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História Alpha Succesor - Confusa


Escrita por: Annaliju

Notas do Autor


dessa vez não demorei tanto né?
boa leitura meus amores
desculpe se tiver qualquer erro ortográfico, não foi revisado

Capítulo 9 - Confusa


Sakura Haruno 


Eu tentei. Tentei de verdade não pensar em tudo aquilo, mas ou enlouqueceria de ansiedade ou querendo entender. A verdade é que não tinha nenhuma explicação lógica, de repente a ciência me pareceu uma grande banalidade e metade das coisas que eu conhecia e acreditava perderam o sentido. É tanta coisa. Fico imaginando como minha mãe se sentiu, será que ela tomaria a mesma decisão que eu? Será que ela selou tudo que há em mim porque não queria que eu conhecesse esse mundo? 


Foi inevitável. O destino era engenhoso, ou os Deuses, ou o que quer que comande isso aqui. Nunca esperei que meu pai fosse querer se mudar para cá, mas ele quis. E se nunca quisesse? O que aconteceria conosco? Eram tantas perguntas, dúvidas... Uma bola de neve rolando no meio de uma avalanche. 


Entretanto, a única que me tomava no peito era ela; o que eu sou? Como entender isso? O que significa todas essas raças e seres? É como procurar uma agulha no palheiro. E o que realmente me assustava era o fato de me sentir muito melhor agora, provando que tudo que aconteceu era real. 


Sasuke era um lobo. Estávamos destinados. Como eu deveria entender isso? Na verdade me corroía, porque agora eu poderia muito bem entender o porque ele me deixava tão nervosa, porque sua presença era tão reveladora, porque ele me tirava o chão. E céus, eu gostava. Lembrar sobre ele me trazia um pouco de dor também, mas agora não é exatamente por ele ter "fugido" e sim porque está de "castigo". O que seria um castigo para um lobo? Ficar preso? Levar uma surra? Ficar sem ir à escola? 


Passei a mão pelo rosto, exasperada. O que será que se passava na cabeça dele? Eu me sentia no mar sem saber nada, apenas indo conforme a correnteza mas sem nada para segurar. E não havia nenhuma outra escolha para fazer. Foi esse o motivo que me levou a jogar tudo para dentro de uma caixa em algum lugar escuro do meu cérebro, foi o que me levou a tentar ter uma vida normal antes de... me redescobrir. 


Foi esse o motivo que me levou a desenhar como se eu nunca tivesse desenhado antes, como se fosse a última vez. Foi por isso que assim que cheguei fiquei horas conversando com meu pai e até fiz o jantar que ele mais gostava quando eu fazia, já que lembrava a mamãe; macarronada ao cheese. O mesmo motivo que me levou a ir ao encontro amanhã, mesmo que evidentemente eu visse Sasori como amigo e deixaria isso claro, deve ser ruim criar falsas esperanças. 


A essa altura eu encarava meu velho e rechonchudo pai roncar noite a fora no sofá, quase ri pensando que ele dormia muito mais por aqui do que na cama. O cobri com a coberta e subi as escadas para ir em direção ao quarto, essa seria a primeira noite de paz, mesmo que tudo ao redor tivesse uma bagunça.


[•••] 


Meu sábado amanheceu tranquilo, tomei café com papai, saímos para caminhar depois. Na volta tomamos banho e papai fez questão de me levar para conhecer o lugar favorito dele e da mamãe, era uma lanchonete simples e agradável, uma mistura de branco e vermelho de uma forma bem característica.  Entretanto com a maior inovação que ele é eu tinha que confessar que eu também, já vi; ela possuía o ilustre milkshake de bacon.


— Eu não vou conseguir beber isso. — Murmurei para ele enjoada e ele riu. 


— Só prova, tá bom? Não é tão ruim. Na verdade nem é ruim. — Peguei o copo de vidro a contragosto e suguei o líquido pelo canudo. De fato, não era ruim, o bacon salgado e crocante tavam um gosto diferente e gostoso a baunilha e caramelo. Mas era uma coisa que se comia uma vez e nunca mais. 


— Não é tão ruim.


— Sua mãe adorava, quando ficou grávida me pedia isso todo dia e toda vez que vinha aqui ela pedia. Eu nem gostava tanto, mas entrava na onda dela. — Ele riu nostálgico. 


— Tenho certeza que agora ela toma quantos quiser.


— Bem, não sei. Sempre que tomava ela começava a resmungar que ia acabar virando uma velha flácida, o que não faz o menor sentido. Mas eu já desisti a muito tempo de entender as mulheres. — Eu ri da sua careta de descontentamento.


— Ah pai, não tem nenhuma senhorita interessante no hospital? Uma médica bonitona... — Brinquei e ele começou a rir. 


— Já passei dessa fase, querida. Minha única possível namorada é minha cama, e a única a me apresentar pretendentes vai ser a senhora. — Apontou para mim. 


— Vovó vai passar a minha frente. — Retruquei e nos gargalhamos juntos, era a cara da vovó Mito. Ficamos um pouco em silêncio, encarando a rua pouco movimentada e o silêncio tranquilo, foi quando me lembrei do cinema. — Falando nisso papai, tenho um encontro. 


— Sakura eu estava brincando, não precisa se apressar. — Dessa vez soou mais mal humorado, mas era pura brincadeira. Eu acho. 


— Não é romântico, é um encontro com Ino e o pessoal da escola. — Menti, quer dizer, para mim não é romântico, para os outros eu não sei. Ele me olhou desconfiado e deu de ombros.


— Claro que pode ir, acho bom que esteja saindo um pouco mais aqui, além de ser muito mais seguro que a cidade grande. 


Almoçamos sanduíches e voltamos para casa, não sei exatamente como cochilei, mas acordei com a única coisa possível, meu telefone que não parava de tocar. O nome da Ino brilhava na tela, pensei estar atrasada, mas movi os olhos para a hora e não se passavam das cinco e só sairíamos às sete. 


— Você precisa me ajudar! — Disse visivelmente alterada e dramática, mal consegui dizer oi.


— O que foi agora? — Me levantei aturdida, já indo em direção ao quarto para não acordar papai que roncava do meu lado. 


— Com que roupa você vai? Já experimentei o armário inteiro, nada fica bom em mim. — Contou de forma chorosa. 


— Ino, para com isso, você é linda, qualquer coisa vai ficar ótima. Se você se fantasiar de batata, Sai vai ficar impressionado, relaxa. — Falei já entrando no meu quarto e deitando na cama. 


— Você tem certeza? 


— Claro que sim. — Ino e eu conversamos por mais alguns minutos, era engraçado a forma como a loira estava eufórica com aquela situação. Combinamos as coisas melhor, ela iria me buscar aqui em casa e iríamos encontrar os meninos lá. 


Comecei a me arrumar as seis, decidi que de toda a forma seria melhor estar adiantada, provavelmente a loira surtaria caso eu me atrasasse, além de gostar de fazer as coisas com calma. Tomei um banho quente, sem lavar o cabelo, afinal a essa hora já estava uma corrente bem fria, escovei os dentes e em seguida penteei o cabelo. Meu rosto estava bonito, não havia olheiras ou machucados, então decidi ficar apenas no blush para deixar as bochechas coradas e dar uma cor na boca. Por fim coloquei uma blusa branca colada e um macacão jeans que ia até os pés, coloquei um tênis branco e na hora de sair não podia deixar de esquecer um casaco. 


Pela primeira vez em algum tempo decidi que colocaria brincos, como uma garota normal, por esse motivo abri uma das gavetas do armário até achar a caixinha de joias da mamãe, que agora era minha. Meus dedos escorregaram pela madeira toda esculpida e desenhada, antiga, eu diria. Abri a caixa, pegando os tão conhecidos brincos de pérola. Ainda podia me lembrar de mamãe os utilizando com seu vestido rodado amarelo com bolinhas brancas, diferente de mim ela rejeitava jeans. 


Me sentei na cama já pronta, peguei um telefone e enviei uma mensagem para Ino e outra para Hinata, perguntando se ela estava bem, ela me respondeu que sim mas que tinha coisas para me contar, poucos minutos depois a morena me ligou. Franzi as sobrancelhas, desde ontem estávamos consideravelmente mais próximas, afinal ela se tornou uma das pessoas quais eu podia contar as coisas e possivelmente eu também para ela. 


— Oi, aconteceu alguma coisa?


— Não, quer dizer, sim... — Suspirou. É mesmo contra todas as minhas forças minha cabeça voou em direção a Sasuke Uchiha. Será que ele estava bem? 


— O que aconteceu, Hinata? 


— Hoje foi contado para toda alcateia a forma como Shion agiu e atingiu você, foi declarado que seus atos não foram inocentes e ela vai ser julgada. 


— O que isso significa? 


— Que ela pode levar um castigo ou pode ser expulsa, tudo dependente dessas últimas semanas, eles vão averiguar e investigar tudo, Sakura. — Poderia ser coisa da minha cabeça, mas eu sentia que tinha algo a mais naquela história, Hinata queria me dizer para tomar cuidado. 


— O que você acha que pode acontecer? 


— Não sei se o que ela fez pode ser considerado digno de expulsão, não que não seja, afinal ela podia ter me matado, mas no sentido que por ser namorada do beta a alcateia possa fechar os olhos. Mas claro, ela ameaçou a companheira do próximo alfa, Sasuke quis matá-la. — A mesma riu e meu coração bateu mais forte, a verdade é que eu queria perguntar sobre ele. — Foi preciso o Alfa e mais metade da alcateia para segura-lo, no fim acho que só se acalmou porque devia obediência e o laço fala mais forte. 


— Ainda não consigo acreditar em tudo, sabia? É tão diferente... — Desabafei. 


— Sinto muito por te ligar para te lembrar dessas coisas, é que eu...


— Não! Você fez certo, entendo completamente o seu lado. Se eu soubesse disso tudo e não tivesse ninguém para desabafar eu já tinha enlouquecido a muito tempo. Você é muito forte, Hinata. 


— Obrigada. — A linha ficou muda por alguns instantes. — E então, o que está fazendo? 


— Tentando ter a vida mais comum possível enquanto posso, já que nem ao menos sei o que vou virar. No momento, esperando Ino para ir encontrar os garotos. 


— Oh, havia esquecido disso, do encontro, quer dizer. — Fez uma pausa. — Isso é outra coisa qual eu gostaria de te contar. — Franzi as sobrancelhas. 


— O que quer dizer?


— Durante a reunião, foi contado que você revidou a bola com tanta ou mais força que Shion. E ficou claro que alguns são contra "sujar" — Usou ironia. — o sangue original e que outros afirmam que é desumano separar e tentar cortar o laço que liga vocês. Sem dúvida para alguns ficou claro que você realmente é especial, principalmente, para o Alfa. Ele está do lado do filho. 


— Me sinto um pouco aliviada, mesmo que parte de mim não queria sentir isso. Não quero ter que me preocupar com a aprovação ou não dos outros com algo que nem é concreto.


— Você não aceitou Sasuke, ainda, não é? 


— Não. Nem posso fazer isso, não entendo o que se passa na cabeça dele, não conheço ele, Hinata. O que sinto em relação a ele me tira do sério, para ser sincera. A verdade é que estou lutando contra a vontade de perguntar sobre ele, tentando esquecer qualquer coisa que possa ter acontecido sobre nós nesses últimos tempos, fingindo não me importar com seu sumiço, não ligar para o que diabos significa ser castigado... É demais para mim. — Joguei tudo completamente vencida e a resposta e apoio que vieram a seguir me fez ficar leve como uma pluma.


— Existem diversos níveis de castigo, é como na sociedade humana. Como o próprio Sasuke confessou ter ultrapassado um limite e que como a maioria deles entende como é difícil se opor a um laço, foi considerado descontrole. Então o castigo dele é se isolar na floresta e sobreviver como um lobo, se reconectando e aumentando ainda mais seu controle. Só não posso te dizer por quanto tempo. Como hoje teve reunião e ele foi convocado, eu o vi, parecia bem, quer dizer, exceto na parte de ir para cima de Shion. Foi a primeira vez que ele e Naruto rosnaram entre si e que foi necessário o Alfa mais a alcateia para segurar aquela situação. — Ela suspirou. — E eu compreendo totalmente a sua tentativa de normalidade, acho que se eu pudesse eu iria preferir viver na ignorância durante muito tempo também. Só não magoe ninguém. Nem a você mesma, nem Sasuke ou Sasori. 


— Obrigada. Eu sei, mas também não vou ser refém desse sentimento. 


Conversamos sobre mais algumas coisas e pouco tempo depois tive que desligar por causa da buzina de Ino, Desci as escadas, me despedi do meu pai que reclamou de dor e que iria subir para curtir a solidão. Seu pequeno drama me causou graça e mais buzinas da loira lá fora, corri porta a fora deixando tudo para lá.


Assim que desci as escadas e abri a porta do carro, encarei a loira que sorria de uma orelha a outra em minha direção. Estava com uma maquiagem leve, eu acho, essas coisas não eram meu forte, vestia um vestido azul bebê que combinava com seus olhos, uma música animada tocava lá dentro. Assim que entrei e fechei a porta a loira disse:


— Finalmente, estava pronta para invadir sua casa.


— Você realmente está me assustando. — Exclamei e ela riu, manobrando e acelerando o carro. Ficamos em silêncio durante um tempo até que paramos no primeiro sinal da cidade, Ino me olhou e eu a encarei de volta.


— Você está diferente. — Comentou. 


— Como?


— Não sei explicar, só te sinto diferente. 


— Tentando me assustar de novo? — Falei e da riu.


O cinema de Konoha não era exatamente os que eu estava acostumada, primeiro que não era dentro de um shopping enorme e consequentemente um cinema enorme. Era razoável, pegava uma grande esquina da cidade, parecia bem estruturado, com suas paredes decoradas e pôsteres, diria que até recém construído. Realmente havia uma sorveteria conectada ao cinema, com vários tons de branco e algumas famílias saindo com crianças sujas e babadas de sorvete. Assim que a loira estacionou o carro, a primeira coisa que fez foi ligar para os garotos. 


— É bom não estarem atrasados. — Pela imposição de sua voz, eu chutava que estava falando com Sasori e não com Sai. — Ata. É bom mesmo. — Disse fazendo graça e desligando em seguida, ergui as sobrancelhas em sua direção. — Eles acabaram de comprar pipoca, refrigerante e doce, vamos para a fila do cinema. 


Foram questões de segundos para abraçar meu corpo, assim que sai do carro uma corrente gélida sacudiu meus cabelos e arrepiou meus pelos. E com o ar do cinema não fora muito diferente, e eu tinha esquecido o casaco que tanto me lembrei. Segui a loira cinema a dentro e enfim achamos os garotos. Ambos estavam de calça jeans e blusa, Sai com uma blusa branca e um cachecol preto, como um artista e Sasori com uma blusa vermelha de banda e com um casaco preto pendurado no ombro, qual combinou perfeitamente com seu cabelo e charme. Sorri em direção a eles, cumprimentei ambos com os olhos já que suas mãos estavam ocupadas com doces e pipoca, foi então que notei os olhos de Ino brilhando em direção a Sai, foi estranho sentir meu interior se remexer naquele momento. 


Pensamentos importunos surgiram como o sol forte no verão; será que se eu fosse comum eu me apaixonaria por Sasori? Assim como Ino parecia gostar de Sai? O que eu achei que seria um consolo, uma última vivência como humana, saiu errado, no fim estava desconfortável, jamais poderia retribuir o olhar de Sasori ou até mesmo olhar assim para alguém diferente de Sasuke. Um sentimento de traição chegou na minha garganta, e eu engoli, inteiro. Eu não tinha nada com alguém, era plenamente solteira, não devia me cobrar em relação a isso. Esses pensamentos provavelmente vinham da ligação que tenho com Sasuke e por tudo que eu entendi, só vai piorar. 


— Ta' tudo bem? — Sasori me perguntou, me puxando para a realidade. 


— Sim. — Respondi sorrindo sem mostrar os dentes, ele ia rebater mas Ino começou uma discussão acalorada sobre qual filme veríamos. A loira queria uma típica comédia romântica, qual nós três discordamos; eu odiava esse tipo de filme. Sai e eu concordamos com terror, mas Sasori ficou ao lado da loira e no fim seguimos para a velha e tradicional ação. Achei melhor do que comédia, e provavelmente o resto concordou pelo mesmo motivo que eu; senso de humor do Sai era estranho. 


Caminhamos em direção a sala de forma tranquila, assim que entrei no corredor preto que nos levaria para a sala estremeci de frio, o ar condicionado estava fortíssimo. Subi as escadas em direção as poltronas, essa parte fora engraçado, não sabia qual deles tinha o pior senso de direção e sentido, Ino e Sai se equilibravam um no outro, principalmente a loira que estava de salto. A essa altura ela já devia ter se arrependido, principalmente pela quantidade de tropeços e de vezes que eles derramavam pipoca no chão. Ri junto de Sasori um par de vezes, principalmente quando Sai começou a olhar para trás pedindo socorro. 


Finalmente. Pensei assim que cheguei as poltronas, afinal, corria um sério risco de que todas as pipocas estivessem no chão. Sai ficou com uma das pontas, Ino e eu no meio, e Sasori ao meu lado na outra ponta. Entretanto, assim que sentei, fiquei surpresa quando o ruivo após se ajeitar na cadeira, me lançou seu casaco sobre os ombros. Senti minhas bochechas ficando coradas e foi a primeira vez que vi um sorriso mais sedutor e ladino em Sasori. Como os dele. Esquece isso. 


— Obrigada. — Correspondi. 


— Nada, queria ter te dado antes, mas as mãos estavam cheias. 


— A pipoca é mais importante. — Respondi brincando.


— Não para mim. — Levantou as sobrancelhas, ele flertou comigo?


Para a minha barriga, sim. — Uma risada escapou por seus lábios e ele subiu o braço da poltrona que ficava entre nós dois e colocou a pipoca junto ao saco com doces. 


— Aqui, sua preciosidade. 


— Muito obrigada, agora me sinto completa. — Brinquei pegando um punhado delas com a mão. 


— Minha vó já dizia que se conquista uma mulher pelo estômago. — Ele realmente estava flertando comigo. Quando virei para encara-ló seus olhos já estavam na enorme tela na nossa frente, que a essa altura já passava um bando de propagandas de outros filmes. 


Depois disso as coisas ficaram mais rápidas. Não sei exatamente quanto tempo depois o filme começou ou qual parte exatamente isso ou aquilo aconteceu. A verdade é que quando olhei para o lado, Ino já estava completamente debruçada e abraçada com Sai. Não consegui ver muito mais que isso e nem a feição de seus rostos, e graças aos deuses por isso, não queria invadir a privacidade de ninguém e ter uma pessoa te encarando enquanto beija deve ser no mínimo constrangedor. 


Por esse motivo me forcei a ficar com Sasori, na maior parte do filme trocamos comentários engraçados sobre os atores, as cenas mentirosas, as engraçadas e o romance entre os personagens. Até que chegou o fim do filme, o personagem principal estava se preparando para o conflito final. O ruivo bocejou ao meu lado. 


— Ta com sono? — Perguntei e ele me encarou.


— Acho que sim, é a rotina. — Comentou ele. — Em breve devo piorar em relação a isso, vão começar o treino para os jogos.


— Que? 


— A equipe de basquete, você não sabia? — Neguei com a cabeça e ele riu. — Você achava que sua amiga torcia para quem? 


— Agora que você comentou, faz sentido. 


— Inclusive, seria legal você ir à um treino meu. — Sorriu e eu correspondi. Não seria esforço nenhum, de qualquer forma, eu provavelmente precisaria assistir a loirinha treinar para ir embora com ela. 


— Acho que seria legal sim. Você é o capitão? — Perguntei e ele fez uma careta.


— Não, infelizmente. Os garotos da vanguarda são muito bons nisso, a altura e o porte, e claro, alguns deles tem realmente talento para a coisa. 


— Eles estão em tudo né? — Resmunguei em desgosto e ele riu. 


— É, mas não vamos gastar mais assunto com eles, me fala sobre você. 


— Não tem nada de muito interessante sobre mim. 


— Duvido. Você é a garota mais linda e encantadora que eu já conheci, do que você gosta? 


— Acho que de muitas coisas. Desenhar, jardinagem, medicina... Cozinhar eu gosto também, quer dizer, gosto de tudo, mas não quer dizer que eu saiba ou seja boa. — Comentei rindo e me virei em direção a ele. Seus olhos castanhos se focaram nos meus, ele sorriu, mas negou com a cabeça.


— Algo me diz, que você é boa na maioria das coisas que faz. — Inclinei a cabeça para o lado e neguei. 


— Tenho quase certeza que meu jardim tem um tanto de plantas morrendo, não vou vê-lo desde sexta. — Falei e seus olhos se focaram em outra coisa, ele ergueu a mão em direção a uma mecha do meu cabelo e colocou atrás da orelha, mas seu dedão ficou em minha bochecha.


Sasori. — Sussurrei e fiquei surpresa com o nervosismo que invadiu meu corpo. 


Eu acho que eu tenho uma queda por você. — Abri a boca e nada saiu. Estava completamente em choque, naquele momento eu me arrependi de todas as formas por ter negado tanto as comédias românticas, talvez se eu tivesse visto mais filmes eu saberia o que fazer em situações como essa. 


— Eu... é... 


— Eu sei. — Sabe? Sabe exatamente do que? Que eu posso ser um demônio ou anjo ou caça sei lá o que? Se eu pudesse, provavelmente estaria rindo de mim mesma nesse momento. — Foi muito rápido da minha parte, não tô falando que gosto de você — Graças a Deus. — mas para mim você também não é qualquer garota. Só queria te falar isso, sei que você acabou de chegar e provavelmente deve ter tido namorados ou outros garotos antes de vir para cá, para ser sincero a primeira coisa que se passou pela minha cabeça é que você teria um namorado. Eu tô me enrolando, né? E falando demais. 


Sua face apresentava uma expressão de constrangimento, provavelmente devia estar com as bochechas mais coradas do que o normal, mas eu não conseguia ver no escuro. 


Só que naquele momento eu entendi que não podia fazer isso. Não podia fingir ser o que não era. Não podia esquecer uma parte minha, mesmo que eu a desconhecesse. Não poderia viver de forma inconsequente hoje. Mesmo que meu corpo não fosse humano, eu ainda era e não fazia parte de mim enganar ou machucar os outros, não por querer. Eu precisava colocar a cabeça no lugar e entender antes de tomar qualquer decisão e lutar por qualquer coisa. 


Sorri em sua direção, me aproximei e deixei que meus lábios rocassem sua bochecha. 


— Obrigada, você também não é qualquer garoto. É meu amigo. E acho que vamos ser muito mais que amigos. 


Ele sorriu, seus olhos não pareciam transmitir tristeza ou magoa, seu braço passou por cima do meu ombro e me abraçou de forma amigável. Ficamos assim o resto do filme, não sei exatamente quantos minutos se passaram e acho que até mesmo cochilamos naquela

posição porque eu não me lembro de muita coisa. Já se passavam das dez da noite quando saímos do cinema e para a infelicidade da loira – ou felicidade já que estava um frio terrível – a sorveteria tinha fechado. No fim, deixamos combinado uma próxima saída para comermos sorvete, os garotos pediram para avisar assim que chegássemos e nós dissemos o mesmo para eles. 


Ino Yamanaka estava explodindo de felicidade. Eu sabia disso só de olhar em sua direção, principalmente quando Sai se despediu dela com um selinho, então quando enfim estávamos a sós no carro a loira soltou vários gritinhos de felicidade. Comecei a rir da situação.


— Aí eu não acredito! — Enfiou a cara no volante. — É assim que é beijar a pessoa que a gente gosta? — Perguntou a si mesma. — Ah, eu poderia morrer agora que morreria feliz. Endorfina, dopamina e sei lá mais que hormônio correm pelo meu corpo em êxtase. 


— Cruzes, Ino! Vira essa boca! E anda logo com isso, estou cansada.


— Deixa de ser estraga prazeres, e você e Sasori? 


— Você estava certa. Ele realmente tem uma quedinha por mim. — Murmurei e um grito fino escapuliu por seus lábios me fazendo pular de susto. — Para com isso!


— Eu sabia! — Acusou de volta. — E você?


— Não soube o que responder. Não sei exatamente o que ele entendeu, mas tentei explicar que ele é um bom amigo e eu não planejava me envolver com ninguém. 


— Mas vocês estavam abraçadinhos no fim e ele tava cheio de sorrisos. Isso não faz sentido, eu não abraço quem me dá um fora. 


— Ele é educado.


— Como você falou, exatamente?


— Ah, eu disse que ele era especial para mim também e que por isso seríamos muito mais que amigos, tipo melhores amigos ou algo assim. 


— Sakura! Você nunca viu nenhuma comédia romântica? Não sabe que gente apaixonada só escuta o que quer? Provavelmente ele entendeu que você se sente do mesmo jeito e que precisava de um tempo e que logo vocês "darão certo"


— Isso é sério? — Perguntei frustrada.


— Sim. De qualquer forma, é bom, é como se você tivesse dando uma chance a ele, e ele é legal. Por que não? 


Há tantos motivos. Me mantive calada o resto do percurso, enquanto Ino falava sem parar. Meus olhos se focaram na paisagem lá fora, as ruas estavam desertas e vazias, o vento fazia um som agudo, provavelmente devia estar um frio do cão, mas para a minha sorte o casaco de Sasori ainda estava comigo. 


Assim que Ino me deixou em casa, eu apenas tirei os sapatos antes de entrar, lá fora estava um frio congelante. Por esse motivo subi correndo em direção ao meu quarto, precisava de um banho quente e um bom cobertor. Ascendi as luzes, mas tremi levemente quando a corrente gélida entrou pela janela do meu quarto. Provavelmente eu a esqueci aberta. 


Fui em sua direção fechá-la já que seria desagradável sair do banho quente e sentir o vento lá fora, foi então que tudo mudou. Fiquei petrificada. 


Era ele, o lobo dos sonhos. 


Eu apenas conseguia ver o formato de sua cabeça e seus olhos vermelhos brilhando no escuro da noite e na penumbra que a floresta formava. Ele deu alguns passos à frente, mostrando suas patas grandes e garras enormes. A lua iluminou por completo a parte frontal de seu corpo. Aquela foi a primeira vez que vi dor nos grandes olhos vermelhos e um sentimento de culpa me atingiu, mesmo que não houvesse porque senti-lo. Uma bufada saiu por suas narinas, era como se ele apenas tivesse vindo conferir se eu estava bem. Então por que... 


Ele começou a se movimentar para entrar mata a dentro novamente. 


Sasuke... — Foi como um sussurro, as orelhas mexeram, seria imensamente fofo se eu não estivesse amedrontada, ele virou a cabeça, com os olhos carmesim focados mais uma vez em mim, mas depois seguiu floresta a dentro, as pressas. 


Fechei a janela e dei as costas, encostei na parede para escorregar até o chão. Aquela foi a primeira vez em anos que me permiti chorar.


Notas Finais


Oie gente, gostaria de falar por aqui que estou fazendo tudo pelo celular, então fica MUITO complicado responder todos os comentários, mas quero que saibam que eu leio todos e tento responder o máximo deles que contém dúvidas e etc. Assim que eu conseguir o computador juro responder todos.
esse capítulo foi um pouco mais pacífico, estamos todos digerindo as informações ainda né? HAHAHAH
muito obrigada pelos 816 favoritos, fico muito feliz hihihihi
acredito que sakura segurou muito até agora, e foi necessário colocar para fora um pouco.
próximo capítulo voltamos a escola hihihihi
beijinhos


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