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História Amaldiçoado - Capítulo quatro: Trovões.


Escrita por: AliceDracno

Notas do Autor


Depois de tomar muita vergonha na cara, eu apareci, finalmente. Eu não tive paciência, cabeça, inspiração ou sequer tempo para postar nesses últimos tempos. Até que, finalmente, eu consegui. Foi nesse domingo que "terminei" o capítulo, mas choveu para um senhor caralho aqui na minha cidade e não deu para postar. Enfim, eu apareci.
Não me amaldiçoem!
Bom, eu fiquei sem fazer muita coisa nessas últimas horas, e decidi aumentar um pouco o tamanho do capítulo como desculpa.
Espero que gostem e que comentem. Aliás, beijos, gente!

Capítulo 5 - Capítulo quatro: Trovões.


 

Capítulo quatro:

Trovões.

O primeiro dia de aula em Hogwarts começou animado. Hermione guiaria os alunos primeiranistas para sua primeira aula, a de feitiços. Era inevitável não ficar feliz com a animação de cada um dos alunos, de como eles contagiavam com a felicidade. Novamente, pensava em como foi seu primeiro ano.

No começo, nada legal. Não tinha amigos e sempre ouvia os mesmos cochichos, ou preconceituosos por ser nascida trouxa (esses por parte de toda sonserina) ou era os cochichos sobre sua inteligência, que era de todas as outras casas. Bastava uma resposta certa, e um insulto era murmurado em algum lugar da sala. Ou nem tão murmurado assim, já que ela sempre ouvia.

Deixou-os para a aula e sorriu cansada, andando para a sua. A primeira aula, transfiguração com o novo professor, Gerard Lancaster. Não podia negar que ele era uma incógnita e que estava extremamente curiosa quanto a ele e sua aparência, já que no jantar da noite anterior, ele ainda não estava.

Chegando na sala, só tinha o lugar vago que seus amigos lhe guardaram. Sorriu e pediu licença para o professor, que estava de costas para a turma, pegando algo dentro da bolsa.

—A srta. deve ser a srta. Granger, presumo —ele murmurou e ela confirmou, dizendo um sonoro “sim”. —Minerva disse que você estaria atrasada. Bem, sente-se ao lado dos senhores Potter e Weasley. —Assim Hermione fez. Ele ficou de pé na frente da turma com sua varinha em mãos, que deveria ser o que estava procurando na bolsa. Quando ele se virou, a beleza dele deixou todas as meninas da sala de queixo caído.

Lockheart era lindo, mesmo sem memória e sendo um farsante, mas esse, sem dúvidas, se tornou o professor mais bonito que já tiveram em toda a vida. Cabelos negros, olhos azuis, queixo másculo e era bem alto e viril. Hermione soltou uma curta risada quando viu a carranca que Rony fez ao ver Lilá suspirando pelo novo professor.

—O que ele tem? —Rosnou alto o suficiente para os amigos ouvirem. Hermione respondeu:

—Beleza e um grande sorriso sedutor —ela deu um soco leve no ombro do ruivo e emendou: —Mas relaxa, Lilá gosta de você.

—Não é isso —disfarçou, corando.

—Oh, quer dizer que não é ciúmes? Significa, então, que ela pode sair com ele? —Harry insinuou, entrando no jogo com Hermione. Ronald ficou corado de vergonha.

—Não, ele é professor dela! É mais velho! —Gaguejou. Tanto Harry quanto Hermione tiveram que morder a língua para não rirem do amigo ruivo.

—Não, Ron, olha para ele —Hermione analisou o professor de cima a baixo e deu uma risadinha quando ele olhou para eles. —Ele não parece ter mais de 23 anos. É jovem, ainda. E ela é maior de idade.

—Droga —Rony com certeza viu que as insinuações dos amigos eram verdadeiras.

—Mas, é claro, deveria ficar com um cara mais jovem, como aquele luffano ali —Harry indicou um loiro. Ron ficou vermelho de raiva, as orelhas desapareciam junto ao cabelo, de tão nervoso. Pararam quando viram que o amigo realmente levou para o pessoal.

—Bem —o professor iniciou, chamando a atenção de Hermione. —Nos últimos anos vocês aprenderam, espero eu, a transfiguração de objetos e até seres, vice-versa. Contudo, esse ano, vamos aprender duas coisas: animagia e a mutação dos elementos. Alguém aqui sabe como funciona a animagia? —A mão de Hermione já estava erguida. Com um sorriso, ele consentiu que ela prosseguisse.

—Consiste, basicamente, em transformar seu corpo em um determinado animal sem o uso de varinha. —Ele sorriu e assentiu.

—Oh, sim, correto, srta. Granger. Nada além do esperado —Hermione corou com o elogio. —Contudo, não é só isso. A preparação para a animagia é de uma extrema dificuldade, pode me dizer por quê?

—Exige muita concentração. —Ele sorriu, assentindo veemente. Tirou os olhos dos alunos grifos e pousou o olhar nos texugos:

—Concentração e controle mágico —ele completou. —Acho que é justo dar 10 pontos para a griffinória. —Um sorriso triunfante apareceu nos lábios dela. —Todos têm o livro “Introdução a Animagia”, correto? —A sala murmurou positivamente. —Bem, peguem ele e abram na página 137, por favor —assim fizeram. —Em toda a História da magia, durante várias décadas e séculos, muitos animagos surgiram. Desde os primórdios, esses existiram. Um de vocês pode me dizer um exemplo?

—Baabity, a coelha...? —Uma menina ruiva, da luffa-luffa, respondeu, meio que perguntando.

—Oh, sim, do livro Contos de Beedle, o Bardo. —Ele, novamente, assentiu com a cabeça e se sentou na mesa como um adolescente. Viu a menina corar e aumentou o sorriso para ela. —Era meu conto preferido da infância.

—Dá pra perceber que o senhor realmente gostou muito do conto —Sarah, uma nascida trouxa e grifa, murmurou insinuante. Três botões da camisa dela estavam abertos, revelando a barra de renda do sutiã branco.

—Sim, foi por causa dele que me especializei em transfiguração —o sorriso dele era inocente, não notou a provocação ou se fez de desentendido. De qualquer forma, Sarah corou de vergonha. —Sabiam que no início os contos de Beddle eram populares e feitos para crianças bruxas não mostrarem seus dons na frente de trouxas?

—Serviam, então, como os Contos dos irmãos Grimm? —Hermione se expressou em voz alta, corando em seguida. —Desculpe, pensei alto.

—Não, eu ia citar isso agora mesmo! —Ele pareceu incrivelmente animado com isso. —Justamente como os Grimm. Ele adaptou os contos para crianças, o que antes servia para assustar, depois dele passou a ser mais leve e divertido —ele revirou os olhos. —Mesmo que muitos ainda considerem seus contos macabros demais para crianças pequenas.

—Professor? —Um aluno luffano chamou. Os olhos azuis do professor foram até o menino. —Bem, é... Lisette de Lapin era uma, não é?

—Sim, era sim! Uma coelha. E dizem que ela ainda se tornou o bichinho de estimação e conselheira de um rei trouxa, alguém sabe me dizer quem? —Ele voltou a ficar entusiasmado. Havia o brilho nos olhos azuis em estar ali, extremamente animado em dar aulas e estar com alunos em Hogwarts.

Antes de qualquer coisa, Hermione ergueu a mão. A ela foi dado um sorriso de consentimento: —Henrique VI.

—Sim! —Guinchou de felicidade. —Ela, segundo boatos, foi conselheira do rei Henrique VI. Segundo afirmam, o retorno dele ao trono se deu aos conselhos dela. Mas isso fica para Estudo dos Trouxas.

—Professor? —Um luffano o chamou. Ele se virou para o aluno e sorriu, o incentivando a falar. —Bem, é, Morgana era uma animaga, não é?

—Sim, era —assentiu. — Dez pontos para Luffa-luffa! Morgana é uma das raras que podiam se transformar e manter a consciência quando se transformava. Um de vocês sabe no que ela se transformava? —Ele perguntou olhando para Hermione, sugestivo. E sim, a grifa ergueu a mão. —Sim, Hermione?

—Ela se transformava em um pássaro. Só não há como sabermos qual.

—Sim. Num pássaro! —Ele aumentou o sorriso. —Para demonstrar que estudou bem essa matéria, pode me dizer porque é surpreendente ela ter a forma animaga de um pássaro?

—Todas as formas são difíceis, mas aves no geral são extremamente mais difíceis.

—E por quê?

—Porque exige mais concentração e mais controle de magia —ele assentiu. Se levantou da mesa e, num pulo, ele continuou:

—Acho que a srta. Granger merece mais vinte pontos para sua casa, não? —Assentiram. —Ótimo! Então, mais vinte pontos para a grifinória! Outros bruxos podiam se tornar pássaros: Cliodna era uma druida que também tinha forma de ave. Falco Aesalon tinha a forma de um falcão.

—Professor? —Lilá se pronunciou pela primeira vez.

—Sim?

—Eu vi que a maioria dos bruxos que se tornavam pássaros são mulheres. Há alguma relação ou não?

—Não sabemos direito o motivo, entretanto historicamente há mais relatos de mulheres que se transformam em pássaros que homens. E isso continua. É extremamente raro essa forma para ambos os sexos, só que há mais mulheres com tal poder. Algumas áreas da Transfiguração andam estudando o motivo, tentando encontrar o motivo. Nada, ainda.

—Professor? —Harry foi quem levantou a mão.

—Sim, sr. Potter?

—É verdade que Rowena Ravenclaw se tornava um corvo? —A pergunta deixou o professor surpreso.

—Não podemos garantir com certeza, mas há estudiosos que o afirmam —ele passou a língua pelos lábios e depois disse: —Bom, nossa aula está chegando ao fim. Bem, para nossa primeira aula, a minha primeira aula como professor, aliás, foi uma aula extremamente produtiva!

—Até a próxima aula, professor —as atiradas alunas desejaram, recebendo um ingênuo acenar. Hermione saiu da sala rindo, sendo escoltada por Harry e um Rony ciumento. Os braços do Weasley estavam cruzados.

—Que mau-humor, Roniquito! —Surpreendentemente, um dos gêmeos surgiu e abraçou o irmão ao dizer aquilo. O outro abraçou Harry e Hermione, se enfiando entre os dois.

—E como estão nossos heróis preferidos? —O nariz dele encostou na bochecha de Hermione e depois na de Harry.

—Pelo amor de Deus, Fred! —Hermione o empurrou.

—Sou o George! —Ele afirmou zombeteiro.

—Ah, conta outra! Sei que você é o Fred —ela afirmou, dando um sorriso de lado. —Agora, me deixa, é meu horário vago.

—Deixe-me adivinhar... você vai estudar no seu horário vago? —O outro perguntou, se juntando ao irmão, também abraçando a menina pelos ombros.

—Sim, pretendo estudar. —Ela revirou os olhos para eles dois, se livrando deles. Hermione apertou o passo e seguiu para a biblioteca, dando um sorriso de lado. O talento dos gêmeos de sempre deixar qualquer pessoa feliz aumentou o sorriso de Hermione, mas ela só se deixou abrir o sorriso quando virou o corredor. Ainda assim, pode ouvir Rony perguntando:

—Mas afinal, que diabos vocês dois vieram fazer aqui? —Ela não tinha a resposta, e se pudesse ver, teria visto dois sorrisos Weasley nos lábios deles. Por último, pode ouvir um sonoro “Nada” vindo dos dois. Aí sim gargalhou e seguiu seu caminho. Pode imaginar a face do mais novo da família Weasley corada de vergonha e raiva.

(...)

O dia teve seu começo normal. Tomou café com os amigos, guiou as crianças da sonserina para a primeira aula deles, poções. Explicou mais ou menos como funcionava o sistema de pontos e disse que Slughorn era o diretor da casa deles.

Como tinha o primeiro e o segundo tempo vago, Draco resolveu andar pelo colégio e revê-lo. As coisas não mudaram muito, por mais que ainda insistisse que várias coisas haviam mudado.

Ainda fazia um sol atípico do outono, mas aquela era Hogwarts, atípica como sempre foi. Justamente por isso, foi para o jardim, fazer nada em especifico além de ler um dos livros de terror trouxa que sua mãe lhe indicou. Logo conheceria o novo professor de DCAT e descobriria se os tais boatos eram verdadeiros.

Os boatos diziam que o novo professor era um viajante. Um nascido trouxa que viajou o mundo atrás de documentar criaturas mágicas que Newt Scamander não teve a oportunidade de descobrir e documentar com exatidão.

Dizem que ele foi o primeiro a ter permissão do diretor da escola brasileira de magia e bruxaria, Castello Bruxo, para se aventurar dentro das matas da floresta Amazônica. Tendo assim, a oportunidade de documentar as criaturas que antes poucos conheciam.

Draco não estava curioso quanto as criaturas, mas quanto ao castelo da escola em si. Situado no coração da maior floresta tropical do mundo, o castelo era a escola mais bem escondida, sendo cercada de uma densa mata, cheia de traiçoeiras criaturas e armadilhas perigosas. Só os estudantes e o corpo docente já a haviam visto, e nenhum deles jamais revelou como era.

Malfoy olhava o céu de azul brilhante e pensava, especulava, sobre como seria o tal castelo. Não notou as horas passarem, ficou observando os alunos primeiranistas das outras casas se divertindo e desbravando o castelo atrás de qualquer aventura. Mal notou quando fechou os olhos e passou a apreciar a brisa morna do começo da manhã.

—Acho tão fofa a cara que você faz quando está pensando —reconheceu a voz como a de Pansy. —Você fica sereno como era quando criança.

—Idiota —xingou a melhor amiga. Ela se sentou ao lado dele, apoiando a cabeça na mesma árvore. —O que te traz aqui?

—Não posso querer ficar ao lado de um amigo?

—Pan, você não me engana —abriu os olhos e fechou o sorriso que tinha. —O que houve?

—Não é nada demais —ela respondeu, olhou para o céu e mudou de assunto: —Está curioso com nossos novos professores?

—Não mude de assunto. Abra logo o jogo —sentenciou. Pansy era extremamente fechada, não era o tipo de menina que se abria ou falava sobre si mesma. Sonserinos, em geral, tem um tanto disso na personalidade, mas a grande maioria não tem essa característica tão acentuada quanto a Parkinson. —O que Blás fez dessa vez?

—Ele não fez nada —comprimiu os lábios e depois continuou: —Estou pensando em outras coisas.

—Que coisas?

—Como vai ser daqui para frente? —Finalmente, ela se virou para olha-lo nos olhos. —O que vai acontecer conosco depois disso, Draco? Depois de Hogwarts? Meu pai está morto, minha mãe, louca.

—Vai dar certo. —Ele mesmo não acreditava nisso. Assim como Pansy não sabia mentir para Draco, Draco não sabia mentir para ela.

—Somos amigos desde quê? Nossos três anos de idade? —Ela perguntou e recebeu como resposta uma risada anasalada. —Estive com você muito tempo. Tanto tempo... somos tão inseparáveis que acham que somos namorados ou coisa do tipo, como vivem especulando com o trio de ouro. Todavia, a questão não é essa. Draco, você não sabe mentir para mim.

                —Poderíamos, por favor, deixar de lado essa história? —Ele sabia onde aquela conversa terminaria. Pansy iria voltar a falar da guerra, de como tudo estaria, de como eles estavam, de como mudaram.

—Temos aula de DCAT com a grifinória agora —ela seguiu a sugestão dele, mudando de assunto de volta ao original. Contudo, ele sentiu o toque de malícia sugestiva na voz dela.

—O que quer dizer com isso, Pansy? —Ele sabia que algo estava pinicando a língua dela para ela falar. Sorrindo em fingida inocência, ela se levantou e disse:

—Quero dizer que vamos ter aula de DCAT com a grifinória.

Ele seguiu o movimento dela, ficando de pé ao lado. —Oh, não. Tenho certeza de que não é só isso.

—Bem, é só isso: aula com a grifinória —cantarolou. Sugestiva, novamente, ela perguntou: —Quer passar na biblioteca antes?

—Não. O que eu faria na biblioteca? —Franziu o cenho.

—Sei lá, acompanhar a Granger e ajudar com os livros dela, quem sabe? —Ela deu de ombros, mas Draco não acreditou nas palavras dela.

—O quê?

—Não se faça de burro, Malfoy! Você me entendeu completamente! —Grunhiu alto. —A Granger e você, trocando cartinhas ontem. Acha que eu não vi?

—Estava agradecendo por ela me ajudar com um livro e com o julgamento. Só isso —ele foi franco, Pansy estreitou os olhos, sabendo que era verdade.

—Podem se tornar amigos. É chato ser a única menina do grupo.

—Pensei que não gostasse dela —brincou.

—Bem, acho que posso dar uma chance a ela. —Emblemática, murmurou. —Agora vamos entrar —só então Draco notou que estavam na frente da sala onde teriam aula.

—Nossos livros estão nas masmorras —provocou, dando as costas e indo para a sala comunal. Ouviu Pansy rir e dizer:

—Há uma coisa chamada feitiço convocatório, ele traz a nós coisas, para que não tenhamos que ir atrás dessas coisas. Que tal usar ao invés de ir e perder tempo? —A ironia era uma das características da amiga que irritavam muito Draco.

—Engraçadinha —assim como ela, um floreou a varinha e pegou a mochila com seus materiais.

O professor ainda não havia entrado na sala, mas todos estavam sentados em seus lugares. A ampla sala estava com uma grande tapeçaria no centro, no lugar do quadro. Olharam-se curiosos e caminharam para o lado de Blás. Draco se sentou numa ponta, Pansy no meio dos dois.

—Onde está o Theo? —Foi a primeira coisa que a Parkinson perguntou.

—Matando aula com uma corvina em algum lugar do castelo —Zabini respondeu, piscando um dos olhos de forma maliciosa.

—Bom, o dia deve estar sendo ótimo para ele —Draco murmurou. Os grifos entraram, destacando-se entre eles Hermione e sua típica pilha de livros.

—Falei que ela ia precisar de ajuda —sussurrou no ouvido dele. Hermione fitou a situação com uma das sobrancelhas erguidas. Ela virou o rosto quando notou que Draco a olhava de volta.

Sentando-se entre Harry e Rony, ela ficou fitando sua mesa.

Antes de mais nada, o professor entrou. Era um homem robusto, grande, de cabelo escondido por um turbante branco e barba por fazer. Os miúdos olhos castanhos se escondiam debaixo de grossas sobrancelhas, que mais pareciam uma só. A pele negra destacava a roupa verde esmeralda que usava.

—Desculpem-me o atraso —ele disse, e a voz grossa e firme ressoou na sala. —Eu sou Nico Kalet, o novo professor de DCAT. Vamos voltar a falar de criaturas da noite esse ano, mas dessa vez vamos focar em criaturas que não estão presentes na Europa. Desde criaturas comuns até as hibridas, nascidas da mistura de criaturas europeias e criaturas típicas de outros países.

A valise dele se chocou com força contra a mesa.

—Professor? —Um grifo ergueu a mão.

—Sim? —Ele se virou para o jovem aluno.

—É verdade que você já viu Castello Bruxo? —Os pequenininhos olhos do professor brilharam estranhamente.

—Sim, é verdade —o sorriso no meio da barba brilhou.

—Bem, e como ele, o castelo, é? —Tornou a perguntar. O professor circulou pela sala, e com a voz cavernosa, perguntou:

—Alguém aqui já ouviu falar da lenda de El Dourado? —Não foi surpresa nenhuma quando a mão de Hermione voou para o alto.

—A lenda sul-americana de uma cidade toda feita de ouro e joias preciosas? —Era uma pergunta com tom de afirmação. Hermione era confiante o suficiente para utilizar o tom que tanto fez o professor admirar.

—Sim, essa mesma. Eu jurei jamais dizer a localização do castelo, mas nunca disse nada sobre realizar a proeza de dizer como ele é. —Ele andava por entre as mesas, passadas firmes, ecoantes. A voz prosseguiu a narrativa que todos ali esperavam: —Antes mesmo dos colonos trouxas, a América foi colonizada por bruxos. Acho que vão estudar isso nesse ano em História da Magia, portanto não irei aprofundar o assunto. Castello Bruxo é nada mais que El Dourado. Um castelo dourado, feito de ouro, prata e pedras preciosas.

Primeiro veio o choque, depois a incredulidade. Draco foi quem se pronunciou sobre isso:

—Todo feito de ouro e pedras preciosas? —O professor riu com vontade.

—Sim, todo feito de ouro e pedras preciosas. As paredes, por dentro, são feitas de marfim e pedra ônix. O teto do Grande Salão reluz com diamantes de todas as cores que imaginam, como as estrelas do teto do nosso Salão.

Os olhos de todos os alunos ainda estavam levemente arregalados. Prontamente, Rony perguntou:

—Isso não pode ser verdade! —Mais uma vez, o professor Kalet riu.

—Acredite no que quiser. —Os burburinhos começaram, uns descrentes e outros, outros animados com a possibilidade de um castelo ser feito de ouro. —Terei de dar início a aula, então, por favor, silêncio!

E assim fizeram. A voz imponente dele lembrava a voz de Snape. Ele continuou sua procissão até os fundos da sala. Moveu a varinha e ela ficou quase totalmente escura, somente a estranha tapeçaria brilhava.

—Os seres que vamos estudar essa noite são extremamente perigosos. A primeira desses seres que vou lhes apresentar, é típica da América e são muito, muito perigosas. As sereias —a tela se acendeu em cores dançantes e bruxuleantes, que formaram então uma mulher de longa cauda dourada e cabelos ruivos. —Não se enganem, ao contrário dos sereianos, que podem ser pacificados com um acordo, como o que Dumbledore forjou com eles, as sereias são incontroláveis seres.

—O que elas podem nos fazer? —Dino Thomas perguntou em voz alta.

—As sereias encantam com o som da voz, com o canto. O que elas fazem de mais, vocês se perguntam... Nunca ouviram lendas a respeito delas?

—Que matam homens afogados e/ou os seduzem. Mas isso não é exatamente uma coisa perigosa —Lilá desafiou o professor.

—Não é que a maioria dos grifos realmente são cabeças oca? —A pergunta fez a maioria dos grifos soltar um resmungo e as serpentes darem pequenos sorrisos. Outro floreio de varinha e a imagem mudou. Agora, ao invés de uma longa calda, ela tinha pernas grossas e belas. —Elas são tão lindas e podem assumir a forma do amor da vida de suas vítimas. Morrer afogado é o modo mais gentil que você pode morrer nas mãos delas.

“Se cair nas garras de uma sereia, ela vai arrancar sua alma e devorar seu corpo. A alma, meus caros, é dada a rainha imortal delas: Iara, chamada de Mãe D’água nas regiões. O que ela faz com a alma? Se alimenta. Ou então transforma as almas dos homens pegos em seres escravizados que lembram sereias.”

—Homens escravizados? —Harry murmurou.

—Sim. Eles são transformados no que trouxas chamam de Boto cor-de-rosa. Ao contrário das sereias, que matam e levam as almas, aos botos a missão é outra: a de engravidar moças para que assim novas sereias nasçam. Ao fim de nove meses, a mulher morre dando à luz.

—E como matamos essa criatura? —Blás perguntou.

—Atraia ela para fora d’água, que é onde sereias ficam vulneráveis, e ateiem fogo nelas —Lilá riu com escárnio.

—Para seres tão perigosos, morrem bem fácil.

—Minha cara Brown, reconhecer uma sereia não é nada fácil. Sabia que elas leem mentes? Não importa o quão bom oclumente você seja, elas entram e enganam a todos. Fora isso, o país é cercado de água, seja doce ou salgada, e é extremamente fácil elas entrarem na água e fugirem.

—Então, não são perigosas por conta de serem difíceis de matar, mas por conta de serem difíceis de se pegar. —Afirmou Pansy. O professor assentiu.

—Exatamente —ele apontou a varinha novamente para a tapeçaria. Ali surgiu um ser pequeno, de asas cintilantes e cabelos verdes. —Algum de vocês sabem o que é esse ser?

—Uma fada? —Uma aluna tentou. O professor negou.

—São chamadas, na Argentina, de Protetoras.

—Por que protetoras? —A mesma aluna tornou a perguntar.

—Porque elas protegem crianças, plantas e animais. —Hermione respondeu. Das sereias ela não sabia, porque os livros não falavam delas, mas as protetoras eram conhecidas. —São leiais como uma fênix, podem curar os enfermos e tirar as pessoas da morte, só que são ariscas e não gostam de adultos.

—Sim, exatamente. Acho que a srta. Granger conquistou mais dez pontos para a grifinória. —Um sorriso leve povoou os lábios dele. —Tentei me aproximar de uma, e quase perdi um dedo —ergueu o polegar esquerdo e a turma, na luz tênue, viu a cicatriz cortando do dedo ao meio. Na pele negra, a cicatriz se parecia muito com uma cobra albina. —São extremamente venenosas, essas pestinhas. Agonizei oito dias e quase morri. Foi a oitava vez que quase morri nessa expedição.

—Como são as terras brasileiras? —Harry perguntou.

—São muito bonitas, e extremamente perigosas. Bestas nunca antes catalogadas vivem nelas. Os livros que compraram não serão de grande uso para a maioria dos seres que iremos estudar aqui. Boa parte das terras que desbravei são assim.

—Iremos estudar sobre o Chupa-Cabras? —Blás perguntou. —Minha mãe disse que é um tipo de ser amaldiçoado como os lobisomens são. É verdade? —As feições do professor mudaram.

—Não se sabe, ninguém nunca sobreviveu de um encontro com um para contar a história adiante.

—O senhor topou com um? —Rony perguntou. Levemente espantado, o professor se virou e disse:

 —Estão dispensados por hoje —pegou a valise, fez a tapeçaria se enrolar e saiu apressado para o que quer que fosse. Os alunos se encararam e, na falta de uma reação melhor, saíram.

Hermione estava abarrotada de livros, andando para fora. Pansy deu um cutucão em Draco com o cotovelo e disse: —Leve os livros para ela até a biblioteca! —A pequena ordem foi seguida de um empurrão em direção a Hermione.

Ele topou com ela, os livros de Hermione voaram ao chão e Draco quase caiu por cima dela. Ele ficou ali, imóvel, vendo-a no chão e estupefata. Ouviu ambos ouviram murmúrios e risinhos, mas não ousaram quebrar o olhar. Draco ignorou isso, ignorou até os risinhos. Ficando ereto, olhou para o grupo de pessoas ao redor deles.

—Oh, acho que é nessa parte onde eles, segundo os filmes trouxas, se apaixonam! —Fred disse, surgindo naquele mesmo corredor acompanhado de seu gêmeo. Ambos se destacando da multidão graças aos cabelos levemente grandes e ruivos.

—Sim! Ele recolherá os livros dela, e num tocar de mão, cabum! —Gesticulou como se fosse uma explosão. Malfoy se levantou, levantando Hermione em seguida. —Eles se apaixonam.            

—Vocês dois são verdadeiros comediantes —o Malfoy revirou os olhos, ao mesmo tempo que puxava Hermione do chão. —Ha-ha-ha. —Depois disso, se retirou, deixando Hermione e o círculo de pessoas para traz.

—Acho que irritamos ele —os gêmeos disseram juntos, topando a cabeça num do outro. Hermione ainda não estava prestando atenção no mundo exterior.  

Draco saiu após a pequena, e até amigável, troca de farpas. Talvez com raiva, talvez com vergonha; até mesmo com um pouco dos dois. Saiu arrumando sua capa e com o mesmo olhar superior que sempre tivera.

Deixou para trás um mar de pessoas curiosas com a reação dele. Nem mesmo em tempos de guerra, viram-no tão exaltado e frio, com raiva contida por trás da indiferença do olhar cor de tempestade. Talvez fosse impressão dela, mas Hermione jurava ter visto um tanto de constrangimento nos olhos dele. Algo que podia se assemelhar ao rubor que estava em suas bochechas, mas que jamais chegariam as bochechas do frio sonserino. Ela o seguiu, até que ele dobrasse um corredor e desaparecesse de sua vista.

Já com seus livros nas mãos, entregues por Rony, olhou ao redor. Estreitou os olhos ao encontrar os de Pansy. Os azuis dela estavam com o típico olhar zombeteiro, mas não dirigido a Hermione, e sim a situação. Migrou o olhar para os gêmeos. Fred e George tinham a incrível habilidade de chegar quando o momento mais constrangedor aconteceria. Talvez essa fosse a grande habilidade deles, fora os logros. O timing deles era perfeito para confusões.

Hermione negou com a cabeça e, poupando o discurso de sabe-tudo, o qual ela sabia que seria deliberadamente ignorado por todos ou até mesmo replicado em zombaria, caminhou para a biblioteca. A biblioteca, seu refúgio.

Seus passos largos faziam a saia rebolar. Olhares dos mais novos, aqueles do primeiro ano, seguiam-na. Todos eles pareciam espreitar cada passo de Hermione e gravar cada movimento dela. Agora, eles conheciam o trio de lendas que caminhavam por aqueles corredores. A fama não era do total agrado de Hermione, para não dizer que ela a achava desnecessária, contudo o castelo ao seu redor parecia ignorar isso e seguiam seus passos com avidez.

Mais uma vez, nos anos que se estenderam dentro do castelo, a biblioteca seria seu lugar calmo. Madame Pince olharia com tanto fervor aos que acompanhassem ela até ali e ousassem atrapalhar, que duvidava que algum deles ousassem segui-la.

 

(...)

 

A mansão estava fria. A elfa carregava a pesada bandeja de comida e chá para sua lady. Pelas grandes janelas envidraçadas, era possível ver uma tempestade lilás chegando. Raios partiam o céu com suas forças, como as veias do corpo daquela tempestade, dando a força e a vitalidade para que ali ela atingisse a mansão que construída naquela clareira distante.

O sol passou todo uma manhã escondido, aparecendo somente por brechas nas densas nuvens negras, e a escuridão daquele fim de manhã assemelhava-se com o fim da tarde. Os trovões retumbantes atingiam as paredes de pedra da mansão e ecoavam como rugidos poderosos, abrindo caminho para o que vinha. Anunciando o temporal.

A pobre elfa murmurava coisas desconexas sobre sua ama, humanos não entenderiam os muxoxos frágeis de preocupação da serva fiel. Narcisa estava de cama, com Andrômeda cuidando. A pobre Inka, que era relativamente nova na mansão, odiava-se por não poder fazer nada a respeito disso.

As xícaras de chá vazias tilintavam contra a porcelana do bule de chá quente e a prata da bandeja, onde todo o tumulto da tempestade era refletido.

A pobre elfa anunciou sua entrada com uma voz esganiçada e preocupada, para que Andrômeda abrisse a porta. A Tonks assim fez. Ali, a Mulher de cabelos pretos presos numa rede grossa, de vestido vinho e capa igualmente escura, com as feições rigorosas e olhar franzido, tomou a bandeja de suas mãos minúsculas e mandou, educadamente, que está partisse de volta à cozinha.

Inka só pode vislumbrar o que havia por dentro do quarto por segundos antes da porta ser fechada. Viu sua ama sentada na cadeira diante da janela aberta, de longas cortinas dançantes, e o relâmpago que iluminou sua face mostrou quão pálida ela estava.

Andrômeda caminhou com a bandeja até a mesa de vidro perto da janela, onde sua irmã se sentava confortável numa cadeira de veludo vermelho vivo. Compassado ao coçar de garganta da Tonks, veio um grande trovão.

—Tem de contatar Draco —impôs sua opinião numa voz que impunha tanta imponência quanto os raios e trovões que rebombavam no céu em tons escuros misturados a tons pasteis de roxo.

—Primeiro quero descobrir o que tenho, depois me falo com meu filho. —A fala da Malfoy foi pontuada por outro estrondoso trovão.

—Uma boa coruja das torres chegará no castelo em poucas horas. Talvez até antes dessa tempestade o atingir. —Não titubeou em responder a irmã. Ambas, agora, fitavam o horizonte enegrecido.

—Não questione minha decisão —Narcisa disse, servindo-se de chá. —Não é o momento para falarmos com Draco, ainda —ressaltou Narcisa, pela última vez.

—Volta a dizer isso, mais uma vez, e talvez você acredite —Tonks não deixou de lado a educação que sempre tivera, mesmo sob a pressão de tamanho nervosismo diante da teimosia da irmã mais nova. —Você está morrendo e contar para seu filho é o essencial, no momento.

E como para concluir o que Andrômeda dizia, uma crise de tosse forte chegou. E com ela, o sangue carmesim que infestou o lenço branco e bordado. Ambas fitaram o lenço ensanguentado, ainda mais escuro sob a etérea luz dos raios.

A chuva chegou, finalmente, depois de uma manhã inteira se anunciando. Narcisa tirou os olhos do lenço e olhou para a irmã, depois para o horizonte. A chuva caia tão pesada que ecoava junto dos trovões. A cortina branca já se molhava. Com um floreio, o vidro da janela foi fechado.

Narcisa ainda olhava para o horizonte quando disse: —Amanhã vamos a um médico trouxa, quem sabe eles não podem me ajudar?

—E quanto a Draco? —A já impaciente Andrômeda perguntou. E mais uma vez obteve a resposta decepcionante:

—Descobriremos o que tenho primeiro, depois falaremos com Draco —o tom de ponto final a discussão, foi dando quando Narcisa prosseguiu dizendo: —Sirva-se, a sopa de Inka é deliciosa.


Notas Finais


Foi hoje de manhã, durante um horário vago durante as aulas, que a ideia de agregar parte do nosso folclore e de lendas sul-americanas aqui na fic. Escrevi sete páginas disso e passei a admirar muito mais J.K depois disso!
Deus, eu escrevi como uma doida e pensei: não acredito que tive ideias tão boas!
Bom, até agora o clima da fic está até um tanto descontraído, não? É, mas ele mudará já no próximo capítulo. Se encontrarem um erro, me reportem. Beijos, e até esse sábado!


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