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História Am I Able To - (Am I Able to) Leave You


Escrita por: taekicchi

Capítulo 9 - (Am I Able to) Leave You


Fanfic / Fanfiction Am I Able To - (Am I Able to) Leave You

              Não o ouvi mais. Ensurdeci-me com os meus próprios raciocínios e pensei:

O Jin não é real.

            Tudo em mim desabou naquele momento. A partir do momento em que admiti dentro de mim que não via o Jin realmente, eu deixei de o ver. Deixei de ver. Deixei de sentir. Deixei de ouvir.

            Como se houvesse um interruptor à frente dos meus olhos o tempo todo. Como se eu pressionasse o interruptor e tudo ficasse claro. Tudo fizesse sentido. O Jin não é real, nunca foi.

            Passaram inúmeros flashbacks na minha cabeça. Cenas que apenas davam razão à ilusão que vivi durante tanto tempo.

(…)

            O meu psiquiatra, assim como a minha mãe e restantes familiares, ficaram extremamente felizes com a minha conquista. Como se descobrir que aquilo que mais amo na vida é falso fosse um grande feito…

            A verdade é que realmente percebi aquilo que estavam a tentar mostrar-me há tanto tempo, finalmente saí da minha realidade distorcida e passei a viver aquilo que os outros vivem. É surpreendente, o quão medíocre é. Um mundo sem amor verdadeiro, sem sorrisos sinceros, sem olhares carinhosos e puros, sem sentimentos profundos e honestos, um mundo sem o Jin.

            Apesar de me ter apercebido finalmente da inexistência do Jin, isso não foi suficiente para deixar de vê-lo. Não é algo que eu consiga explicar-te em palavras. Aquilo que sinto não pode ser traduzido de maneira alguma. É tão profundo e tão íntimo que julgo ser o único a senti-lo. A única coisa que posso fazer, como sempre, é aproximar este sentimento a uma situação banal qualquer ou personificá-lo para que tentes percebê-lo. É impossível que o entendas realmente, mas ao menos podes ter a mínima noção do quão mau e tão cruel isto é.

            Ver o Jin sabendo que ele não está realmente comigo é como ver um cadáver. É como se eu o visse morto, apagado. Como se, mesmo continuando aqui, já não estivesse mais comigo, nem com ninguém. Continuo a vê-lo com a mesma ou com ainda mais frequência, o que faz com que acredite cada vez mais que ele não passa de um fruto da minha imaginação.

            “Não consigo!”. Lembro-me perfeitamente do quão sufocante e insuportável era ter de o ver morto todos os dias. Ter de o carregar comigo para qualquer lugar.

- É a única maneira! – Exclamou o psiquiatra enquanto as enfermeiras e familiares acenavam que sim com a cabeça, concordando com as suas palavras mesmo não percebendo o seu significado.         Serei ao menos capaz de deixá-lo? Depois de tudo isto? Ele não será digno ao menos deste sacrifício?

- Não! – Resistia.

            “Prefiro carregar o seu cadáver com a consciência tranquila do que deixar de o ver sabendo que fui eu quem o matou.”

- Não pode levá-lo consigo para sempre! Tem de seguir em frente! – Continuou a persistir.

            Durou uns minutos. Mas ambos sabíamos que não estava psicologicamente forte o suficiente para prolongar isto por muito mais tempo. Acabei por ceder às suas palavras bonitas, convincentes, encorajadoras… e falsas.

- Ok. – Concordei apático. Já sem forças para resistir mais. Já sem reação e sem palavras na boca. Apenas com energia o suficiente para engolir a seco o comprimido que me adentraram na boca mesmo sabendo perfeitamente que não conseguiria evitá-lo e aproveitando-se disso.

            Foi assim que comecei a tomar os anti psicóticos que ilusoriamente me ajudaram naquela atura.

(…)

            Passaram-se meses e mesmo aparentando ter seguido em frente, eu continuava o mesmo trapo. O Jin continuará sempre aqui. Ou com a forma de ilusão (fruto da minha fraqueza psicológica e da minha doença), ou com a forma da saudade insana que sinto dele.

            Como senti saudades.

            Será mesmo algo mau para mim a doença que me deixa louco? Porque é que ver o Jin poderia ser algo mau? Como poderia o Jin ser mau?

            "Ele não existe".

            Mesmo consciente de que a sua presença não passava de uma ilusão. Mesmo consciente de que não estava a tocar-lhe realmente. Mesmo consciente de que ele não existia. Eu continuava a amá-lo da mesma forma.

            "Ele não existe".

            A dor da saudade e a dor de não o ter comigo não é algo pior do que o mero facto de ter uma doença? "Anti psicóticos"... Ahaha! Não chamaria de medicamento a algo que me faz tão insanamente louco.

            Não são nada mais do que uma prisão, no meu caso, não são nada mais do que uma venda escura com costuras apertadas que não me deixam ver absolutamente nada. Quer dizer, deixam. Deixa-me ver aquilo que eu não quero ver, aquilo que todos vêm e de que fingem gostar. Tudo aquilo que a sociedade moldou ao longo do tempo e todos os padrões simplórios e egoístas, todos os falsos sentimentos e todas as emoções amestradas. Para quê mostrar tristeza perante algo com o qual nem nos importamos? Por Pena? Por obrigação? Não me lembro de dever nenhuma satisfação a ninguém. Mas só o Jin compreendia isso.

            Hoje em dia a vida já não tem a mesma beleza, os sentimentos já não são espontâneos e modestos. Todos temos os nossos pensamentos perversos os quais escondemos atrás de muros altíssimos, compostos de sorrisos falsos e ações realizadas por pura obrigação e sem qualquer tipo de propósito ou boa vontade. Eu próprio o faço. Mas o Jin não, porque o Jin compreendia isso.

            Pergunto-me, sinceramente, se será realmente melhor para mim deixar de o ver. O facto de não o ver não me faz esquecer a sua existência que, mesmo sendo fruto da minha imaginação, foi aquilo que me salvou durante todo esse tempo.

            Todos temos prioridades na vida. Talvez estar psicologicamente saudável não seja tão importante quanto todos pensam. Não quando a dor e a tortura que sinto no meu peito todos os dias é causada por isso. Não ter o Jin é como não ter propósito. Sinto como se o Jin não tivesse desaparecido, apenas tivesse ficado invisível. Um comprimido pode cegar-me, pode ensurdecer-me, pode negar-me todos os sentidos. Mas não pode impedir o meu pensamento, a minha imaginação, a minha memória...

            Pela primeira vez na minha vida desde aquele acidente, eu desejei esquecer, eu desejei que tudo fosse apagado, que tudo desaparecesse da minha memória.

            "Ele está cá, apenas está invisível". É como se apertasse o meu coração com toda a sua força e se pendurasse no meu peito, levado comigo para qualquer lugar. Quanto mais tento esquecer ou quanto mais considero a ideia de não querer tê-lo, mais ele pesa. Mais ele prende. Mais ele aperta. Isto porque não está cá, isto por causa do maldito comprimido que não é nada mais que um instrumento de tortura mal maquilhado, mal fingido, mal mascarado…

            Finalmente, concluí que são poucas as vantagens que se apresentam, ao invés de melhorar a minha condição, piora-a. O que é que me ajuda? O que é que me suporta? O que é que me alivia? O que é que me apoia? O que é que eu vejo, sinto, toco e cheiro? Isso mesmo. O Jin. Ele é o meu verdadeiro medicamento. É a ele que eu recorro quando me sinto triste, quando me sinto mal e quando preciso de melhorar a minha situação. Posso recorrer a ele agora? Não. A única coisa a que me aconselham a recorrer e que me apresentam como algo bom e saudável, é aquilo que o destrói, aquilo que o apaga, aquilo que o limita. Aliás, aquilo que me limita a mim, porque o Jin... O Jin continua aqui, junto a mim, pendurado nos meus restos mortais, pendurado no pouco que me resta, pendurado nas minhas memórias.

            “Jin?”. “Consegues ouvir-me?”. “Não”. Poderia começar a falar sozinho já que era isso que fazia quando via o Jin, mas é diferente. Não é assim tão simples.


Notas Finais


Desculpem por não publicar ter publicado regularmente. A fanfic já está na reta final!
Espero que tenham gostado e até ao próximo capítulo! ^~^


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