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História Amaldiçoado - Capítulo oito: Banshee.


Escrita por: AliceDracno

Notas do Autor


Era para esse capítulo ter saído domingo, mas minha internet não cooperou. Fazer o que... a chuva e ela não se dão bem de jeito algum.
Bem, eu gostaria de agradecer a Anamour que comentou no capítulo passado e a Thay, que me alertou sobre um erro meu. Obrigada as duas! <3

Capítulo 9 - Capítulo oito: Banshee.


Era pouco depois do horário de almoço quando a carta de Draco chegou na mansão. Não caiu nas mãos de Narcisa, pois esta dormia tranquilamente em seu quarto. Andrômeda pegou a carta de Hades, sem deixar a coruja negra encontrar Narcisa. Sorriu ao notar que a letra do sobrinho era muito parecida com a letra de sua mãe. Recompensou a coruja e viu Teddy guinchar de animação ao vê-la se empoleirar num dos armários da cozinha. Com o neto num braço, o urso que havia sido de Tonks no outro junto da carta, Andrômeda subiu as escadas até o quarto onde ela e Teddy dormiam. Depois de colocar Teddy delicadamente em seu berço e se sentar ao lado para ler a carta ao mesmo tempo que o vigiava, suspirou. A coruja os seguiu, encarando a Tonks com seus olhos grandes e amarelos.

“Mãe,

Não dei notícias minhas nos últimos dias, não é por falta de tempo, mas por falta do que falar. Mesmo agora, não tenho grandes novidades a dizer. Além de perguntar como a senhora está e pedir que me faça um favor, não há muito o que dizer. O silêncio da senhora sobre si e seu cotidiano me é curioso, não andou me escrevendo mais. Assim sendo, se algo estiver acontecendo com você, gostaria que me alertasse, estou preocupado.  

Já quanto ao pedido, gostaria que a senhora encontrasse em nossa biblioteca um livro sobre chupa-cabras, e se não encontrar um, me fazer o favor de comprar ou encomendar um, DCAT esse ano está mais pesado do que antes e não há muito sobre eles em nossos livros e, se há um livro sobre na biblioteca de Hogwarts, ou está realmente difícil de o encontrar ou já foi pego por outro aluno.

 Fora sobre sua saúde, só tenho uma pergunta: Tem notícias de Andrômeda e Teddy? Por favor, gostaria de saber como ambos estão.

 Até a próxima semana, mãe.

 Com carinho, Draco.”

 Ficou surpresa em ver Draco perguntar sobre si e seu neto, e por isso sorriu. Draco Malfoy nunca conseguiria chama-la de tia e nem poderia, quando na infância inteira dele, ela era uma pária excluída da família sobre quem só boatos circulavam nas mesas de jantar. Seu nome era quase um tabu.

 Seu segundo pensamento foi como se controlar e não escrever uma carta para Draco relatando tudo o que se passava com sua mãe e sua misteriosa doença. A tentação era realmente grande, porém ela não achava justo Draco saber por alguém que não fosse a própria Narcisa. Olhou seu neto e, vendo-o repousar como um anjo, decidiu responder o sobrinho de forma básica.

 Esgueirou-se até a escrivaninha de sua irmã e pegou tinteiro, pena e pergaminho. De volta ao quarto de Teddy, Andrômeda começou a pensar numa desculpa sobre o motivo de Narcisa não ter respondido.

 “Draco,

Aqui quem fala é sua tia Andrômeda. Sua mãe está com uma dor de cabeça particularmente grande hoje, não a fez muito bem sair para comprar nossos livros. Deu sorte deu estar aqui hoje, pois senão não teria sido respondido.

Assim que sua mãe acordar, entregarei a ela sua carta e, imediatamente, a ajudarei a procurar um livro correspondente na biblioteca. Senão o encontrarmos, iremos imediatamente procura-lo numa loja e, segunda-feira, lhe enviaremos.

Aliás, eu e Teddy estamos bem, obrigada por perguntar.

Atenciosamente, Andrmômeda Tonks.”

Pensou em dizer que a irmã estava bem, mas mentir nunca é uma boa ideia. Releu a carta e viu que, naturalmente, a idade havia chegado e sua letra já não era tão bonita assim, pois saia um pouco tremida. Seus pensamentos vagaram para quando ela, Narcisa e Bella eram crianças e que quase nada do mundo fazia sentido para elas. A vida era mais simples.

Um tempo onde Hogwarts ainda era um sonho um tanto longe, e que os limites da mansão Black eram o mundo que elas conheciam. Antes de Voldemort invadir a família, antes de ideais distintos fossem seguidos, delas caminharem em direções opostas. Bella era a mais velha, quando foi para Hogwarts, mudou. Ela conheceu pessoas diferentes, um mundo novo, tudo o que ela guardou da educação de Cedrella aumentou ali. Se antes era só desprezo, nas paredes de Hogwarts ela aprendeu a odiar nascidos trouxas e outras minorias e o desejo de destruí-las foi gerado.

Depois foi a vez de Andrômeda. Para ela, Hogwarts não foi uma experiência como a de Bella. Para Andrômeda, ali foi o lugar onde encontrou amigos de verdade e reavaliou todas as coisas que lhe foram ensinadas. Venceu aquilo que lhe foi ensinado não só porque ela não levava a mãe e o pai tão a sério, mas também porque ela queria ter suas próprias ideias. Era teimosa demais para ir pela experiência e visão de outros. Suas experiências e descobertas levaram-na numa direção diferente daquela que todos esperavam que ela seguisse, e foi a primeira vez que se sentiu orgulhosa em não ser o que todos queriam que ela fosse.

A mais velha seguiu um caminho, a do meio, outro... o que sobrou para a mais nova? Ficou ao lado da família. Não teve muitas opções, ela seguiu um caminho parecido com o das duas: tinha Voldemort, tinha preconceito, mas também tinha muito amor e muita força de vontade e coragem para enfrentar guerras por tudo aquilo que seu marido acreditava, por amor. Narcisa levantou por muito tempo a bandeira de pureza, só que em algum momento ela deixou de se dedicar a essas ideias e começou a reavaliar sua vida. Andrômeda sabia disso mesmo não estando ao lado dela. Para a mais nova das irmãs Black, ainda era desprezo, não ódio ou aceitação. Durante todos aqueles anos, na primeira ascensão de Voldemort ou na segunda, durante a guerra e nos tempos de paz, a segurança de seu filho era sempre a prioridade. Não só Draco, mas também Lucius.

Ela amava tanto o marido que era capaz de qualquer coisa por ele, até desistir de parte do que acreditava, deixar coisas para trás para segui-lo. O amor é concessão.

Suspirou, olhou para o neto e sorriu. Andou até onde Hades estava e mandou a coruja de volta a Hogwarts. Ficou imaginando as três pequenas irmãs Black correndo pelo jardim da mansão, tantos anos antes, numa primavera florida. O jardim da mansão Malfoy se assemelhava muito com aquele jardim da sua infância. Eram memórias tão bonitas... por que tudo teve que se estragar? Degringolar?

(...)

 

O pergaminho no colo de Harry Potter não estava escrito. Vazio, repousava ali como um lembrete de que deveria começar a fazer seus deveres. Todavia, algo martelava em sua cabeça incessantemente. Dizem que depois que o corpo entra num estado de alerta constante graças a uma guerra, dificilmente ele sai, ou, se sai, pode voltar a qualquer instante, tendo qualquer coisa como gatilho. Esse era um dos instantes em que a paranoia e a sensação de que algo estava ruim despertavam em Harry.

Mesmo um ano depois, era difícil pensar que estava tudo bem. Era sua vida, paz é que ele não poderia ter por muito tempo. Por isso, aquela sensação de que as coisas desmoronar um pouco estava com ele.

Desde o primeiro dia de Hogwarts sentia isso, só não queria admitir para si mesmo que o que sentia era paranoia. Parte dele queria acreditar que era a bonança que vem depois da tempestade, e não a calmaria que a precede. Se contasse a alguém o que estava sentindo, essa pessoa pensaria que ele era paranoico ou dariam algum crédito?

—Está pensativo —a voz dela estava tão perto de sua orelha que o arrepio foi inevitável.

—Realmente —tirou os óculos, os limpou na blusa e colocou-os de volta.

—Posso saber o motivo?

—Não é um motivo muito importante, Gina. —Cometeu o erro de olhar nos olhos dela. Ela grunhiu desdenhando. —Tudo bem, é só uma sensação. Sinto que tudo está calmo demais.

 —Isso é ruim —Gina passou o braço pelos ombros do namorado, o abraçando bem apertado e apoiando a cabeça em seu ombro. —Suas sensações estão quase sempre certas.

 —É por isso que não quero acreditar que estou certo. —Ela beijou o nariz dele, fazendo Harry rir.

—Seja o que estiver para vir, estaremos juntos. E não pode ser pior que Voldemort, pode?

—Realmente, estaremos juntos e não será pior que ele —beijou-a. Lento e calmo, atrapalhado também porque os óculos escorregaram por seu nariz, assim como o pergaminho no colo dele, que caiu. O barulho do quadro girando os fez se separar com sorrisos. Era Rony entrando atrapalhado e corado. Não se podia distinguir até onde era cabelo e onde começavam as orelhas. E ele também parecia não ter visto o melhor amigo e a irmã sentados em sua frente, ele simplesmente se jogou na poltrona mais perto da lareira e ficou olhando um ponto qualquer no chão.

Ronald também estava pensativo, e isso fez Gina ficar preocupada. As feições torcidas, boca comprimida, lívido e corado ao mesmo tempo... coisas que só eram possíveis de se acontecer simultaneamente com pessoas atrapalhadas como Ronald Weasley estavam acontecendo. Ao mesmo tempo que ele parecia decidido, estava receoso, amedrontado. Estava corado de raiva, vergonha e decepção, mas também estava um tanto orgulhoso.

—Preciso de um conselho... —murmurou só para si.

—É só pedir —Gina chamou a atenção dele. Quando os olhos dele encontraram os dois amigos, ele ficou ainda mais lívido.

—Harry? Gina? —Olhou para os rostos risonhos dos dois, parecia se perguntar quando foi que eles chegaram.

—Não, Voldemort e Bellatrix Lestrange —a ruiva revirou os olhos. —O que aconteceu?

—Bem —ele desviou o olhar.

 —Mione e eu estávamos certas, né? —Novamente o sorriso Weasley povoava os lábios da ruiva. —Lilá foi convidada por alguém e você ficou chupando o dedo num canto sombrio, né? —Harry riu.

 —Não —o olhar vitorioso de Rony convenceu a irmã de que ele falava a verdade. —É que eu ouvi Lilá e as gêmeas Patil conversando no banheiro da Murta.

  —Você ouviu conversas alheias, Ronald Weasley!? —Gina ralhou com ele, mas ela não manteve a pose idêntica à de Molly por muito tempo, na verdade em segundos a curiosidade a venceu: —Certo, mas o que você ouviu?

  —Lilá perguntando para as gêmeas se deveria me chamar para o próximo passeio em Hogsmead. —Orgulhoso, ele ostentou um sorriso.

  —E o que as gêmeas responderam? —Agora quem estava muito curioso era Harry. O sorriso orgulhoso de Ron morreu assim que seu melhor amigo perguntou.

  —Que se Lilá realmente quisesse sair comigo um dia, ela deveria me chamar, porque eu sou lerdo demais para chamar ela para sair... — o tom de voz de Ron morreu aos poucos, até pontuar a frase com um murmúrio que nem Harry nem Gina foram capazes de decifrar. O casal olhou um para o outro enquanto Rony ainda resmungava de braços cruzados e feição infantil.

   —E por que está bravo? Você realmente é um lerdo! —Resmungou a ruiva. —Você é quase um adulto, Rony, já está na hora de agir como tal. Não dá mais para ter a idade mental de 5 anos quanto a garotas!

   —E a sensibilidade com a mesma profundidade de uma colher de chá, não se esqueça disso, é importante —Harry se lembrou da frase de Hermione. Satisfeita com a memória de Harry, ela completou:

 —Isso! E continuar tendo a sensibilidade da profundidade de uma colher de chá! —Com uma carranca digna de criança de 5 anos fazendo birra, Rony olhava de um para o outro.

—Afinal, Harry, de que lado você está?

 —Do lado que tem a razão, Rony —Gina respondeu pelo namorado, abraçando-o novamente pelos ombros, dessa vez numa posição desconfortável pra ele. —Não é, Harry?

  —É isso aí —foi suficiente para o ruivo soltar uma risada.

 

(...)

 

 A fortaleza de Azkaban, um lugar maldito e agourento, perdido em algum lugar do Mar do Norte, onde os prisioneiros pouco a pouco enlouquecem. A primeira coisa que vem à mente de todos quando a prisão é mencionada, são seus temidos ex-guardas, os dementadores. E mesmo que eles não mais guardassem os prisioneiros, a situação não havia melhorado em quase nada para os residentes. Eles, os dementadores, não se faziam mais necessários para deixar aquele lugar deprimido e enlouquecedor. Sem alma. Por si só, aquelas paredes sugavam pouco a pouco a vida dos prisioneiros e fazia a sanidade deles se esvair a cada dia; parece que, depois de tantos anos com aqueles seres terríveis habitando o lugar, a própria prisão ganhou vida e se apossou dos hábitos alimentares de tais seres, assim, também sugando a felicidade.

 Os gritos de terror e loucura ainda rebombavam pelos corredores escuros, e junto das ondas tormentosas, eram a trilha sonora daquele lugar. O único som que Daphne podia ouvir, fora os gritos periódicos, eram as ondas. Ao contrário do que muitos pensam, não tinha nada de apaziguador ou calmante no barulho constante da arrebentação contra as pedras da ilha, já que isso só reforçava a ideia de que estavam isolados no meio do nada, cercados de água e praticamente incapazes de pensar em uma forma eficaz de fugir. É claro que o barulho do mar só afetava aqueles que estavam sãos o suficiente. Os que já estavam loucos ignoravam a sensação de isolamento e encarceramento que o mar passava, em sua constante.

Mesmo estando ali tempo suficiente para enlouquecer, seu desejo de vingança não a deixava perder a sanidade. Como Sirius Black, a vingança era o alimento principal dela, sua fonte de vida para enfrentar os longos anos que deveria ficar ali; seria o que a manteria viva e, na medida do possível, lúcida.

 Queria ter o prazer de ver Draco Malfoy sofrer, de fazê-lo correr atrás dela naquele lugar, humilhando-se, pedindo a ela que a maldição fosse retirada. Manteria-se viva somente para negar ajuda a ele e à pobre coitada que ousasse ama-lo.

 Seus pensamentos sobre a vingança foram interrompidos pelo silêncio repentino. Daphne sabia o que era. Os guardas checando todos os presos antes da mudança de turno. Passos hesitantes ecoaram, ela virou seu rosto para a porta da cela. Pelas grades, viu o rosto lívido de um homem de 27 anos, jovem e inexperiente. Quase riu da reação que ele teve ao olha-la nos olhos.

Ele se assustou ao vê-la se levantar e caminhar até ele. Ficou estático, de olhos presos nela, hipnotizado. O rosto de Daphne estava muito perto dele, o suficiente para que ele ficasse completamente apavorado. Os olhos azuis estavam opacos e fixos, como se ela não pudesse enxergar, ou enxergasse através dele, e tivesse perdido sua alma. Os cabelos loiros estavam embolados como um ninho de pássaros e tão sujo quanto o cubículo cinzento no qual estava presa. Suas unhas eram grandes e quebradiças. Ele engoliu em seco quando as mãos magras agarraram as grades sem se importar com os choques que corriam seu corpo por conta do feitiço, aquelas unhas se fechando como garras contra o metal era de arrepiar. Todavia, não era isso que arrepiava sua alma, mas sim o sorriso que ela estava dando. Tudo isso formava o que agora era Daphne Greengrás, nem metade da garota bonita e bem cuidada que já havia sido. Era um espectro sombrio, um fantasma daquela rica menina trajando roupas caras e sapatos de salto.

 —Trabalha aqui há quanto tempo? —O jovem adulto não conseguiu formular uma frase coerente. —Se eu fosse você, fugia daqui. Esse lugar ou te mata ou te enlouquece.

 Deu as costas para ela, apressado, ainda sentindo que ela o observava se afastar. Ela se divertiu vendo ele correr. Brincar com a mente dos guardas mais jovens era o único passatempo que ela tinha fora imaginar como Draco se sentiria ao perder qualquer mulher que o amasse, se isolando pouco a pouco do resto do mundo para evitar mais dor.

 —O que aconteceu? Parece que viu Bellatrix Lestrange —o guarda que assumiria o turno, perguntou ao vê-lo tão assustado.

—Foi quase isso —sussurrou.

—Ora, não pode ter sido tão ruim assim. —Desdenhou.

—Acabei de conversar com Daphne Greengrás.

—Sabe o que o chefe disse sobre conversar com os prisioneiros —o tom de voz do mais velho era duro. —Três guardas saíram daqui depois de serem importunados por ela. Sabe disso, não se aproxime da cela, a não ser para deixar o almoço.

—É que parece... bem, parece que ela está sempre tramando algo, ou esperando por alguma coisa. Já a peguei rindo de prazer dentro da cela, como se algo muito bom para ela estivesse acontecendo. E não me venha dizer que é loucura, porque todos nós sabemos que ela ainda está sã. É maldade mesmo, ela ri de maldade. Parece satisfeita com algo. Fica por horas olhando a pequena janela e acho que ela realmente está pensando em fugir!

—Tony —o outro passou a língua pelos lábios ressecados —, todos nesse maldito lugar planejam fugir. E você sabe que poucos na história conseguiram, e a maioria com ajuda de terceiros. Daphne Greengrás não tem ninguém por ela lá fora. Os pais e a irmã estão mortos, e até onde se sabe, não há mais ninguém na família.

—Sei disso, só que ela não deixa de ser assustadoramente sã, Matthwes.

—Sabe o que realmente assusta? Bellatrix Lestrange. Você nunca ouviu a risada dela, não sabe o que é ficar aterrorizado. Agora, vá para casa.

—Tudo bem, eu, eu vou —sussurrou.

Se eles pudessem entrar na mente dela, saberiam porque ela olhava tanto para a janela, porque sorria tanto. Ela estava sim se divertindo de prazer, se divertindo em torturar Draco Malfoy, mesmo estando ali dentro. Sentia um imenso prazer em causar nele e na primeira vítima da maldição, Narcisa, o sofrimento que ela achava que eles mereciam, o sofrimento que ela passou.

               

(...)

 

O inconsciente revela muitas coisas. Sonhos podem ser tanto premonições quanto o cérebro dizendo que deveria prestar atenção no que estava acontecendo ao redor. Naquela tarde, num cochilo graças ao frio, Draco sonhou com um enterro. Era um cemitério agourento, um dos mausoléus dos Black, com estátuas assustadoras e túmulos com inscrições dizendo os feitos de quem ali descansava, não só as datas de nascimento e morte.

Fazia silêncio, só o vento zunia entre eles. Olhou para baixo e viu sua mão dada a de outra pessoa, e quando olhou no rosto dessa outra pessoa, encontrou Hermione, com olhos injetados e vermelhos, olheiras e um rosto inchado de choro. Sabia que não deveria estar diferente. Na outra mão, um buquê de narcisos.

Quando chegou perto da cova, onde ao lado um caixão de ébano descansava, ele sentiu o cheiro da morte: crisântemos. Sentiu as lágrimas caírem lentamente por seu rosto, afundando-se no terno negro ou na terra com neve acumulada. Era neve de início de inverno, constatou. Mesmo chorando, não entendia o que estava acontecendo, era o enterro de quem?

O caixão desceu pouco a pouco, até ser engolido pelo abismo da cova, depois as pás de terra começaram a cobri-lo, os braços de Hermione circundaram Draco quando a lápide era colocada por um desconhecido de rosto borrado. Ao olhar para a lápide, viu o nome de sua mãe. Não tinha datas, não tinha nada mais que o nome. Seus joelhos falharam e caiu na terra remexida a frente do nome.

E então, atrás da lápide, estava Daphne. Um sorriso cruel pintado nos lábios, olhos opacos e maldosos, como um fantasma. Diferente de quando se viram pela última vez, ela estava magra, meio morta e de aparência doente, mas mesmo assim era terrivelmente assustadora. Talvez o fato de estar parecendo uma banshee – que ao invés de chorar a morte, ria dela – fosse exatamente o que a tornava ainda mais assustadora. Ela parecia abrir alas para a morte com a frase que, meses antes, havia lhe dito:

 —Toda mulher que te amar, e que você amar de volta, morrerá tragicamente —ela tirou os olhos de Draco e os levou pra Hermione. —Ela é a próxima?

Acordou assim que a pergunta foi feita. Suava muito, estava ofegante e cheio de dúvidas. O coração estava a mil, batendo descompassado e forte. Sua respiração era tão errática e superficial que ele sentia falta de ar.

Depois de puxar o máximo de ar que podia, se jogou contra o travesseiro novamente, fechando os olhos e tentando se acalmar. Olhou para o lago e o brilho dele entregava que já era noite. Passou a mão pelo rosto e limpou o suor. Na semiescuridão do quarto, encontrou olhos amarelos. Hades trazia a carta resposta, mas Draco estava cansado demais para pegar a carta e ler. Depois daquele sonho estranho, ele se sentia tão cansado quanto se sentiu após a batalha. Virou-se de lado e tentou se acalmar. Era o início de uma longa noite insone.

 


Notas Finais


Banshe, segundo a mitologia, são mulheres, aparições que alertam a morte com seu choro. Segundo a wikipédia: Seria o choro da mulher-fada. Essas mulheres-fadas apareceriam sempre após a morte para chorar no funeral. Conta a lenda que quando um membro de uma dessas famílias morria longe de sua terra, o som da banshee gemendo seria o primeiro aviso da morte.
Novamente, gente, muito obrigada! Se encontrarem algum erro, por favor, podem falar. Até a próxima, pessoal!


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