então sei mesmo como é doloroso se sentir impotente... por não poder salvar quem ama.

Collins assentiu, mas sua expressão não era tão aterradora como se deveria esperar. Tanto Cass quanto Anna o notaram.

- É, fiz o possível – ela deu de ombros – Só me resta mesmo apoiar Sam.

- Não faça nada tolo – disse Anna como se pudesse adivinhar os pensamentos de Collins.

- O que eu poderia fazer? – ela fez expressão desentendida.

Castiel e Anna nada disseram. Apenas se entreolharam.

- 0 –

- Cass não está no quarto dele – disse Dean com estranheza para Sam.

Decidiram junto com Bobby partir imediatamente para pôr em prática o plano de Sam. Apenas aguardavam por Victoria na sala do velho caçador. Dean foi chamar Castiel para se prepararem, mas não o encontrou.

- E para onde ele pode ter ido? – indagou Sam

- Não para muito longe, não sem os poderes dele.

- Esperem um pouco... – disse Bobby como se refletisse em algo – Vic também saiu.

- E daí? O que isso tem a ver...? – Dean se deteve ao acompanhar a mesma linha de raciocínio de Singer.

- Se lembra que ela começou a questionar Cass pra ver se podia de alguma forma se meter nessa luta entre aquelas dois arcanjos de merda?

- Droga! Era só o que me faltava! – praguejou Sam e levantou-se do sofá – Pra onde eles podem ter ido? Porque para o correio a Vic não foi.

- E como você foi acreditar nessa história de que ela foi para o correio? Pra quem ela mandaria alguma carta? – olhou tanto para o irmão quanto para o Bobby

- Er... o Matt, o contato dela – adiantou-se Bobby em explicar

- E o que ela poderia querer comunicar por uma carta se podia simplesmente dar um telefonema?

- Não importa isso. – interrompeu Sam e caminhou até a porta – Nós temos que saber pra onde ela e o Cass foram.

Antes que abrisse a porta, Castiel entrou. Sam o pegou pelos ombros.

- Cass, onde está a Vic?

- Eu... não sei – tentou despistar. Ele e Collins haviam combinado de não voltarem juntos para não despertar suspeitas.

- Uma ova que não sabe! – interveio Dean se aproximando – Vocês estavam juntos, não?

O anjo não respondeu, mas seu silêncio disse tudo.

- Droga, Cass, onde ela está? – tornou Sam exasperado e balançou o anjo

- Está a caminho, não se preocupe – admitiu

- E pra onde vocês foram?

- É melhor perguntarem para ela. Não tenho mais nada a dizer.

- Merda, Cass! – praguejou Dean

- Deixem-no, ele não vai dizer – interveio Bobby – Pelo jeito dele, Vic deve estar mesmo a caminho. Ela mesma vai nos dizer o que aprontou.

- Garanto que ela não aprontou nada. Não há o que fazer – foi tudo o que Castiel terminou por declarar.

Só assim, Dean e Sam ficaram mais tranquilos e deixaram Castiel sossegado. Porém, não ficaram menos aborrecidos com ele.

Poucos minutos depois, Victoria chegou. Surpreendeu-se um pouco por ver todos reunidos na sala e a fitarem exasperados.

- O que aconteceu? – perguntou

- Nós é quem perguntamos! O que aconteceu? – esbravejou Sam, aproximou-se e apontou Castiel – Onde você e Cass estavam?

Vic olhou feio para o anjo.

- Eu não disse nada – justificou-se ele – Só cheguei.

- E isso bastou – concluiu ela e revirou os olhos.

- Anda, Vic! Fale!

- Calma, Sam – advertiu Bobby

- Como posso ter calma se a Vic toma decisões nas minhas costas?

- E olha só quem me diz – ela estreitou os olhos.

- Então vamos voltar nisso? – ele engoliu em seco – Vai jogar de novo na minha cara? Achei que você tivesse aceitado minha decisão na nossa última conversa.

- E aceitei, tá legal? – ela se afastou e foi para o meio da sala, afastando os braços para os lados com exasperação – Só que eu precisava me certificar se não havia mesmo outro jeito.

- Como, por exemplo, se matar no meu lugar? – Sam sabia que devia se acalmar, mas não podia evitar a irritação

- Espera um pouco, Sam – Bobby colocou a mão sobre o ombro dele – Vamos ouvir o que a Vic tem a dizer.

- Certo – ele suspirou – Pode nos dizer primeiro aonde você e Cass foram?

- Aqui perto num campo de futebol. Contatamos a Anna, o outro anjo amigo de vocês.

- A Anna? – indagou Dean surpreso – E o que ela disse?

- Apenas me confirmou o que Cass me disse. Que não há nada que eu possa fazer. Que Gabriel apenas blefou e que o único motivo de Miguel e Lúcifer me quererem morta é só pelo simples fato de vocês dois... bem, de se importarem comigo... de sermos um time. Sou uma espécie de grande incentivo para vocês – suspirou. – É isso.

- É isso? Você diz como se estivesse desapontada – protestou Sam – Como se esperasse poder se sacrificar em meu lugar.

- Não exatamente. Se tivesse algo que eu pudesse fazer sem ter que morrer, eu faria. – cruzou os braços em postura de desafio – Mas quer saber, Sam? Se o único jeito fosse mesmo eu ter que morrer em seu lugar para salvar os outros bilhões de pessoas no mundo e ainda por cima poupar a sua vida, eu faria sem hesitar. Me desculpe se penso da mesma forma que você.

Sam abriu a boca pra retrucar mais alguma coisa, porém, desistiu. Sabia que Vic teimaria em seu argumento.

- Bem, então... tudo esclarecido – interveio Bobby para acalmar os ânimos – Podemos nos preparar e partir?

- Partir para onde? – inquiriu Vic

- Para executar o plano de Sam – afirmou Dean – Eu... eu também estou de acordo. Vamos atrás do Diabo... ir atrás de possíveis lugares de acordo com os sinais que temos. Combinamos de sair para procurá-lo ainda hoje assim que você chegasse.

- Já? – ela sentiu um aperto no coração. Esperava que se demorassem pelo menos por uma semana. Achou que teriam que convencer Dean ainda.

- Não temos como prolongar isso por mais tempo – Dean engoliu em seco. Podia adivinhar e entender o que ela pensava e sentia – Vamos fazer logo o que tem ser feito.

Collins não disse mais nada, apenas assentiu. Um bolo se formou em sua garganta, mas depois se lembrou do que pretendia. Sam e ela nunca se separariam.

- Não – disse Sam

- Não o quê? – perguntou Dean o fitando confuso.

- Vamos... amanhã.

- E por quê? – ao notar a intensidade dos olhares entre Sam e Vic, Dean entendeu – Ahm, certo.

- Vamos todos relaxar então hoje pra estarmos bem dispostos amanhã cedo. – anuiu Bobby com compreensão e fez sinal tanto para Cass e Dean o seguirem, deixando Sam e Victoria na sala.

Assim que se viu a sós com Victoria, Sam deu o primeiro passo para abraça-la. Ela se aconchegou em seus braços.

- Me desculpe, Vic. Eu...

- Não, eu entendo você. Me desculpe por não ter te falado, mas você me impediria. Eu precisava tentar algo, Sam, como último recurso. – afastou-se um pouco apenas para contemplá-lo nos olhos – Está sendo difícil para mim a cada segundo que passa. Não estou pronta pra te perder.

- Eu sei, meu amor. E nem eu, mas...

-... você tem que fazer – completou ela. – Eu sei.

E se beijaram com voracidade e urgência como se respirassem o último alento que lhes restava. Só quando estavam ofegantes é que separaram as bocas.

- Vamos para outro lugar? – sugeriu ele encostando a testa na dela.

- Para onde?

- Um lugar onde possamos ficar mais à vontade. Quero ter você nos meus braços.

Uma última vez, completou em pensamento. Não tinha coragem de verbalizar, mas Vic entendeu e assentiu.

- Vamos.

- 0 –

Foram a um motel a poucas quadras dali. Embora houvesse um quarto separado na casa de Bobby onde Vic dormia e onde havia passado a noite anterior com Sam, precisavam de mais privacidade para expressar sem pudores o desejo e o prazer que sentiriam. Lá na habitação do velho caçador, tinham que sufocar os gemidos e gritos.

Reservaram um quarto no motel até a manhã do dia seguinte. Não pretendiam sair para nenhum outro lugar, apenas queriam se perder no corpo um do outro.

Chegaram ao quarto. Vic entrou primeiro e Sam atrás. Ela se virou para ele com os olhos expectantes, ele sustentou o olhar. Assim que trancou a porta sem verificar se tinha dado a volta completa na chave, largou-a ali mesmo e avançou com avidez para Vic.

Devia ter amado mais
Ter chorado mais
Ter visto o sol nascer

Agarrou seu rosto e beijou-a com todo amor e paixão que havia em seu ser. Vic ofegou com o impulso e a tomada de seus lábios, mas correspondeu na mesma medida. Suas mãos se embrenharam no cabelo dele.

O beijo se intensificou bem como as mãos que procuravam tatear o corpo um do outro. Sem cuidado algum, Sam tirou a blusa de alças de Vic e a jogou em qualquer canto. Ela mal teve tempo para respirar quando ele desabotoou o feixe de seu sutiã e deslizou-o por seus braços. Em seguida, ele tirou a própria blusa rapidamente e prensou seus tórax nos seios dela, num abraço. Os dois arfaram pelo contato entre as peles.

 

Devia ter arriscado mais e até errado mais
Ter feito o que eu queria fazer

 

As mãos de ambos deslizavam suavemente sobre suas costas durante aquele abraço erótico. Sam desgrudou os corpos e traçou uma linha com a língua que começou do pescoço de Victoria até seus seios.

Sentir a textura macia daquela pele, o gosto, a forma como os mamilos ficavam rígidos em suas mãos e boca o enlouqueciam, assim como escutar gemidos, suspiros e palavras ininteligíveis saírem dos lábios de Collins; ela arqueava o tronco e agarrava com propriedade seu cabelo.

Sem soltá-la ou deixar de se deliciar em sua zona mais erógena, ele a arrastou consigo de costas até chegar à beira da cama. Terminou de se saciar nos seios de Vic e deslizou a língua até seu ventre.

 

Queria ter aceitado as pessoas como elas são
Cada um sabe a alegria e a dor que traz no coração

 

Vic permanecia de pé enquanto Sam se sentava diante dela, com a cabeça na altura de seus seios. Com as mãos trêmulas pelo desejo, baixou o zíper da calça dela e puxou a vestimenta junto com a calcinha até chegar ao chão. Tirou as roupas junto com as botas dela e deixou Vic totalmente nua à sua contemplação e ao toque de suas mãos.

Puxou Vic mais para si e com a ponta da língua retomou a linha que havia feito em seu ventre até chegar ao ansiado centro de calor do corpo dela. Victoria tremeu quando ele levantou uma de suas pernas, apoiou-a na coxa dele e envolveu sua cavidade com a boca naquela posição. Sam sempre a surpreendia quando ela pensava que não havia como.

Uma mão dele a segurava pela perna e a outra a sustentava pela cintura; Vic se apoiava em seus ombros.

 

O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar distraído
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar...

 

O movimento de vaivém dentro dela, a intensidade dos movimentos circulares de sua língua, as mãos que a agarravam com propriedade... Ela delirava!

- Sam... Ah, Sam...!

Quanto tempo ela ficou naquele estado, não soube precisar – ela nunca sabia – só deu por si quando uma corrente elétrica chicoteou todo seu ser e a elevou para as nuvens. Queria desabar nos braços dele, estava fraca, trêmula, ofegante.

 

Devia ter complicado menos, trabalhado menos
Ter visto o sol se pôr

 

 Sam a amparou e gentilmente a deitou na cama, as pernas para fora, encostando no chão. Ela se deixou conduzir, ainda estava mole.

Observou Sam se erguer do colchão e terminar de se desnudar diante dela. Mordeu os lábios ao vê-lo em toda a glória do seu ser. Queria muito tocá-lo, mas por algum motivo, não se mexeu. Naquele momento, desejava apenas ser tomada por ele, deixa-lo e somente ele conduzir o ato.

Sam parecia adivinhar seus desejos, posto que não esperou nenhuma iniciativa dela; tocava-a sem interrupções. Suas mãos voltaram a envolver o corpo da namorada em novas sensações. Percorreram cada centímetro de pele, cada curva, cada expressão do rosto. O contato dele era como um ferro em brasa que a incendiava.

Os dedos de Sam invadiram sua intimidade e, não precisaram de muito tempo para deixa-la molhada novamente. A musculatura se lhe contraiu outra vez, ela começava a se sentir transportada.

Súbito, Sam deteve os movimentos e a puxou para o encaixe de seus corpos; o corpo dela se impulsou para frente e de pé como ele. Sam puxou uma das pernas dela para que entrelaçasse sua cintura enquanto com uma mão a sustentava pelas costas. Ele a invadiu naquela posição. Vic não se conteve e soltou um grito.

 

Devia ter me importado menos com problemas pequenos
Ter morrido de amor

 

Com a mão livre, Sam apreciou suas nádegas e, ao mesmo tempo, pressionou mais seus corpos. Vic o brindou com mordidas no pescoço e nas maçãs do rosto.

Ela enlouquecia outra vez, seus gemidos aumentavam, não tinha pudores de mostrar o quanto ele a deixava sem juízo. Mas se frustrou quando Sam paralisou o movimento de seus corpos.

Ele a jogou na cama, abriu suas pernas e de pé mesmo, penetrou-a de novo. Jogou a cabeça para trás e procurou sentir aquele momento sem se preocupar em atingir o orgasmo. Queria prolongar o máximo que pudesse o ato em si.

 

Queria ter aceitado a vida como ela é
A cada um cabe alegrias e a tristeza que vier

 

Ao sentir que Vic ia gozar, ele se interrompeu mais uma vez. Sabia que aquilo a deixaria louca.

Diabos! Por que ele tinha que fazer isso? Vic queria gritar com ele! Tudo o que fez foi erguer seu tronco, sentou-se e colocou seu membro em sua boca, queria deixa-lo louco como ela. Conseguiu.

Ele afastou a cabeça dela e sentou-se na cama com as pernas abertas e os pés apoiados no colchão. Puxou Vic para seu colo. Ela arfou. Encaixaram os corpos, ela sentada sobre o membro dele.

Começaram a se movimentar, Vic conduzia a ambos. Seguravam-se pelos braços. A vontade de fechar os olhos e sentir o prazer que experimentavam era grande, porém, queriam olhar um nos olhos do outro.

 

O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar distraído
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar...

 

O tempo, o mundo, a vida, tudo foi como se sumisse de suas percepções. Só estavam eles ali, só havia eles... e nada mais.

Victoria sabia que não demoraria a gozar – não se Sam parasse de provocá-la daquela maneira; sentiu o corpo de seu amado estremecer. Os gritos, sons e gemidos se intensificaram. E no fim, o raciocínio lhes fugiu da mente.

O êxtase. A agonia. O amor. O paraíso. Tudo experimentaram juntos. A sensação tão conhecida chegou para ambos ao mesmo tempo. Foi como se rompesse uma corda que os prendesse à terra.

Eles se fitavam.  Sabiam que mesmo não sendo a primeira vez que chegavam àquele lugar juntos, aquele arrebato foi o maior de todos que experimentaram.

 

O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar distraído
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar...

 

Vic desabou sobre os ombros de Sam. Lágrimas deslizavam por seu rosto.  Sam não chorou, mas suas mãos percorreram as costas dela. Ele sentia o mesmo. Não havia palavras que pudesse descrever o que lhes aconteceu, nunca havia. Menos dessa vez.

E um tempo depois, se acomodaram abraçados no colchão, sem mencioná-lo. Assim como também não mencionaram a missão do dia seguinte.

Sam não queria dizer adeus, nem queria fazer nenhuma recomendação a Vic. O vídeo que gravou diria tudo; entregou-o sob os cuidados de Bobby.

Vic também não se despediria. Porque tinha certeza mais do que nunca de que pularia na jaula um segundo depois que Sam se jogasse dentro.

 

Devia ter complicado menos, trabalhado menos
Ter visto o sol se pôr.

 

- 0 –

Voltaram à casa de Bobby bem cedo no dia seguinte. Haviam feito amor a tarde toda e a noite, até se esgotarem. E mais uma vez pela manhã – a última – antes de se arrumarem.

Não trocaram quase nenhuma palavra sobre a execução do plano de Sam, falaram trivialidades, menos sobre aquilo, como se ao evitarem falar do assunto tornasse tudo menos doloroso.

Porém, Vic não estava tão pesarosa quanto o namorado porque para ela não haveria separação.

Claro, não tinha ilusões. Ao mergulhar naquela jaula, ela não desfrutaria de uma eternidade de prazeres com o Winchester. Ao contrário, seria uma tortura eterna estar próxima a ele e, ao mesmo tempo, separada, porque o Diabo estaria entre eles e garantiria um sofrimento sem precedentes para puni-los.

Mas ela não se importava. Preferia isso a uma existência sem Sam.

Por outro lado, havia Dean, mas ela se recusava a considera-lo. De que lhe serviria ficar lá por ele? Jamais poderia tocá-lo unicamente por ele ser o irmão de seu namorado. Sam vivo esteve entre eles, estaria na morte também.

E além disso, por mais apaixonada que estivesse por Dean, foi com Sam que construiu uma relação intensa, para quem se entregou como a nenhum outro homem; ele estava impregnado em todo seu ser. Por isso, não suportaria viver sem ele.

Só esperava que Dean pudesse seguir em frente sem eles.

Sem conversarem muito no caminho, foram se encontrar com Bobby, Castiel e Dean. Não houve perguntas, nem reconsiderações. Estavam todos prontos. Ou pelo menos tentavam. Eram os últimos momentos que passavam com Sam Winchester.

Bom, para Dean, não exatamente. Ele acreditava que poderia dar um jeito de trazer o irmão de volta, levasse o tempo que fosse. Só não o diria em voz alta para ninguém, não ainda. Mesmo com a conversa que Vic teve com Anna, não iria se convencer de que tudo estava terminado para o irmão.

Partiram. O Impala ia à frente com Dean, Vic e Sam; Bobby e Cass iam no furgão logo atrás.

Quando estavam a uma considerável distância de Sioux Falls, em outra cidade, procuraram um galpão abandonado e ali invocaram dois demônios. Seguiram as indicações de Bobby. Este preferiu ficar do lado de fora; Vic também. Ela não se sentia bem em ter que participar da matança daqueles seres mesmo que fosse para benefício de Sam. Não era pelas criaturas em si, mas pelas pessoas que eles tomavam.

Dean, Sam e Cass os prenderam numa chave de Salomão, os mataram, sangraram e penduraram seus corpos no teto para escorrer o sangue e apará-lo em galões. Sam precisava beber o líquido viscoso, mas somente no momento em que fosse se entregar.

Trouxeram para fora os recipientes e os colocaram no porta-malas do Impala. Aquilo enojava a Vic, mas nada disse para não ferir Sam.

- Tudo bem? – perguntou Sam se aproximando da namorada após guardar os galões. Sabia que aquilo não lhe agradava.

- Está. – tranquilizou-o e encostou a cabeça na dele numa demonstração de apoio e carinho.

Dean os observou por um momento e, em seguida, aproximou-se de Bobby. Este estava perto do outro veículo, um furgão. Segurava um mapa.

- Ainda não me acostumei a estar do seu tamanho – comentou o Winchester. Brincava com o fato de ele estar andando.

Bobby fez uma careta. Dean era bem mais alto.

- Eu estava certo? – perguntou Singer

- Como sempre, Yoda. Estou com dois demônios lá dentro, como disse.

- Vocês pegaram?

- Sim, todo o combustível que Sam possa beber.

- Você está bem?

- Não muito. O que tem aí?

- Não muito. – mostrou um jornal – Parecem presságios para você? Ciclone na Flórida, queda de temperatura em Detroit, incêndios florestais em Los Angeles.

- E Detroit?

- A temperatura baixou em 20 graus... mas só em um raio de cinco quadras no centro de Motown.

- É isso. O diabo está em Detroit.

- Mesmo? No que diz respeito a agouro, esse está fraco. Tem certeza?

- Sim, tenho – garantiu Dean.

Não era só pela afirmação do arcanjo em Carthage. Imagens de sua viagem no tempo, a conversa com seu Eu futuro lhe contando que Sam se entregava a Satã em Detroit lhe assomaram à cabeça.

Olhou para Sam e Vic com pesar. Os dois se abraçavam. Doía-lhe ver a separação daqueles dois, imaginava como deveria estar sendo difícil para o irmão. Bobby acompanhou seu olhar e sentiu o mesmo.

Se dependesse de Dean, aquela separação seria curta. Só esperava que o fim de tudo aquilo não fosse como o que presenciou e soube no futuro.

- 0 –

- Dean, posso falar com você? – Sam interpelou o irmão quando este acabava de sair do banheiro de um restaurante amplo.

- Claro. O que é?

- Vamos lá pra fora – Sam olhou para trás.

Cass, Bobby e Collins estavam sentados numa mesa distante. Os dois ficavam abismados ao ver o anjo comendo com enorme apetite. Bom, ex-anjo, pelo que parecia. Vic estava de costas para os Winchesters.

- Vamos – concordou Dean entendendo.

Era uma conversa que Victoria não poderia escutar. Provavelmente, Sam queria já lhe ter falado, mas não pôde já que viajavam no Impala com ela no banco de trás. Por outro lado, Dean desejava compartilhar seus temores também sem a presença dela.

Saíram para o estacionamento. Já era de noite e o tempo estava meio frio. Faltava pouco para chegarem a Detroit.

Foram até o Impala, Dean se encostou na lateral; mas antes que o irmão se pronunciasse, declarou:

- Sam, estou com um mau pressentimento sobre tudo isso.

- Seria louco de estar com um bom – retrucou o mais novo com um sorriso irônico

- Sabe o que quis dizer. É Detroit. Ele disse que entraria no seu corpo em Detroit. Aqui estamos.

-Aqui estamos.

- É ele estendendo o tapete. Ele sabe de algo que não sabemos.

- Tenho certeza de que ele sabe muito mais do que nós. – riu – Só espero que ele não saiba dos anéis – fez uma longa pausa. Queria abordar a verdadeira temática para qual chamou o irmão – Ei... Tenho uma coisa para lhe falar... na verdade, mais de uma.

- Fale.

- A coisa saindo do nosso jeito... e eu entrando na caixa... sabe que eu não volto.

- Sim, sei disso.

- Então, tem que me prometer uma coisa.

- Certo, sim – Dean se voltou para ele com cautela – Qualquer coisa.

- Tem que prometer que não tentará me trazer de volta.

- O quê? Não concordei com isso.

- Dean...

- Seu inferno vai fazer meu tour parecer Graceland. Quer que eu fique parado?

- Quando a prisão se fechar, não pode mexer nela. É arriscado.

- Como se fosse deixar você apodrecer lá dentro.

- Não tem escolha.

- Não pode me pedir isso.

- Desculpe, Dean. Você precisa.

- Sem essa! Nem eu vou fazer isso... e duvido muito que a Vic também faça. – Sam revirou os olhos – Acha que ela simplesmente vai esquecer você e seguir a frente?

- É claro que não. Sei o quanto pode ser teimosa, mais até do que você.

- Então...?

- Dean, você tem deixar pra lá. E tem que impedir também a Vic de fazer qualquer coisa.

- Sam... – balançou a cabeça

- Vocês não têm escolha! Já disse. – suspirou – Ou tudo será em vão.

Dean abriu a boca para protestar, mas palavras lhe faltaram.

- Tem mais outra coisa. – tornou Sam antes que o irmão argumentasse.

- O quê? – Dean bufou em resposta.

- Acho que a Vic vai querer estar por perto quando... eu for dizer Sim ao Diabo.

- É claro que não! – se opôs Dean veemente – A gente não concordou que ela ficaria longe do alcance dele e do Miguel se batêssemos de frente com qualquer um deles?

- Como se ela fosse obedecer – Sam sorriu.

- Ela não vai estar presente, Sam! Não tem o que discutir! Já foi muito deixar que viesse nessa viagem. Só não falei nada e imagino que você também não... por querer uns últimos momentos com ela.

- Nós podemos dizer não e ela finge que concorda, mas... ela vai dar um jeito de estar lá. Sei disso, Dean, conheço bem minha namorada. Aprendi a entender o que se passa na cabeça dela. Se negarmos a Vic a chance de estar por perto quando falarmos com Lúcifer... vai ser pior.

- Por quê? Como assim?

- A Vic vai pular naquela gaiola, Dean... assim que eu der meu salto.

- O quê? Não! – Dean riu desdenhando a ideia – Sam, a Vic pode ser maluca, mas não a esse ponto.

- Eu faria isso se fosse o contrário – retrucou Sam tranquilamente – Se fosse Vic a se jogar naquela jaula, eu faria o mesmo... porque não poderia conceber uma vida sem ela.

- Deus... Não sei quem é mais... – Dean balançou a cabeça sem palavras

- Tive a certeza ontem quando ela confessou ter ido falar com a Anna para ver alguma saída. Vic não vai se render, Dean. Se ela não puder fazer nada para me impedir, então ela vai querer se afundar comigo. Ela pode querer saltar sem nos dar conta, estar à espreita. E é por isso que temos que deixa-la vir conosco... para vigiá-la. Aí que você entra. No momento em que o Diabo estiver no meu corpo e eu for pular... esteja atento a ela e segure-a. Faça o que for para impedi-la, mas não deixe ela me seguir. Me promete isso?

- Não tenha a menor dúvida de que o farei – garantiu

- E prometa também que vai impedi-la de me trazer de volta. Ela vai tentar qualquer loucura também.

- Tá, isso posso prometer também.

Sam assentiu. Dean não comentou mais nada, porém, custava a engolir aquilo de deixar o irmão preso no mesmo lugar que Satanás.

– Me prometa outra coisa também, Dean – continuou Sam.

– O quê?

– Que você vai cuidar da Vic por mim.

– Ahn... é claro – o loiro concordou meio sem jeito - Vou dar meu apoio a ela, ser um ombro amigo.

– Não, Dean, não foi isso que eu quis dizer.

– Então... não entendo.

– Quando eu disse pra você cuidar dela, eu quis dizer... – fez uma pausa. Custava-lhe dizer aquilo, porém, não podia ser egoísta – Eu quis dizer pra você ficar com a Vic e passar o resto de sua vida ao lado dela.

- O... o quê? Ahm... eu.... er... pode repetir o que acaba de dizer? Acho que não escutei bem – Dean piscou várias vezes como se não processasse a ideia.

- Escutou muito bem, Dean... Eu quero que... você e a Vic... fiquem juntos como um casal depois que eu me for.

Com essa, Dean caiu na gargalhada.

- Sam... essa... essa foi boa! – disse entre os risos.

- Não estou brincando, Dean.

O riso de Dean foi aos poucos morrendo ao se dar conta da sinceridade das palavras do irmão.

- Sam, você não pode estar falando sério.

- Estou – suspirou – Quero mesmo que vocês sigam em frente... juntos.

- Não mesmo, Sam! – ele se desencostou do carro e deu meia-volta atordoado antes de se virar para o irmão – Que absurdo é esse que você está me pedindo?

- Não é absurdo... e sabe disso. Você a ama, não negue.

- Isso... isso não significa que ela sinta o mesmo.

- É claro que ela sente algo por você, Dean. Caso contrário... ela nunca teria correspondido... o beijo de vocês.

Por instantes, ficaram mudos. Aquele assunto ainda era tabu.

- Olha, Sam... Se é só por isso... – ele começou meio constrangido.

Não, Dean, não é só por isso. – suspirou – Tentei ignorar, fingir que não via o que estava a minha frente, mas eu sei... a troca de olhares entre vocês, o jeito que você brincam. E também tem os sonhos...

- Que sonhos?

- Você também sonhava com ela, não é? Desde criança? – Dean não respondeu, apenas engoliu em seco – O jardim, a forma como ela estava vestida. Sei disso, porque a última vez que sonhei com ela naquele lugar, você também estava lá... do lado oposto ao meu.

Dean o fitou surpreendido e com uma interrogação muda no rosto. Então Sam realmente sonhou a mesma coisa? Também esteve em seu último sonho? Isso significava...

- Vic também sonhou a mesma coisa – concluiu Sam como se respondesse todas as indagações do irmão – Porque se ela confessou que tinha os mesmos sonhos que eu... e você e eu tivemos o mesmo sonho a última vez.... quer dizer que ela também aparece nos seus sonhos.

Dean abaixou o rosto perturbado. Não sabia o que dizer.

- E isso significa que vocês dois também possuem uma ligação – continuou Sam

- Sam, não diga isso – replicou ele – Esses sonhos... não querem dizer nada.

- É claro que dizem, Dean. – ele sorriu condescendente – Não sabemos exatamente o quê, mas dizem. E uma coisa de que tenho certeza é que há uma ligação entre nós três. E não é coincidência o fato da Vic ter aparecido logo agora nas nossas vidas com toda essa bagunça de Apocalipse.

- Ainda que seja assim, Sam... você não pode dispor dos sentimentos da Vic... e nem dos meus. – ele esticou os braços para os lados exasperado – Acha que a gente vai conseguir ficar junto sabendo que você está sofrendo eternamente? Não, você sempre estaria entre a gente, nos nossos pensamentos. Eu seria para ela o irmão do cara que ela mais... que ela mais amou na vida... e ela seria para mim a namorada... a mulher da vida do meu irmão... a pessoa por quem eu sacrifiquei e sacrificaria tudo de novo se pudesse – a voz de Dean embargou, mas ele não chorou. Não se permitiria.

- Não precisa ser assim... Vocês podem encarar como meu último pedido... ver vocês felizes... saber que meu sacrifício não foi em vão. Separados... vocês vão estar muito pior, eu sei. A Vic nunca vai conseguir superar isso sozinha... e nem você. – colocou a mão no ombro do irmão – Por favor, Dean, tem que me prometer. Você vai tentar junto com ela... dê-lhe um pouco de tempo, se for preciso. Mas esteja com a Vic e pela Vic para quando ela se recuperar... encontre consolo em seus braços. E vocês sejam felizes um pouco que seja – engoliu em seco – Prometa, por favor.

Dean assentiu a contragosto sem encarar o irmão. Não pretendia cumprir nenhuma das promessas, a não ser a de impedir que Vic pulasse na gaiola ou tentasse trazer Sam de volta depois. Ele quem pretendia fazer a segunda alternativa.

Por outro lado, se não houvesse a mais remota possiblidade... Não, ele não sabia nem o que pensar. Faria as promessas, se era o que Sam desejava, mas Deus o ajudasse que não precisasse cumpri-las, sobretudo a última.

Por mais que amasse Victoria, por mais que desejasse tocá-la mais de uma vez, jamais poderia tê-la ao seu lado em troca do sacrifício do irmão.

- Ei, o que vocês estão fazendo aí parados? – a voz de Bobby ao longe lhes despertou a atenção. – Vocês sumiram. Vic está preocupada

- Estávamos trocando umas últimas ideias – respondeu Dean – Nada demais.

- Sei. – alternou o olhar com desconfiança ora de um para o outro.

- Chame a Vic e o Cass... É hora de partir. – quis despistar

- Vai deixar o resto da sua comida para trás? E a famosa torta daqui? – estranhou Singer

- Não mesmo! Er... vamos, Sam. Não vamos ter pressa... ainda dá tempo.

O velho Dean estava de volta. A conversa de segundos atrás esquecida. Por enquanto.

- 0 –

Chegaram a Detroit. Estacionaram próximo a uma velha casa que parecia o local mais provável da localização de Satã.

Bobby distanciou-se para verificar se poderia ser ali mesmo. Observava alguns sujeitos no interior da habitação através do seu binóculo. Em seguida, retornou onde estavam seus companheiros.

- Demônios, no mínimo duas dúzias deles. – informou. Dirigia-se mais a Dean – Tem razão. Algo está acontecendo.

- Mais do que algo. – retrucou Dean – Ele está aqui, eu sei.

Distanciou-se para deixar Bobby se despedir de Sam. Foi até o Impala e abriu o porta-malas onde estavam os galões.

- Vejo você por aí, garoto – disse Bobby com voz embargada

- A gente se vê – Sam respondeu, mas era só forma de falar. Sabia que aquilo seria impossível.

Abraçaram-se. Bobby se continha para não chorar. Vic observava com um nó na garganta, não por si. Mas pelo tio. Até mesmo Castiel estava comovido.

- Quando ele entrar... – tornou Bobby após desfazerem o abraço –... lute com ele com unhas e dentes, entendeu? Continue lutando. Não desista.

- Sim, senhor.

Sam suspirou e passou a mão no rosto exasperado. Em seguida, voltou-se para Castiel. Estendeu-lhe a mão.

- Cuide dos caras e da moça para mim, certo?

- Não é possível – respondeu Castiel com expressão pesarosa e sincera.

- Minta para me agradar – esboçou um sorriso melancólico

- Ah, é para eu mentir – Cass entendeu a lógica. Tanto ele como Sam alargaram o sorriso. – Claro. Eles ficarão bem.

- Pare de falar. – Sam quase riu

Cass assentiu. Seu olhar convergiu para Victoria. Sam também a olhou e aproximou-se dela. Vic se empertigou. Era a hora.

- Vic... – começou Sam.

- Ainda não, Sam – pediu ela – Me deixe ir com você e Dean.

Sam não respondeu. Trocou um breve olhar com o irmão. Este assentiu.

- OK. – disse

- OK? – ela estranhou. Estava pronta para uma negativa e, nesse caso, fingiria concordar para depois segui-los. Nem Bobby e Cass a impediriam – Você não vai fazer nenhum discurso de que eu prometi não estar no mesmo lugar que Lúcifer?

- Não. Eu... quero que você esteja lá. Talvez seja até melhor pra me dar uma força.

- Não mesmo! – protestou Bobby e se aproximou – Vão coloca-la na mira dele?

- Ele não vai machuca-la – garantiu Sam – Não vai ser preciso se tiver a mim.

Dean também interveio.

- Bobby, por favor – dirigiu-lhe um olhar significativo.

Bobby entendeu. Se a impedissem, Victoria era bem capaz de ir de qualquer jeito. E talvez ele e Cass não pudessem segurá-la, não com o anjo sem seus poderes.

- Está certo. Você é grandinha. – Bobby se distanciou

- Obrigada – dirigiu-se a Dean que mostrou o polegar. Collins se voltou para o namorado – Obrigada, Sam.

Ele assentiu e se aproximou de Dean. Contemplou os galões.

- Importa-se de não ver isso? – pediu Sam

Não precisava pedir duas vezes. Dean também não queria ver seu irmão bebendo sangue como um vampiro ou qualquer daquelas criaturas que faziam coisas nojentas. Afastou-se e fez sinal para Vic fazer o mesmo.

Sam bebeu os galões. O sangue de demônio lhe repugnava, agora mais do que nunca depois de ficar um bom tempo sem toma-lo, mas ainda tinha seu efeito.

- Certo. Vamos. – disse ele tanto para Dean como para Vic. Caminhou com passos rápidos sem os encarar.

Os dois se entreolharam e acompanharam-no. Chegaram diante da casa grande, a fortaleza em que estaria Lúcifer.

- Está bem! – vociferou Sam – Estamos aqui, seus filhos da mãe! Venham nos pegar.

Três demônios saíram da casa e pararam na frente deles.

- Oi, rapazes – saudou-os Dean – Seu pai está em casa?

Eles os sujeitaram e os levaram. Nenhum deles resistiu, nem mesmo Collins. Foram conduzidos para o topo da casa. O Diabo estava de frente para uma janela contemplando o exterior através da vidraça.

- Oi, rapazes – Satã lhes saudou num tom de tédio sem se voltar para eles. – Que bom que vieram.

Os três o observaram meio temerosos e trocaram olhares entre si.

- 0 –

“O Impala, claro, tem todas as coisas que os outros carros têm. E poucas que os outros não têm. Mas nada disso é importante.”

- Isso é o que importa – Chuck mudou de ideia

“O soldadinho que Sam queimou no cinzeiro... continua lá. Os Legos que Dean enfiou na ventilação. Até hoje, quando liga o calor... eles os ouvem chacoalhar. Mesmo quando Dean o reconstruiu do nada... ele se certificou de que essas coisinhas ficariam. Ou quando Sam e Victoria o mandaram restaurar como presente de aniversário para Dean. Pediram que tudo ficasse como antes. São as imperfeições que o fazem lindo. Depois, colocaram o São Cristóvão de plástico de Victoria no painel. E uma foto pendurada no visor de dentro que ela tirou dos três perto de um bar qualquer... ela não gosta de tirar fotos, mas era um marco para dizer que o Impala preto seria seu mais novo lar, que era parte de sua nova vida com os Winchesters. Todos esses pequenos objetos, coisas, marcas, detalhes fazem esse carro deles... dos três. Para valer. O diabo não sabe, e nem se importa com o carro que os meninos dirigem.”

- 0 –

- Desculpem se estiver um pouco frio – prosseguiu Lúcifer. Deslizou um dedo sobre a superfície da vidraça da janela. Fez um desenho de um tridente – Para a maioria, eu pego fogo. É o contrário.

- Vou alertar a mídia – retrucou Dean com sarcasmo.

O arcanjo se voltou para eles. O rosto de seu receptáculo apresentava mais deteriorações do que na última vez que o viram, embora não houvesse se passado nem um mês.

- Ajudem-me a entender algo, rapazes... e moça – seu olhar convergiu para Victoria. Ela estremeceu por dentro assim como os Winchesters. Lúcifer esboçou um imperceptível sorriso cruel – Entrar pela minha porta adentro é suicídio, não acham?

- Não estamos aqui para lutar com você – Sam falou para que as atenções do diabo se concentrassem apenas nele

- Não? – ele se dirigiu a Sam – Então, por que vieram?

- Quero dizer sim.

- Como? – se estava surpreso, Satã não demonstrou em sua expressão

Dean e Vic se olharam apreensivos. Sam fechou os olhos e se concentrou em tirar a vida dos demônios que os seguravam apenas com sua mente. Seus cadáveres foram ao chão.

- Estamos cheios de energia, não é? – tornou Lúcifer

- Você me ouviu. Sim.

- Está falando sério. – o tom permanecia monótono

Sam fitou mais uma vez seus companheiros antes de se pronunciar:

- Olhe, o dia do juízo é um trem em movimento. Nós entendemos agora. Queremos sair.

- Como?

- O acordo do século. Eu lhe dou passe livre, mas quando acabar... eu vivo, eles vivem... –apontou Dean e Vic -... traz nossos pais de volta...

- Dá para parar com o drama mexicano? – ele alisava o queixo com o indicador – Sei que está com os anéis, Sam.

- Não faço ideia do que está falando – disfarçou seu temor. Nem correspondeu aos olhares que seus parceiros lhe dirigiram para não se trair.

- Os anéis dos Cavaleiros? As chaves mágicas para a minha prisão? – aproximou-se dele – Faz sentido? Vamos, Sam, jamais menti para você. Deveria me prestar o mesmo respeito. – passou entre ele e Dean e foi para o outro lado da sala. Voltou-se e eles se viraram para ele. Sorriu – Tudo bem. Não sou louco. Uma luta dentro de sua cabeça. Gosto da ideia. Só eu e você. Um round, sem truques. Se você ganhar, você pula no buraco. Se eu ganhar... bem, ganhei. O que me diz, Sam?

- Sam, não! – Vic gritou.

- Shhh! Não se meta, querida – o Diabo se virou para ela. Dean instintivamente se postou na frente dela. Lúcifer sorriu e se dirigiu outra vez para Sam – E aí, Sam? Um violino de ouro diz que sou melhor do que você.

- Então ele sabe. Não muda nada. – o Winchester respondeu após alguns segundos de tensão

- Sam. – dessa vez, foi Dean quem lhe chamou a atenção.

- Não temos outra escolha.

- Não. – disseram Vic e Dean ao mesmo tempo.

- Sim – declarou Sam decidido.

Lúcifer tinha Vic e Dean à mão se o recusasse. Era melhor confrontá-lo de uma vez.

Na mesma hora, o Diabo inclinou a cabeça e deixou que a luz se esvaísse de seu recipiente. Os caçadores fecharam os olhos para aquela luminosidade. O ruído alto costumeiro da presença dos entes celestiais se fez ouvir. Do lado de fora, Cass e Bobby observaram apreensivos.

Quando Victoria e Dean tornaram a abrir os olhos, Nick e Sam estavam caídos... o primeiro, morto.

- Sam! – Vic quis acudi-lo, mas Dean a segurou

- Não, Vic, temos que agir. OK? – ela assentiu. – Afaste-se.

Ela se distanciou, mas estava pronta quando Sam desse o primeiro passo após acordar. Dean jogou o triângulo de anéis que se prendeu numa parede, esticou a mão em sua direção e pronunciou as palavras que Morte lhe ensinou.

O objeto pressionou a parede até quebrá-la e formar um profundo e enorme buraco que sugava quem estivesse muito perto. Dean e Vic observavam tensos. Logo, Sam (ou Lúcifer) despertou e começou a se levantar.

- Sam. – Vic o chamou e o amparou de um lado sem averiguar se era ele mesmo.

- Sammy! – Dean fez o mesmo o amparando do outro lado.

- Dean... Vic... – disse com voz fraca

- Sammy!

- Posso senti-lo. Oh... Deus.

- Sam... aguente firme – pediu Vic agoniada

- Agora tem de ir – declarou Dean – Vamos!

Eles o levantaram.

- Vá agora, Sammy – incentivou Dean.

- Vá... – repetiu Vic. Eu vou em seguida, pensou.

- Agora!

Sam se aproximou da fenda. Deteve os passos como se algo lutasse contra ele. Vic estava atenta a cada passo dele. Quanto a Dean, lembrando-se das palavras do irmão, estava atento a ela, embora seu campo de visão abrangesse mais a Sam.

Sam parecia prestes a pular quando esboçou um sorriso irônico. Era Lúcifer. Voltou-se para os companheiros de seu novo receptáculo. A expressão zombeteira.

- Só estava brincando com vocês – disse – Sammy se foi há tempos.

- Não! – Vic quis avançar nele, porém, Dean a deteve, segurando-a. – Deixe ele, desgraçado!

Lúcifer a ignorou, virou-se para a prisão e pronunciou algumas palavras, fazendo-a se fechar. Aproximou-se da parede e apanhou o triângulo, analisando-o como se fosse apenas um objeto interessante. Alternou seu olhar para os dois caçadores. Um olhar de desdém.

- Eu falei... que isso aconteceria em Detroit. – voltou-se com sorriso malicioso para Victoria – Você se aproveitou bem deste corpo, minha cara, não seja egoísta. Agora é a minha vez.

E sumiu. Por um curto tempo, nenhum dos dois soube o que dizer ou fazer. Dean ainda segurava Victoria.

- Ele... Nós... – Vic começou a balbuciar –... o Sam...

- Nós falhamos. Ele venceu. Sam está perdido – foi Dean quem concluiu. Era penoso admitir, mas era a dura verdade.

Victoria não conseguiu conter o choro. Dean a abraçou, não disse nada para confortá-la. Ele mesmo precisava ser confortado.  Uma ou duas lágrimas deslizaram por sua face.

Era o fim de tudo. E de Sam.


Notas Finais


Eis o link da música:

https://www.youtube.com/watch?v=L3eiOMQVUqs


Gente, não pude resistir em não colocar a menção que Chuck faz do Impala preto, me emociona só de assistir e aí resolvi adaptar um pouco com a história do Impala da Vic. Espero que tenha ficado bom.

Bom, postarei a segunda e última parte no máximo até a virada do ano para já começarmos a segunda fic no início de 2016, inclusive acho que até dá para eu postar o prólogo e o trailer da segunda parte. Enfim, veremos.

Me mandem reviews, por favor! Até a próxima.


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