História Amaranthos - Combinação

- Ahá! Sabia que estaria aqui! – Foram as primeiras palavras que Chanyeol soltou quando me viu na lanchonete. Rapidamente já sentava do meu lado e me encarava com aquele olhar que dizia “eu sei que você está escondendo algo.”

- Por que falou num tom como se eu fosse um fugitivo e você sabia onde me encontrar? Só vim tomar um sorvete. – falei rindo, tentando evitar aquele olhar que queria descobrir no fundo dos meus olhos o motivo por eu estar distante.

Porque eu ESTAVA distante tinha uns dias já. Desde que meus sonhos estranhos voltaram a me atormentar noite após noite. Eu sempre acordava desesperado.  E eu sabia que ele estava preocupado comigo, porque, mesmo que eu tentasse voltar ao meu jeito engraçado, leve e brincalhão de sempre, eu não conseguia enganá-lo.

- Se só queria tomar um sorvete, devia ter me chamado, e aos meninos também. Todos estão de folga hoje. – Ele falou no mesmo momento que pegou meu potinho de sorvete e começou a comer. – Você realmente está mal. O sorvete está virando sopa, você nem tocou nele!

- Estava esperando você aparecer para roubá-lo de mim. Demorou demais, não tem mais direito de provar, agora devolve! – Fiz um bico e logo após um sorriso fino.

Mas, foi irrelevante meu bico, pois Chanyeol já havia tomado toda a “sopa de sorvete napolitano” que em algum momento daquele dia, tinha sido minha. Em meio a alguns socos meus - de leve - no ombro do mais alto, e risadas do mesmo, ele me pagou outro sorvete. Que dessa vez eu tomei. Já não estava tão envolvido em meus pensamentos filosóficos. A dor no peito estava amenizada. Até ele perguntar...

- Baek, o que está acontecendo? – Eu sabia que ele não ia aguentar muito tempo o meu jogo de “finja que estou normal”.

- Como assim? – eu sei, eu não tenho vergonha na cara por continuar escondendo dele e continuar fingindo. Mas eu não queria preocupá-lo. Não com coisas que nem eu mesmo entendia.

- Pare de fingir! Você está estranho tem uns dias já! Desde quando começou a ter sonhos malucos, que te faziam ficar desesperado e falar enquanto dormia. E falar coisas bem embaraçosas por sinal, como “eu te amo” “porque você fez isso comigo?” “você me traiu?”, “não importa o que aconteça, nada vai nos separar!”, “vamos ficar juntos pra.... – eu não o deixei terminar e tampei sua boca com minha mão. Estava vermelho demais ao saber que mesmo com seus roncos – que não eram baixos, diga-se de passagem - ele conseguiu ouvir essas coisas.

Ficamos por alguns minutos assim. Eu não sabia o que falar, na verdade não tinha o que falar. Como raios vou explicar o motivo desses sonhos? Eu sei lá porque os tinha. Assim como também não sabia porque os tinha desde que me entendia por gente.

- Hmmm, está se encontrando às escondidas com alguma garota? É fã? Tá achando que ela te traiu porque só queria namorar o famoso “Bacon”? – Chanyeol falou logo depois que tirou a minha mão de sua boca e concomitantemente deu um sorriso pervertido.

Sério, como ele podia ser tão, tão, tão...  Chanyeol? A única coisa que eu fiz nesse momento foi retorcer meu rosto em uma expressão de desaprovação e balançar a cabeça negativamente. Quando ele entendeu que a situação não era para brincadeiras com “affair” de fãs, ele passou a mão em meus cabelos e começou a bagunçá-los.

- Você sabe que pode me contar o que quiser né Baek?! Que pode confiar em mim?

- Sim. – Pensei seriamente se deveria continuar fazendo meu jogo de que nada de ruim acontecia. E decidi não fazê-lo mais. Eu PRECISAVA conversar, e a melhor pessoa era Chanyeol. – Eu não sei o que está acontecendo... Eu tenho esses sonhos desde que me entendo por gente! E são tão reais. Eu posso sentir a felicidade de um amor correspondido, e logo depois a dor de perder um amor. Eu sinto um sufoco no peito, sempre que acordo desses sonhos. E ultimamente, vem ficando pior. Não sei porque sonho com dores e sentimentos que nunca vivenciei! Não sei o que me dá de ficar pensando e filosofando sobre eternidade, amor verdadeiro, e essas coisas!

Eu não tinha percebido que ao falar sobre o que me acontecia lágrimas se formavam em meus olhos. Só me dei conta quando senti os nós dos dedos de Chanyeol secando as primeiras gotas que queriam escorrer. Naquele simples toque eu senti novamente um aperto no peito, e veio uma cena em minha mente, como se eu já tivesse vivido esse momento. Sim, veio um Déjà vu.

“Não se preocupe! Eu estarei aqui com você” – Essa seria a frase que Chanyeol falaria para estar completa a cena do meu Déjà vu. Aí sim, seria mais estranho ainda e eu teria que sair correndo atrás de uma cartomante. Mas por sorte ele só ficou quieto, secando minhas lágrimas e acariciando meu rosto.

- Vamos embora. Daqui a pouco já tem gente tirando foto nossa assim, para alegria das fãs do casal “Baekyeol” – falei rindo, e me levantando, querendo cortar aquele momento para não me lembrar daquela lembrança que eu não sabia exatamente o que era.

- Ah! Nós somos um casal fofo. Não me importo de ter mais uma foto fofa nossa rodando por aí. – Chanyeol realmente adorava brincar com isso, na verdade, todos no grupo adoravam brincar com isso.  

- Me recuso a responder ok? Acho que você cresceu demais no seu corpo, e se esqueceu do seu cérebro. Só dizendo. – e pela primeira vez naquele dia, eu realmente ri com vontade, sendo acompanhado pela risada marcante do meu companheiro de quarto.

~

Já estava de noite, mas eu só percebi porque os meninos estavam reclamando com D.O de sentir fome, e ele como sempre foi logo se levantando para fazer a comida para os seus 5 filhos adotivos.

Enquanto Kai e Kyungsoo ficavam na cozinha – o primeiro perturbando e o ultimo cozinhando, Sehun e Suho navegavam pela internet, Chanyeol lia seu mangá de One Piece, e eu, bem, eu entrava às escondidas em sites de signos, mapa astral, e até de tirar a sorte pela internet. Porque né... Eu precisava entender aquilo, estava difícil demais para conviver com esses sonhos e sentimentos desconhecidos.

- Eu não acredito! – Droga, Chanyeol não podia continuar entretido em seu mangá? – Desde quando você procura por essas coisas? Vai abrir uma barraquinha no parque da cidade?

- Seu mangá é uma série beeem longa. Vai lá terminar de ler vai!

- Não mesmo! Agora quero que você abra a página que faz combinações, e escreva nossos nomes! – Ele tentou falar isso sem rir, mas né, era o Chanyeol – e ele gargalhou.

- Sério, eu não mereço isso... Acho que Kyungsoo te chamou na cozi... – eu nem pude terminar a frase que ele já estava me pegando no colo e me tirando da cadeira em frente ao notebook. Por que raios sou tão leve assim?

- Deve estar por aqui... Sempre tem isso nesses sites.

- Quer dizer que o Channie, já entrou nesses sites? – Falei com a voz mais zombeteira que consegui.

- Claro! Sempre tiro as cartas pra saber quando você vai se render a mim. – E de novo, não importava o quanto eu tentasse implicar com ele, ele sempre tinha resposta. E eu sempre ficava calado depois, com um bico infantil nos lábios. – ACHEI! Vamos digitar aqui e... lá vai.

O que veio depois foi algo completamente desconcertante. E acertou meu corpo como uma flecha.  Não foi só meu corpo que gelou, pois senti que aquilo também fez Chanyeol ficar estranho. E novamente eu vi o nome e aquele significado que me fez ficar pensativo durante a tarde. Seria coincidência? Coincidência existe?

Eu ainda estava mergulhado em meu mundo de perguntas, quando senti a voz de Kai atrás de nós, lendo a mensagem que congelou a mim e Chanyeol:

“Combinação perfeita!

Quando aparece uma combinação assim a única coisa que se pode dizer é: vocês nasceram um para o outro. Aproveitem o máximo esse sentimento e não duvidem dele, porque esse tipo de amor é aquele que dura pra sempre. Se duvidar até depois da morte!

Representação: Amaranto, a flor da eternidade!”

Amaranto? Isso é real?