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História Always By Your Side (EM REVISÃO) - Kim Taehyung


Escrita por: Nellyy

Notas do Autor


Oiiiii, estou de volta!
Desculpem estar postando só agora, mas o dia foi cheio. Mas, o que interessa é que ainda é segunda kkk
Então, depois de um comeback divoso, aqui vai um cap novinho pra vcs. Gostei de escrevê-lo. Espero que gostem!
Boa leitura!

Capítulo 31 - Kim Taehyung


Fanfic / Fanfiction Always By Your Side (EM REVISÃO) - Kim Taehyung

Caminhávamos lado a lado em ritmo normal em uma rua bastante agitada. Crianças pequenas corriam e brincavam animadamente por entre as pessoas que circulavam. Tae havia tagarelado o percurso inteiro sobre a mãe e o quanto ela era carinhosa, gostava de visitas, cozinhava bem... mesmo deixando trasparecer uma enorme animação em me apresentar para a mãe, eu podia notar  um misto de nervosismo e apreensão em Taehyung. Podia ser pouco, mas estava presente no garoto. Tae estava apostando todas as suas fichas em mim. Ele realmente desejava que eu conseguisse dar um basta nos problemas da mãe, assim como eu. No entanto, eu começava a me sentir pressionada a resolver uma questão que não era nada fácil.

Subimos em uma rua ladeirada enquanto Tae ainda me falava sobre a Sra.Kim, contando que ela adorava levá-lo para tomar sorvete todas as sextas, à noite, quando ele era criança. Eu sorria ao ouvir cada lembrança que ele descrevia da infância. Eu estava cansada de subir a rua, mas ainda sim, eu soltava comentários animados e esboçava sorrisos divertidos sempre que o via fazer o mesmo.

Caminhamos um pouco mais até que paramos em frente a um prédio largo de três andares. Em cada portinha morava uma família diferente. Pelo menos, era o que eu achava. O prédio era bastante humilde, contudo, os poucos moradores que eu pude encontrar, exibiam um sorriso contente no rosto. Super de bem com a vida. Subimos por uma escada de cimento que nos levou até o segundo andar; andamos por um corredor um pouco estreito que exibia paredes com pixações e com a tinta branca totalmente gasta e suja. Algumas garrafas de cervejas estavam amontoadas ao lado da porta de determinados moradores, assim como alguns entulhos. Ao longe pude ver um grupo de crianças pequenas brincando com garrafas de vidro que serviam como traves para o gol. Pensei em o quão perigoso era deixá-las brincando com aqueles objetos. Sem que eu esperasse, um garotinho de mais ou menos cinco anos de idade correu na direção de Tae, com um enorme sorriso no rosto, quando o viu se aproximando.

- E aí, Hyuk! Como você está? – Tae abraçou o garotinho e o carregou. O menino enterrou o rosto no pescoço de Tae e permaneceu desse jeito por algum tempo.

- Senti saudades. – o pequenino sussurrou. Pude ouvir por estar bem próxima do ombro de Tae.

- Eu também senti! – V balançou o pequeno Hyuk no colo e afagou suas costas, como se estivesse o acalentando ou o fazendo dormir.

Era uma cena encantadora.

- Você nunca mais vem aqui! – com uma voz fofa e extremamente magoada, o menino se afastou do pescoço de Tae e olhou para seu rosto.

- Eu sei. Me desculpe. É que eu ando um pouco ocupado, sabe? Mas prometo que vamos nos ver mais vezes. – ele apertou a pontinha do nariz do menino.

- Vamos poder brincar? – Hyuk esfregou os olhos e imaginei que ele estivesse com sono, mas então, mudei de opinião quando pude ver os cantinhos de seus pequenos olhos aglomerarem um pouco de umidade.

- Claro! – Tae jogou o garoto para cima e rodopiou, o fazendo dar uma gargalhada gostosa. – vamos brincar até ficarmos cansados.

Eu sorri ao ver os dois. Taehyung era adorável com crianças, o que me deu a certeza de que ele será um ótimo pai. Era evidente o quanto o garotinho gostava dele e sentia sua falta. Era horrível pensar que Tae tinha que se afastar do pequenino, e da mãe, por conta da presença do padrasto abusivo.

- Olha só, Hyuk. Essa daqui é a Tiff. Dá oi pra ela. – Tae apontou para minha direção e balançou delicadamente o garotinho.

Hyuk olhou rapidamente para mim e virou o rosto. Tímido, ele sorriu e passou os braços ao redor do pescoço do rapaz.

- Ela é sua namorada? – Hyuk perguntou.

Tae olhou para mim e sorriu. Fiquei um pouco sem graça e cocei a testa sem saber muito bem como reagir.

- Não. Ela é a melhor amiga do tio Tae.

- Melhor amiga? – Hyuk inclinou bastante a cabeça para o lado e pareceu confuso.

- Sim. Melhor amiga. – Tae afirmou e voltou a balançar o garoto no colo. – ela é linda, não é?

Hyuk balancou a cabeça, assentindo lentamente, e após o gesto, sorriu e tornou a esnconder o rostinho na curvatura do pescoço de V.

Tae era um dos meus melhores amigos, mas, ouvir elogios sempre me deixava sem graça. Balancei a cabeça, dando a entender que o fato de ser “linda” apenas morava na sua imaginação e tratei de dar atenção a Hyuk.

- Você que é muito lindo! – achando graça, passei a mão pelos cabelos lisos do garotinho que parecia cada vez mais envergonhado.

- Vou para casa agora, Hyuk. Vou ver a minha mãe. Depois eu passo lá na sua casa para te dar um abraço, ok?

O pequeno Hyuk assentiu. Voltamos a andar, passando por mais cinco portinhas, e paramos em frente ao número 136. Tae se agachou e pôs o pequeno no chão. Antes de ele correr para se juntar aos amiguinhos, ele agarrou Tae pelo pescoço, deu um beijinho nos seus lábios e fez um breve aceno na minha direção. Retribuí com um pequeno tchauzinho e o observei enquanto ele voltava a brincar. Tae também estava com o olhar sobre o menino.

- Então, você é apaixonado por crianças? – perguntei.

Ele sorriu.

- Como não ser apaixonado por essas coisinhas fofas? Estou até pensando em abrir uma creche para ficar rodeado delas.

Gargalhei.

- Quero só ver você aguentar. – comentei, enquanto ria. - Ele gosta muito de você. – adotando uma expressão um pouco mais séria, completei referindo-me a Hyuk.

- Sim. Estou ao lado dele desde que ele nasceu. É como se eu fosse um irmão mais velho. O pai foi embora assim que soube que a mãe de Hyuk estava grávida. – ele explicou.

Meus pêlos se eriçaram ao ter conhecimento da história de Hyuk. Mais um pai irresponsável e sem coração, andava pelo mundo, sem utilidade alguma. Hyuk não devia ver Tae apenas como um irmão mais velho. Devia ser muito mais que isso.

- Vem, vamos entrar. – deixando de observar Hyuk, ele retirou as chaves do bolso do moletom e abriu a portinha branca. Entrei logo atrás dele e, sem querer parecer indiscreta, observei o local. – Mãe! Chegamos! – ele disse alto. – vou falar com ela. Espera um pouquinho.

Sorrindo, concordei com a cabeça. Tae afastou um pano, que parecia um lençol, e entrou em um cômodo que eu pensei ser um quarto, por ter visto de relance uma única cama. Fiquei curiosa para saber aonde Tae dormia quando vinha para casa.

O lugar era minúsculo. Literalmente. Nesse momento, me senti mal por ter reclamado um pouco da casa que minha mãe havia arranjado para morarmos quando chegamos aqui. Minha ex-casa parecia um palácio se comparada a de Tae. Contudo, apesar de pequenina, era extremanete arrumada e limpinha. A sala era compartilhada com a cozinha; uma poltrona e uns dois banquinhos ficavam logo na entrada, e um pouquinho mais a frente, havia uma mesa com quatro cadeiras, e mais ao lado um fogão e uma geladeira. Era tudo muito apertado, porém, não deixava de parecer aconchegante.

Na outra parede, oposta da que ficava o fogão e a geladeira, havia um armário de madeira com algumas prateleiras. Andei até ele e observei as fotos que o decoravam. Todas de V com sua mãe e os meninos. A maioria delas era de Taehyung ainda um bebê. Fotos dele com a mãe em um parque de diversões, em casa, na praia e em outros lugares que eu não conseguia identificar. Tae foi um bebê lindo!

- Ela está vindo. Está no banheiro.

Olhei para trás e sorri para ele, que vinha na minha direção.

- Estou dando uma olhada no pequeno Tae. – voltando a atenção para as fotos, dei um passo para o lado analisando o restante dos porta-retratos. – uau! Você já teve cabelos vermelhos! – exclamei ao apontar para uma foto dele sozinho e outra em que estava com Jimin.

Jimin, como sempre, uma gracinha. Gostaria de ver suas fotos antigas.

- Ah, Tiff. Eu já tive tantas cores de cabelo que você nem imagina. – ele respondeu.

Soltei uma risada abafada.                      

- Esse é o Hyuk? – apontei para uma foto onde Tae mordiscava a orelhinha de um bebê que estava em seu colo.

Ele assentiu.

- Fofo! – sorri. – olha, que foto legal! Onde foi isso? – animada, peguei um porta-retrato onde havia uma foto dos sete meninos, todos vestidos igualmente.

- Ah, isso foi na escola do Hobi e Yoongi. Há uns... três anos atrás. Estava tendo um show de talentos, aí o Hobi pediu para ajudarmos ele com a apresentação. – Tae explicou. Seus olhos brilhavam enquanto ele analisava a foto na minha mão.

- Então, quer dizer que vocês todos têm talentos escondidos? - ele não respondeu, apenas encolheu os ombros. – ficaram parecidos com idols de verdade.

- Hum... deve ter sido por isso que ganhamos a competição. – ele apertou a nuca.

Arregalei os olhos.

- Vocês devem ser muito bons! Qualquer dia eu quero que se apresentem para mim. – deixei o porta-retrato no lugar.

- Ah, não exagera. – Tae me empurrou de leve.

Olhei para a próxima foto e quase morri com tanta fofura. Havia me deparado com um bebê Taehyung pelado e sentado em uma pequena poltrona.

- Ai, meu Deus! Que coisa mais linda! – exclamei.

- Caramba, eu já disse para a mamãe tirar essa foto daqui! – ele resmungou, exibindo bochechas levemente rosadas.

- Qual o problema? Você está tão lindo! – grunhi, como se quisesse apertar o bebezinho da foto.

- Tiff... eu... estou pelado na foto. – ele respondeu baixinho. Tae estava tão constrangido e isso era altamente engraçado.

Revirei os olhos.

- Deixa de frescura, Tae. Você era lindo! Olha só essas bochechinhas! – exclamei novamente, e dessa vez, apontando para uma foto onde ele estava sendo erguido por alguém. Certamente a mãe.

 - Eu era lindo? Como assim? – ele pôs as mãos na cintura e franziu o cenho.

Gargalhei, pendendo a cabeça para trás e dei um leve tapa no seu braço.

- Voce ainda é! – agarrei seu rosto com as duas mãos e pressionei as bochechas. Ele aproveitou o momento e fez biquinho.

- Er... olá. – nesse exato momento, a mãe de Tae apareceu, nos cumprimentando sorridente.

Rapidamente retirei as mãos do rosto dele e a reverenciei.

- Olá. Eu sou Tiffany. Muito prazer! – sorri para a senhora.

- Prazer, Tiffany. Sou Younha.

Ao observá-la melhor, não pude deixar de notar as marcas feias que ela exibia na testa, no olho esquerdo e na bochecha direita. Eu não queria parecer mal educada, mas não notar ou fingir que não havia nada lá, era quase impossível. Percebendo a minha reação, ela se sentiu desconfortavel e baixou a cabeça o suficiente para que um pouco dos seus longos cabelos negros, caísse para frente e escondesse – quase nada – dos hematomas.

- Er... senta, Tiffany. Eu vou fazer café. – Tae quebrou o silêncio constrangedor que estava começando a aumentar. Puxei uma cadeira e sentei-me, logo apoiando os braços sobre a mesa. A mãe de Tae me acompanhou e se acomodou em uma das cadeiras perto de mim.

- Filho, não tem café. Eu ia comprar depois. – sua mãe avisou.

- Não tem problema. Eu vou até o café da esquina e compro para nós! – animado, ele voltou a pôr o moletom que havia tirado e correu para a porta. – eu não demoro! – e saiu.

Olhei para a sra. Kim e sorri.

- Você tem um filho maravilhoso. Parabéns. – eu disse.

- Obrigada. – parecendo orgulhosa, ela alargou o sorriso. Estava começando a ficar mais a vontade. – er... o meu filho me contou sobre a sua mãe. Eu sinto muito. – seu tom reconfortante acariciou meu coração ainda machucado.

- Obrigada. Ele e os meninos têm me ajudado bastante nessa fase difícil.

- Isso é muito bom. Amigos são sempre muito importantes. – ela sorriu. – você e o meu filho... vocês são...

Compreendedo a sua dúvida, tratei logo de deixar claro que tipo de relação eu tinha com Taehyung. Já bastava o pequeno Hyuk.

- Amigos. Somos muito amigos. Eu realmente adoro o seu filho!

Eu não tinha tanta certeza, mas eu achei ter visto um pouco de decepção nos olhos dela. O bonito sorriso o qual ela exibia, diminuiu consideravelmente.  

- Ah sim. É que... ele fala tanto de você. Os olhos dele chegam a brilhar.

- É que a nossa amizade é muito forte. E muito bonita também. Tae é como um irmão para mim.

Ela assentiu e sorriu um pouco mais. Contudo, ainda parecia frustrada com a minha resposta.

- Tae é sempre muito alegre, divertido, engraçado... – comecei a puxar assunto para poder chegar aonde eu queria.

- Sim. Meu filho é encantador. – as rugas que decoravam seu rosto, diziam o quanto era sofrível ter que conviver com alguém problemático e covarde.

- Ele é sim. Mas... tem coisas que o deixam triste e... acabam tirando um pouco da alegria dele.

Como se eu tivesse dito algo terrível, ela imediatamente fechou a cara e quebrou nosso contato visual.

- Eu sabia. Taehyung já havia trazido os amigos aqui para falar sobre isso. – ela voltou a me olhar, chateada. – ele pediu a você para vir falar comigo sobre o meu marido, não foi?

Pega totalmente desprevinida, tentei manter a calma e controlar a situação. Não pensei que ela fosse ficar tão incomodada, a ponto de ser ríspida.

- Er... Não! Ele não me pediu nada. – disse. E era verdade. Tae não tinha me pedido nada. Havia sido ideia minha de conversar com a mãe, na tentativa de ajudar meu amigo. – eu queria conhecer a senhora. Ele fala tão bem de você. Mas... eu vejo que ele fica muito triste com toda essa situação. Eu só... queria dizer que eu entendo você.

Toquei na mão da Sra.Kim. Ela se assustou um pouco com o contato repentino, mas não puxou a mão.

- Entende? – sua expressão se abrandou.

- Sim. Eu sei que você tem medo dele. Tem medo de que ele faça algo de ruim com o seu filho.

Ela suspirou profundamente e olhou para a janela que ficava acima do fogão.

- Ele não é mal. Ele apenas muda muito quando está bêbado, sabe? – ela voltou a me fitar. Entristecida. – ele não faz por mal.

Continuei a estudando até que ela voltou a olhar para a janela, como se estivesse recordando de algo. Seu olhar vazio me disse tudo.

Ela o amava. Apesar de todas aquelas coisas terríveis, das brigas, das agressões e humilhações... ela o amava. Fiquei aturdida ao saber que ela tinha esperanças de que o marido mudasse. A mãe de Tae não tinha medo do marido... ela o amava.

- Sra.Kim... me desculpa se eu parecer intrometida, mas, como a senhora pode ainda gostar desse homem? Ele faz mal a você, ao seu filho... você não é feliz. – incrédula, eu desejava ouvir uma explicação para aquele absurdo.

Ela umedeceu os lábios e puxou a mão que ainda repousava embaixo da minha. Ela me encarou.

- Você disse que entendia, mas não é verdade. O Taehyung não entende. Ninguém entende. Ele... é uma boa pessoa quando não bebe.

Ainda sem acreditar, soltei um suspiro e abri a boca para constestar, já que essa era a minha principal habilidade.

- Sra.Kim, isso não faz sentido! Aquele hom...

- Por favor, Tiffany. Eu gostei de você. Vejo que é uma boa menina. Não quero... não quero que briguemos por causa disso. Vamos fingir que essa conversa não aconteceu. Tudo bem?

Arrasada por perceber que eu não tinha conseguido fazer nenhum avanço, nem sequer conversar mais a fundo, apertei os lábios e, relutante, concordei.

- Eu só quero que a senhora saiba que eu e os meninos, vamos estar sempre aqui caso... a senhora mude de ideia.

Ela voltou a abrir um lindo sorriso que eu acabei notanto que era idêntico ao do filho. Um sorriso retangular e fascinante.

- Sem chances de você e o meu filho mudarem esse staus de relacionamento? De amigos para algo mais? – ela ergueu uma sobrancelha.

Senti que estava corada, com bochechas prestes a explodir, e fiquei sem jeito.

- Er... Sra.Kim... não. Tae e eu... er... sabe...

Ela achou graça e deu um tapinha na costa da minha mão, que ainda estava sobre a mesa.

- Tudo bem. Eu já entendi.

- Voltei! – sobressaltei quando ouvi o berro de Tae, que apareceu na porta com três copos de café dentro um pequeno depósito.  – demorei muito? – ele deixou os cafés na mesa e beijou o topo da cabeça da mãe.

- Não, filho.

Sorri para Taehyung e enjilhei o nariz. O garoto me imitou e puxou uma cadeira para sentar ao meu lado.

 

 

***

 

 

Passamos a tarde inteira jogando conversa fora. A Sra.Kim era tão divertida quanto o filho. Contou-me diversas histórias de V quando era um bebezinho. Contou-me como foi emocinante ver a primeira palavra que o filho disse; segundo ela, foi um “mamãe” perfeito. Contou também que seus primeiros passinhos foram na praia, indo em direção ao mar. Ela mostrou a foto de Tae usando um short azul de patinhos com os bracinhos erguidos e visivelmente alegre.

- Consegui registrar esse momento histórico. – ela falou orgulhosa.

Em certo momento, a conversa caminhou para um rumo um pouco amargurado. Ela comentou sobre o pai de Tae que faleceu em um acidente de carro, antes mesmo do filho nascer. Sra.Kim chorou ao lembrar daquilo e eu não pude evitar me emocionar. Quando olhei para V, notei que seus olhos estavam marejados. Querendo dar apoio, passei a mão pelo seu rosto, fazendo-o olhar para mim e em seguida, segurei sua mão. Ele beijou o rosto da mãe e ela sorriu. Sra.Kim mudou de assunto e voltou com as histórias animadas do bebê Taehyung.

- Ele era sapeca, Tiffany! Gostava de desarrumar os sapatos e deixá-los espalhados por toda a casa! – sua risada divertida enchia o pequeno ambiente com um pouco de alegria e distração, algo que não devia ser muito comum por aqui. – também adorava puxar a barra da minha saia enquanto eu cozinhava. Ele fazia isso e morria de rir!

- Eu não me lembro disso, mãe! – Tae retrucou.

- Claro que não! Você era um bebezinho. O bebezinho da mamãe. – ela apertou a bochecha do garoto.

Adimirando a linda cena de mãe e filho, dei um pulo na cadeira quando a porta da casa foi aberta e logo fechada com brutalidade. Como eu estava de costas para a entrada, não pude ver de imediato quem havia chegado. No entanto, imaginei quem poderia ser quando notei as expressões de mãe e filho se tornarem sérias no mesmo segundo. Os dois se levantaram e eu fiz o mesmo. Virei-me para a direção da porta e avistei o homem parado nos encarando.

- Você chegou cedo hoje. – Sra.Kim se pronuciou. O homem não respondeu, apenas deixou o olhar recair sobre mim. Ele era assustador. – essa... é a Tiffany. Amiga do Taehyung.

- Olá, senhor. Prazer em conhecê-lo. – apresentei-me apenas por educação. Eu não queria que o homem cismasse comigo.

- O prazer é todo meu. – um frio gélido e horripilante passou pela minha espinha quando seus olhos me analisaram minuciosamente, de cima a baixo. Ele estava bêbado. Não além da conta, mas estava embriagado a ponto dos seus olhos estarem vermelhos e sua voz enrolada. O homem tinha um olhar malicioso sobre mim, e naquele momento, fiquei aliviada por ter optado em usar calças jeans e uma blusa larga. Pelo menos, não havia muito para olhar.

- Acho que está na hora de irmos embora, Tiff. – Tae se meteu na minha frente, cobrindo-me por inteira da visão do homem. Ouvi quando seu padrasto riu de um modo sarcástico.

- Calma. Eu nem conheci a sua amiguinha ainda.

- E nem vai conhecer. – V respondeu duramente. Era notável o esforço que ele estava fazendo para se controlar diante do homem. Como eu estava cabisbaixa, pude ver quando suas mãos se fecharem em punhos. Eu não podia deixá-lo começar nenhuma briga. Eu não iria suportar ver algo desse tipo.

- Tae. Vamos embora. – toquei no seu braço. Ele respirava como se tivesse acabado de realizar exercícios físicos. Olhei para trás, onde sua mãe estava e sorri. – posso voltar outra vez para tomar café e conversar?

- Claro, minha filha. Venha quando quiser. – ela se aproximou e beijou minha testa.

Virei-me na direção de Tae e toquei nas suas costas.

- Tae, vamos?

- Vamos. – rapidamente ele respondeu, agarrando meu pulso com força e me arrastando para fora. Ouvi o padrasto resmungar algo, mas não entendi. Tae pareceu compreender muito bem o que ele havia dito, porque assim que a voz do cara ecoou, ele apertou ainda mais os dedos ao redor do meu pulso.

Mesmo já estando fora da casa, ele não me soltou e continuou me levando para longe, sem dizer uma palavra. Quando chegamos à rua, comecei a me incomodar com a força com a qual ele apertava meu pulso.

- Tae! – o chamei. Ele não respondeu e nem parou de me puxar. – Tae... você... você está me machucando! – parei bruscamente e puxei meu braço com força. Cobri meu pulso avermelhado com a mão e fiz presssão sobre o local.

V estava atordoado quando virou para me olhar. Como se somente agora ele tivesse se dado conta do que estava fazendo. Ele levou as duas mãos até a cabeça e andou de um lado para o outro.

- Eu... me desculpa! Eu não queria! Aquele homem... – ele grunhiu e parou. Apoiou as mãos nos joelhos e respirou fundo diversas vezes, cansado.

Fui até ele e fiz carinho nos seus cabelos.

- Está tudo bem. Não foi nada.

Ele voltou à postura normal e pegou meu pulso. O analisou e passou os dedos sobre a pele vermelha.

- Você viu como ele me deixa, Tiff? Aquele cara me enlouquece! Eu não consigo nem olhar para a cara dele sem sentir vontade de socá-lo! Voce viu o jeito nojento que ele olhou para você? Eu tive vontade de... – um som gutural saiu da sua garganta, assustando algumas criancinhas e pessoas que passavam ao redor.

Tae estava furioso e eu achava sua reação absolutamente normal. Aquele homem era, além de assustador, nojento e nada simpático. Agora, mais do que nunca, eu não entendia como a mãe de V ainda conseguia sentir algo por ele.

- Vem. Vamos embora daqui. – o puxei pelo braço e comecei a levá-lo para longe.

 

 

***

 

 

Arranquei a última pétala da flor miúda e deixei com que o vento a levasse para algum lugar desconhecido. O sininho da porta da loja de conveniência me fez olhar para cima. Tae segurava uma latinha cerveja.

- Toma. – ele me deu um pirulito e sentou ao meu lado, no chão.

Desembrulhei o doce, guardando o papel no bolso para jogar quando eu encontrasse algum lixeiro; e levei o pirulito até a boca.

- Desculpa por hoje. – ele murmurou, após dar um gole na cerveja.

Tirei o pirulito da boca e disse:

- Já disse que está tudo bem. Você estava com raiva. Não fez por mal.

- Não estou só falando do seu pulso. Estou falando dele também. – ele bebeu um pouco mais e observou os carros que passavam na rua.

- Não precisa pedir desculpas. Você não fez nada de errado. Além do mais, me diverti bastante antes dele chegar. Adorei conhecer a sua mãe. – sorri e voltei a chupar meu pirulito.

- Ela também gostou muito de você! – Tae sorriu ao falar da mãe, mas gradativamente o sorriso foi desaparecendo.

- Você... quando eu saí, você conseguiu conversar sobre aquilo?

Baixei o olhar, contemplando meus pés antes de encará-lo novamente.

- Eu falei sim. Mas...

Antes que eu pudesse continuar, ele riu e balancou a cabeça.

- Ela o defendeu, não foi?

- Sim. Eu acho que... ela ainda gosta dele. Ela realmente acha que ele pode mudar.

- Mas que porra! Eu não entendo a minha mãe! – ele se enraivou repentinamente, fazendo com que eu me assustasse. Tae cerrou os olhos e pressionou a lateral da testa.

- Desculpa por não ter conseguido ajudar. Mas, eu prometo que não vou desistir. Vou convencê-la em algum momento. – sussurrei. Eu estava chateada por não ter conseguido resolver nada. Eu realmente achei que pudesse fazer algo.

Ele me olhou, com a expressão se abrandando, e piscou calmamente deixando um sorriso abatido decorar seus lábios. Ele me observava como se estivesse encantado com algo, e ainda com os olhos em mim, Tae encostou as costas na parede e afastou alguns fios da franja que cobria seus olhos.

- Já foi muito importante para mim você ter, pelo menos, tentado. Então, muito obrigado por isso.

- Você sabe que sempre pode contar comigo. – enlacei meu braço no dele e repousei meu rosto no seu ombro.

- Sabe, se você não fosse do Jimin, eu não hesitaria em me apaixonar por você. – Tae sussurrou.

Afastei-me do seu ombro e o encarei, de cenho franzido.

- Tae! E-eu não sou do Jimin, não! Está maluco?! – disse nervosa. Mais nervosa pelo assunto “Jimin” do que por Tae dizer que se apaixonaria por mim.

Ele gargalhou.

- Ah, qual é, Tiff. Todo mundo já percebeu.

- Já perceberam a amizade linda que temos, não é? – resmunguei.

- Não sei por que vocês demoram tanto para se assumir! – ele deu um grande gole na cerveja.

- Er... Tae, ele já... falou alguma coisa para você? – perguntei, fingindo não me interessar tanto.

- Já. – ele empinou o nariz e bebeu mais um pouco.

- E... – engoli em seco. – e...

- Ele gosta de você. Ponto final.

Agoniada para pedir mais detalhes, mas orgulhosa demais para deixar claro que eu estava apaixonada por Jimin, apenas dei de ombros e não prossegui com o assunto.

- Também gosto dele. Como amigo.

Ele revirou os olhos e negou.

- Então, eu posso me arriscar e me apaixonar por você? – Tae lançou uma piscadela na minha direção.

- Acho que pode sim. – confirmei e voltei a repousar meu rosto no seu ombro.

- Oba! – ele achou graça e bateu palmas.

Naquela noite, Tae e eu passamos horas e mais horas conversando e achando graça de bobagens. Eu queria que ele pudesse permanecer daquela maneira para sempre; sem pensar no padrasto ou na mãe que o acobertava. Se dependesse de mim, Taehyun passaria a maior parte do tempo sem ter que pensar em coisas que o entristeciam.

Kim Taehyung era tão encantador que eu facilmente poderia dizer que, se meu coração já não batesse tão forte por Jimin, eu também me arriscaria em me apaixonar por ele.


Notas Finais


Tae é tão cuti-cuti! Quase mudo de ideia em relação a Tiff gostar dele. kkkk
Beijoooos e até o proximo!


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