História Alves Celerino - Escola de Magia e Bruxaria - Caldeirão da Seleção

A porta abriu-se de chofre. E apareceu uma bruxa alta de cabelos cinzentos. Tinha o rosto cumprido e serio e o primeiro pensamento de Stiles e Kili foi que era uma pessoa a quem não se devia aborrecer.

— Alunos do primeiro ano, Professora Belona Grings Herbert — informou Koriakim — Mais conhecida como Sra. G.

— Obrigada querido. Eu cuido deles daqui em diante. — Ela escancarou a porta. O saguão era tão grande que teria cabido um estacionamento de carretas inteiro dentro. As paredes de pedra estavam iluminadas com archotes flamejantes como os de Gringotes, o teto era alto demais para se ver, e um a um subiram a imponente escada de mármore em frente que levava aos andares superiores. Eles acompanharam a Professora Belona pelo piso de lajotas de pedra. Stiles ouviu o murmúrio de centenas de vozes que vinham de uma porta á direita, onde o restante da escola já devia estar reunido.

Mas a Sra. G. levou os alunos da primeira série a uma sala vazia ao lado do saguão que possuía duas portas, uma que foi onde eles entraram e uma outra que Stiles constatou que daria para outro compartimento. Eles se agruparam lá dentro, um pouco mais apertados do que o normal, olhando, nervosos, para os lados.

— Bem-vindos a Bewild — disse a Sra. G. — O banquete de abertura do ano letivo vai começar daqui a pouco, mas antes de se sentarem às mesas, vocês serão selecionados por casas. A seleção é uma cerimônia muito importante porque, enquanto estiverem aqui sua casa será uma espécie de família em Bewild. Vocês assistirão a aulas com o restante dos alunos de sua casa,e farão demais atividades com a casa designada. As cinco casas chamam-se Polipon, Beorn, Eaglen, Wolfgan e Deerin. Cada casa tem sua história honrosa e cada uma produziu bruxas e bruxos extraordinários. Enquanto estiverem em Bewild os seus acertos renderão pontos para sua casa, enquanto os erros a farão perder. No fim do ano, a casa com o maior numero de pontos receberá a Taça da Casa, uma grande honra. Espero que cada um de vocês seja motivo de orgulho para a casa a qual vier a pertencer. A Cerimônia de Seleção vai se realizar dentro de alguns minutos na presença de toda a escola. Sugiro que vocês se arrumem o melhor que puderem enquanto esperam.

O olhar dela se demorou por um instante em Uriah, que estava parecendo que correrá uma maratona, e em Kili que tentava arrumar os cabelos.

— Voltarei quando estivermos prontos para receber vocês — disse a Sra. G. — Por favor, aguardem em silêncio.

E se retirou da sala. Kili engoliu em seco.

— Mas como é que eles selecionam a gente para as casas? — Stiles perguntou a Uriah.

— Devem fazer uma espécie de teste, acho. Kori diz que arde os olhos, mas acho que estava brincando.

O coração de Kili deu um pulo terrível. Ele não conhecia nada sobre magia a não ser o que lera nos livros, o que não era muito.

— Aposto que vou cair na pior casa. —disse— Não sei absolutamente nada.Vou ser o pior bruxo dessa escola..

— Não vai não. —consolou o amigo— Tem uma porção de gente que vem de famílias de trouxas e aprende bem depressa. Além disso não tem essa de pior casa.

Kili, então ouviu passos vindo para o seu lado.Três garotos se puseram a frente dele e de seus amigos. Kili reconheceu o da esquerda na hora: era Soren. Estava com o mesmo cabelo engordurado de gel de quando se encontraram na loja de vestes de Madame May. O garoto olhou para Kili acompanhado de um sorriso maldoso mostrando um interesse muito maior do que revelara no primeiro encontro. Ele então tomou a frente do grupo.

— É verdade? — perguntou — Você realmente teve a audácia de vir para cá? Acharia admirável essa persistência se você não fosse um trouxa. Só não fique decepcionado quando não te escolherem pra casa nenhuma. Sabe, essa é uma escola SÓ para bruxos, mas acho que esqueceram de te avisar.

Os dois garotos que acompanhavam Soren riram em deboche, um era corpulento e baixo. Já o outro era completamente o oposto, alto e muito magro. Porem ambos possuíam sobrancelhas grossas e cara de desprezo. Kili serrou os punhos. E Soren pareceu ter conseguido o que queria. Então virou este se para Uriah.

—Agora são dois? — olhando para Stiles que se colocou ao lado de Kili caso aquele resolvesse pular no pescoço de Soren — Ainda não cansou de caridade Traynor?   

—Não, Carrow. — respondeu —Aliais, acho que nunca vou me cansar.

—Você é quem sabe... — a voz de Soren soava incrivelmente sarcástica. —Mas ficar exposto muito tempo á essa praga vai acabar contaminando você.

—Adoro como você se preocupa comigo. Mas eu sei me cuidar,obrigado.

Dessa vez foi Soren quem serrou os punhos. Seu rosto havia ficado mais vermelho do que os cabelos de Stiles. O ar do lugar pareceu ter rapidamente aumentado de temperatura, e bastava uma ultima provocação para que os garotos perdessem a cabeça. Mas para a sorte de todos, a porta da sala se abriu e a Professora G. logo se pôs a falar.

— Agora façam fila e me sigam.

Sentindo-se pouco à vontade como se suas pernas tivessem se fundido no chão Kili , entrou na fila atrás de Stiles e na frente de Uriah, Soren e os outros se dispersaram para o final da fila, e assim todos saíram da sala.

Chegaram por fim em um salão. Kili jamais imaginara um lugar tão diferente e esplêndido era iluminado por milhares de velas em castiçais dourados que estavam  sobre cinco mesas compridas, onde os demais estudantes já se encontravam sentados. As mesas estavam postas com pratos e taças também douradas. No outro extremo do salão havia mais uma mesa comprida em que se sentavam os professores.

A Professora G levou os alunos de primeiro ano até ali, de modo que eles pararam enfileirados diante dos outros, tendo os professores à sua frente. As centenas de rostos que os contemplavam pareciam lanternas fracas à luz trêmula das velas. Misturados aqui e ali aos estudantes, haviam, para a surpresa de Kili, fantasmas que brilhavam como prata envolta em névoa. Principalmente para evitar os olhares fixos neles, Kili olhou para cima e viu um teto aveludado e negro salpicado de estrelas. Ouviu a voz de Stiles cochichar:

— É enfeitiçado para parecer o céu lá fora li isso em algum lugar, eles copiaram de uma escola britânica. Hog.. alguma coisa.  

Era difícil acreditar que havia um teto ali e que o Salão Principal simplesmente não se abria para o infinito. Os garotos abaixaram depressa os olhos quando a Professora G silenciosamente colocou um caldeirão de três pernas diante dos alunos do primeiro ano. O caldeirão era preto, velho e já estava com a tintura descascada. Talvez eles pedissem para os alunos fazerem uma poção, Kili pensou delirando, parecia apropriado, reparando que todos no salão agora olhavam para o caldeirão, ele olhou também. Por alguns segundos fez-se um silêncio total. Então o caldeirão começou a liberar uma fumaça branca que do caldeirão foi se tornando mais densa e prateada. Ela foi se moldando no ar ate adquirir uma forma humana.Um homem de rosto oval se materializou e virando-se para todos os alunos e abrindo um enorme sorriso.

—Senhoras e Senhores — disse a Professora G —tenho a honra de apresentar lhes Pirzane Gaston Curdo.

—Pisando no que? —Cochichou Uriah baixinho e Kili e Stiles taparam as bocas com as mãos para esconder a risada.

O salão inteiro rompeu em aplausos quando o Gênio apareceu. Ele fez uma reverência para cada uma das cinco mesas e em seguida pois se a falar.

—Muito boa noite crianças e que todos sejam bem vindos a Bewild. — e então deu uma longa pausa olhando a centena de olhos que o encaravam –  Ah, sim.. vejo muito potencial nesses meninos. Bom meus jovens ... Acho que é hora de começarmos mas antes deixe-me apresentá-los para aqueles que podem vir a ser seus futuros companheiros de casa. A primeira mesa a esquerda são os audaciosos Wolfgan.

-Wolfgan! –disseram todos os alunos daquela mesa em coro e vivas que fizeram o chão tremer.

  -A esquerda mais ao centro temos os confiáveis Beorn.

-Beorn! –a mesma animação.

-Agora no meio temos os sinceros Polipon.

-Polipon!- a animação foi maior que nas outras duas, foi até possível ouvir uma buzina no fundo.

-A próxima mesa é a possuidora dos melhores cérebros de todo o mundo. Senhoras e senhores apresento-lhes os Deerin.

-Deerin!- essa mesa tinha vivas muito bem organizadas, mas menos entusiasmadas que as demais.

-E agora, por ultimo mas não menos importante. A casa para os que são ambiciosos. Apresento a vocês os Eaglen.

-Eaglen! — a mesma animação

Kili estava eufórico com tudo aquilo. Ao mesmo tempo e intensidade que estava nervoso. Suas mãos suavam frias nos bolsos de suas vestes. Não estava se sentindo confortável com o fato de ser analisado por um completo estranho , principalmente na frente de toda aquela gente. O Homem no caldeirão parecia estar pedindo muito, Kili não se sentia corajoso nem inteligente nem qualquer outra coisa naquele momento. Se ao menos o gênio tivesse mencionado uma casa para gente que se sentia meio nervosa, quem sabe teria sido a sua casa. A Professora G então se adiantou segurando um longo rolo de pergaminho.

— Quando eu chamar seus nomes, vocês se encaminharão até o caldeirão para que Pirzane possa selecioná-los .Todos entenderam?

Todos os rostos que olhavam para a professora balançaram a cabeça positivamente.

—Ótimo, o primeiro é  Ana Carolina D. Martel!

Uma garota de rosto rosado e duas tranças castanhas saiu aos tropeços da fila, se pôs a frente do homem no caldeirão e este disse.

—Não se assuste. - Ele então a envolveu em uma nevoa cinzenta como uma cortina. Kili assim como os demais deixou escapar um ruído de surpresa. Depois de alguns segundos a nevoa se tornou vermelha e ouviu-se a voz do de Pizange...

— Polipon! – a mesa mais uma vez rompeu em vivas.A fumaça então se dissipou e revelou a garota que possuía agora em suas vestes pretas o brasão da casa, um polvo vermelho. Ana foi se sentar. E Kili viu uma das fantasmas acenar alegremente para ela.

— Uriah V. Traynor!

Antes de ir para frente do caldeirão Uriah deu uma piscada discreta para os amigos. Mais uma vez o gênio produziu a nevoa que envolveu , mas ao invés de a fumaça adquirir a cor vermelha ela ficou roxa e o gênio anunciou.

—Beorn !

Desta vez foi a segunda mesa à esquerda que aplaudiu, vários alunos da Beorn se levantaram para apertar a mão de Uriah quando o menino se reuniu a eles. Gabriella Sobral foi para a Beorn também, mas Liciana Cabral teve sua fumaça na cor verde e foi a primeira a ser escolhida para a Deerin. Bruna Comenale se tornou uma Eagleniana, e sua fumaça tinha adquirido a cor amarela. Kili Estava começando a se sentir decididamente mal agora.

Ele reparou que as vezes Pizange anunciava logo o nome da casa, mas outras levava um tempo para se decidir. Stiles, passou quase um minuto, antes de sua fumaça ficar azul e anunciar que iria para a Wolfgan.

Kili ficou chateado e Stiles também não parecia muito feliz. Ambos tinham esperança de irem para Beorn com Uriah, mas não foi o que aconteceu. Mas logo Stiles se conformou e foi para mesa da Wolfgan que ficara tão animada que algumas pessoas até subiram na mesa para cumprimentar o recém chegado.

— Soren G. Z. Carrow! – o garoto se apreçou a frente e fez questão de esbarrar em Kili quando passava.Quando a fumaça o envolveu ela ficou quase que instantânea mente amarela.

— Eaglen!

Eaglen decididamente era agora a ultima casa que Kili iria querer entrar.

— Síria L. Z. Carrow!

Síria saiu da fila devagar, parecia muito nervosa e antes de ser envolvida pela nevoa deu uma olhada para a mesa de seu irmão.

A sua nevoa demorou mais do que as das demais ate que por fim ficou... Azul?

-Wolfgan.

Quando a nevoa se dissipou e revelou a garota, agora com o brasão de um lobo em suas vestes, ela parecia confusa e surpresa. Ela olhou uma ultima e rápida vez para o irmão e depois Síria foi se sentar ao lado de Stiles.

 “Otimo!” pensou Kili, as únicas casas que ele gostaria de cair eram Wolfgan e Beorn e agora uma delas tinha um Carrow. Um pensamento horrível ocorreu a Kili, como fazem os pensamentos horríveis quando a pessoa está nervosa. E se ele não caíssem em nenhuma das casas de seus amigos? Ou pior,e se ele não fosse escolhido? E se fosse até ali e o gênio disse se que ele não era nada. E se Soren estivesse cert... NÂO! Ele iria provar para Soren que ele estava errado. Custe o que custasse.

Faltava pouca gente agora.  Ferrari... Muniz..., Marques..., Reymond..., Andrade..., depois Barros, Gonçalves... E então, finalmente...

— Killian Barnes!

O coração de Kili quase saltou pela boca.Ele então se adiantou e subiu para ficar de frente para o caldeirão e o gênio. A última coisa que Kili viu antes de a fumaça cobrir-lhe o corpo foi um salão cheio de gente se espichando para lhe dar uma boa olhada. Em seguida só viu o branco acinzentado da nevoa que o cobria. Então a voz de Pirzane apareceu por de trás de Kili.  

— Hum.. curioso... —disse a voz pensativa. Então três objetos apareceram flutuando na frente de Kili, Uma chave, um espelho e uma faca de mesa — Me diga rapaz, dentre essa três coisas qual você escolheria?

—Pra que eu preciso escolher?

—Apenas escolha esta bem?

Kili então pendeu a mão sobre a faca, mas decidiu pegar a chave. Então os outros objetos sumiram. E deram espaço para outros três, todos com cadeados. Um baú, um livro e uma caixa.

—Abra um deles e me diga o que vê.

Kili decidiu escolher a caixa, ela embora parecesse mais simples despertou mais curiosidade em Kili que as demais. Quando a abriu ele se deparou com dois números: 3 e 7.

—Escolha um.

Kili então pegou o numero três que de pois desapareceu de suas mãos como fumaça. Passado alguns milésimos de segundos viu que a nevoa que o envolvia estava adquirindo a cor azul e que em suas vestes tinha aparecido o brasão com um lobo.

—Wolfgan!

Kili ouviu Pirzane anunciar a casa para todo o salão. Quando toda a fumaça se dissipou se encaminhou trêmulo para a mesa de Wolfgan. Sentia tanto alívio por ter sido selecionado para a casa de um de seus amigos e ter escapado da Eaglen, mas ainda queria que Uriah também estivesse na Wolfgan ele foi a primeira pessoa que conhecera, mas ficou mais aliviado pois suas mesas eram próximas. Lucas Richard, o Monitor da casa , se levantou e apertou sua mão com energia. Kili sentou-se defronte de Stiles que estendeu a mão para cumprimentar o amigo. Nas suas costas estava Uriah que lhe deu uma cotovelada e cochichou:

-Você e Stiles acham que vão se livrar de mim, meu caro amigo, acho melhor tirar o seu cavalinho da chuva.

-Droga! - disse em tom brincalhão – achei que tinha dado certo.  

Ambos riram e Kili mais do que nunca ficou feliz de que por mais que tenho sido postos em casas diferentes Uriah ainda falaria com eles. Na sua diagonal, ao lado de Stiles estava Síria que batia palmas só para acompanhar a casa mas perecia nem um pouco a vontade. Agora Kili via bem a Mesa Principal. Na qual todos os professores agora se encontravam. Bem ao centro uma figura chamou sua atenção. Um homem de cabelos prateados que acompanhavam a barba até a altura dos ombros e usava uma roupa azul escura que ia até seus calcanhares e tinha detalhes em dourado. E agora só faltavam três pessoas para serem selecionadas.

Jane Bennet, a amiga de Síria que os meninos viram no vagão foi a ultima e virou uma Deerina. As amigas trocaram olhares e sorriram conformadas vendo que nada podiam fazer para ficarem juntas na mesma casa.

 Stiles baixou os olhos para o prato dourado e vazio diante dele. Acabara de perceber como estava faminto. As tortinhas de banana que Kili avia lhe dado pareciam ter sido comidas havia anos.O homem de vestes azuis que estava no centro da mesa dos professores se levantara. Sorria radiante para os estudantes, os braços bem abertos, como se nada no mundo pudesse ter-lhe agradado mais do que vê-los todos reunidos ali.

— Sejam bem-vindos! — disse. — Sejam bem-vindos para um novo ano em Bewild! Para aqueles que não me conhecem deixem que eu me apresente. Meu nome é Arquibald Dumero Blerico Doreon. Sou o diretor da escola e também professor de Poções deste ano. Antes de começarmos nosso banquete, eu gostaria de agradecer a presença de todos e que tenhamos um ótimo ano letivo. Obrigado.

E sentou-se. Todos bateram palmas e deram vivas.

— Batata Frita? – ofereceu Síria a Stiles.

O queixo de Kili e Stiles caíram . Os pratos diante deles agora estavam cheios de comida. Eles nunca vira tantas coisas que gostava de comer em uma mesa só: batata frita, nugguets, arroz, feijão e hamburguês, estrogonofe, vários tipos de molho, ketchup e, por alguma estranha razão, bananas fritas com açúcar e canela. Os meninos encheram o prato com um pouco de cada coisa exceto as bananas e começaram a comer. Estava tudo uma delícia.

— Isto está com uma cara ótima — disse uma cabeça que saiu do meio da mesa. Síria segurou um grito com as mão na boca devido o susto. A fantasma então se retirou por inteira da mesa, revelando roupas encharcadas, e se colocou ao lado dos garotos e olhava tristemente Kili enfiar um hambúrguer na boca.

— A senhora não pode...?

— Não como há quase quinhentos anos — explicou a fantasma. — Não preciso, é claro, mas a pessoa sente falta de certas coisas. Que indelicadeza a minha ainda não me apresentei, não é? — as crianças balançaram a cabeça negativamente. — Elinor Catarina de Ataíde Scarpa. — e fez um pequena reverencia —  Fantasma residente da casa Wolfgan.

— Eu sei quem é a senhora! — disse Stiles inesperadamente. —  Já li sobre a senhora. Você é a Infanta Scarpa.

A fantasma começou muito formal e deu um sorriso a Stiles por ter sido reconhecida, mas outro aluno que participava da conversa, Matheus Gonçalves o interrompeu.

—Infanta Scarpa? – ele pareceu pensativo e analisou com cuidado as roupas da fantasma que pareciam encharcadas. Depois de algum segundos seus pensamentos pareciam ter chagado a conclusão.- Você é a quem chamam de Dama afogada, não é?

Elinor agora parecia muitíssimo aborrecida, como se aquela conversinha não estivesse tomando o rumo que queria.

— Sim — disse com irritação. E rapidamente tentou mudar de assunto.— Então, novos moradores da Wolfgan! Espero que nos ajudem a ganhar o campeonato das casas este ano! Já faz um tempo que nós não ganhamos. Beorn, Eaglen e Polipon tem ganhado nos últimos sete anos! A Duquesa de Santos está ficando quase insuportável. Ela é a fantasma da Eaglen.

Kili deu uma olhada na mesa de Eaglen e viu uma fantasma lá, estava usando um vestido que parecia ser da época colonial, uma cara muito magra que seria bonita se não olhasse para os demais com o nariz empinado. Estava ao lado do amigo corpulento de Soren, e este se encontrava de costas para Kili e não parecia muito satisfeito.

Depois que todos comeram tudo o que podiam, as sobras desapareceram dos pratos deixando-os limpinhos como no início. Logo depois surgiram as sobremesas. Tijolos de sorvete de todos os sabores que se possa imaginar, tortas de frutas, bombas de chocolate, bolachas, biscoitos e bolos com calda, morangos com chocolate, gelatinas pudim... Quando Kili se serviu das tortinhas de banana, a conversa se voltou para as famílias.

— Eu sou meio a meio — disse Matheus. — Mamãe é trouxa. Papai não contou a ela que era bruxo até depois de casarem. Foi uma surpresa e tanto.

Os outros riram.

— E você, Síria? — perguntou Stiles tentando introduzir a garota também na conversa.

—Os meus dois pais são bruxos. — Disse sem mais detalhes. Não parecia querer estender a atenção em sua família. — E os seus?

   —Eu sou um nascido trouxa. Sabe.. só fui descobrir tudo isso a pouco tempo.

— Bom, — disse Reyna que também estava ouvindo a conversa — Meus pais também são bruxos mas minha mãe nasceu trouxa e meu pai é mestiço.

Enquanto a conversa parental estava indo de vento em polpa. Kili percebeu que do outro da mesa, Stiles e Síria se desviaram do assunto e conversavam sobre as aulas.

— Espero que elas comecem logo, tem tanta coisa para a gente aprender, estou muito interessado em transfiguração, sabe, transformar uma coisa em outra, claro, dizem que é muito difícil, a pessoa começa aos poucos, fósforos em agulhas e coisas pequenas assim.

Os garotos estavam começando a se sentir aquecidos e cheios de sono.Kili olhou outra vez para a Mesa Principal. Um professor careca vestido inteiramente de um verde militar e um chapéu que lembrava o Indiana Jones tomava um grande gole de sua taça enquanto a Professora G lhe contava alguma coisa. Outro Professor chamou a atenção do jovem,o professor mais ao meio e ao lado de Dumero possuía um rosto jovial e animado. Seus cabelos e barba negros eram muito cumpridos, ambos trançados e  presos com fitas douradas. Tinha um nariz fino e pele clara. O professor então pareceu perceber que estava sendo observado e seu olhar passou pelo salão e se fixou nos olhos de Kili, este então deu um sorriso e retomou a conversa com o Diretor.

— Quem é aquele professor que está conversando com o Diretor? — perguntou a mesa esperando que alguém de lá soubesse.

— Quem? — perguntou Lucas e Kili indicou com a cabeça.

—Não sei. Ele é novo.

—Óreas Zabini. — disse Síria que comia um sorvete de menta com chocolate, pela primeira vez se referia a Kili desde que ele havia se sentado.—É o professor de Educação Física e aulas de Voo.  

—Como você sabe disso? — perguntou Lucas que ficou curioso pela novata saber de algo que ele não sabia.

—Ele é meu Tio.

—Aaah.

Kili observou o professor por algum tempo,pode ver as semelhança entre ele e a sobrinha, mesma cor de cabelos e nariz fino. Finalmente, as sobremesas também desapareceram, e o Professor Dumero ficou de pé mais uma vez. O salão silenciou.

— Hum... Só mais umas palavrinhas agora que já comemos e bebemos. Tenho alguns avisos de início de ano letivo para vocês.

— O Sr. Fúlvio o zelador, me pediu para lembrar a todos que não devem fazer mágicas no corredor durante os intervalos das aulas. Os testes de Quadribol serão realizados na segunda semana de aulas. Quem estiver interessado em entrar para o time de sua casa deverá procurar Óreas Zabini. Que eu gostaria de lhes apresentar como o novo professor de Educação física.

Óreas se levantou da cadeira e foi recebido com varias palmas e assobios. Retribuiu as boas vindas com uma breve reverencia e voltou a se sentar. Kili percebeu que varias garotas cochichavam umas com as outras.

—E, por último, — Dumero continuou— é preciso avisar que, este ano, todos os alunos serão proibidos andar na floresta da propriedade. E alguns dos nossos estudantes mais antigos fariam bem em se lembrar dessa proibição. A menos que desejem uma morte dolorosa.

 Os olhos cintilantes do diretor faiscaram na direção de Koriakim que escondia a cabeça atrás dos amigos.

Kili riu, mas foi um dos poucos que fez isso. O resto do salão ficou muito serio e silencioso.

— Ele não está falando sério, né? — cochichou a Lucas.

— Deve estar — respondeu Lucas franzindo a testa para Dumero. — E estranho porque em geral ele sempre nos diz a razão porque somos proibidos de ir a algum lugar. A floresta está cheia de animais selvagens, todo o mundo sabe disso, mas nunca fomos proibidos de ir lá. Acho que ele poderia ter dito aos monitores, pelo menos.

— E agora, hora de dormir. Alunos do primeiro ano peço que sigam o monitor de Beorn para que este os leve aos seus dormitórios. Por hoje é só. Boa noite e eu os vejo amanha.

— Alunos do Primeiro ano. — disse Koriakim se levantando da mesa— Comigo.

Logo depois de deixarem suas mesas Kili, Stiles e Uriah se juntaram de novo na ida para os dormitórios. Uriah reclamou a ida toda que queria ter ficado na mesma casa que os amigos e que estava cheio e cansado demais para andar. Os alunos saíram do salão principal e seguiram Koriakim bocejando e arrastando os pés até fora do castelo. Passaram por um curto caminho gramado até chegarem em outra construção muito menor que o castelo mas ainda sim grande. Ela era composta de madeira e tijolos de barro e possuía duas estatuas esculpidas em mármore branco de grifos na entrada, que pareciam guardar a porta e uma pequena escadaria de cinco degraus.

Quando a porta finalmente se abriu e entraram na construção, logo de cara se viram dentro de uma sala cheia de mesas, tapetes, pufes, cadeiras, poltronas e até mesas de alguma coisa que Kili achou parecido com uma mesa de ping-pong mas estava cansado de mais para prestar atenção. Notou também que no final da sala haviam dois quadros de cerca de dois metros cada um. O da esquerda estava vazio e o da direita possuía um homem e uma mulher que estavam ... conversando? Kili esfregou os olhos com as mãos. Parecia que o cansaço agora o estava fazendo delirar. Mas quando voltou a abri-los agora o quadro da direita estava só com a mulher e o homem tinha sumido.

—Você também viu o quadro né? Ou eu estou ficando maluco? — Perguntou para Uriah.

— Aah é normal, eles se mexem mesmo. — Kili soltou um suspiro aliviado. Mas Uriah continuou — Mas não é motivo para deixar de achar que você pode estar ficando maluco.

—Aah... cala a boca.

—Agora silencio. Quero que as meninas venham para o meu lado direito e meninos para o esquerdo. Meninas vocês vão entrar no dormitório da senhorita Tiana Lanser. —  e então a mulher no quadro acenou alegremente e abriu os braços. Com isso o quadro mexeu se para trás dando para uma passagem que levava aos dormitórios. Na porta a monitora da casa Polipor esperava as meninas —E meninos vocês me acompanhem para o dormitório do Senhor Jailson Kepor.

O aglomerado então se dividiu como Koriakim pedira, o homem no quadro deu uma piscadela para Stiles quando os meninos passaram todos passaram pelo buraco para os quartos.

—Bom rapazes. Vocês podem escolher três pessoas por dormitório. — os três meninos imediatamente trocaram olhares. — Quando escolherem o quarto seus pertences serão levados pra lá. Em cada quarto vocês terão de escolher uma senha, mas escolham bem pois ela não poderá ser mudada. Meu dormitório e dos demais monitores é o primeiro. Se precisarem de alguma coisa é só me chamarem. Boa noite e eu os vejo amanhã.

Aos empurrões os novos garotos de Bewild seguiram  por entre os grupos que conversavam, e se puseram a ocupar os quartos. Os meninos ocuparam o ultimo quarto a direita. Ele possuía uma cama de solteiro, que imediatamente foi ocupado por Uriah e um beliche. Cansados demais para falar muito, eles enfiaram os pijamas e caíram na cama.

— Comida de primeira, não foi? — comentou Uriah para Stiles.

— Sem duvida. — E se jogou na cama. — Acho que nunca comi tanto na vida. E você Kili?

Kili ia responder mas não conseguiu. Adormeceu quase imediatamente que sua cabeça se encostou no travesseiro. Só para se levantar no dia seguinte.