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História Alpha Succesor - Vanguarda


Escrita por: Annaliju

Notas do Autor


oie oiê tô por aqui um pouco mais cedo hj
boa leitura

Capítulo 3 - Vanguarda


Sakura Haruno


Os dias se passavam um atropelando o outro, havia praticamente firmado um rotina. Todo dia íamos tomar café com a vovó e tia Tsunade, depois ambos iam para o hospital juntos e eu seguia para o jardim com vovó Mito. Trabalhávamos nele até o almoço, me divertia ajudando ela a fazer comida e mais ainda quando a convenci a comer yakisoba, ela detestou. No fim da tarde voltámos ao jardim e então Ino surgia do outro lado do portão, a essa altura já estávamos próximas o suficiente para a loira contar todos os tipos de loucura. Lanchamos juntas e as vezes tinha papai e Tsunade para acompanhar, no fim ia para casa assistia uma bobeira na televisão com Kizashi e comia a sobra do almoço.

O problema é que a metade dessas coisas estava prestes a mudar, meu pai começaria os plantões essa semana. Um aperto surgia em meu coração mas empurrei para o fundo do meu âmago, ele precisava trabalhar, além de ser importante e nosso sustento. Mas se existia alguém que estava totalmente animada com isso, era Ino e por incrível que pareça, vovó. Quando na sexta a loira sugeriu que poderíamos comprar umas besteiras na lojinha de conveniência que ficava no posto e ver uma série na televisão, ela dormiria lá em casa e faríamos uma noite das garotas. Vovó entrou nisso falando que deveríamos passear pela cidade antes de ir comprar as "guloseimas" e Ino adorou mais ainda. Quando me encararam com expectativa eu não tive outra escolha a não ser falar que precisava de um caderno e algumas canetas novas para o colégio.

Foi assim que me meti em uma caminhonete grande que Ino pegou emprestado com o irmão as quatro da tarde de uma segunda-feira. Depois de tentar ligar o carro duas vezes e ele
morrer, a loira finalmente conseguiu e em um solavanco ela deu ré para sairmos da garagem.

— Você tem certeza que sabe dirigir. — Falei quando a loira desceu a calçada e minha cabeça bateu no teto.

— Claro que sim, meu pai me ensinou e eu passei na prova. — Resmungou ofendida enquanto procurava o controle da garagem.

— Agora estou na dúvida sobre a habilidade do seu pai.

— Pode parar de ser engraçadinha, ok? Meu pai é ótimo motorista. — Rebateu se ajeitando no banco.

— Para onde vamos primeiro então, motorista Ino? — Perguntei sarcástica e ri quando a loira xingou um "testuda de uma figa" mas em seguida abriu um sorriso negando com a cabeça.

— Comprar seus cadernos, antes que a papelaria feche. Depois vamos na farmácia comprar meus produtos de pele e um corretivo, isso não posso esquecer do corretivo. — Resmungou para si mesma. — E então vamos passar no JackPizza e em seguida na lojinha de conveniência encher as sacolas de chocolate e sorvete.

A parte mais simples de todas foi passar na papelaria, peguei um fichário ao invés de cadernos e mais algumas folhas, além de uma pasta. Nunca me importei muito com a aparência das coisas, acho que estudar grande parte da minha vida em casa tirou um pouco dessa vaidade e tendência de competição. Mas Ino fez questão de escolher as melhores canetas possíveis para mim, e também mais caras. Acabei comprando alguns pincéis e tintas, além de um caderninho menor e alguns lápis especiais. Nesse sentido acho que a Yamanaka era meu completo oposto, o que no fundo, era bom.

As coisas começaram a sair do controle no instante em que a loira viu um vestido que segundo ela "era bonito demais para ser ignorado" e não só ele como uma saia, calça jeans e uma bata confortável, no fim ela também acabou levando um tênis novo, segundo ela era tudo para o colégio. Já deviam ser umas sete horas quando saímos da loja. Sinceramente, eu nunca fui muito religiosa, principalmente depois da morte de mamãe, mas naquele momento eu agradeci aos céus e qual um dos seres que os habitassem, definitivamente ir às compras não era minha atividade favorita.

Segundo a loira, a farmácia era logo ali na frente e não havia a necessidade de pegar o carro novamente. Mas o que realmente havia me chamado atenção naquela rua, era a lojinha simples toda pré fabricada no final. Havia um letreiro pequeno, um banner anunciando as promoções e um banco de madeira. Deixei de lado e entrei na farmácia com a loira, mas depois de meia hora e vendo que a mesma nem havia chego nas partes da loja de pele e maquiagem e sim estava vendo produtos para cabelo, e que nada ali tinha muito haver comigo, eu decidi ir até a pequena lojinha.

— Ino, vou na lojinha no final da rua que vi quando dobramos a rua. — Chamei, a mesma só fez um sinal com a mão que estava tudo bem e continuou lendo assiduamente o rótulo de um creme de sei lá que.

Por alguns segundos eu me recriminei internamente pela minha falta, quase total, de vaidade. No fundo uma parte de mim dizia que tinha relação com o fato de ter poucas figuras femininas em minha vida, mais ainda a falta de contato que tive com elas.

Encarei mais uma vez a lojinha, chegando mais perto consegui ler o letreiro que dizia "livraria" a porta era de madeira mas havia um grande vidro em seu centro, acima do banco havia uma janela e o mesmo acontecia no outro canto. Um sentimento estranho, completamente novo aumentou dentro de mim. Eu precisava entrar ali. Era como uma vibração, e assim que coloquei a mão na maçaneta passou por minha mão e braços. Soltei uma lufada de ar antes de entrar no lugar, os pequenos sinos acima da minha cabeça fizeram barulho mas parecia que nem havia chego em meus ouvidos. De repente havia ficado cega e surda, a única coisa que escutava era meu coração batendo dentro do peito, totalmente sincronizado com a emoção intensa que se apossou do meu corpo.

Meus pais se mexeram, talvez por puro instinto, porque não era eu que os tava controlando. Seguiram diretamente para um dos cantos da livraria, entrando em um dos quatro corredores que faziam ali por causa das estantes de livros. Assim que parei na frente de uma, minhas mãos se ergueram e tocaram um dos livros ali, um amarronzado, com desenhos dourados em sua capa, no mesmo instante um choque percorreu meu corpo e o livro caiu sobre meu colo, mas dessa vez parecia que eu estava controlando meus próprios membros e conseguiu pega-lo.

— Olá, em que posso ajudá-la? — Virei meu rosto vendo uma mulher já adulta, seus cabelos eram roxos, haviam dúzias de piercings em seu rosto mas nada disso teria me assustado, não até que o momento que vi seus olhos. Um dourado, praticamente laranja abraçava sua pupila. Nunca tinha visto um olho daquela cor, um tipo totalmente novo de castanho. Era um olhar sensitivo, daqueles devastadores que te moem e reconhecem algo que você não está disposta a mostrar. — Oh, In ruina eius Autumnus¹  é sem duvida um livro interresse.

Um arrepio percorreu meu corpo assim que o nome do livro saiu de sua boca, e diferente da primeira impressão por causa de seus olhos, sua voz e gestos eram gentis. Pisquei meus olhos respirando fundo, recobrando o sentido.

— Fui atraída pelo nome. — Murmurei, quase letárgica. O que estava acontecendo comigo? Ela sorriu.

— Sou Konan, você é...

— Sakura.

— Imaginei que fosse a moradora nova. Para ser honesta, acho que há poucas pessoas da cidade que não sabem sobre sua vinda.

— Isso é assustador, vocês sabem, né? — Ela soltou uma gargalhada suave.

— Nenhum de nós esperava por isso. — Automaticamente entendi que havia um duplo sentido na frase, mas ela continuou enquanto se aproximava. — Não recebemos muito moradores por aqui, ainda mais alguém da cidade grande, nem sabia que vocês possuíam conhecimento sobre nós. — Naquele momento eu pensei que estava enlouquecendo, porque novamente parecia ter mais uma conversa.

— Realmente, a maioria não sabe da existência dessa cidade. — Me limitei a responder e ela afirmou mantendo-se calada, me limitei a encarar a estante de livros, fingindo estar a procura de mais um, mas meu cérebro se mantinha nublado.

— Acho que tenho mais alguns livros em mente para você. — Comentou depois de alguns minutos indicando para que eu a seguisse. Ela seguiu rapidamente para trás de uma bancada, na parede em suas costas havia mais uma estante e então ela se virou para me olhar por um momento antes de puxar mais dois livros dali.

Um possuía a capa azul, algumas linhas brancas e então os nomes no centro "Francês, Latim, Inglês" um dicionário. Me faz automaticamente pensar que o livro que se encontrava em meus braços estava em latim, por causa do título. Ótimo, havia ficado tão emboscada que pretendia ler um livro sem saber o idioma. O outro era preto, haviam detalhes em prata e muito parecido com o que eu havia pego Casum Hiemis, era o que dizia no título.

— É o complementar do seu livro. — Murmurou, no instante em que o toquei, novamente ocorreu um choque. Mas dessa vez eu me sentia menos letárgica e com a mente menos nublada.

— Obrigada.

Comprei os livros. Dinheiro nunca foi um problema, quer dizer, quando minha mãe morreu, grande parte da sua herança, conta e fortuna foi para mim. Papai se recusa a mexer no "meu dinheiro" e diz para eu gastá-lo como bem entender, exceto se eu quiser ajudá-lo a pagar contas ou qualquer coisa que seja desse gênero. Kizashi era um tanto cabeça dura.

Antes de voltar na farmácia, por puro cuidado, fui até a outra rua onde o carro estava estacionado e guardei os livros na parte de trás. Algo em mim anunciava que a loira ainda estaria com mil produtos em volta de si é extremamente tentada a levar todos. No fim, eu não estava errada. Ino tinha uma cesta em suas mãos com mais de sete cremes, seja eles de pele, cabelo e até mesmo um de pé. Sua sobrancelha estava franzida enquanto rodava os olhos pela farmácia, até que finalmente pararam em mim.

— Estou esquecendo algo. — No instante que falou seus olhos pararam em um estande preto com banner rosa e cheio de purpurina "maquiagens" era o que estava escrito. Gemi descrente.

A loira levou bons minutos escolhendo muito mais que o diabo do simples corretivo, eu nem sabia como ela iria aplicar tudo aquilo de produto no rosto. Mais que isso ainda me convenceu a levar um corretivo, rímel e um negócio em bastão que servia de batom e blush.

— Você deveria ser vendedora. — Foi a única coisa que murmurei enquanto a loira me oferecia um sorriso de comercial de pasta de dente e uma piscadinha.

No fim, já se passava das oito quando finalmente passamos na tal pizzaria, cada uma mais morta de fome que a outra. Pedimos para viagem, nós concordamos em comer vendo uma boa série com os pés pro alto e pijama. Mesmo que a cidade seja fria, eu sentia meu corpo suado e então me vinha uma extrema vontade de ir direto para um banho quente e um pijama quentinho.

Colocamos as pizzas equilibradas entre as compras, sendo a maioria delas da loira, e enfim entramos no carro rumo a última parada. Suspirei pesadamente, era um pouco estranho ainda andar pela cidade. As pessoas me olhavam mais que o necessário e não pareciam tão dispostas a disfarçar.

— O que foi?

— Sei lá, não gosto muito de ser o centro das atenções. Parece que eles não vão se acostumar comigo nunca. — Ino riu. — É sério.

— É que você tem uma aura diferente.

— Como?

Não sei explicar, mas da para ver que você não é como eles, que veio de outro lugar.

— Falando assim parece que vim de marte. — A loira deu uma gargalhada com a minha resposta malcriada.

— O que eu quero dizer é que por aqui as pessoas levam as tradições e costumes muito a sério. Algo bobo, mas por exemplo, quantas mulheres você viu de cabelo curto por aqui? — Disse enquanto ligava o carro.

— Quase nenhuma. — A única que vinha a minha cabeça era Konan, que por sinal sustentava um azul tão exótico quanto o meu rosa.

— Exatamente, e se tiver visto, pode ter certeza que é de fora. — Concluiu. — Por causa da lenda das fadas e ninfas das florestas, que trouxeram consigo a natureza, todos nós crescemos em festivais com mulheres de cabelos tão longos quanto. Já houveram até concursos, dizem que quanto maior o cabelo maior a raiz da árvore.

— Acho que me perdi.

— Significa que por aqui cabelo grande é sinônimo de força e apego às tradições. Existem até alguns homens que se rendem também, mas isso é mais passado em geração entre as mulheres. — Contou pensativa. — Provavelmente isso é uma grande bobeira para você, afinal é só cabelo. Mas aqui na cidade muitos sentem força nas lendas das fadas que fizeram essa florestas em torno de nós.

— Será que devo deixar meu cabelo crescer? — Falei brincando.

— Acho que não, combina com você. Tanto essa cor meio ruivo meio rosa pastel, acho que combinam com as suas sardas. Não é porque você é diferente de nós que é ruim, aposto que a maioria deles te acha linda. É muito mais que isso, é por causa do lembrete que você representa, que isso aqui na verdade é um fim de mundo e tem muito mais além das paranóias dessas terras.

— Nunca havia pensado por esse ângulo, também, não conheço muito sobre aqui ou as pessoas daqui.

— A maioria vive no mundo de Bob. — Contou a loira. — Não existe muitos sonhos e expectativas por aqui, a maioria das pessoas da nossa idade vai herdar o negócio do pai e continuar por aqui. No máximo a faculdade da cidade ao lado ou até mesmo uma a distância. — Ela me olhou pelo retrovisor. — Você não, mesmo sem te olhar da para saber que seu mundo não é aqui.

— E você? — A pergunta escapou antes que eu me desse conta.

— Eu gosto das tradições e da cidade, mas minha curiosidade e vontade de viver são maiores que as minhas raízes.

— Bom, então as minhas estão mortas a muito tempo. — Comentei pegando uma mecha do cabelo e Ino riu.

— Talvez. Acho que com o tempo eles vão ter que expandir os horizontes, ou não e então você vai ter que parar de se incomodar com isso. — Me olhou de canto de olho e sorriu sem os dentes. — Ai, já está ficando frio demais. — Comentou a loira, mexendo no aquecedor do carro.

— Aqui é muito frio mesmo, essa é outra coisa que espero me acostumar. — Falei. Eu já passei períodos muito frios na cidade, o Canadá em si é frio. Mas nada se compara a Konoha, estamos praticamente no verão e não fiquei um dia sem usar um casaco de moletom, calça jeans e tênis com meias. Ino havia vindo de vestido, mas nesse momento eu tinha certeza que ela estava arrependida, porque por mais que de amanhã houvesse um solzinho acolhedor, a noite a temperatura caia com força total.

— Fica ai então, friorenta. Já estou acostumada com esse lugar. — Sua fala me tirou dos meus devaneios, notando que finalmente estávamos na bendita lojinha. Na verdade era um posto de gasolina e a lojinha, a loira havia parado no curto estacionamento ao lado dela.

— Sua palavra é uma ordem. — A loira revirou os olhos, e eu empurrei meu corpo para cima até achar o resto de dinheiro em meu bolso e a entreguei. Ela sorriu como o gato da Alice e eu comecei a rir.

— O que foi? Estou me preparando para me encher de chocolate e então usar todos os cremes que comprei para as espinhas que vão brotar. Ai, nada como hormônios. — Ela pegou o casaco, que eu não sei como achou no meio da bagunça que estava nossas coisas, e pulou da picape. — Vou deixar ligado para você não congelar. — Avisou já do lado de fora batendo a porta enquanto resmungava um "cruzes". Me limitei a rir da loira atrapalhada que correu em direção a loja.

Olhei pelo painel a noite, a lua estava cheia e bonita. Se tinha algo bom nesse lugar era que todas as estrelas pareciam mais brilhantes, d por causa do baixo índice de gases e poluição era possível ver muitas delas pelo céu. Já havia de passado algum tempo, e por instantes considerei que talvez eu devesse ajudar a loira a escolher, Ino pensava demais, além de exagerada, iria comprar a loja inteira. E esse pensamento me fez rir.

Desliguei o carro e me virei para abrir a porta e ir atrás da loirinha maluca que eu chamava de amiga, só que simplesmente travei assim que meus olhos enxergaram através do vidro.

Havia uma picape enorme e certamente cara demais para meros mortais, como eu, dirigirmos. Mas não me detive a apenas olhar a Ford f-450 em um tom de preto fosco, também encarei a pessoa encostada nela. Era como uma mistura, uma daquelas fotografias que parecem antigas, de momentos diversos que você acha bonita demais para serem reais.

O cabelo negro em sua cabeça estava totalmente bagunçado, as mechas eram brilhantes e mesmo que lisas pareciam assumir aquele estado por pura vontade. Como um ato de rebeldia. Seus olhos eram tão negros quanto o céu daquela noite e as estrelas que salpicavam ao redor, tão preto que eu mal conseguia distinguir o que era pupila e o que era ires. E eram olhos que eu jamais havia visto antes, o formato se assemelhava a de um felino selvagem demais para ser contido. A pele era branca, mas não pálida, parecia saudável e macia, firme. Os lábios eram grossos e rosados, e o nariz perfeitamente cabível. Era bonito demais. Algo quase como se Afrodite tivesse tentada a ter um filho com Hades.

Nada superou o momento em que seus braços se levantaram levemente e ele tragou o baseado entre os dedos, ergueu a cabeça deixando o pescoço a amostra, o rosto foi iluminado pela luz da lua e algo como a deglutição nunca pareceu extremamente sexual como havia sido agora. Seus labios franziram em perfeitos "O" soltando toda a fumaça antes sugada e eu senti todo o meu pulmão me forçando a respirar naquele momento, como se sugar o mesmo ar que aquele ser fosse mais especial e uma chance única.

Deixei que meus olhos escorregarem por seus dedos grosso e grandes, foi então que reparei que no tamanho total ele era grande, muito grande. Haviam pelo menos 1,90 e o que mais me surpreendeu era o fato que suas pernas não pareciam cumpridas demais e nem mesmo era franzino ou desengonçado. Na verdade, reparando muito mais que o costume e muito mais que o necessário eu vi músculos marcados pela única roupa clara em seu corpo, camisa branca, e seus braços também estavam apertados pela jaqueta. Parecia que ele havia sido esculpido. Bonito demais para ser real.

E nenhum momento me preparou para quando seus olhos desceram do céu e encaram o vidro do carro, como se seus instintos lhe dissessem que estava sendo observado, e quer dizer, de fato estava. Observado não, checado em cada canto do seu corpo. Ele tragou novamente, tão sensual como antes. Algo estupido como esse pensamento fez meu sangue esquentar e se mover inteiro para as minhas bochechas. Como um chamado, como uma insensatez da minha parte, foi como se tudo tivesse sido no automático. Meus dedos tocaram a maçaneta do carro, puxando e como uma idiota apoiada na porta eu praticamente fui junto com ela. O cheiro de mentolado com planta se chocou com meu nariz, entrando pelo meu olfato.

O frio se chocou completamente contra meu corpo, mas o que realmente me arrepiou foi o olhar daquele garoto quando bateu sobre meu rosto. Tossidas saíram por sua garganta, provavelmente porque estava a tempo demais segurando a fumaça. Ele se virou, segurando no teto do carro e então respirou com força, mas no instante que foi feito parecia ter se arrependido. O vento gélido soprou entre nós de novo, atingindo a minha nuca e me fazendo congelar.

Mas no momento que parei de olhar seu rosto e encarei seus olhos. Tudo havia parado. Era como se apenas houvéssemos nós dois no mundo, naquela cidade gélida. Eu estava paralisada sobre sua pele. Algo insano sobre mim parecia ter despertado, porque eu consigo contar nos dedos a quantidade de garotos qual algum dia me paralisaram desse jeito; absolutamente nenhum. Não até agora, não dessa forma. Não sei exatamente dizer quanto tempo fiquei o encarando e ele me olhando, talvez grandes minutos. Mas as coisas se perderam no instante que seus olhos predadores deixaram que a surpresa se retirasse, as sobrancelhas franziram e de repente uma carranca mal humorada surgiu sobre sua pele.

O baseado foi esmagado sobre seus dedos, e eu mal pude entender o movimento porque foi feito extremamente rápido. Levei um susto com o barulho e a brutalidade que a porta foi batida. Isso foi algum tipo de rejeição, não foi? Eu não entendia muito de pessoas, e muito menos de homem. Mas mesmo assim, acho que o movimento foi claro para mim, senti minhas bochechas pegarem fogo e um sentimento parecido como "meu Deus, você é idiota" não tinha melhor  definição que essa, se apoderou de mim, junto com um pouco de raiva, afinal, precisava essa grosseria?

Tentada a provar algo estupido a mim mesma, pulei da picape como Ino tinha feito pouco instantes atrás e fechei a porta com tranquilidade e carinho. Meu corpo tremeu levemente agora que todo o frio tinha me atingido, que inferno ou não né, já que acreditávamos que o mesmo era quente. Abracei meu corpo numa tentativa falha. E então senti como se tivesse sido observada, claro que estava. Me limitei a olhar para ao carro ao lado, na verdade estávamos a pelo menos uma vaga de distância. Arqueei as sobrancelhas e deixei que um "boa noite para você também" saíssem em um murmúrio sufocante de dentro de mim. Provavelmente ele nem ouviu ou teria que ser perito em leitura labial para entender.

Segui para frente da lojinha, como uma idiota qual eu afirmava que Ino tinha sido poucos minutos atrás tentando encontrar o ar quente do aquecedor, mas no instante em que a porta abriu eu pude jurar ter escutado um rosnado brutal em alto e em bom som, paralisei olhando para trás a procura de um possível animal. Quer dizer, não um animal qualquer, mas não havia nada. Por alguns segundos pensei que estivesse maluca, mas então vi um casal, aparentemente um pouco mais velhos que eu, que estavam pagando suas coisas já e olhavam para fora também, ou para mim.
Me mexi, balançando a cabeça e entrei na loja quente no instante que o casal saiu.

Assim que movi meus olhos para frente novamente meu coração deu um pulo, havia um grupinho de pelo menos quatro pessoas ali. Três garotos e uma única garota. Todos eles tão bonitos quanto o cara la de fora, mas com traços diferentes. O primeiro era loiro dos olhos azuis e muito alto também, sua pele era bronzeada e ele tinha um sorriso grande com duas covinhas em casa bochecha. O outro era ruivo e tinha algumas tatuagens, com olhos verdes marcantes e uma expressão ligeiramente fechada. O último era albino, ligeiramente mais baixo que os outros, e estava abraçando a cintura de uma garota com um longo cabelo ruivo e óculos em seu rosto perfeito. E em um momento constrangedor, quando o aquecedor soprou em cima da minha cabeça, todos eles olharam na minha direção ao mesmo tempo, desconfiados.

— Sakura! — Virei o rosto para encontrar os olhos azuis de Ino, ela estava parada no primeiro corredor com uma cesta cheia de doces. Fingi sorrir em sua direção antes de andar até ela, sentindo um incômodo em ser observada. — Nem acredito que saiu do carro, você estava morrendo de frio. — Eu conseguia escutar os murmúrios do grupinho das pessoas terrivelmente bonitas.

— Ainda estou, só que você demora demais e é muito exagerada. Fiquei com medo de decidir comprar todo o estoque. — Ela riu e em seguida franziu as sobrancelhas.

— Por que você ta corada?

— Acho que é o frio, ele queima as vezes. — Murmurei desconfortável quando uma gargalhada soou e em seguida foi se afastando e ficando mais baixa. Um suspiro de alívio saiu no instante que escutei o barulho da porta. — Quem são aqueles? — Perguntei sem enrolação vendo a loira erguer as sobrancelhas em minha direção. Ela rumou para outro corredor comigo em seu encalço.

— Nossa, acho que é a primeira vez que você me pergunta sobre alguém daqui. — Talvez deva ser porque meu corpo estremeceu inteiro por causa de um desconhecido. — Mas acho perfeitamente normal, na verdade. A Vanguarda é ridiculamente bonita, com todo aquele porte e tal. — Ino me mostrou dois pacotes e eu apontei para o que estava em sua mão esquerda e ela concordou.

— Vanguarda? — Perguntei enquanto a loira foi em direção as geladeiras e ao freezer. Peguei a coca e o pote de sorvete qual ela apontou e enfim seguimos para o caixa.

— É como chamamos o grupo de pessoas que fundaram a cidade, no caso aquele grupinho que estava aqui é a última geração que nasceu, ou seja, os filhos das famílias fundadoras da cidade. — Ela pausou pegando um saco de amendoim não sei para que. — Lembra que eu já te falei que aqui as pessoas seguem muito a sério os costumes e tradições?

— Sei.

— Então, nascer entre os clãs da Vanguarda significa muito por aqui. É sinônimo de respeito, honra, ego inflado e um tanto de popularidade desnecessária. — Soltei uma risada e a loira abriu um sorriso se virando para mim. — É sério, quando a gente for ao colégio você vai ver que eles não se misturam conosco, andam em seu próprio grupinho e só, como se o resto de nós tivesse doença contagiosa ou não fossemos bom o suficiente para andar com eles. — Fiz uma careta e Ino mordeu a bochecha. — Quer dizer, não vou generalizar, ta bom? O casal que estava aqui e o loirinho, em geral são simpáticos e nunca trataram ninguém mal. Hinata também é bastante gentil, mas o resto deles são verdadeiros nojentos. — Eu ri de novo porque a forma como aquele garoto tinha me tratado realmente não era de alguém muito simpático, quer dizer, quem bate a porta do carro daquele jeito e faz uma carranca sem tamanho para uma pessoa que acabou de conhecer.

— Não acredito que por causa de um sobrenome se sintam melhor que os outros. — Reafirmei contrariada e em seguida perguntei: — Hinata?

— É, ela não ta com eles hoje, para você ver que até dentro do próprio grupinho deles tem gente que eles rejeitam. — Disse ela com asco, fomos em direção ao caixa. — Vamos para casa que eu vou te explicando melhor.

Seguimos para fora da loja correndo por causa do frio e me vi suspirar de alívio quando notei que não havia mais a picape cara no estacionamento. Coloquei as compras no banco de trás e entrei entregando a chave para a loira e enfim começamos a nos aquecer. Coloquei o sinto e a loira fez o mesmo antes de dar a ré.

— Bom, agora vamos as fofocas. — Disse animada e eu sorri, uma parte de mim agradecia por não ter que demonstrar curiosidade sobre isso de novo, só por uma questão de ego, e Ino por ser expontânea e conversadeira o suficiente para me contar tudo. — A Vanguarda realmente é composta por sete membros, o resto é tudo agregado.

— Agregado?

— É, por exemplo o garoto ruivo tatuado que você viu hoje, ele só ta ali porque a irmã dele namora o Shikamaru. O nome dele é Gaara, e ele é uma total antipatia, muito mais que o Shika é o verdadeiro membro.

— Quem mais é agregado então?

— Suigetsu, o albino que você viu, ele é namorado da Karin, por isso entrou. Ele é engraçado e diferente dos outros não fica sustentando uma cara de quem ta tendo uma dor de barriga. — Eu soltei uma risada e a loira fez uma careta. — É sério, Shion é a namorada do Naruto, essa sim é uma completa vaca.

— Ino... — A repreendi e ela deu de ombros. — Quem é Naruto mesmo?

— O loirinho feliz, animado e bronzeado. Ela é uma vaca mesmo, nem os próprios vanguardistas a suportam, acho que nem o próprio Naruto. É mais que claro que ele é apaixonado pela Hinata e ela só ta ali para encher linguiça, todo mundo sabe disso. — Concluiu ela me olhando pelo retrovisor e vendo meu olhar de dúvida. — Hinata é uma morena linda, com os olhos cinzas, no instante que você olhar para ela, você vai saber quem é. Sério, ela é um doce, super gentil e simpática. Ela e o Naruto sempre foram apaixonados um pelo outro, sério acho que é amor de alma, porque é assim desce que eles são crianças, sabe? Mas ai essa loira se meteu na relação deles e para ser sincera eu nem sei como aqueles dois namoram, porque nunca nem os vi se beijando.

— Entendi, nenhuma das duas estava lá.

— É que provavelmente eles foram acampar e o resto viajou, são muito ligados com isso de natureza, na verdade. Enfim, Naruto e Karin são primos. Hinata é irmã do Neji, que é mais velho mais velho então fez parte de uma vanguarda de outra geração. Junto com Itachi, irmão de Sasuke. — Por algum motivo meu coração deu um pulo.

— Sasuke?

— É, o com pior gênio de todos mas também o que faz as garotas ficarem mais loucas. Eu não o vi dentro da loja, mas é moreno e tem os olhos mais escuros que eu já vi. Até a aura dele é assustadora, tudo nele grita perigo e não se aproxime. É como se fosse aqueles bad boys de filme, sabe?

— Sei. — Me limitei a responder enquanto as lembranças invadiam minha cabeça.

— Perdi as contas de quantos corações aquele idiota já quebrou, na verdade eu nem sei se ele realmente ficou com alguma garota do colégio, mas pelos boatos que correm que ele é incrível em tudo que faz, então eu duvido que não. E antes que me pergunte ou não pergunte, porquê já sei como você é. Os boatos sobre os outros garotos também são por ai, no fim é só um bando de puxa-saco que nunca vai sair dessa cidade e sempre vai ter esse complexo de superioridade por causa de um sobrenome ridículo.

— Você não me parece gostar muito deles. — Então a loira se virou em minha direção e me olhou com seus olhos azuis como ela nunca tinha me olhado antes, e então eu vi a última coisa que eu imaginei que teria; magoa.

— Porque eu já fiz parte deles. Meu irmão faz parte deles, é da geração do Neji e Itachi.— Seus olhos voltaram para a estrada e eu arfei em surpresa. — Há muitos anos, e se você quer saber, você também poderia fazer. Seu sobrenome do meio é Senju, não é? — Franzi as sobrancelhas.

— Sim, mas o que...

— Uchihas e Senjus foram os primeiros clãs a pisarem nessas terras. Você é da primeira linha, assim como Sasuke Uchiha.

Movi meus olhos para a janela tentando conter meu estômago que deu cambalhotas.


Notas Finais


o que acharam?


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