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História Amar é Preciso - Portogallo e le sue bellezze


Escrita por: ArvoreDaVida

Notas do Autor


VOLTEI :3

Genthy, que isso? Amei os comentários <3 Muito obrigada.

Capítulo 25 - Portogallo e le sue bellezze


Fanfic / Fanfiction Amar é Preciso - Portogallo e le sue bellezze

Por mais que diga que não gosto de visitar Portugal, cada vez que ponho os pés em solo lusitano sinto-me acolhida pelo local. É como se fosse impossível não se apaixonar por esse país. Não creio, entretanto, que hajam laços fortíssimos, como alguns dizem, que unam Portugal ao Brasil. Há laços sim, mas não os considero tão bons assim, e não é necessário explicitar o porquê.

Porém é inegável a riqueza histórica e cultural desse pequeno país europeu. Alentejo me ganha pelo estômago. Os azulejos e vielas das colinas de Lisboa me encantam. Os romanos parecem viver em Évora. Os mistérios do catolicismo pairam por Fátima. Sintra e seus Patrimônios da Humanidade fazem-me sorrir de orelha a orelha.

Sem contar que ainda não citei os escritores portugueses que tanto gosto: Pessanha, Castelo Branco, Eça, Saramago, Pessoa, Florbela, Camões, Herculano, Ortigão, Fernão e tantos outros que passaram suas vidas, amores e desilusões nesse lugar.

Assim que Bianca e eu chegamos no Aeroporto Municipal de Bragança, pensamos que de lá, iriamos sozinhas à casa de minha avó, afinal, conhecíamos cidade muito bem, mas, para nossa surpresa, a dita cuja, Amélia, nossos tios, Elvira e Manoel, e prima, Helena, nos aguardavam. Fomos recebidas com muito carinho por todos. Dona Amélia, como boa avó que é, nos recebeu em sua casa com todos os mimos possíveis. Uma mesa posta com todas as comidas que Bianca e eu amamos, presentes e mais presentes. Em meu quarto, o azul foi a cor predominante. Já no de Bianca foi o branco, a sua cor favorita.

Tio Manoel tentou puxar assunto, mas, como sempre, ficou um tanto desconcertado ao fazer. Minha tia Elvira, ao contrário, foi a pessoa que mais falou. Contou como anda a situação política de Portugal, deu palpites sobre o Brasil. Perguntou o porquê da irmã mais nova não lhe ligar com uma frequência maior e eu me limitei a dizer que dona Antônia é muito ocupada. Enfim, apesar de ser boa gente, tia Elvira fala pelos cotovelos e nunca se cansa.

Helena, ao perceber que Bianca divaga muito quando está com a câmera fotográfica em mãos, passou a ficar muito mais tempo comigo. Não paramos em casa. Saímos todos os dias a tarde e apenas retornávamos à casa da minha vó quando era noite.

— No que estás a pensar? — Helena pergunta apoiando-se também na ponte. — Já sentes saudades do Brasil?

Sai da casa de minha avó há pouco mais de meia hora e, apoiada a pequena ponte que, por causa do lago, conecta os dois lados da cidade, esperava inutilmente uma ligação ou mensagem de Marina. Ela me disse que os professores apenas ficariam de férias uma semana depois dos alunos para fechar notas e afins e que, justamente por esse motivo, a princípio seria complicado para conversamos. A última vez que conversamos foi no dia da partida, em que ela me desejou uma boa viagem. Embora queira muito ligar-lhe, não serei leviana a esse ponto porque ela pode, por exemplo, estar em família e não quero causar nenhum constrangimento. 

— Na verdade estou com fome. — Digo passando a mão na barriga.

— Então quando creio que estás a pensar sobre os mistérios da vida e do universo, estás na realidade a pensar em comida?

— Normalmente sim. — Helena enlaça meu braço ao seu e começamos a andar lentamente em direção a uma das saídas da ponte. Apreciando o calor da noite e o céu estrelado. — Já decidiu se vai às festas?

Me refiro as Festas em Honra de NªSª do Carmo — uma das tantas festas católicas que os portugueses comemoram — que terão seu ápice amanhã e domingo no Distrito de Beja e que Helena deseja ir, mas não vai pois corre o risco de encontrar um recente ex-namorado.

— Para ser sincera contigo, ainda estou a pensar. — Usa a mão livre para colocar os longos cabelos castanho sobre o ombro esquerdo. — Sabes que não estou muito animada em ir.

— Se você não for, eu também não vou. A vovó já não vai. — Saímos da ponte e passamos a percorrer a pequena ladeira, feita com grandes pedras fixadas ao chão, que ao seu final dá acesso a entrada da casa da vó Amélia. — A Bianca, como sempre, vai me trocar por aquela maldita câmera e a tia Elvira, desculpa, fala demais.

— Falas isto porque não precisaste conviver com ela a vida inteira. — Ficamos em silêncio por um curto tempo, pois logo ela volta a falar — Se amanhã eu acordar disposta, talvez vá contigo.

— Espero que esteja disposta mesmo. — Digo sorrindo. Desenlaçamos nossos braços e nos despedimos. Helena, como sempre, beija minha testa e logo desce a ladeira, pois sua casa fica do outro lado da ponte em que há pouco estávamos.

Vendo Helena partir, subo a escada lateral da casa e já na varanda é possível ouvir o bom fado que sai do rádio de dona Amélia.

Passando pela sala e seguindo pelo longo corredor que dá acesso aos cômodos do primeiro andar, chego na cozinha, onde dona Amélia prepara um dos seus quitutes. Tendo seus cabelos brancos, um xale vermelho e as roupas negras da viuvez, Amélia faz tudo com muita precisão e carinho.

Dona Amélia é uma senhora portuguesa que ainda moça se apaixonou um turista brasileiro e, tendo o sentimento correspondido, fugiu para o Brasil com o rapaz. Viveu em solo tupiniquim desde então, mas, doze anos atrás, retornou ao solo lusitano após seu amor morrer. A morte de meu avô a afetou muito e todos da família tinham consciência de que ela não mais seria feliz se não retornasse ao seu local de origem. Como tia Elvira já vivia em Portugal desde os dezessete anos com o marido, se propôs em arrumar uma boa casa para vovó. Minha mãe arcou com todas as despesas da mudança. Aliás, dentre as três mulheres, minha mãe é a única que não tem o sotaque português. Os anos que passara em Portugal fizeram com que tia Elvira o adquirisse. Minha avó, apesar das longas décadas em que viveu no Brasil, não perdeu o seu.

— Boa noite, vozinha.

— Boa noite, Ana Clara.

— Bianca já voltou? — Me acomodo na bancada próxima a pia, dona Amélia levanta a sobrancelha e logo entendo que não devo ficar no local. Me levanto e me sento a mesa. — Ela disse que voltaria cedo.

— Ela ligou-me e disse que voltaria às onze.

— Aquela ali pensa que só existe ela e aquela câmera.

— Não há motivos para ficar com ciúmes de uma máquina. — Dona Amélia diz em meio a um riso. — Vá tomar banho e dormir porque amanhã é sábado o dia será corrido. — Diz calma e docemente. Levanto-me, beijo-lhe a testa e vou em direção ao meu quarto.

— E não é ciúme! — Grito enquanto subo a escada.

Após tomar um banho, ponho um roupão e a parte de baixo da lingerie; e saio do banheiro que fica no final do corredor no andar superior. O quarto de minha avó está trancado, o que indica que já dorme. Entro no quarto de Bianca e vejo que ainda está vazio. Parece que estou sozinha nessa casa. Vou em direção ao meu quarto e a primeira coisa que vejo ao entrar nele é o celular, sobre a cama, vibrando. Ao olhar de quem é a ligação, meu sorriso vai de orelha a orelha ao mesmo tempo em que me deito.

— Não acredito que a professora Marina finalmente arrumou um tempinho para sua melhor aluna. — Digo com a voz manhosa e um sorriso nos lábios.

— Você não tem ideia de como senti a sua falta, menina.

— Também senti a sua. Então, agora você está de férias? Vai viajar, ficar em Sampa?

— Eu gosto do meu trabalho, então não me importo muito com as férias. E não, não viajarei. Minha filha está organizando uma viajem para o Recife, mas não estou querendo ir. Capaz de no final apenas ela e o pai irem.

— E você não quer viajar com seu marido? — Pergunto com certo receio.

— Não consigo nem mesmo ficar no mesmo ambiente que o Ricardo. Além do mais, precisei esperá-lo dormir porque estava louca para falar com você e não podia. — Diz a última frase um pouco mais baixo o que deixa meu corpo todo arrepiado.

— Ouvir você falar assim me faz querer voltar pro Brasil agora mesmo.

— Não brinca comigo — Diz rindo — Você sabe, a minha...

— Sanidade. — Completo. — A senhora sabe que minha sanidade também já não é a mesma desde que nos conhecemos. Aliás, sabe o que eu gostaria de fazer agora, Marina? — Diz que não. — Beijar a sua boca. Fazer amor com você sem me preocupar com nada nem ninguém.

— É lógico uma pessoa ficar excitada através de um telefonema?

Ao ouvir tal pergunta, não penso duas vezes. Peço que ela espere um pouco, abro o roupão, ligo a câmera do celular, tiro uma foto e envio para Marina. Na fotografia, meu rosto parece apenas do nariz para baixo, um dedo indicador na boca, o antebraço cobrindo parte de um dos seios e outro totalmente a mostra.

— Isso também te deixa excitada?

— Você ficou louca? — Pergunta em meio a um riso contido.

— Você não respondeu minha pergunta. Talvez se te mandar outra, você fique mais motivada a responder.

Seu silêncio é como uma confirmação para que eu faça.

Abro ainda mais o roupão e posiciono o celular de modo que a foto enquadre minha barriga, calcinha e pernas. Vendo que ficou boa, clico em enviar.

— Você queria uma confirmação? — Finge raiva — Pois agora você a tem: Você mexe com todo o meu corpo, menina.

— É ótimo ouvir isso. Agora me envie uma sua! — Não demora muito para que uma foto dos seus seios chegue ao meu celular — Que falta eu sinto deles.

— Só deles?

— Do seu corpo todo, dos seus gemidos, do seu cheiro, da sua risada.

— É impossível não se apaixonar por você, sabia?

— Posso dizer o mesmo.

— Clarinha, — Diz com a voz muito baixa — desculpa, mas preciso desligar. Acho que a Bárbara acabou de chegar em casa.

— É a segunda vez que sua filha nos atrapalha, vou pegar birra dela. Mas tudo bem. A gente se fala. Beijo.

— Também não estou contente com essas intromissões — Diz rindo baixo — Assim que possível, eu ligo. Eu senti sua falta, desculpa não ter telefonado antes. Beijo.

Durante a noite, não vou mentir, peco.

Helena e eu rodopiamos e rodopiamos ao som do grupo que se apresenta. Hoje, a festa iniciou-se às dezesseis horas e saímos de casa cerca de três horas antes. No fim das contas, todos vieram, até mesmo a vovó. Assim que chegamos, Bianca já foi ligando a câmera e não a vemos desde então. Meus tios e minha avó limitaram-se a se ficar numa das tantas mesas espalhadas pela grande praça da cidade. Helena e eu também ficamos com eles, mas pouco tempo, pois minha prima levantou-se da mesa e tirou-me de lá sem ao menos me dar explicações.

— Danças comigo! — Disse rindo já me levando pela mão para o meio das pessoas.

— Eu não danço.

— Danças sim que sei.

Dizendo isso, ela me segurou pelas duas mãos e começamos a dançar. Não uma dança certinha, mas algo apenas relaxante em que rodamos, pulamos, rimos.

— Não aguento mais, Helena. — Digo respirando pesadamente. Ela balança a cabeça negativamente e volta a rodopiar — Vou pegar um refrigerante pra gente. Já volto.

Ela sorri e eu saio a procura de uma barraca com bebidas. Esbarro em algumas pessoas, mas finalmente consigo o desejado. Ao retornar, procuro Helena, mas não a encontro. Olho ao redor e nada. Talvez ela tenha voltado para nossa mesa. Segurando dois copos enormes, mais uma vez passo em meio à multidão. Involuntariamente, quando estou passando próximo a uma estreita viela, olho em sua direção e o que vejo me chama a atenção.

Uma garota de curtos cabelos negros, que aparenta ter vinte anos, assim como Helena, prensa minha prima contra uma parede da viela e começa a beija-lhe o pescoço. Helena, que até então estava estática, empurra a garota para longe e, muito nervosa, diz alguma coisa, que não posso ouvir em função da distância, ao mesmo tempo em que lhe aponta o dedo indicador próximo ao rosto.

Helena dá as costas à garota, começa a andar e, quando a outra resmunga algo, mostra os dois dedos do meio.

Minha prima me vê, mas passa por mim como um foguete. Vou atrás dela e a alcanço quando ela se senta na calçada de uma rua mais vazia.

— Helena, você está bem? — Embora não diga nada, seus olhos vermelhos de raivas são muito expressivos — Quem era aquela garota?

— Ninguém. — Sim simplesmente.

— E o que que ninguém queria com você?

— Ana Clara, não quero ser indelicada contigo, então, por favor, não me perguntes nada... não quero mentir.

Ao dizer isso, me recordo do motivo para ela não querer participar dessa comemoração: Receio de encontrar o ex-namorado. Mas, ligando os pontos, receio de encontrar a ex-namorada.

— É por causa dela que você não queria vir? Estava com medo de encontrar a ex e ter uma recaída? — Ela arregala os olhos e engole a seco.

— Não fales asneiras. — Se levanta e cruza os braços emburrada. Resmunga alguma coisa, levanta a cabeça, como que tomando coragem, e diz. — Terminamos há duas semanas, não estava mais dando certo, nós duas tínhamos consciência disso. Eu não queria vir porque me falaram que ela começou a beber muito e eu não estava disposta a ver essa cena deplorável. Não vejo problema algum em beber, entendes? Eu mesma bebo e bastante, mas ela estava bêbeda, fedendo, parecia que não tomava banho há dias, fiquei com nojo. — Olhou-me de cima a baixo com um semblante triste — Sou homossexual, Ana Clara, e se tu não quiseres ficar perto de mim por causa disso, não tem problema, só peço que não conte aos meus pais.

Nesse momento, é como se eu entendesse a dor de Helena. A tristeza por não poder se abrir com os pais, um namoro que não deu certo... Como que impulsivamente, a envolvo com meus braços e afago seus cabelos.

— Não vou contar nada pra ninguém. Até porque sou exatamente como você. — Ao ouvir isso, Helena me abraça com mais força.

No fim da tarde de domingo, deixamos o hotel em Beja e retornamos para casa. Quando chegamos já é noite e peço que Helena durma comigo, ela aceita.

Quero muito falar com Bianca sobre o fato dela ter voltado para o hotel apenas no domingo de manhã, mas controlarei minha curiosidade até amanhã.

Enquanto Helena está no banho, checo o celular e, como esperado, nenhum sinal da minha ruivinha. Assim que Helena chega no quarto, coloco o celular no criado-mudo. Faço menção de apagar as luzes, mas desisto assim que vejo o que ela tem em mãos.

— Pirou? — Pergunto ao ver a garrafa com bebida alcoólica aberta. — Pra que isso?

— Tomei refrigerante durante dois dias, por tua culpa...

— Eu sou fraca com bebida.

— E para compensar — Ignora o que digo — Vais beber comigo essa noite! Não há o que discutir.

Quando quer, Helena sabe ser insistente e eu acabo concordando. Ela toma um gole e eu outro. Não demora muito até que os goles se tornem muitos. Eu me deito na cama e Helena se deita ao meu lado pouco depois de ligar a televisão e colocar um filme para passar. Depois de um tempo, a garrafa está vazia; noutro os créditos finais do filme aparecem na tela.

Cambaleando, Helena desliga a televisão e retorna à cama. Não sinto sono, mas fecho os olhos esperando que isso aconteça.

— Ana? — Abro os olhos e miro o teto — Tu namoras?

— Por que você está me perguntando isso? — Pergunto rindo sem graça.

— Por que quero saber, oras.

— Huum... — Marina e eu temos algo, mas não é um namoro. Não sou tão inocente a ponto de pensar uma besteira dessas — Não.

— Pensaste muito para responder.

— Eu não namoro, Helena. Por que está me perguntando isso? — Ela fica em silêncio — Helena? — Viro de lado e a olho. Apesar do escuro, é possível ver o desenho do seu rosto. Ela também fica de lado e passa a me encarar.

— Sempre quis te beijar e saber que tu eres gay acende uma pequena esperança. Dá-me um beijo, Ana Clara. Somente um beijo.


Notas Finais


Gente, vou ser bem sincera com vocês: Peguei um amor muito grande por essa história e por isso quero desenvolvê-la bem direitinho. Para alguns, eu sei, esse capítulo pode não ter sido o que esperavam, mas confiem em mim, eu não vou estragar a história <3

Bom, é isso.
Beijos, comentem e até a próxima <3


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