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História Alpha Succesor - Fugindo dos problemas


Escrita por: Annaliju

Notas do Autor


oie oie voltei
boa leitura

Capítulo 10 - Fugindo dos problemas


Sakura Haruno

 

A terra parecia úmida e macia, mas eu sabia que não era uma boa ideia ficar simplesmente deitada. Terra? Abri os olhos, confusa e um tanto chocada, onde eu estava? Na verdade tudo estava escuro demais, mas eu sentia que conhecia aquele lugar, tinha a mesma energia de antes. Nunca mais a esqueceria, não quando me trouxe tanta paz, o suficiente para me fazer dormir. Era tão estranho a forma como eu gostava daquela floresta. 

 

Meus pés se moveram, sozinhos. Inesperadamente eu tinha plena consciência de onde pisar, mesmo que a escuridão me abraçasse por todos os lados. O que não significa que não tenha medo, afinal, por que estou aqui? Por que não tenho controle sobre meu corpo?  E claro, eu tinha certeza que existiam bichos por aqui e eles, inclusive, preferia encontrar qualquer outro animal do que encontrar a vanguarda, era só o que me faltava, na verdade, dar de cara com eles quando não tenho controle nenhum sobre meu corpo. Abri a boca numa tentativa de bufar, mas nada saiu. Foi então que notei que a floresta também não produzia som nenhum. Nada. Ok, isso ta passando dos limites. 

 

Comecei a tentar voltar, mas não tinha como, meu corpo não deixava. Foram horas a fio andando naquela floresta, com aquele silêncio ensurdecedor e não sentindo absolutamente nada, nem frio, nem fome, nem cansaço ou dor. É angustiante, me sentia presa dentro de mim mesma. O caminho parecia cada vez mais íngrime, a mata cada vez mais fechada, e nada além de mim e do silêncio.

 

Sinceramente estava começando a entrar em pânico, mas então, ela parou. Quer dizer, eu parei. Levantei a cabeça, e lá estava, no topo, havia um

pico mais alto com uma cachoeira e ali, ao lado, entre as rochas e arbustos tinha uma cabana. Que era estranhamente familiar. 

 

"Sakura"

 

Meu corpo estremeceu, eu conhecia aquela voz. A sensação nostálgica se apoderou de mim, eu reconheceria em qualquer lugar, jamais se quer poderia esquecê-la. Tentei falar, mas nada saiu, olhei em volta e também não tinha nada, meu corpo também não se mexia mais, parecia paralisado. Onde ela estava? 

 

"Mãe" Eu queria gritar, me debater, correr ao menos, mas nada acontecia. O silêncio voltou, a floresta parecia cada vez mais escura e dessa vez meu corpo meu corpo não se mexia. 

 

Chegou um ponto que a única coisa que eu conseguia ver era a lua cheia que iluminava a casa de madeira no topo da cachoeira. Uma sensação de medo foi se apoderando de cada parte do meu ser, um pânico que vinha do fundo do meu âmago. Foi então que eu senti algo gélido escorrendo dos meus olhos, no primeiro instante achei que finalmente tivesse conseguido chorar, mas quando eu sequei, tudo que eu vi foi sangue. O rosto de Mekubi chicoteou na minha cabeça, como um aviso, uma ameaça. Eu gelei, a ponto de não conseguir respirar.

 

Inesperadamente, apenas um raio cortou os céus e inesperadamente me jogou a milhares de distância, a última coisa que escutei foi o estrondo

 

Sakura, querida, se acalme. Estamos aqui. — Abri os olhos repentinamente, reconheci o teto do quarto, a voz que falava comigo, mas logo os fechei pelo incômodo da pouca claridade. 

 

— O que aconteceu? — A minha voz saiu trêmula, me ergui na cama com a ajuda da minha tia, abaixei a cabeça quando a senti latejar e foi então que notei a cabeça do meu pai deitada do outro lado da cama. 

 

— Seu pai te encontrou desmaiada do lado da janela, depois disso você apagou querida, por dois dias. — Meus olhos se arregalaram e ela suspirou arrumando os travesseiros atrás de mim e em seguida encostou na cadeira. 

 

— Mas eu estava bem... — Murmurei, chocada. 

 

— Talvez fisicamente, mas mentalmente estava exausta, não é? — Tsunade perguntou. — Não estou julgando, se eu estivesse na mesma posição que você também surtaria. O que estou querendo dizer é que curamos seu corpo, mas a cabeça é outra coisa.

 

— Então por que não apaguei antes? — Perguntei franzindo o senho. 

 

— É mais simples do que parece. Quando estamos em situações de estresse, claro que sentimos irritação, mas depois de tudo estar calmo, muitas vezes vem a dor de cabeça. É basicamente a mesma relação, só que no seu caso, o estresse e cansaço, além das outras coisas, foi tão forte que te fez

dormir por dias, febril e ainda por cima alucinou diversas vezes. 

 

— Que dia é hoje? — Perguntei.

 

— Ainda é segunda-feira, mas já são onze da noite.

 

Meu Deus. — Foi nesse momento que a cabeça do meu pai levantou e ele suspirou aliviado.

 

Sakura! Garota, que susto você me deu. — Meu pai a essa altura já me apertava contra ele. 

 

— Aí, calma.

 

— Parece que a febre se foi totalmente. — Ele me ignorou completamente. — Então devia ser realmente uma infecção leve, ainda bem que estava aqui Tsuna. — Olhei para Tsunade. Ah, claro, ele não podia saber. 

 

— Foi o que eu disse. — Ela sorriu sem mostrar os dentes. 

 

— Pai, estou com um pouco de cede e fome. — O chamei e ele me olhou terno beijando minha testa.

 

— Claro, já volto, sua avó fez uma sopa para você, fique tranquila que não vai ser minha comida. — Murmurou a última parte rindo, nos fazendo sorrir também.

 

— Desculpa por preocupar vocês.

 

— Bom, você ainda não evoluiu a ponto de controlar as bactérias, não é filha? — Ele disse rindo e saindo do quarto.

 

— Isso é tão confuso. — Coloquei a mão na cabeça e tia Tsunade pegou minha mão.

 

— Você vai ter que aguentar mais um pouco, querida. Nesse momento o selo está sugando toda a sua energia para tentar se manter, você precisa evitar se desgastar ao máximo. Incluindo estresse. Sei que é difícil, e para ser sincera não pensei que teria tantos efeitos colaterais, mas é uma via de mão dupla. Enfim, eu e sua avó preparamos alguns remédios que vão te ajudar, estão lá embaixo, inclusive a sopa. Isso não significa que não vai ter mais nenhum mal estar, mas vai ser suficiente para te manter de pé. Mas me escute querida, vai ter que me prometer que ficará longe de confusão, é isso inclui o lobo qual está destinada. 

 

— Tia, a gente nem se gosta... — Eu não sabia como continuar aquela frase, minha voz morreu. 

 

— Exatamente por isso, é verdade que quanto mais fugimos mais dói, mas você nesse momento não tem consciência e não está preparada para enfrentar o caos que vira caso comece um relacionamento com um sucessor do mundo licantropo. Sua ligação com ele tem grande influência sobre seu emocional e você não pode lidar com isso agora, acredite em mim, precisa se manter longe. — A última lembrança de sábado à noite veio em minha mente como um tiro no meio do escuro. — Isso não vai ser fácil. 

 

— Nunca é. — Por incrível que pareça ela abriu um sorriso sem mostrar os dentes.

 

— Preciso te dizer mais uma coisa, a partir de agora, você não será mais a mesma. Existe um poder dentro de você desconhecido por nós e nesse momento ele está vazando, ao mesmo tempo que seu corpo tenta desesperadamente suprimi-lo. Como eu disse antes, nós podemos cuidar do seu estado físico, te prometo agora que eu e sua avó sempre estaremos aqui e não vamos deixar seu corpo se destruir, entretanto, sua mente depende de você. É muito provável que a partir de agora você se encontre instável emocionalmente, irritadiça, e entre outras coisas, mas precisa lutar contra isso, querida. Nesse momento há muitos olhos sobre você e apenas um erro pode mudar tudo, inclusive para nós, sua família. Você entende o que eu quero dizer, não é? 

 

Entendo. Significava que a qualquer momento poderiam vir atrás de mim, e eles não iriam sair ilesos. 

 

— Sim. 

 

[•••]

 

A manhã de terça-feira chegou tranquila, faltei novamente e como mandaram, resolvi focar em me fortalecer e relaxar, mesmo que aquele sonho estranho não saísse da minha cabeça. Também aproveitei para conversar com meus amigos, pegar matéria que perdi e explicar a situação, afinal Ino e Hinata estavam preocupadas. Por alguma razão dessa vez eu resolvi não falar muita coisa para as duas, apenas dizer que passei mal. A conversa não durou muito, acho que até notaram que eu não estava muito disposta. 

 

Já estava tarde quando subi para o meu quarto após jantar de novo a sopa da vovó, resolvi desenhar um pouco, passando as páginas foi quando vi a mesma paisagem que sonhei. O que significava tudo aquilo? Eu sentia que era o tipo de coisa que eu deveria ver sozinha. Acabei recordando também uma das conversas que tive com vovó, onde ela disse encontrou minha mãe em uma cabana na floresta. Suspirei e logo depois adormeci pensando naquilo, mas dessa vez não sonhei com nada. 

 

Quarta-feira a minha rotina voltou ao normal, com a carona da lourinha para escola e suas fofocas mirabolantes. Naquele momento, mesmo que eu quisesse perguntar sobre eles, decidi que era melhor não, principalmente quando a mesma também nem tocou no assunto, sua principal tese era o Sai e claro, uma festa. A festa da fogueira era uma tradução dos membros antigos para os novatos do time e das líderes de torcida, lá eles fazem uma promessa de focar nos jogos e mais outras coisas do tipo. E claro que a loirinha estava muito mais que animada e iria a qualquer custo, o único problema é que isso me envolvia também, já que ela parecia fazer questão que todos nós fôssemos. Provavelmente ela convenceria todo mundo, afinal, por experiências própria, Ino era muito boa em conquistar e convencer pessoas. 

 

Eu mentiria se não sentisse que estava diferente. Mais uma vez Tsunade tinha acertado todos os sintomas, apesar de não ter dores no corpo, febre ou mal estar, minha cabeça doía um pouco e eu me encontrava inesperadamente ansiosa e irritadiça, o que era novo. Algo novo em mim parecia borbulhar como água quente, querendo sair e forçando entrada. Por esse motivo eu resolvi fazer como minha tia falou, iria ficar longe de confusão. Por esse motivo fiquei um pouco mais quieta e pensativa, as primeiras aulas tinham acabado e agora viria o intervalo. Isso me preocupava. 

 

Para ser totalmente sincera, não queria encarar ele hoje e nem o resto do seu grupo com seus olhares curiosos e avaliativos. 

 

— Ah... vou na biblioteca. — Falei, interrompendo o assunto que Ino, Tenten e Hinata estavam tendo, elas já estavam seguindo para o refeitório e basicamente eu já estava no meio do caminho. A loira e Tenten me olharam com o senho franzido, mas Hinata, como sempre observadora é infinitamente gentil, abriu um sorriso sem mostrar os dentes, como se verdadeiramente entendesse o que se passava na minha cabeça. 

 

— Eu posso ir com você? — Perguntou a morena e as outras duas se entreolharam.

 

— Vocês não vão comer? — Dessa vez foi Ino e eu neguei. 

 

— Eu tenho um sanduíche, trás uma fruta pra mim, se puder. — Hinata respondeu, elas continuavam a nos olhar desconfiadas. 

 

— Desculpa, ainda estou com dor de cabeça e o refeitório é muito barulhento. 

 

— Eu vou pela companhia, nunca gostei de barulho também. — Disse Hinata. 

 

— Ah, entendi. — Respondeu Tenten. 

 

— Ok, se é assim então. — Resmungou a loira.

 

— Inclusive... — Ia falar mas Ino sorriu e o mais estranho veio a seguir:

 

— Já sei, não falar que você está na biblioteca. — O fato dela saber exatamente o que eu ia pedir. 

 

— As vezes você me assusta. — Falei e elas riram. 

 

— Mas por que não falar? — Perguntou a morena de coques.

 

— Aí Tenten, você as vezes é tão lenta. — Falou se virando e piscando para nós, enquanto a outra cruzou as sobrancelhas e seguiu atrás dela.

 

— Como assim lenta? — Resmungou. 

 

No primeiro instante foi um silêncio absoluto entre mim e Hinata, ambas seguimos em direção a biblioteca caladas. 

 

— As vezes é bom ter alguém para dividir o peso das coisas. — Comentou ela.

 

— Eu sei. É que nem sei como começar a explicar. Tenho que me manter longe de estresse e problema, isso me deixa mais suscetível a ficar mal e dormir por dias.

 

— Dormir por dias? 

 

— É, não passei mal de verdade, simplesmente meu corpo apagou de exaustão emocional. — Expliquei.

 

— Meu Deus.

 

— Minha tia disse que seria melhor eu ficar longe... Mas esqueci completamente do recreio e essas coisas, só pensei nisso agora. Vou começar a trazer meu almoço para comer aqui. 

 

— Bom, eu te acompanho. Para mim não é nenhum sufoco. — Ela riu e deu de ombros. 

 

— Hinata. — Chamei e ela me encarou. — Você sabe sobre alguma cabana ou casa na floresta? — Ela me olhou confusa. 

 

— Sim, por que? 

 

— Nada — Ambas ficamos em silêncio daquela vez, a morena logo foi em direção a prateleira e eu me sentei em uma das mesas que estavam perto. Ela parecia ter finalmente encontrado o livro que queria, seu braço se ergueu e foi naquele momento que eu tive um vislumbre do hematoma que marcavam exatos cinco dedos em seu braço, estava roxo. 

 

Meu corpo tremeu, os dedos pareciam finos de mais para serem uma mão masculina e uma mulher normal não podia ter aquela força toda. No mesmo instante Hinata abaixou o braço e colocou a mão ali, não por medo que alguém visse, mas porque ela estava com dor. No fundo do meu âmago, eu sabia muito bem quem tinha feito aquilo, não precisava perguntar e provavelmente ela não me contaria. Por isso jurei naquele momento que não deixaria mais isso acontecer. Nunca mais. Nem com ela ou qualquer outra pessoa. 

 

Naquele dia ficamos lá na biblioteca, olhando alguns livros, sentadas conversando baixo e até rindo de alguma bobagem no telefone. Quinta-feira se seguiu da mesma forma, Ino e Tenten ficaram um pouco desconfiadas mas não falaram nada, mas duvido que a loira ia ficar sem reclamar disso por muito tempo, os garotos também não falaram muita coisa, apenas que ficaram com saudades e algo do tipo, afinal, a gente sempre se encontrava na saída. Inclusive, até procurei nos livros da biblioteca sobre a cabana do sonho, mas até então, nada. Nenhuma forma de como chegar ou algo do tipo. 

 

Continuei seguindo os remédios, tomando a sopa e atualizando minha avó e minha tia. Até agora não havia tido nenhuma mudança muito brusca, meu humor realmente estava mais instável e em alguns momentos do dia a dor de cabeça atacava. E em todo esse tempo eu não topei com quase ninguém da vanguarda, as vezes a Temari no banheiro feminino ou os garotos que faziam alguma aula comigo, mas diferente do que imaginei, todos eles pareciam me tratar como tratavam o resto; como se não existisse. E por incrível que pareça, eu estava agradecida. 

 

Entretanto, a paz assim como a felicidade é uma coisa passageira. Sexta-feira tínhamos feito a mesma coisa, eu e Hinata seguimos para biblioteca e claro, dessa vez com alguns protestos da loira. Hinata resolveu alugar uns livros a mais, eu diria que ela era uma leitora compulsiva, comemos e conversamos e pouco tempo depois o sinal bateu, e saímos de lá e claro, lá ia a morena e seus cinco livros todos empilhados. 

 

O corredor como sempre havia um bom número de estudantes indo para lá e para cá, um aglomerado de gente, conversa e barulho. Um calor esquisito começou a percorrer meu corpo, talvez estivesse realmente abafado, mas era algo muito raro em uma cidade fria e chuvosa, por esse motivo conclui que o problema era eu. Nunca tive problema com lugares cheios ou barulhentos, mas ao que parece meu lado sobrenatural não gosta muito de gente, senti vontade de rir no mesmo instante que pensei sobre isso. Passei a mão pela nuca, estava suando e o pior, eu estava gelada. Senti uma pontada na cabeça no mesmo instante, por esse motivo suguei todo o ar que pude. 

 

— Ei, tá tudo bem? — Escutei Hinata perguntar, mas nem consegui responder. Calafrios. A teoria que comecei a pensar era que para sufocar o calor que vinha de dentro meu corpo estava forçando a minha temperatura a descer. 

 

Mas eu esqueci de tudo no momento em que Hinata Hyuga tropeçou em um pé colocado de propósito, deixando todos os seus livros caírem e machucando seu rosto, mãos e joelhos.  

 

— Olha por onde anda, feiosa. — Foi quando uma série de risadas começou, mas a primeira delas, a de maldade e deboche, eu reconheci. Meus dentes trincaram e eu parei de tremer, o calor venceu a batalha. 

 

Quando entrei naquele corredor eu estava tão distraída e desconfortável que nem mesmo notei que no canto do corredor, encostada nos armários estava Shion, algumas outras garotas e alguns membros da vanguarda, como a Karin, Suigetsu e Jugo. Entretanto, os dois ruivos pareciam desconfortáveis com a situação, enquanto o resto ria, mas eu sabia que a única capaz de ter feito a Hinata tropeçar era loira. 

 

A primeira coisa que eu fiz foi levantar a morena, em um tranco só. Naquele momento a megera já tinha se virado de volta para a sua rodinha, mas eu estava vendo tudo vermelho. Algo tomou conta de mim, uma raiva se apoderou por cada molécula do meu corpo. Eu estava fervendo.

 

— Não pega nenhum livro, Hinata. — Falei quando a coloquei de pé, no mesmo instante dei alguns passos e fui até a loira. Agarrei seu braço com força, com uma força que até eu desconhecia, e a virei de frente para mim. Com ódio, provavelmente da mesma forma como ela apertou e tratou minha amiga quando deixou aquele hematoma. — Você colocou o pé na frente, você pega as coisas dela. — Falei alto. Um silêncio descomunal se apoderou do ambiente, as pessoas pararam para observar. 

 

Shion me encarava de sobrancelhas franzidas.

 

— Shion. — O cara ruivo a chamou e ela virou. — Essa garota não está em seu estado normal, sinta o cheiro, por esse motivo faça o que ela está pedindo. — Ele ordenou e fez uma pausa. — Você não pode se meter com ela, nenhum de nós. 

 

— Ela é só uma garotinha, fraca e chorona, Jugo. 

 

— Não é por causa dela, é por causa daquele que a protege e que nós devemos obediência. A ordem é não se aproximar dela. — Ele respondeu ríspido. 

 

— Não me interessa o que o cachorrinho do Sasuke pensa, não vou deixar essa garota falar assim comigo. — Dito isso ela se virou em minha direção e abriu uma expressão de puro escárnio, e retomou a discussão: — E se eu não quiser pegar os livros? O que você pode fazer, garotinha? — Respondeu, alto o suficiente, suas amigas riram e ela tentou tirar seu braço novamente, mas eu o segurei mais forte, com mais ódio. Novamente ela franziu as sobrancelhas, em dúvida e tentou puxar o braço de novo, agora mais forte, mas eu não deixei.

 

— Você vai pegar, porque se não pegar, eu vou esfregar a sua cara nesse chão. — Talvez, só talvez eu tenha exagerado. Conclui isso quando seu rosto e o de todos eles ficaram em choques, não liguei e continuei.— Eu não sei qual é a porra do seu problema com a Hinata, e de verdade, não me interessa, de fato ela é boa e gentil demais para reagir, mas eu não. E eu não vou mais permitir que a faça de chacota, que a torture dia após dia, que faça a se sentir mal quando na verdade o único lixo aqui é você. E quer saber de uma coisa? — Olhei as pessoas em volta que riram e pareciam abismadas. — Vocês que riem e dão palco para esse tipo de humilhação são da mesma laia, ninguém se ofereceu para ajudá-la a levantar, ninguém acusou essa idiota de colocar o pé na frente. 

 

— Sakura... — Hinata murmurou, em choque. 

 

— O que tá acontecendo? — Ao que parecia Ino e Tenten haviam acabado de chegar, pela minha visão periférica vi que estavam do lado da morena. 

 

— Já chega garota, eu tô farta de você! — Dessa vez ela conseguiu se soltar do meu aperto, mas meus dedos estavam lá marcados no seu braço. — Você acabou de chegar e se acha a dona do pedaço, se eu fosse você baixava sua bola, você não sabe como as coisas funcionam por aqui, sua desgraçada. 

 

— Não me interessa como funciona e eu não dou a mínima para o que você acha. Agora, pega a porra do livro que você derrubou ou eu vou socar a sua cara até ela ficar deformada. — Puxei a gola de sua camisa para ficar mais perto dela e a loira trincou os dentes de ódio. 

 

— Ei, o que você pensa que tá fazendo? Tá maluca? — De repente chegou quem faltava. Naruto se colocou na frente da namorada bruscamente, interrompendo e nos separando. Gaara estava ao lado dele com as mãos no bolso. O loiro estava com as sobrancelhas franzidas e parecia com raiva, enquanto o ruivo se mantinha inexpressivo.

 

— Sakura, vamos, não precisa disso tudo... — Hinata tentou falar para amenizar as coisas, mas já era tarde. Não dava mais para voltar atrás.

 

— Ótimo, chegou o paspalho que faltava. 

 

— Como é que é? 

 

— Você para mim é um idiota. — Vi um sorriso de canto nascer no rosto do amigo dele. — Nunca escutou o ditado que quem se mistura com porco come farelo? Você namora uma pessoa que sente prazer em humilhar e bater em pessoas que não podem se defender, provavelmente faz isso a anos, e você está aí defendendo um lixo igual a ela. Você é igual esse bando de idiota que riu. Mesma laia. — O loirinho trincou o maxilar e eu sorri sem mostrar os dentes. — Na verdade, você é pior, porque a metade disso é por sua causa, não é? E só vai ladeira abaixo quando chego a conclusão que você conhece a Hinata desde criança, eram melhores amigos e hoje em dia você assiste isso de braços cruzados sem fazer porra nenhuma. 

 

— Você não sabe nem do que tá falando, e se soubesse não me importa porque esse assunto não é da sua conta. — Respondeu ríspido e eu sorri, irônica.

 

— Naruto. — Karin chamou ele, mas ele nem se mexeu. 

 

— Sabe por que sua resposta é essa? Porque você é um frouxo. — Ele rosnou, completamente irritado. 

 

— Ou, gatinha, vamos com calma, tá legal? — Dessa vez foi Suigetsu, ele tentou tocar no meu braço mas eu puxei antes.

 

— Não se mete. — A boca dele se abriu em um O perfeito e dessa vez eu sorri, irônica. — Você devia falar isso para ele, que tá rosnando por causa da vira-lata da namorada dele.

 

Daquela vez o rosnado saiu mais alto, e tanto o albino quanto o ruivo colocaram uma mão no peito do Naruto. A situação estava fugindo do controle. E não foi apenas eu que senti isso. 

 

Karin, Jugo vão chamar o Sasuke. Ou isso aqui vai acabar mal. — Suigetsu falou se virando para os dois, a ruiva nem se mexeu, encarava aquela cena embasbacada, mas o outro a puxou e a levou junto. 

 

— Você precisa se acalmar Naruto, eu entendo que é instintivo, mas a gente não sabe o que aconteceu aqui. — A voz grossa e calma soou ao lado esquerdo dele. 

 

— Deixa ele ser um pau mandado. 

 

— Sakura, por favor, para com isso. Lembra do que você me disse. — Me virei para encarar Hinata Hyuga que estava atrás de mim, com o rosto molhado e uma feição desesperada. Ela naquele momento segurava meu braço em uma tentativa de me arrastar, mas nem me mexi. No fim das contas talvez nem precisasse chamar Sasuke, porque o ponto fraco de Naruto Uzumaki estava bem ali atrás. Só um idiota não notaria a forma como ele tremeu só de escutar a voz dela em pânico, as lágrimas no rosto e o hematoma no braço, agora eu tinha certeza que ele viu. 

 

— Ela precisa saber o lugar dela, Hinata. Essa perseguição não é normal e muito menos saudável, não é mais novidade que bullying mata e ela faz, quase todo dia. — Me virei para frente. — Meu problema não é com você, sai da frente, porque a Shion vai pegar os livros que derrubou e vai pedir desculpar por ter ofendido a Hinata. 

 

— Chega garota, você já apareceu o suficiente hoje. Eu não vou pegar nada, sua puta! Vá se foder você e essa horrorosa patética! — Se eu falasse que não tivesse ficado surpresa seria mentira, principalmente quando a loira saiu de trás do Naruto e ficou cara a cara comigo, parece que ela estava no limite. 

 

Meu Deus. — Escutei o albino falar pasmo com a proporção que aquilo estava adquirindo. Se essa fosse uma situação completamente diferente, eu com toda certeza iria rir da cara que ele fez. Mas naquele momento eu estava irada, fora de mim. Tão descontrolada que eu nem sentia meu corpo. 

 

— Antes puta do que mal amada. — Falei irônica e depois baixei a voz, bem baixinha, por alguma razão eu quis falar para apenas eles lobos escutarem. Por isso cochichei, e também porque era vergonhoso me rebaixar desse jeito, provavelmente iria me arrepender depois. — E mal comida. — A boca dela foi no chão, é eu também sabia ser baixa. Na verdade eu encarei situações como essa muito mais vezes do que ela, a cidade grande não é um lugar pacífico. — Ele nem sente vontade de ficar com você, não é? Lobisomem de quinta. Ou talvez eu devesse falar, cadelinha vira-lata. 

 

— Eu vou te matar, eu juro, EU VOU TE MATAR! — Dessa vez um rugido feroz atravessou sua garganta e ecoou no corredor e ela avançou contra mim. Provavelmente apenas eu consegui ver a mudança do seu corpo, suas unhas aumentaram e seus olhos ficaram em um tom escuro de roxo. Ela ergueu o braço, provavelmente para colocar as garras em mim ou me bater, mas eu estava extremamente disposta a lutar com ela também, mesmo que provavelmente ainda fosse mais fraca já que ainda era uma humana. 

 

Entretanto, tudo parou. Rápido demais, não consegui ver quando aquilo aconteceu. De forma repentina Sasuke Uchiha estava entre nós, ele me colocou atrás de si e segurou o braço de Shion no ar, a impedindo. No mesmo instante a energia do ambiente mudou, se tornou pesada, sombria. Estava difícil respirar.

 

O que você pensa que está fazendo?Sua voz era fria e calma, mas repleta de ódio. A loira resetou, seu rosto ficou branco como papel, a transformação resetou no mesmo instante e ele a soltou, como se tivesse com nojo. Saia daqui agora. — Uma lufada de ar saiu de seus lábios e automaticamente o ar se tornou mais pesado. Vi quando os olhos antes roxos se direcionaram a Naruto, como se pedisse ajuda.

 

— Não é hora para discutir, Shion. Estamos errados, tínhamos ordens... — A voz do loiro soou muito baixa e foi morrendo, ele parecia arrasado. Seus olhos foram em minha direção e em seguida para Hinata, e estavam cheios de mágoa, dor e culpa. Naruto suspirou antes de se virar e seguir o caminho contrário de onde veio, o resto deles também ia fazer a mesma coisa, inclusive, Shion.

 

— Espera. — Sasuke me olhou por cima dos ombros e eles pararam. — Ela não pegou... — Engoli em seco, os olhos negros eram intensos demais e me deixavam nervosa, mas o encarei. — ... os livros que derrubou, nem ao menos pediu desculpa para a Hinata. 

 

Para a minha surpresa, e talvez até a metade do colégio que acompanhava aquela cena toda, Sasuke Uchiha assentiu.

 

— Faça o que ela está pedindo. 

 

— O que? — A loira mesclava entre o ódio, a incredulidade e o medo. 

 

— Faça. Agora. — Ele rosnou baixo e disse pausadamente. A loira engoliu o ódio que se formava em sua garganta, Suigetsu abriu espaço para que ela passasse e se agachasse para pegar os livros, e ela catou, um por um. Seu corpo tremia de tanto ódio. Ela juntou e empilhou os livros e andou até minha amiga, nesse momento Hinata se encontrava um pouco mais atrás de mim, Ino e Tenten pareciam amparar a morena, cada uma de um lado. 

 

— Desculpa. Hinata. — Sua voz tremeu assim como o resto do seu corpo, cheios de ódio. Ela se virou para sair, sem nem deixar a Hyuga responder. Algumas garotas que estavam na confusão antes, a seguiram, mas eu notei o olhar que ela me lançou em questão de poucos segundos, um olhar tomado pelo ódio, um olhar de quem não iria deixar aquilo barato. 

 

— Vamos andando pessoal, o show acabou. — Uma voz forte e feminina soou, era Temari, foi então que notei o resto da vanguarda. Shikamaru, estava ao lado de Jugo e Karin, provavelmente estavam juntos com Sasuke e acabaram envolvidos nessa situação. Aos poucos as pessoas foram se dispersando, e indo em direção a sua aula. Inclusive eles mesmos, exceto Sasuke que ainda não tinha saído do lugar, nem eu ou as garotas. Entretanto, isso durou pouco já que o moreno resolveu virar em minha direção. 

 

Lá estava ele, com toda a sua postura impenetrável, a jaqueta de couro, a blusa branca e a calça jeans escura. Infelizmente, bonito como sempre. Seus olhos negros se focaram no meu rosto e seu rosto franziu. 

 

— Acho que você deveria vir comigo. — Disse ele e eu arqueei a sobrancelha. — Eu... gostaria de falar com você. — Sasuke desviou os olhos e parecia desconfortável, claro, ele baixou a guarda comigo, de novo. Provavelmente por causa da ligação. Me virei um pouco para olhar as garotas. 

 

— Vocês estão bem?

 

— Ahh... eu tô bem. — Hinata percebeu meu olhar e intercalou entre eu e o Uchiha atrás de mim, um sorriso gentil, sem mostrar os dentes brotou em seu rosto. — Obrigada, Sakura. 

 

— Pode ir com ele, a gente cuida dela. Vamos. — Ino empurrou as duas morenas.

 

— Eii, o que você tá fazendo? — Tenten reclamou. — Ino para com isso. 

 

— Você não notou o climão entre aqueles dois? Vamos logo... — A voz da loira se perdeu conforme elas tomavam distância e eu bufei, me virando de volta a ele. Sasuke não disse nada, apenas se virou e começou a andar em direção a outros corredores.

 

— Para onde estamos indo? — Perguntei. 

 

— Para um lugar tranquilo. 

 

— Um lugar tranquilo? 

 

— Você é bastante curiosa, não é? — Ele perguntou e olhou para trás, diferente do que eu imaginei, tinha um pequeno sorriso em sua boca. — Você estava se sentindo sufocada lá dentro, não estava? Acho que é melhor você pegar um ar, sei que está tendo problemas para se manter bem. 

 

Dito isso parecia que finalmente tínhamos chego, reconheci o corredor que dava nos fundos da escola, assim que ele passou pela porta e a segurou para que eu passasse. Desci a pequena escadaria e respirei profundamente assim que meus pés tocaram a grama. Observei o moreno me ultrapassar e sentar na copa da primeira árvore mais próxima da escola. Respirei profundamente o ar gélido, chegava a fazer cócegas em meu interior quente. Pouco a pouco, todo meu corpo foi resetando, se acalmando, a cabeça clareando. 

 

Era bom, porque toda vez que eu conversava com Sasuke as coisas nunca acabavam bem, e eu espero que dessa vez, seja pacífica. Passei a semana inteira fugindo deles para encarar essa situação hoje, o destino parece gostar muito de uma ironia. 

 

 

 

observação: todas as vezes que Sakura usa as palavras cadela ou vira-lata ela se refere ao fato de Shion ser uma mulher lobo e não no termo pejorativo a outra mulher


Notas Finais


gente que treta HAHAHAHA
eu fiquei meio assim de colocar tais palavras, mas... a sakura estava possessa, perdão
Sasuke chegou na hora né?
será q naruto finalmente caiu na real?
e shion, o que vai acontecer com ela? será que ela vai se vingar??
e esses dois? será que teremos paz??? HAHAHA
bom quem me conhece sabe que eu sou a rainha da fanfic boiolinha... (se você nunca leu minhas outras fic’s eu sugiro viukkkkkkkk brincadeira)
bjs bjs


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