1. Spirit Fanfics >
  2. Alpha Red >
  3. Nostalgia

História Alpha Red - Nostalgia


Escrita por: lolauchiha

Notas do Autor


Eu poderia ter dividido o capítulo em dois, mas acho que merecem um cap com mais de 4 mil palavras, então leiam com paciência. Boa leitura!

Capítulo 21 - Nostalgia


Por volta das onze horas da manhã, no feriado de ação de graças um taxi estacionava na frente do casarão da família Uchiha e de lá descia Sakura, que com a ajuda do motorista retirou sua pequena mala de rodinhas e caminhou até a entrada da casa.

Estava ansiosa para reencontrar os pais de Itachi, tinha medo que eles soubessem o que se passou nos últimos meses, mas não poderia perder a oportunidade, seu triunfo.

Dentre todos os empregados da casa, foi logo á mãe deles que apareceu. Uma senhora de longos cabelos preto, elegante, como Sakura se lembrava. A mulher sorriu ao ver sua nora, e lhe deu um abraço sem dizer nada e Sakura naquela hora teve a plena certeza de que ela não sabia de nada. Mikoto era uma leoa, seus filhos e a felicidade deles vinham antes de tudo e se ela desconfiasse que Sakura estivesse estragando isso, não disfarçaria.

– Sakura querida, que bom que veio. – Cumprimentou, finalizando com um beijo em cada lado da bochecha. – Venha, entre, está frio ai fora.

– Obrigada Dona Mikoto, estava com saudade de vocês. – Sorriu de volta acompanhando a ex-sogra em direção ao salão de entrada arrastando sua mala de rodinhas.

– Apenas Mikoto querida, sem formalidades. Sabe que é como uma filha pra mim. – Corrigiu a rosada enquanto fazia um sinal para que uma das empregadas levasse a mala de Sakura, que engoliu seco com as palavras da matriarca. O que aconteceria se Mikoto soubesse? Nada daquilo foi premeditado, ela entenderia?

– Me perdoa Mikoto, é força do habito. – Sakura sorriu um pouco rubra nas bochechas.

– Afinal porque veio sozinha? Onde está Itachi? Ele não virá este ano? – Era a primeira vez que Sakura aparecia ali em outro carro sem ser o do ex-namorado. E com certeza aquilo despertou o interesse da mulher.

– Nós achamos melhor nos separar um pouco, mas daqui a pouco ele chega. Ele está muito entretido com as coisas do time e da Alpha... – Aquela foi com certeza uma frase bem ensaiada por Sakura o caminho todo e estava feliz de Mikoto acreditar e concordar. A família Uchiha passava seu Thanksgivin no East Side, em Manhattan. Mikoto sempre achou que Nova York era o centro do mundo e por mais que amasse morar em Chicago, com certeza sua casa mais amada, era a de Nova York, a qual cresceu seus filhos.

– Realmente vocês passavam muito tempo juntos, isso não faz bem ao namoro. Acredite em mim. – Mikoto acrescentou. A casa já estava cheia de familiares e Sakura pediu para tomar um banho antes de socializar, afinal gostaria que Itachi chegasse antes.

 

Cautelosa subiu até o segundo andar e se instalou no quarto de costume, o antigo quarto de Itachi, onde eles sempre ficavam nos feriados. Andou pelo quarto e observou a foto no porta retratos do criado-mudo, a primeira foto dela e de Itachi, num porta retratos bobo de coração que ela havia lhe dado no primeiro mês de namoro... Com certeza seria a primeira coisa que alguém jogaria fora, mas Itachi não, ele ligava para detalhes... Cada um deles.

Tomou um longo banho e se jogou na cama de Itachi, o lugar era cheio de lembranças, quantos feriados passou lá? Ação de graças, halloween, natal... Cada canto do quarto tinha uma lembrança, uma gaveta só com suas roupas, no banheiro seu shampoo favorito... Se perguntou se Sasuke poderia dar isso a ela e então rolou duas ou três lágrimas nostálgicas.

 

 

Sasuke chegou logo em seu carro, havia esperado Sakura durante toda manhã e até ligou para ela que não atendeu. Pensou que a rosada teria desistido de dar o troco. E que seria apenas mais um feriado chato na casa dos pais. Sorriu de canto lembrando-se do quanto seria divertido a cara e showzinho que Itachi faria. Revirou os olhos e saiu do carro, pegando sua mochila no banco de trás.

– Até que enfim um feriado em casa meu filho. – Mikoto encontrou Sasuke no salão principal, assim como os demais parentes. A mãe abraçou o filho fazendo carícias em sua cabeça, Sasuke se envergonhou, mas sentia falta desse carinho materno, afinal, não teria ido apenas por Sakura.

– Não faz tanto tempo assim. – Sasuke beijou o topo da cabeça de sua mãe e começou a subir as escadas. – Vou ficar mais apresentável para os Uchiha. – Riu olhando os demais na sala de estar.

– Finalmente vai conhecer sua cunhada. – Mikoto falou vendo o filho subir as escadas. Sasuke abriu um sorriso e logo o fechou antes de se virar para a mãe.

– Sim mãe, finalmente. – Disse antes de voltar a subir.

Estava com uma pontinha de saudade do seu velho quarto, que como sempre deve estar bem cuidado, pois mesmo não morando mais ali, ou visitando. Sabia que sua mãe sempre pedia as empregadas para limparem o mesmo.

Passou primeiro pela porta do quarto do irmão, viu cabelos róseos espalhados e saindo um pouco para fora do colchão... Era Sakura.

Aproximou-se do quarto e viu a silhueta feminina deitada de barriga para baixo enquanto mexia no celular apenas de camiseta e calcinha. Ficou um tempo observando a garota Haruno e o quarto de Itachi. Cada canto daquele quarto tinha um toque de Sakura e percebeu no que estava no meio. Aquele era totalmente território de Itachi, a casa, a família... Talvez...

– Sakura. – Finalizou em voz alta, sem querer.

– Oi Sasuke. – Virou-se e sorriu. – Vendo minha bunda? – Reclamou divertida e Sasuke não sorriu.

– O que faz aqui? – Aproximou-se dela e fechou a porta para que ninguém ouvisse.

– Eu te disse que viria. – Disse tranquilamente, sentando na cama.

– Me refiro a esse quarto. – Falou entredentes contendo a irritação que tentava esconder.

– Ah. Assim que cheguei percebi que sua mãe não sabia de nada, então resolvi deixar as coisas como estão. – Suspirou no final, como se fosse óbvio o que acabava de dizer.

– E como pretende fazer quando ele chegar? Tenho certeza que Itachi não quer sequer te ver de longe e quanto mais dormir ao seu lado. – Sasuke riu irônico, se aproximando.

Sakura levantou-se da cama e como se estivesse desfilando se aproximou de Sasuke e passou suavemente as pontas dos dedos no queixo dele.

– Itachi me ama.

– Amor não é fraqueza. – Deu uma risada fraca. Sabia que Itachi não era idiota, mas teve medo do que aconteceria.

– Não foi o que eu quis dizer. – Se corrigiu desviando o olhar de Sasuke.

– Mas foi o que disse. – Retrucou.

– As coisas são do meu jeito agora. – Falou decidida, indo até a porta. – Eu tenho assuntos inacabados com seu irmão. Agora saia antes que ele chegue. – Finalizou abrindo a porta. Sasuke analisou o que Sakura fazia e tentava descodificar a mente da Haruno. Eles não estavam dando troco no Itachi e sim no Sasuke.

– Boa sorte... – Acenou do lado de fora do quarto, esperando Sakura fechá-lo.

 

 

Fins de tarde em Nova York sempre costumavam ser cinzentos e talvez aquela fosse a graça da meia estação. Logo estariam no inverno e o Central Park ia perdendo cada vez mais suas cores. Gaara deu duas ou três voltas no quarteirão antes de parar o carro na frente da casa dos seus pais.

Já perdia as contas de quantas vezes ignorou ligações da Yamanaka. Era uma semana longe dela e perto de outro problema: sua família. Gaara não sentia a sorte há muito tempo, pelo menos não que tenha se dado conta. Ver Sasuke e Ino o fez rever o que queria para a sua vida e nada melhor do que falar com alguém que realmente se importasse.

Olhou a entrada da casa, a grama bem cortada, a decoração e tudo parecia estável, tudo parecia bem. Como as pessoas conseguiam esconder a dor, a perda... Tão bem. Observou a casa que corria com Temari, a mesma entrada que sentava com a irmã anos mais tarde e tinha longas conversas. Olhou além, na varanda uma figura familiar e foi até ela.

– Pensei que não viria. – Ele falou e se levantou. Gaara foi até o irmão e o abraçou.

– Eu vim por você. – Gaara respondeu. – Já falou que eu viria para eles? – Perguntou sentando ao lado do irmão no sofá da varanda.

– Ela vai comemorar que você veio. – Kankurou, irmão mais velho de Gaara o confortou.

Gaara e Temari tinham problemas desde sempre. Uma depressão pós-parto da matriarca dos Sabakus a levou ao alcoolismo e ao patriarca a raiva dos filhos por levar seu nome à boca dos vizinhos.

Lembra quando eu disse que Gaara não via a sorte em sua vida? Talvez ele dissesse isso pelo fato de apenas Kankurou ter o amor dos pais. Afinal foi depois do segundo filho que o marido amável começou a sair com prostitutas.

Gaara não estava lá apenas porque estava com raiva da Yamanaka, mas sim por Kankurou ser agora sua única família. A família em que ele podia confiar e se apoiar. Precisava de conselhos e de uma direção. Porque no final das contas, ele via sua necessidade de estar chapado na maior parte do tempo, tinha a consciência disso e não se orgulhava.

– Eu pensei que iria passar o feriado na casa da loira que tinha me falado. – Kankurou puxou assunto. Gaara puxou o maço de cigarros, e o acendeu.

– Você sabe como são as diabinhas, eles sempre terminam com os jogadores. – Zombou forçando uma risada.

– Ela te convidou para o feriado com a família dela, não pode ter mudado de ideia em menos de uma semana. – Questionou. Afinal Gaara avisou que Ino tinha o convidado na sexta, mal sabia que tudo teria fim no dia seguinte, na festa de Sasuke Uchiha.

– Podemos falar de outra coisa? – Perguntou incomodado, não queria pensar em Ino naquela hora. Era coisa demais que estava para acontecer.

– Quando vai parar de fumar? – Perguntou pegando o cigarro da mão de Gaara que apenas riu.

– Quando arrumar uma namorada. – Respondeu gargalhando e levou Kankurou a rir também.

– Então vai morrer sem pulmão. – Debateu jogando o cigarro no canteiro. Gaara sentia falta dessa importância. Queria que Temari fosse tão próxima de Kankurou quanto ele, talvez ela não tivesse se sentido tão sozinha, e talvez não tivesse recorrido a drogas mais pesadas...

– O quarto dela ainda está montado? – Gaara trocou de assunto, depois de pensamentos depressivos, Kankurou também mudou a fisionomia.

– Agora é um escritório do papai. – Respondeu olhando para baixo. Gaara fechou os punhos e pareceu engolir a raiva para fazer outra pergunta.

– E o outro escritório dele?

– O do primeiro andar? Virou uma biblioteca cuja única pessoa que entra lá é a empregada para limpar. – Riu seco e se levantou. – Gaara, o que aconteceu, digo, desde que vocês nasceram. – Ele usou uma entonação para que Gaara lhe desse todo ouvido. Kankurou não usava uma expressão tão séria e tão necessitada a Gaara, em mais tempo do que ele era capaz de lembrar.

– Não começa com isso. – Pediu, mas Kankurou ignorou e continuou a falar.

– Você sabe de cor, mas não acredita. – Lamentou. – Foda-se se nossos pais te culpam, a mãe estava doente e ele não teve caráter pra honrar o casamento deles, isso nunca teve nada a ver com vocês. E outra. Ninguém perde por dar amor, perde quem não sabe recebe-lo.

Sim, aquela frase. Podíamos parar e rever mil vezes ela e analisar o quanto caberia na vida de Gaara, em todos os momentos e instantes. Ele estava cansado, cansado de dar amor e de não recebê-lo, ele era a fera sem uma bela. E toda a dor que ele tinha, junto com o vazio, não cabiam em si, mesmo que ironicamente.

 

 

Subiu as escadas pensando o que faria quando entrasse no quarto. Sakura o esperava no quarto? Sua mãe estava louca. Ele deveria ter dito que não estavam mais juntos e Mikoto não deixaria a rosada entrar. Mas escolheu o segredo, escolheu a esperança de Sakura voltar pra si. E de mês em mês percebeu que isso se tornava um sonho cada vez mais distante por conta de Sasuke. Ou por sua própria conta...

Respirou fundo antes de entrar no quarto, veria Sakura e sua cama antiga. Ela estaria deitada com uma camiseta larga e de calcinha, afinal era seu look preferido e ele odiava saber disso e ter certeza disso. Respirou fundo, pois teria que ser forte.

– Sakura. – Entrou e disse o nome ao mesmo tempo. Sakura estava dormindo, era final de tarde. Itachi não soube o que fazer depois que Sakura não acordou. Então tomou banho e deixou o turbilhão de sentimentos dentro de si se acalmarem.

Saiu do box do banheiro e se encarou no espelho. O que estava fazendo no seu último ano? O que aquela mulher fez com ele? Um homem feliz e realizado. O que tinha mudado? Fechou os olhos com força e secou os cabelos com a toalha que usou para se secar. Colocou a calça que usaria no jantar. Sentou ao lado da cama e de cabeça baixa esperou Sakura ter seus primeiros minutos de lucidez.

– Eu não sei o que está fazendo aqui, mas quero que vá embora. – Itachi murmurou quando Sakura ia se virar.

– Ita... – Sussurrou se afastando até a cabeceira, assustada.

– Eu não estou brincando. – Reforçou sério e Sakura teve medo de outro surto de raiva de Itachi. Não aguentaria sair em um lençol da casa dele, não com a família dele lá.

– Se não vai me expulsar igual na Alpha? – Provocou, decidiu que não teria medo.

– Me perdoa por ter feito aquilo. – Itachi murmurou finalmente encarando a rosada que estava magoada. Por trás de toda audácia, Sakura ainda tinha seu lado menina, frágil. E por mais que ela tivesse o machucado, ele também a machucou com atitudes.

– Só se me perdoar por tudo. – Disse se aproximando. Pensou não dizer, porque diria? Mas decidiu. Itachi fazia parte de sua vida e tirá-lo como um esparadrapo doeu apenas para Itachi, afinal Sakura tinha sua anestesia, chamada Sasuke.

– Eu não preciso disso. – Disse decidido ao se levantar. E Sakura sentiu seu coração doer. Suas lágrimas não foram capazes de se conterem.

– Precisa sim. – Disse no meio de um soluço. – Eu não queria que nada disso estivesse acontecendo. Eu não queria me apaixonar pelo seu irmão, não queria te humilhar quando fiquei com ele na Alpha. Eu não queria nada disso. – Despejou tudo o que sentia e só tinha coragem de dizer a Itachi.

Não podia dizer a Sasuke que não queria ter se apaixonado, mas poderia dizer a Itachi. Não podia voltar atrás, não podia ignorar a presença de Sasuke. Nada poderia ser mudado e tinha que lidar com seus erros, com suas escolhas, com as consequências que a vida as trouxe.

– Eu te amo e te respeito. E é por isso que eu tinha que ter certeza. Não queria me enganar, te enganar... – Murmurou e fungou. Itachi ouviu paralisado e sua primeira ação foi ir até a rosada e abraçá-la. Ouvir seu coração e deixá-la chorar, descarregar a culpa que sentia. Afinal de contas ninguém é dono do próprio coração.

– Nós nascemos para o destino poder brincar. – Ele sussurrou no ouvido de Sakura e se separou dela. Ainda sentado na cama pegou o porta-retratos deles e analisou enquanto Sakura se recompunha.

– Agora que terminamos pode jogá-lo fora. Sei que odeia esse porta-retratos. – Brincou ainda com uma falha na voz, pelo choro. Itachi riu confundindo Sakura.

– Acha que é a primeira vez que venho aqui desde que terminamos? – Questionou e Sakura arregalou os olhos de surpresa. – Isso é importante pra mim, igual você. – Respondeu o olhar da Haruno. Colocou a foto de volta ao criado mudo e respirou fundo.

– Me deixa voltar para a Alpha. – Pediu, e percebeu o quão inoportuno foi, quando saiu de sua bora. Esse era o seu pedido quando resolveu deitar naquela cama, mas depois das palavras de Itachi, se arrependeu. Ao contrario do que pensava, Itachi deitou na cama, ao lado de Sakura e ficou um instante pensativo.

– É pra isso que veio aqui com o Sasuke? – Levantou uma sobrancelha, encarando o teto. Sakura engoliu seco e lembrou que o carro de Sasuke estava na entrada da casa.

– Podemos negociar. – Propôs mexendo no cabelo de Itachi, ele adorava aquele gesto. Então ele fechou os olhos e cogitou.

– Vai descer como minha namorada, como no ano passado, sem Sasuke. – Propôs ainda com os olhos fechados, mas dessa vez mais forte. Sakura respirou fundo e concordou. Sasuke ainda precisava de uma lição mais dolorida.

– Se eu fizer isso podemos voltar? – Perguntou.

– Se fizer isso, e o Sasuke ainda quiser continuar com isso, pode. – Concluiu e Sakura sabia do que Itachi estava falando.

Conhecia os pais de Sasuke e como viam Itachi como exemplo, apoiar Itachi balançaria Sasuke, por mais que ele soubesse que Sakura estivesse encenando, não suportaria vê-los juntos e felizes. Afinal isso já foi uma realidade não muito distante.

 

 

A mesa da família Sabaku foi posta e todos se acolhiam na mesa. Kankurou e Gaara conversaram por horas sobre diversos assuntos e estava na hora de encarar o patriarca da família e torcer para tudo ser rápido.

Desceu as escadas e caminhou até a varanda de fora da casa, esperava que seu pai fosse ao seu encontro e assim aconteceu. Um homem alto de terno apareceu com um copo de Whisky na mão com um olhar pouco convidativo.

– Sua mãe está feliz que esteja aqui. – Comentou, mas Gaara sabia que era uma cordialidade sarcástica.

– Eu vim ver Kankurou. – Resumiu, não queria estar tendo aquela conversa.

– Somos sua família. – Tentou e Gaara não conteve a gargalhada alta e a cara de descrença. – Não aja como se fossemos os vilões aqui. – Pediu se aproximando, não queria que os convidados notassem algo diferente.

– Vilões não, talvez péssimos pais. – Retrucou e o Sr. Sabaku estreitou os olhos.

– Eu soube que você foi expulso do time de futebol. É melhor você não seguir o caminho de merda da sua irmã. Se você veio ver Kankurou, se espelhe nele. – Mandou. E Gaara usou todo seu controle para não socar a cara do pai. Aquela noite era para ser dele com sua família, Kankurou, e ele não estragaria aceitando provocações.

– Eu não vou voltar. – falou determinado e o homem quase estourou o copo de vidro em sua mão de raiva.

– Não é uma escolha. Eu pago onde você mora, onde você estuda, o que você come e o carro que você anda. E mais, se não voltar posso tirar Kankurou da empresa, ai podem arrumar um trabalho como palhaços. – Ameaçou e bateu a porta da cozinha, voltando para dentro, sem dar a Gaara uma chance de resposta.

Um nó se formou na garganta e ele esmurrou a porta que fora fechada. Se perguntou por que tudo aquilo estava acontecendo com ele, e como conseguiu envolver Kankurou sem ao menos notar. Desejou ter atendido as ligações da Yamanaka, deixado ela falar e falar até convencê-lo a passar o feriado com ela, e lá esqueceriam de todo o resto... Mas lembrou de todos os motivos pelo qual não atendeu, porque não voltou, porque desistiu...

 

 

Pontualmente ás 21 horas a família Uchiha se reunia em volta da mesa e a troca de olhares foi intensa e curiosa, afinal, para os pais de Sasuke, ele conhecera Sakura naquele dia. Itachi sentava ao lado de Sakura, em frente à Sasuke, ao lado de sua mãe e Fugaku o patriarca sentando na ponta da mesa. Uma mesa cumprida cheia de convidados com conversas paralelas.

Os empregados serviam vinho aos convidados e Mikoto olhava atenta a todos os detalhes e movimentos, estava desconfiada, algo não estava certo com seus filhos e pode sentir de longe, como se fosse um instinto materno.

– Como vai o time meu filho? – Fugaku perguntou orgulhoso, pois já sabia a resposta.

– O primeiro no campeonato. – Comemorou estendendo a mão, seu pai o cumprimentou batendo.

– E o seu irmão, está indo bem? – Perguntou diretamente a Itachi, não dando a Sasuke chance de resposta.

– Estou tentando fazer ele correr mais com a bola, mas ele prefere correr atrás das líderes de torcida. – Riu levando algumas risadas de apoio. Sakura ficou tensa.

– Falando em torcida, Sakura já é a líder das diabinhas? – Mikoto perguntou e Sakura engoliu seco antes de responder.

– Não. Estou focando mais nos estudos. – Murmurou mexendo no prato. – Mas nossa nova líder é ótima, sua namorada, não é Sasuke? – Questionou abrindo um pequeno sorriso que Sasuke arregalou os olhos. Itachi riu.

– Porque não trouxe ela aqui Sasuke? – Fugaku interveio desconfiado. Sasuke olhou de Sakura a Itachi e percebeu que os planos estavam mudando de fato.

– A Sakura deve estar se confundindo, é de outra diabinha que eu gosto. – Respondeu encarando a rosada que ficou tão quente quanto à cor do cabelo.

– Outra? – Fugaku estreitou os olhos e sentiu o ambiente ficando pesado. Itachi resolveu agir.

– Ele está falando da menina dos Hyuuga que tem namorado. Sabe como o Sasuke sempre gostou do que é dos outros. – Deu de ombros tomando o vinho. Sakura deu uma engasgada silenciosa e Sasuke esfaqueou Itachi com o olhar.

– Acho que essa conversa está tomando um rumo que não deveria. – Madara falou observando a conversa de uma das pontas da mesa, enquanto os demais conversavam sobre outros assuntos.

– Itachi, você deveria ter bons modos. Não vamos falar de mulher com sua namorada presente. – Sasuke provocou.

– Já chega desse assunto. – Mikoto ordenou, não precisava de mais nenhum indício de que aquilo era mais pessoal do que gostariam de expor.

– O Sasuke é assim mesmo tio. – Itachi respondeu. – Adora roubar a cena. – Acrescentou abrindo um meio sorriso.

– Sua mãe tem razão chega desse assunto. – Sakura pediu. – Porque não falamos da nossa última viagem? – Propôs e Mikoto sorriu ao se lembrar da viagem que Itachi e Sakura fizeram no começo do ano.

– Como foi o Havaí? – Perguntou animada. E Fugaku continuou acompanhando as expressões de Itachi e Sasuke.

– Foi um sonho. – Declarou de forma sincera.

– Nosso aniversário de dois anos de casados também foi lá.  – Fugaku lembrou e estendeu a mão para Mikoto segurar.

– Aposto que também será especial para vocês daqui um tempo. – Mikoto complementou com seu olhar apaixonado.

– Itachi sempre será meu herói. – Confessou, mas encarar Sasuke fez sua resposta mudar. – Lembra-se do vulcão? – Perguntou a Itachi para diminuir a intensidade da frase anterior e Itachi percebeu, mas resolveu responder de forma mais suave.

– Como esquecer? Mãe, deveria ver sua nora chorar de medo á noite. – Brincou e Sakura deu um pequeno soco em Itachi que riu também.

– Eu vejo Sakura na sua mãe. – Fugaku comentou. – Os homens Uchiha entraram na vida dessas duas para dar um pouco de aventura.

Sim, Fugaku disse isso e Sakura deu um meio sorriso e olhou para Sasuke. Fugaku não tinha ideia de que aquela frase era bem mais literal do que ele dizia, mas claro, o Uchiha da questão era Sasuke, Itachi lhe dava estabilidade.

– Me diz você se vestiu igual aquelas havaianas? – Mikoto brincou e Itachi riu.

– Tá brincando? Ela não tirava aquela saia de palha por nada. – Debateu e Sakura gargalhou.

– Quando fomos pra Machu Picchu você não tirava poncho ridículo de rippie. – Se defendeu rindo e Sasuke fingia se entreter com o prato de comida.

– Não era de rippie. – Discordou rindo e os pais de Itachi acharam engraçado a discussão.

– Tenho que concordar com a Sakura meu filho, era ridículo. – Mikoto interveio.

– Querida, aquele era um poncho tradicional. – Fugaku veio em defesa à Itachi.

Naquele momento, naquela conversa... Sasuke percebera o quanto perdeu estando na Europa. Viagens juntos? Claro, sabia que Itachi adorava viajar e levaria a namorada com ele, mas com sua família também? Sakura era a nora sua mãe pediu a deus, mas claro, a nora perfeita para o filho perfeito.

Sakura e Itachi tinham tanto em comum, uma história. Sasuke chegou e acabou com tudo e na época pareceu que aquela história de nada valia.

Mas são os pequenos detalhes, como um jantar em família que faz todas as certezas virarem duvidas. Sasuke teve inveja de Itachi. De como ele tornava as coisas simples, de como atraia devoção e respeito de quem estava por perto... Desejou ser Itachi, mas era apenas seu irmão.

 

Pediu licença para ir até o banheiro e fez sua mala. Cinco minutos de lucidez e Sasuke voltaria para Londres. Desistiria de Sakura e da sua faculdade, com festas que não tem em nenhum outro lugar. Saiu pelas portas do fundo e antes de entrar no carro Itachi estava encostado com braços cruzados.

– Não é educado sair sem dizer adeus. – Itachi foi o primeiro a dizer alguma coisa.

– Como se você ou eles ligasse. – Deu de ombros jogando a mochila no banco traseiro.

– Eu já vi essa cena. Você se sente excluído, voa para a Europa e finge que nada aconteceu... Não é assim que se enfrentam problemas. – Tentou dialogar, mas não era isso que faria Sasuke mudar de ideia.

– Essa não é minha vida. Agora desencosta do meu carro. – Falou sério, não queria dialogar.

– E a Sakura?

– Onde ela está? – Perguntou, como se aquela resposta dependesse de sua ida. Afinal Sakura não estava lá e aquilo era estranho. Itachi vacilou em dizer e Sasuke se irritou. – Fala logo Itachi. – Mandou abrindo a porta do motorista.

– Mamãe quis mostrar seu vestido de noiva pra ela... – Murmurou, mesmo não querendo dizer, conhecia Sasuke. E como num filme repetido, de imediato, Sasuke deu apenas uma risada sem graça e entrou no carro. – Não precisamos brigar pela mesma mulher. – Pediu desencostando do carro.

– Como entrar em uma disputa com o filho perfeito dos Uchiha? – Questionou Itachi que apenas se calou. Sasuke ligou o carro e acelerou, deixando Itachi para trás.

 

Das ruas de Nova York até o aeroporto, Sasuke tentou voltar, mas toda vez que seu coração dizia “volta” sua mente teimava em dizer “vá embora” e o coração de Sasuke nunca falava tão alto.

Sem despedidas, como sempre fazia. Mudar o número de celular, desativar as redes sociais... Era fácil, e tinha se tornado praticamente um hábito ser sombra, e desaparecer. Talvez essa facilidade tivesse como motivo o fato de ninguém se importar o suficiente.

   Comprou sua passagem e esperou as duas horas que faltavam para seu embarque. Recomeçar sempre era um alívio, sem cobranças, poder tentar novamente...

Entre vários pensamentos lamentou deixar Sakura, mas vê-la jantando na mesa de seus pais, contanto aventuras com Itachi, só reforçava o quão ele não poderia fazer metade, ou ser metade do que Itachi era. E foi com essa motivação que subiu no avião e se recostou na poltrona. Colocou seus fones de ouvido e fechou os olhos, ouvindo a música que lembrava apenas uma pessoa...

E antes do avião decolar, um passageiro sentou-se com brutidão na poltrona ao lado da de Sasuke que tentou se conter, mas ao sentir um par de olhos sobre si, resolveu abrir os olhos e se assustou com a imagem que vira em sua frente.

– Ia sem se despedir? – Perguntou brava.

– Eu não sou bom com essas coisas. – Deu de ombros, seu coração estava disparado. Era Sakura ao seu lado e o avião prestes a decolar. – É melhor descer.

– Eu não vou a lugar nenhum. – Negou colocando o sinto de segurança e as palavras da aeromoça tomaram o avião.

– Minha mãe vai ficar chateada de não ter ficado para sobremesa. – Sasuke tentou desconversar, mas Sakura segurou em sua mão, quebrando qualquer distancia.

– Eu não vim pra falar da sua mãe. – Repreendeu se aproximando. – Eu não sou mais a namorada do Itachi. – O lembrou.

– Deveria, são perfeitos. – Riu com a ironia que aquilo era. – Eu não te quero aqui. Desce, não vai conseguir descer depois. – Pediu aumentando a distância. Seu nó na garganta ia apertando.

– Eu vou com você. – Disse, juntando sua cabeça na de Sasuke. – Vamos fazer dar certo. – Afirmou lhe dando um breve beijo e Sasuke não disse nada, apenas a beijou. Afinal era a primeira vez que alguém o impedia de ir embora, ou melhor, alguém que o acompanhasse por onde fosse e isso valia mais do que um jantar com a família perfeita.


Notas Finais


SE NO PROXIMO CAP VAI TER A VIAGEM DELES? NÃO!
Isso é porque eu não quero desviar dos planos da fanfic (afinal não era pra ter tido esse final).
Querem a viagem deles? Entra no link! https://www.spiritfanfiction.com/historia/porque-sasuke-uchiha-9237931
O que acham? Comenta aqui o que será daqui pra frente. Tristes pelo Sasuke e pelo Gaara?


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...