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História Amaldiçoado - Capítulo dois: Livros.


Escrita por: AliceDracno

Notas do Autor


Oii povo! Tudo bem? Espero que sim! Tá aí, amadinhos!
Beijos e boa leitura?

Capítulo 3 - Capítulo dois: Livros.


Acordar, levantar, comer e seguir o dia fazendo coisas que adolescentes, bruxos ou não, normalmente fazem. A rotina de Hermione baseava-se nisso, tentar esquecer da guerra e das mortes.

Mesmo que fosse impossível, graças as cicatrizes e as mortes. Impossível porque toda vez que olhava-se no espelho, via a sombra da menina que chegou aos onze anos em Hogwarts. Tremia sempre que encarava seus olhos e não se reconhecia.

Passou a língua pelos lábios. Tinha de se levantar, Gina logo acordaria e estranharia Hermione ainda estar na cama. Por mais que não quisesse levantar e encarar todos eles, ela tinha de o fazer. Tinha de ser forte e encarar todos os fantasmas do passado, que arrastavam suas correntes e tentavam destruir pouco a pouco sua sanidade.

Contudo, naquele dia, ela teria uma rotina diferente.

—Mione? — Ouviu Harry lhe chamar. Suspirou e depois se levantou para abrir a porta. Por força do hábito, levantou-se com a varinha em riste.

—Dia, Harry —sussurrou de volta, indicando Gina. O-menino-que-sobreviveu corou ao ver a namorada espalhada na cama ferrada no sono, ressonando levemente. — Relaxe, pra acordar ela, só um trasgo. — O Potter riu. Era verdade, não só Gina como a maioria dos Weasley dormiam como pedras.

—Rony está nervoso — ela sabia o motivo. O beijo na câmara secreta. —Está com medo de falar com você e, bem, você sabe.— Mexeu nos óculos e fez Hermione rir com a careta que ele fez.

—Rony realmente não acha que amo ele, né? —Riu.

—Ele acha que você só disse isso, que não o ama, porque sabe que ele gosta da Lilá e que não quer impedir ele de ser feliz.

Hermione revirou os olhos. —Vou falar pra ele, pela milionésima vez, que eu não amo ele dessa forma. Ele é um irmão pra mim assim como eu sou uma irmã pra ele! — Ela fez o mesmo biquinho de sempre.

—Sério, Mione? — A voz do ruivo se fez presente.

—Rony! Estava, por um acaso, ouvindo atrás da porta? — Zangou-se. O ruivo riu e negou:

—Tecnicamente, não. A porta está aberta —sorriu vitorioso para ela e piscou.

—Está bem. Venceu essa — levantou os braços em rendição. —E sim, é verdade. Eu não te amo dessa forma, Ron.

—Isso quer dizer que posso ficar com a Lilá? —Perguntou baixinho. Hermione revirou os olhos e assentiu.

—Você pode ficar com a Lilá, pode até ficar com a Pansy Parkinson, isso não vai influenciar em nada meu bem-estar ou nossa amizade, Rony. Somos amigos desde sempre. —Seu discurso foi interrompido quando Rony a abraçou, com força.

—Valeu, Mione! —E saiu correndo até a beira da escada, se lembrando de porque foi ali. Voltou correndo na mesma velocidade. —Ah, mamãe mandou avisar que o café foi servido —Harry e Hermione riram da comédia que era o amigo deles.

—Há pessoa mais destrambelhada que Rony no mundo? —Hermione perguntou.

—Que eu conheça, não —Harry respondeu. Ele se virou para adormecida Gina. —E aí, Mimi, quem vai acordar a Bela Adormecida aqui, han? —Quando ele se virou de volta, Hermione não estava ali. —Que? Sério que ela vai bancar o Batman? —Sussurrou para o nada.

—É que quem acorda a Bela Adormecida é o Príncipe Encantado dela! —Gritou do banheiro para o amigo. Ouviu a risada do Potter e entrou no chuveiro, sem se olhar no espelho. Trocou de roupa, invocando-as. Depois, foi inevitável olhar no espelho. A blusa azul estava meio amassada, o jeans não estava muito apertado, como antes, ela emagreceu.

Seu rosto estava pálido, bolsas roxas pesavam abaixo de seus olhos, ressaltando o tempo que não dormia direito. Sentia o coração aumentar seus batimentos, doerem de tão pesados. Sua respiração começou a ficar descompassada e depois, depois ela entrou em pânico.

Olhar em seus próprios olhos era como olhar para o abismo do inferno. Era como ver as mãos, lambidas de fogo, de todos os mortos na guerra esticando-se para ela, tentando voltar agarrando-se a ela.

Sentiu seu corpo pesar, o mundo rodopiar, fechou os olhos e se sentou na privada. Arrumou o cabelo com os dedos, enfiou a cabeça entre as pernas e tentou se manter calma. Cerrou os punhos e depois tentou se esquecer.

—Hermione? —Ouviu Gina bater na porta e chama-la. —Anda logo, cara! Tenho que fazer xixi!

—Já estou saindo, Ginny! —Respondeu. Se reergueu, arrumou-se um pouco, penteou os cabelos com o pente de Gina, suspirou e depois saiu, dando espaço para a desesperada ruiva entrar.

—Finalmente, Mione! —Ouviu a ruiva agradecer, por detrás da porta, quando estava chegando na escada. Sorriu por isso.

A cozinha estava relativamente vazia. Molly terminava de passar um café, Rony e Harry comiam com uma cadeira vazia entre eles e mais ninguém estava ali. Arthur deveria estar no trabalho, Fred e George não moravam mais com a mãe, os outros também não. A casa estava tão vazia que parecia triste.

—Hermione, querida! —Molly disse, chegando perto dela e a abraçando com força materna. —Bom dia, querida!

—Dia, Molly —murmurou, sorrindo.

—Sentfa aqui, Herfmone. —Rony disse.

—Rony, mastigue, engula e fale depois. Ok? —O ruivo revirou os olhos e fez o que ela disse.

—Senta aqui, Hermione —indicou a cadeira entre ele e Harry.

—Não vou tomar café aqui, Ron —disse, sorrindo. —Vou para casa dos meus pais.

—Fazer o que lá, Mione? Tá vazia! —A falta de tato de Rony foi repreendida pelo olhar de Molly. —Me desculpe, eu esqueci —ele evitou os olhos de Hermione.

—Tudo bem, Rony, deixe isso de lado —engoliu em seco. Sorriu, mesmo triste, e continuou: —Vou comprar a casa, pra quando eu acha-los, terem a casa deles. —A mentira escapuliu por seus lábios com naturalidade. Não gostava de mentir, mas se falasse que só queria ficar sozinha em sua antiga casa, ninguém ali deixaria.

Ninguém tocava no assunto, evitaram olhar para ela. Harry suspirou e perguntou, fazendo aquilo que todos queriam fazer, mas não tinham coragem:

—Quer que eu vá junto? —Se ofereceu, ficando de pé.

—Não. —Foi categórica. —Preciso fazer isso sozinha.

—Tem certeza? —Gina perguntou, chegando a cozinha e colocando a mão no ombro da amiga.

—Sim, Ginny, tenho toda certeza do mundo. —Supirou, pegando um dos pãezinhos que Molly preparou e se despedindo com um aceno, indo para o jardim. Terminou o pão a seco e aparatou.

O beco a quatro quadras de sua casa fedia, teve que se apoiar numa das paredes sujas de musgo e cheirando a urina para não cair no chão sujo. O bairro teve uma leve recaída criminal depois de uma fuga em maça de uma prisão local.

Ela aparatou ali pois em seu pacifico bairro residencial, todos desconfiariam em ver a jovem filha dos Granger saindo de um beco e graças aos feitiços de sua casa, para proteção, não poderia aparatar ali. Poderia ir por pó de flu, mas tinha o risco da lareira estar interditada, como seus pais sempre deixavam no verão.

Era verão quando eles saíram de casa. Agora era outono, quase inverno. Logo as ruas estariam lotadas de neve e o frio domaria a cidade de Londres, toda Inglaterra se mancharia de um imaculado branco que não era tão pacifico para quem viu horrores de uma guerra.

Enquanto andava, pessoas a reconheciam.

Vizinhos e, alguns, amigos de seus pais. Sorriu e acenou para eles.

Finalmente chegou em sua casa, olhando-a de perto, parecia habitada. Dois andares, grandes janelas envidraçadas, jardim enorme e bem cuidado e porta vermelha que chamava a atenção de todos que passam pela calçada de pedra.

Entrou pelo portão de ferro branco, levemente enferrujado, e caminhando em direção a porta, travou. Não conseguia, estancou no lugar e começou a tremer. Lembranças perfuravam sua mente, as lágrimas ameaçavam cair.

Se forçou a dar os últimos passos até a escadinha de três degraus. As mãos tremulas não conseguiram segurar a maçaneta dourada com força o suficiente no começo. Girou-a novamente e depois entrou.

O hall ainda tinha cheiro de lavanda, a mesa branca onde sua mãe colocava as chaves ainda estava ali, empoeirada e com flores mortas no vaso branco, mas ali. O tapete estava sujo e puído.

Alguns passos foram dados e ela chegou na escada que levava ao seu quarto e ao quarto de seus pais. Lembranças atingiam sua mente, perfurando como se uma furadeira se enfiasse na cabeça dela. Caiu de joelhos e pode ouvir as vozes de seus pais, passos e sua própria voz quando era criança.

Inspirou e mandou isso para longe, tomando coragem e agarrando o corrimão, subindo. Suas mãos arrastavam a poeira do corrimão de madeira e ficavam sujas.

Quando chegou no corredor de acesso aos quartos, entrou no seu e andou até sua cama. As paredes lilases mostravam uma menina alegre e inocente, mas agora ela não era nada disso completamente. Não há modo de sair de uma guerra inocente. Sempre haverá sangue manchando as mãos de Hermione, sangue inocente e sangue culpado; sangue daqueles que morreram em seus braços e sangue daqueles que suas mãos mataram.

O remorso a corroía. Por mais que seu lado racional dissesse que não tivera opções, ela sempre iria se martirizar por ter matado, mesmo que em legitima defesa, em defesa de seus amigos.

E o quanto perdeu por isso? Pais, amigos... inocência.

Se lembrava de cada morte que viu, de cada tortura que presenciou e sofreu, de cada ato bárbaro que destruiu parte de sua alma. Retirou o lençol sujo e jogou ao chão, caiu na cama e começou a chorar. Com a visão nublada, olhou o teto onde tinha vários mapas estrelares. Brilhando mais que as outras constelações, Órion. Sua constelação preferida.

Toda a mitologia da constelação, a lasciva história de Órion e o amor dele por uma deusa. Órion era apenas um caçador, descendente dos deuses, mas ainda sim um homem normal.

Ele se apaixona por Ártemis, que corresponde ao amor, mas Apolo enciumado põe um escorpião gigante para perseguir e matar o rapaz; sua irmã deveria se manter pura e virgem, longe das garras dos amores mortais.

Apolo sabia que, como quase todos os deuses, Ártemis era orgulhosa, que seu ponto fraco seria isso. Na praia com sua irmã, ele a desafia a acertar um ponto negro no oceano dizendo que ela não é tão boa quanto ele, sabia que a pobre deusa da caça aceitaria o desafio, e assim ela o fez. Ártemis, orgulhosamente, diz que ser até melhor. Retesando seu arco e flecha, ela prepara o tiro, que acerta o alvo. Acerta o mesmo sem esforço e vê o irmão estranhamente orgulhoso.

 A maré se tinge de vermelho, ondas mudas trazem junto da água o sangue do eterno amor da deusa pura, e o corpo moribundo de Órion foi trazido para a arrebentação, onde a deusa o tomou nos braços chorando copiosamente e lhe pedindo perdão. Foi então que rogou a seu pai, Zeus, que elevasse Órion às estrelas. E assim foi feito. Desde então, Ártemis não amou outro, cumpriu sua promessa de se manter casta e pura, e seu amor resplandece brilhante no céu noturno.

Sem saber quando, apagou.

(...)

Draco voltou seu olhar para o horizonte. Sentia um peso no coração, o outono sempre foi a estação mais melancólica para o loiro. Malfoy sentia o peso no coração ao se lembrar da maldição.

O uísque de fogo estava parado no copo, havia minutos que não bebericava, já deveria estar quente. Olhava a janela e via a orla da floresta, a floresta já começava a dar sinais de quais plantas cederiam ao inverno rigoroso.

Era dia, dois dias depois de quase se afogar na banheira. Sentia sua mãe distante, e isso lhe fazia remeter a Daphne e a maldição. Um livro repousava em seu colo, listando os tipos de maldições como a que ela lhe rogou.

Magia negra, e das Vafortes. Pode ser verdade, pode ser que não. Tudo o que conseguiu foi um nome, uma bruxa que da família de Daphne que se escondia hoje no mundo trouxa. Não sabia se deveria ou não ir.

Não tinha exatamente opções.

—Filho? —A voz de sua mãe lhe tirou do transe. —Vai comprar seus materiais hoje? Em duas semanas, você regressa a Hogwarts.

—Vou em depois do almoço, mãe —a mãe assentiu, viu pelo vulto na janela.

—Deveria ir logo, vai chover —riu da preocupação da mãe.

—Tudo bem.

—Falta três horas para depois do almoço. Vá agora e almoce na Londres trouxa. —Achou a ideia boa. Nunca comeu na Londres trouxa, não até o fim da guerra e sua mãe lhe mostrar um restaurante da cidade, onde ela e Andrômeda se encontravam depois que a mesma foi excluída da família Black.

—Vou passar naquele restaurante, mãe. —Era pequeno, ficava numa área residencial da cidade, perto de casas de um condomínio de classe média alta e classe alta.

—Gostou mesmo de lá, não foi? —Ele assentiu. Não olhava para ela em momento algum. —Draco —ela chamou e ele continuou não olhando. —Draco, meu filho, olhe para mim!

Virou-se para a mãe e viu como ela estava pálida, ficava incrivelmente pálida quando usava branco.

—Sim?

—Vá até o Beco Diagonal e compre seus materiais, sim? —Ele assentiu. —Depois, vá ao restaurante trouxa e volte para casa. Agora. —Narcisa saiu, deixando o filho se trocar. Draco riu, a mãe vira como ele estava diferente, preocupado. Ela retornou enquanto ele trocava de camisa. —Ah, e passe naquela livraria trouxa e traga um livro pra mim.

—Gostou mesmo da literatura trouxa, mamãe?

—Sim —a Malfoy sorriu. Andrômeda deu a ela um exemplar de um livro chamado Querido John. Viu a mãe lê-lo em alguns dias e se debulhar em lágrimas durante esses dias. Desde então, ela visitava livrarias trouxas atrás de bons livros como aquele.

—Algum título em especifico? —Vestiu a blusa social preta e por cima uma jaqueta jeans, que usava no mundo trouxa quase sempre.

—Não, você terá que socializar com algum trouxa, para que ele lhe ajude a comprar — Draco não gostava muito da ideia. Não descia totalmente pela garganta dele aquilo, mas pela mãe ele prometeu tentar conviver com os trouxas. Desde que a guerra terminou e Andrômeda cuidava do filho de Tonks e Remo, Narcisa e ela voltaram a se falar.

As ligações da família Malfoy com os trouxas aumentou. Narcisa jamais teve algum preconceito contra eles, o jovem Draco sim. Antes ele não suportaria viver com a tia e com o primo de segundo grau, graças a influência de seu pai, mas com Lucius morto, as coisas mudaram e muito.

Chegou no Beco Diagonal e perambulou, entrando em lojas e comprando o necessário. Fez tudo tão mecanicamente, que mal notou quando chegou ao restaurante. Se sentou numa das pequenas mesas de vidro e fez seu pedido.

Foi quando a viu. Lá estava ela, usando jeans e jaqueta azul fechada até o pescoço. Passou a mão pelo cabelo quando notou que ela olhava para ele. Temerosa, Hermione saiu do restaurante dando um aceno a ele. Sorriu se sentindo um idiota, é claro que ela não se sentaria com ele.

Terminou o almoço e seguiu para a livraria em frente. O lugar era confortável, aconchegante. Prateleiras altas e baixas, curtas. Balcões de madeira, cheiro de bolinhos no ar. Era bom, iluminado, com uma escada de ferro negra que levava ao segundo piso, com poltronas verdes claras e que lembravam uma sala de estar.

—Está me seguindo, Malfoy? —A voz de Hermione soou atrás dele. Sorriu irônico e disse:

—Não, vim comprar um livro pra minha mãe —virou-se para ela e sorriu safado. —Por quê?

—Sua mãe? Lendo livros trouxas? —Murmurou baixinho, para que as poucas pessoas ali não ouvissem o assunto. —Duvido muito disso.

—Ela terminou um livro que Andrômeda lhe deu, A Culpa é das Estrelas, e agora quer outro. Simples assim —ela pareceu acreditar. Notou que ela estava pálida, com olheiras e muito magra.

—Aqui —entregou para ele um livro pequeno, com a capa simples de uma garota de óculos de coração e pirulito na boca. —Lolita, é meu livro preferido, ou um dos meus preferidos.

Ela saiu e ele ficou ali, encarando o livro por alguns segundos, tentando entender o que acontecera ali. Fixou seus olhos na porta de vidro e riu pelo nariz. Foi até o caixa e colocou o livro sobre a bancada.

—Acredite, se Hermione achou o livro bom, a pessoa pra quem você está comprando, vai gostar também. Hermione é muito crítica com livros. —A mulher do caixa, de pele morena e olhos verdes, curtos cabelos negros e com franja, que parecia egípcia, disse.

—Perdão? Como sabe que o livro não é pra mim? —Ela sorriu, mostrando os dentes brancos e perfeitos.

—Raros são os homens que compram livros de romance. Mais raros ainda os que compram Lolita, dada a circunstância do enredo. É o tipo de livro que um fã de livros só compraria para presentear uma dama ou que leria depois de tê-lo ganhado.

—Ela disse que é o preferido dela, na verdade um dos preferidos. —Draco refletiu, sem saber porque conversava sobre aquilo. Ele não era exatamente um fã de livros.

—Sim, ela vem todo mês atrás de uma edição em específico. —Comentou misteriosa, passando o livro e o embrulhando para presente. Ele sentiu que ela sabia de algo que ele não sabia.

—Qual é?

—A edição de 1958 de Nova York. A edição onde o avô dela se declarou para a avó dela. —Mostrou a capa para ele.

—É um dos livros preferidos dela, não é? —Ela assentiu.

—Vai querer levar um pra você também? —Ele assentiu.

—Draco Malfoy —ele se apresentou, sem saber o motivo.

—Ah, então essa belezinha é pra sua mãe, Narcisa. Ela e a irmã vem aqui uma vez por mês. Ambas, adoráveis. Posso ver que a beleza é genética —sorriu para ele. Draco riu. —Bom, meu nome é Akasha, Akasha Enkil. Prazer —ela saiu do balcão e pegou outro exemplar de Lolita, entregando a ele. —Leia, vai gostar —passou e ele pagou. —Mande lembranças as duas por mim.

Se despediram com um aceno e Draco saiu.

(...)

Narcisa começou a tossir. A crise veio forte. Levou um dos lenços de seda e levou-a aos lábios, tossindo ali. Nos últimos dias, Narcisa tossia muito, crises fortes e dolorosas. Afastou  o lenço dos lábios e viu sangue.

O branco perolado da seda destacava o vermelho denso do sangue. Se sentia tonta e com o coração pesado. Algo estava errado, ela se sentia pesada e dolorida. Sua saúde estava perfeita a pouco tempo, e de repente ela começou a adoecer.

Se sentou em sua cama, apoiando-se para não ir ao chão com a tontura. Iria a um medibruxo de não passasse. O almoço estava intacto na bandeja ao lado da cama, pousada no criado mudo esquerdo.

Ouviu alguém bater na porta, assim que se enfiou nas cobertas com o frio que vinha da janela aberta. —Mamãe? Trouxe um livro.

—Entre, Draco —ele entrou e se jogou na cama dela. —O que foi?

—Trouxe um livro —entregou Lolita, embrulhado em rosa brilhante. A mãe sorriu e desembrulhou com cuidado. A capa entregou o que era, ouviu Andrômeda falar do livro. Olhou de volta ao filho e viu a face dele torcida em preocupação.

—Não é só isso, os julgamentos, que te preocupam. Fale, não tem porque me esconder. Algo está te deixando confuso —sussurrou acariciando o rosto do filho e o trazendo para perto.

—Eu encontrei com Hermione, ela que me recomendou esse livro —confessou.

—Oh, e o que tem demais nisso? —Ele não viu, pois estava de olhos fechados aproveitando o carinho, mas ela sorriu feliz.

—Mãe, tem algo de estranho nisso. Desde o julgamento eu não consigo achar um motivo para o trio de ouro ter me ajudado. Essa ajuda com certeza veio da cabeça dela. Duvido que o Potter ou o Weasley fizessem isso sem ela os pressionar.

—Querido, mesmo quando você era criança, antes disso tudo, você falava dela. Desde seu primeiro ano em Hogwarts. —Para disfarçar sua hipótese tão transparente, continuou: —Não só dela você falava, como de todos os membros do trio. E aqueles amigos próximos também.

O carinho da mãe se intensificou.

—Eu sei —admitiu. —Mas eu falava deles com raiva —prosseguiu. A mãe contestou isso em pensamentos. Ele falava dos garotos com raiva, não de Hermione. Ele tinha uma pontada de admiração na voz quando citava o nome da menina.

—Sim, querido. Eu sei. Você só está na cabeça encucada com isso —viu na bolsa transparente da livraria um outro exemplar de Lolita. —Cadê seus livros de Hogwarts?

—No meu bolso, um feitiço encolhedor para não chamar atenção trouxa. —Murmurou, chiando como um felino apreciando o carinho.

—E esse outro exemplar é pra você? —Ele abriu os olhos e se sentou.

—Sim —murmurou.

—É o livro preferido de Hermione, não é? E por isso está curioso em ler, não é? —O sorriso da mãe transmitia algo que ele não conhecia.

—Coma e depois leia, mamãe —foi tudo o que ele disse antes de sair emburrado. Narcisa riu baixinho e se sentou para comer.


Notas Finais


Tá aí. Espero que tenham gostado e que comentem! Sério, capítulo passado só tivemos um comentário, o que me deixou triste.


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