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História Am I Able To - (Am I Able To) Believe You


Escrita por: taekicchi

Capítulo 10 - (Am I Able To) Believe You


“Jin?”. “Consegues ouvir-me?”. “Não”. Poderia começar a falar sozinho já que era isso que fazia quando via o Jin, mas é diferente. Não é assim tão simples.

            Custa-me ver a felicidade daqueles que me amam e julgam que estou feliz. Custa-me não poder dizer-lhes que nunca fui tão infeliz como sou hoje. Eu posso, mas não é como se conseguisse. Eu não estou feliz, eu não estou bem.

            A cada dia que passa eu estou mais afogado na minha mágoa. A cada dia que passa eu sinto mais saudade. Saudade… que sentimento sufocante, especialmente se tivermos saudade de algo que nem sequer existe. Perdi amizades e contactos e o meu rendimento escolar desceu mais do que nunca, mas mesmo assim todos julgam que estou bem. Quero deixá-los viver esta ilusão, quero cegá-los. Até que ponto é que todas estas pessoas não são mais loucas que eu? Se eu era louco por acreditar na existência do Jin, não serão eles loucos por acreditar na existência da felicidade?

            De vez em quando lembro-me de quando julgava que o via, e agora que sei que nunca o vi realmente, jamais conseguirei lembrar-me da inocência de quem acreditava nele. É como se alguém que, depois de tanto tempo invisual, recupera a sua visão e, depois disso, não consegue lembrar-se de como foi não ver, durante tanto tempo. Serei capaz de acreditar nele outra vez? Serei capaz de voltar a vê-lo, a tocá-lo, a ouvi-lo, a cheirá-lo e a senti-lo, com a inocência e a autenticidade com que algum dia já fui? Não.

            Aquela foi a pior altura da minha vida. Não vivi. Limitei-me a observar os outros assim como eles me observavam. A julga-los assim como eles me julgavam. Esperei muito tempo. Talvez demasiado. Esperei que alguém notasse, que alguém me procurasse, que alguém me perguntasse, ou que alguém sequer duvidasse da minha felicidade. Pergunto-me se esperei tempo demais, ou se o esperei de demasiadas pessoas. Ingénuo Namjoon. Como é que estas pessoas, que fingem a felicidade, que fingem as emoções, que fingem o amor, e acreditam que os outros jamais o fingiriam, podem duvidar de alguma coisa?

            Não devia culpar os outros da minha infelicidade, sei perfeitamente que não é algo correto. Mas se não culpar os outros, e tendo em conta que não me posso culpar, sendo que sou a vítima e não passo de um doente mental, então quem é que culparia? O Jin? Uma alucinação? Um brinquedo, fruto da minha imaginação fértil? Eu não estou bem, é impossível estar. Se a resolução da medicina para o meu problema, só o piorou, então como explicarei isto? Sinto a necessidade fútil e humana de culpa algo ou de culpar alguém. Nojento.

            “Serei capaz de vê-lo?”

            Se, porventura, eu pudesse ver o Jin novamente. Conseguiria vê-lo? Seria ao menos capaz disso? É mais que obvio que quero ver o Jin. É o que mais quero neste momento.

            Ver. É, sem dúvida, o sentido mais superficial e ridículo que existe. Mas também o mais bonito. Mesmo que retrate a futilidade humana, e que, em parte, nasça da nossa necessidade de avaliar aquilo que está longe e que não conhecemos. Por outro lado é através dele que apreciamos e admiramos algo de que gostamos.

            O que mais quero neste momento é poder ver o Jin. Poder olhar para os seus fios de cabelo loiros e brilhantes, poder olhar para eles tempo suficiente para os poder contar. Poder encarar os seus olhares discretos, mas ao mesmo tempo tão fortes e autênticos. Poder alimentar o meu coração com a ternura dos seus sorrisos sinceros. E poder examinar cada centímetro do seu corpo, só eu, só ele, o tempo que fosse preciso para poder satisfazer o meu olhar sedento pela sua beleza.

            “Serei capaz de ouvi-lo?”

            Se, porventura, eu pudesse ouvir o Jin novamente. Conseguiria ouvi-lo? Voltar a responder às suas palavras, voltar a compreendê-lo.

            A audição é dos sentidos que mais admiro. Mas o ser humano, por natureza, não lhe dá o devido valor. Todos ouvimos, obviamente. Mas apenas ouvimos aquilo que queremos. É raro o momento em que te dás através da audição, mas uma das sensações mais dignas de serem sentidas, é, sem dúvida, o deixar-se invadir pelas palavras de alguém, o aprender através da voz de outra pessoa, o reconhecer alguém apenas pelo seu som.

            Uma das características do ouvir que me fazem duvidar do mesmo, é a necessidade de nos cegarmos para podermos ouvir com tudo o que temos. A necessidade de fechar os olhos e de perder um pouco de nós para o dar somente a um sentido.

            Quero ouvir o Jin outra vez. Quero voltar a apreciar a doçura da sua voz. Quero que ele cante para mim e quero que a sua voz me aqueça. Mas, se não conseguir acreditar na sua existência, como conseguirei acreditar nas suas palavras? Como poderei conversar com ele sabendo que ele é uma mentira? Sabendo que o que diz não passa de uma verdade ilusória? Sabendo que assim como ele, as suas palavras bonitas e a sua voz doce não existem?

            “Serei capaz de cheirá-lo?”

            Se, porventura, eu pudesse cheirar o Jin novamente. Conseguiria cheirá-lo? Deixar o seu odor invadir-me.

            Nunca fui nem nunca serei capaz de distinguir alguém pelo seu cheiro. É uma característica minha. Mas o Jin… o Jin era diferente. Eu podia senti-lo, podia cheirá-lo. Reconhecia o seu odor peculiar a qualquer hora e em qualquer lugar. Sempre que “estava” com ele podia sentir o seu odor invadir-me. Tudo no Jin era especial, até o seu cheiro.

            “Serei capaz de toca-lo?”

            Se, porventura, eu pudesse tocar o Jin novamente. Conseguiria toca-lo? Sentir entre os meus dedos a sua pele macia.

            O tato é o sentido mais autêntico e genuíno. Sentir o outro através da proximidade e do contacto. Sentir o corpo do outro com o teu corpo. A intimidade. Só nós sabemos aquilo que o toque nos provoca, e só nós podemos saber.

            Quero tocar o Jin outra vez. Quero não ouvir, quero não cheirar, quero não ver, apenas concentrar tudo o que tenho em senti-lo de cada vez que lhe toco. Quero concentrar os meus sentidos na minha pele e acariciar o seu corpo macio e sensível. Quero provocar nele aquilo que ele me provoca. Quero senti-lo. Quero, quero, mas… será que sou capaz?

            Será que voltarei a acreditar no seu toque? A seguir a sua voz? A alimentar os meus olhos com a sua beleza? A reconhecer o seu odor?

            Será que voltarei a acreditar nele?         

            Subitamente, acordei dos meus pensamentos e ouvi uma voz familiar do lado de fora do meu quarto, relativamente perto da porta. Era a minha mãe.

- Sim, eu sei. Mas eu tenho de dizer-lhe doutor! Mas… sim eu sei… Deixá-lo-ia ainda mais obcecado com tudo isto? – Aproximei-me da porta com um leve peso na consciência diminuído pela certeza de que falava de mim. – Pois… tem razão. Mas não seria aliviante saber que isto não foi uma completa fantasia? Sim, eu sei… Boa noite doutor. – Disse ela, seguida do apito irritante que ouvia constantemente. Falava ao telemóvel. Do que falava?

                        Se eu soubesse do que falava…


Notas Finais


Peço desculpa por ter desaparecido completamente. Estou de volta! Com o fina por perto e muitas revelações por vir!


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