História Amaranthos - Revelando o passado.

Amaranthos, por Chanyeol.

Eu acabei dormindo bem depois que Baekhyun, ainda levei uns minutos admirando aquele anjo deitado em meu peito, dormindo com um sorriso perfeito no rosto – definitivamente ele estava livre dos pesadelos essa noite.

Ainda me encontrava eufórico demais pelo que aconteceu naquela noite. Todo esse tempo ansiando e desejando aquele corpo e finalmente ele se entregou pra mim. Não conseguia controlar as risadas e a cara boba de felicidade ao lembrar cada momentinho que vivi.

Depois de uns minutos ainda sonhando acordado, acabei adormecendo. E naquela noite quem sonhou com tudo, fui eu.

Sonhei com nossa primeira vida juntos, na Antiguidade quando conhecemos a Deusa e ganhamos o presente dela, éramos Heitor e Sophia naquela época; em seqüência nossa próxima vida juntos e a primeira depois do presente que Afrodite nos deu, éramos Louise e Diego, um casal de servos na época do Feudalismo, onde sofremos perseguições, pois Louise era linda e havia despertado o interesse de um jovem nobre; em seguida nossa vinda nesse mundo foi na Idade Moderna, e éramos Emanuelle e Felipe, éramos casados e nobres, e vivemos muito bem nosso amor nessa vida, sem complicações. A próxima vida não foi tão calma quanto à anterior, éramos Nicole – e dessa vez eu era a mulher – e Jean, meu noivo que lutou na Revolução Francesa e me deixou sozinha antes de nosso casamento, passei a vida de luto e não me envolvi com mais ninguém até morrer. Sobre a última vida antes dessa atual só consegui descobrir que nos chamávamos Akane – seria coincidência o nome da senhora do parque ser o mesmo que Baekhyun teve na sua última vida passada? – e Katsuo, não pude ver mais nada, pois meu sonho foi interrompido por um Baekhyun espantando que me chacoalhava.

 - Qual o problema, amor? – eu o indagava enquanto esfregava meus olhos, por estar sonolento.

- O... O Kai, ele está berrando na cozinha por causa do chanti... E-Espera... Do que você me chamou?!

Eu não imaginava ver alguém ficar tão vermelho como Baekhyun ficou quando o chamei de “amor”. Foi um ato tão normal para mim assim como é respirar, porque para mim estar do lado daquele pequeno era vital como respirar e era normal como acordar dia após dia enquanto se está vivo.

- Amor...? – falei em meio a sorrisos e para minha surpresa Baekhyun podia ficar ainda mais vermelho.

O menor que antes estava sentado ao meu lado na cama, agora voltou a se deitar, enfiando a cara em meu peito, como se pudesse se esconder ali. Achei a coisa mais encantadora e fofa desse mundo, minha vontade era de esmagá-lo num abraço e repetir a dose da noite passada – sim eu sou meio tarado quando o assunto é Baekhyun.

O momento não durou muito porque Kai já batia enfurecido em nossa porta, o que fez Baekhyun pular da cama desesperado, reclamando baixo que tínhamos de nos vestir e agir naturalmente para que ninguém percebesse. Enquanto ele andava de um lado ao outro colocando sua roupa, eu ainda estava deitado, me levantei devagar, coloquei somente a calça do pijama, olhei em volta e vi que nada ali era suspeito, quer dizer quase nada, tirando Baek nervoso e ruborizado de vergonha, que ficava murmurando pra si e se perguntando se alguém havia escutado algo da noite passada.

- Fique calmo ou vão perceber. - Sorri e toquei de leve os lábios do menor para depois ir até a porta e encarar o moreno furioso do Creme de Chantilly.

- Que inferno Kai, o que você quer?! – abri a porta com péssimo humor por ter sido acordado com escândalos.

- Eu sei que foi você, só pode ter sido você. Porque só você faria isso! Cadê meu Chantilly?! Kyungsoo ia fazer panquecas de frutas com Chantilly pra mim hoje, e não vai poder fazer porque VOCÊ acabou com meu Chantilly!

- Eu fiquei com vontade de comer doce, e comi. Foi mal ok? Hoje mesmo eu compro outro.

- Você só usou pra isso mesmo? – ele me olhava com as sobrancelhas levantadas em sinal de desconfiança.

- Pra que mais eu usaria um Chantilly?!

- Sei lá, para tentar se acertar com o Baekhyun?! Estavam brigados ontem...

- Como você descobriu?! Eu sei que o Baek gosta de doce, então eu trouxe pra ele comer de noite, nós conversamos e nos entendemos, você não sabe como ele ficou feliz com o Chantilly! – de fato Baek ficou muito feliz com a brincadeira que fizemos com o creme.

- Eu não consigo acreditar que vocês não o usaram para coisas pervertidas... – Kai me olhava com aquele olhar de “Estou sabendo, não adianta mentir”, mas na verdade era somente pose, porque ele não sabia se sabia de algo.

- Eu não faço besteira com Chantilly, não sou você e o Kyungsoo... – falei rindo, somente para implicar. Mas não imaginei que os dois ficariam vermelhos – acho que até mais do que o Baekhyun ficou minutos antes – e que começassem a gaguejar. Eu havia jogado verde e colhido maduro.

- K-Kai... O Chanyeol já disse que vai comprar outro, e então eu faço depois. Parem de brigar por isso.

O moreno ainda estava soltando fogo pelos olhos, e pela cara devido ao rubor, mas concordou e saiu dizendo que era para eu comprar logo. Só balancei a cabeça positivamente e voltei para o quarto, trancando a porta atrás de mim e partindo para agarrar Baekhyun – que desde o momento que Kai perguntou o que tínhamos feito com o Chantilly estava paralisado no fundo do quarto.

- E-Eu falei que não era uma boa idéia pegar o Chantilly do Kai...

- Relaxa, sabe como ele é; só implica, mas depois esquece. E eu vou comprar um Chantilly pra ele depois. – enquanto falava ia o abraçando pela cintura e colando nossos corpos – Fora que, foi bom, não foi?

- F-Foi... Muito bom. – Eu estava meio que me acostumando a deixar Baekhyun sempre na mesma tonalidade: vermelha, e suas variações.

~

O compromisso do dia era somente depois do almoço, uma tarde de autógrafos. E enquanto não chegava a hora de sair eu e Baekhyun passávamos o tempo alternando entre a sala – socializando com nossos amigos - e o nosso quarto, onde a gente trocava carinhos e beijos apaixonados.

A sessão de autógrafos foi ótima. Era realmente incrível ver nossas fãs tão felizes por estarem perto de nós, cantando e dançando nossas músicas. Aquilo parecia um sonho de tão perfeito que era, mas confesso que algumas fãs me assustavam ao nos olhar como se fossem nossas donas. Uma até me provocou ciúmes ao olhar para Baekhyun e falar “meu Bacon” como se ela fosse comê-lo em questão de segundos. Fiquei com arrepio na coluna ao imaginar o que ela fazia enquanto estava sozinha e chamava o Baekhyun assim.

Para provocar mais ciúmes ainda aquele ser infeliz sorriu para ela, com aquele sorriso fantástico que encanta qualquer um, e fez uma carinha fofa de quem estava sem graça devido ao elogio. Minha vontade era de chegar e berrar “ele é MEU Bacon”, mas se fizesse isso minha sentença de morte seria decretada por parte do Baek, dos outros membros do grupo, dos empresários, enfim, quase todo mundo exceto as fãs que curtem o casal Baekyeol. Então só pensei que de noite aquele pequenino seria castigado por ser tão atraente assim.

Me vi obrigado a voltar de meus devaneios quando uma jovem apareceu em minha frente. Ela tinha os cabelos pretos e longos que terminavam em cachos na cintura, tinha franja reta na testa e falava um coreano recheado com um sotaque nipônico. Imediatamente imagens apareceram na minha mente, imagens de Akane e Katsuo juntos e depois vinha uma cena triste, recheada de lágrimas. E então eu percebi que aquela fã me lembrava muito quem Baek foi no passado.

Não soube o que aquelas imagens significavam, mas balancei a cabeça para tentar dissipar esses pensamentos. Entretanto eles não iam embora, e eu comecei a me sentir tonto e com uma dor de cabeça muito forte. Eu me encontrava ansiando para que a sessão de autógrafos acabasse logo. Só queria ir pra casa e tomar alguma coisa para melhorar essa dor.

Infelizmente não passou. Eu já estava em casa, deitado em minha cama com um Baekhyun do lado cuidando de mim cheio de preocupação.

- É só dor de cabeça Baek, está tudo bem. – sorri para tentar acalmá-lo, mas não adiantou muito.

- Tente dormir um pouco, qualquer coisa estou aqui na minha cama, é só me chamar ok? – ele me deu um longo e doce selinho em meus lábios, e ficou acariciando meus cabelos para que eu pegasse no sono. E funcionou.

Eu acabei adormecendo, mas não sei se isso foi algo realmente bom. Enquanto dormia acabei continuando o sonho da nossa última reencarnação.

Vivíamos no Japão, em meio à Guerra Boshin e eu lutava nessa guerra civil no exército liderado pelas forças de Choshu e Satsuma. Durante a guerra um membro importante do exército inimigo me capturou, entretanto não era para me matar – ele estava apaixonado por mim, e me obrigava a ser seu. Depois de muito relutar a me entregar àquele homem, ele seqüestrou Akane e me chantageou ao dizer que se eu cedesse a ele, ele não a mataria.

Não pensei duas vezes ao pedi-lo para soltá-la, e afirmei que se o fizesse nunca mais tentaria fugir. Ele a soltou, a última vez que vi minha amada com vida foi quando ele a trouxe até mim para que a dispensasse. Meu coração nunca doeu tanto quanto no momento em que olhei nos olhos de Akane e disse que não a queria mais porque tinha me apaixonado por aquele verme que estava ao meu lado, segurando firme em minha cintura, como se fôssemos um casal apaixonado.

- Você está mentindo não está?! Diz que é brincadeira! Diz! Você me traiu?! Vai me abandonar assim, e por... Ele?! Por que você fez isso comigo? – Akane chorava tanto que se eu ainda tivesse forças para lutar eu não me importava de sacar uma espada e correr com ela dali. Mas eu definhava. E não queria arriscar a vida da mulher que eu amava – mesmo que para isso ela me odiasse.

A única coisa que eu me lembrei depois foi de ver o corpo de Akane ensangüentado no chão. Aquele homem havia mentido para mim, e acabei ganhando o ódio de Akane por nada. Eu não fui capaz nem de salvá-la. O sentimento que vinha em meu coração era de nojo de mim mesmo, era vergonha. Como pude ser tão fraco assim?

- Ei, ei, Channie... – eu ouvia alguém me chamando, mas eu não era Chanyeol agora, eu era Katsuo né? - Channie, acorda, por favor... – a voz doce e preocupada de Baek estava distante, e eu queria segui-la para fugir do próprio peso que eu carregava em meu coração.

Desesperadamente abri meus olhos e pude ver Baekhyun me olhando preocupado e no canto de seus olhos eu percebi lágrimas se formando.

- O que foi amor? – falei tentando parecer bem para acalmá-lo.

- Você se rebatia e pedia perdão infinitas vezes, por ser fraco. Isso me assustou... – ele se aninhou em meu peito e me abraçou forte. Consegui perceber que seu corpo tremia.

- Desculpe por te assustar. Está tudo bem comigo, ok? – enquanto falava eu acariciava seus cabelos e beijava o alto de sua cabeça, eu só queria que o mundo parasse de girar e eu ficasse assim pra sempre ao lado de Baekhyun. Ainda mais depois de sentir a dor de perdê-lo, digo... De perder quem ele foi um dia, em outra vida.

Mas eu precisava ver alguém, tirar dúvidas que estavam martelando em minha mente. E eu precisava fazer isso sem Baekhyun.

~

Foi realmente difícil convencer Baekhyun a não ir junto comigo. Menti para ele dizendo que só ia tomar um ar e comprar um remédio para dor de cabeça, para caso ela voltasse.

Era fim do dia, mas o Grande Parque ainda estava aberto. Apertei meus passos e segui em direção do local que eu havia encontrado aquela senhora pela última vez.

- Você demorou. – Ela apareceu atrás de mim, e sorria como se estivesse me esperando.

- Como você sabia que eu ia voltar? – falei me virando para Akane.

- Meu dom mediúnico. – a mulher à minha frente riu.

- Você não é o que diz ser... né?

- Sabia que algumas pessoas ainda acreditam que os Deuses do Olimpo descem ao mundo dos mortais... O que você acha, Channie?

Dei um sorriso perturbado, querendo não acreditar no que me intuição me dizia. Era ela? A Deusa que eu encontrei séculos atrás, em minha primeira vida ao lado da alma de Baekhyun?

- Afrodite...? Por quê? E por qual razão está usando o nome de Baek na vida passada?

- Você pode escolher: alternativa a) sou uma Deusa, e por isso gosto brincar com os mortais, como todos os Deuses fazem, ou, alternativa b) porque quero ter certeza se errei ou acertei séculos atrás ao dar o presente para vocês dois. Qual você escolhe? – ela falava sorrindo, e era um sorriso que gelava a espinha. Tenho certeza que meu primeiro encontro com ela, séculos atrás, foi melhor do que agora. Agora ela me assustava.

- Você que meteu o dedo nisso tudo?! Por sua causa eu e Baekhyun temos esses sonhos? Você queria que lembrássemos?

- Culpada. Digo, culpada em parte. Eu dei somente o ponta pé, desencadeei os sonhos em vocês, mas não coloquei os sonhos em vocês. A ordem que sonham, as vidas que lembram, não fui eu que coloquei na mente de vocês. Isso vem de acordo com a necessidade da alma de cada um de lembrar-se das coisas.

- Mas, por quê?

- Já falei que tem duas hipóteses para isso. – ela sorria, e isso a deixava mais enigmática ainda. – Chanyeol, eu mandei esses sonhos e depois apareci para vocês e coloquei a pulguinha atrás da orelha em vocês, para que tivessem coragem de assumir o que sentiam um pelo outro – até mesmo porque se eu não fizesse isso, não sei quando fariam. Me intrometi nesse assunto porque eu já estava entediada lá no Olimpo vendo vocês naquele blábláblá de que “isso é errado” “não estou o amando” “somos homens, somos apenas melhores amigos.” , ai por favor, se eu não fizesse isso por mais que se amassem demais, iriam ficar enrolando eternamente. Ainda mais Baekhyun...

- Ainda mais Baekhyun? Por quê? – eu estava irritando com o comentário dela, mas não pude – mesmo que mentalmente apenas – deixar de concordar com ela.

- Chanyeol, você não sabe o motivo de voltarem do mesmo sexo? Em um país onde ainda é bem preconceituoso, mesmo o assunto não sendo tão mais polêmico e proibido como antes?

- Não sei, não estudei nenhuma matéria que explique quem comanda nossas reencarnações sabe...

- Não acho que está numa posição para fazer piadinhas, ainda mais quando souber quem foi que escolheu isso...

- Quem... Escolheu? – senti a ponta de um Iceberg ser cravada no meu peito, já imaginava o rumo dessa conversa.

- Sim... É exatamente o que está pensando. Foi o Baekhyun, digo, a alma dele que escolheu isso. Baekhyun, quando era Akane morreu achando que você tinha traído ela e quando a matou o soldado japonês ainda disse que você sabia disso e que você tinha pedido isso para que ela nunca tentasse voltar a te reconquistar... Ela morreu achando que foi uma ordem sua...

- ISSO É UM ABSURDO! – A interrompi, o ódio de todo aquele inferno que vivi séculos atrás estava mais vivo do que nunca.

- Sim, mas foi o que aconteceu. E como morreu achando isso Akane decidiu nunca mais se envolver com você, pediu para ser do mesmo sexo que você na vida em que voltariam, pois ela achava que assim vocês não se apaixonariam, ela queria distância de você... Na verdade, ela chegou até a pedir que voltassem separados nas próximas vidas, mas claro, eu me meti em assuntos que não são meus, e não permiti que isso acontecesse... Não sou eu que cuido de reencarnações, mas consegui pelo menos impedir que viessem em épocas separadas.

Agora parecia que milhares de Iceberg’s me espetavam o corpo, eu tremia e sentia um nó subindo a garganta.

- Os humanos tendem a achar que tudo que é relacionado a deuses, bruxos, magos, fadas e adjacências é eternos mesmo, mas isso é porque eles não sabem a força de seus próprios sentimentos – e dependendo de alguns humanos, eu agradeço por não saberem. Foi por isso que séculos atrás você venceu meus poderes de persuasão e me rejeitou, pela força do seu amor pela alma de Baekhyun, que naquela vida era Sophia. Mas assim como seu amor foi forte, o ódio da alma de Baekhyun quando deixou a vida de Akane também foi, por isso tudo foi mudado, e o meu presente para vocês corria o risco de não ser mais eterno... Foi aí que me envolvi...

- Desrespeitou a vontade de Baekhyun...

- Você é masoquista? Eu uni vocês de novo.

- Mas era o que ele queria. Ele não queria ficar comigo...

- Por causa de um engano, de um erro que você cometeu achando que o salvaria. Como pôde cair nessa? – ela suspirou. – Ok, não vou te julgar, o ser humano tende a pensar menos diante do medo de perder algo ou alguém importante. E seu motivo foi nobre... Mas mesmo assim, não pode continuar sendo burro nessa vida...

- Quer dizer que está nos ajudando? É por isso que está nos fazendo lembrar tudo?

- Na verdade eu poderia deixar vocês sem lembranças. Vocês se encontrariam e sentiriam o amor que ainda um nutre pelo outro, mas haveria muita dificuldade...

- Quais?

- Você nunca percebeu que Baekhyun por mais que demonstrasse que te amava às vezes te evitava? Isso eram manifestações da alma dele que lembra tudo que aconteceu, e às vezes quer te ver longe... Se ele não se lembrar das coisas isso sempre vai se manifestar como se fosse medo por estar fazendo algo errado uma vez que são homens. Então é melhor lembrar logo de tudo e resolver esse drama mexicano... Fora que, como eu já disse anteriormente, se eu não me metesse na história ficaria esse lenga-lenga dos dois, e nada aconteceria...

- Mas... Ele ainda não se lembrou disso, por quê?

- Porque a alma dele está confusa demais, ela não quer lembrar para não se afastar de você, e às vezes quer lembrar exatamente para se afastar de você porque ainda acha que você a traiu quando era Akane.  Então está fugindo desse sonho, dessa vida como Akane para não sofrer de novo, e correr o risco de sofrer mais ainda, escolhendo se afastar de você, isso é a maior prova que Baekhyun quer você, ele está lutando para isso lutando contra a vontade da própria alma dele. Chanyeol está na hora de arrumar o passado... Contar a verdade para ele, o motivo de ter feito tudo aquilo, como o próprio Baekhyun pensa: vocês não precisam mais viver aquelas vidas, vivam as atuais. Mas para isso, precisa antes de tudo resolver esse problema.

- Mas e se ele não acreditar? E se quiser continuar afastado de mim?

- Você realmente acha que ele quer isso? Eu não me envolveria na história por capricho meu somente para provar que eu não errei ao dar o presente para vocês, que eu errei ao julgar o amor de vocês. Se eu realmente sentisse que esse pedido feito pela alma de Baekhyun fosse verdadeiro, eu os deixaria seguir em frente. Mas não é e ele te ama. Só houve um mal entendido infeliz que já passou da hora – e passou MUITO da hora – de ser arrumado.

- Eu não sei se tenho coragem...

- Você tem coragem de brincar com ele de Chantilly usando o creme alheio, mas não tem para contar a verdade sobre um mal entendido de séculos atrás?!

- V-V-V-VOCÊ VIU ISSO?! – Perguntei corando, e corava ainda mais depois de ouvir a gargalhada da divindade em minha frente.

- Não se preocupe não me interessei em ver nenhum “pornô coreano”, quando imaginei para o que era eu procurei outra distração mortal... Mas isso não é o mais importante agora. Você precisa tomar uma atitude, ou a alma de Baekhyun sempre vai ter momentos de te afastar dele. Mesmo que o amor entre duas pessoas nos dias de hoje não seja tão proibido quanto era na época que a alma dele pediu isso ainda existem tabus sobre esse tema. E o fato de viverem em um país bem preconceituoso e serem famosos não ajuda muito... Baekhyun vai jogar todo o receio dele em cima dessa desculpa, mas se você contar tudo para ele, as coisas se acertarão.

- Tem certeza disso? – eu ainda estava apreensivo. Tinha acabado de conseguir o amor de Baek de novo, e não queria perdê-lo, mas não sabia como agir.

- Você acha que Baekhyun está relutando contra tudo isso por causa de que? A alma dele se lembra de ter sido traída por você e de querer distância de você. Mas ele faz de tudo para não levar isso em conta, para não se lembrar e não ser vencido pela vontade que às vezes o domina de te afastar. Ele te ama, de verdade. Ele quer ficar com você, mas sua alma tem medo de sofrer de novo. Você não precisa mais mentir para salvá-lo, agora tem que contar a verdade para salvar vocês dois...

- Não é a primeira vez que está ajudando a gente não é? – ela somente sorriu e desviou o olhar. – Era você que aparecia nos meus sonhos quando eu era Nicole e sofria a dor por perder Baek, digo, Jean. Eu tentei me matar diversas vezes, mas você não deixava...

- Se você tirasse sua vida iria pagar um preço alto por isso. Iria para um lugar muito ruim e distante da alma de Baekhyun...  Agora – ela falava batendo as mãos e rindo – não jogue fora todo o meu serviço e todo o amor de vocês, vá lá arrumar o passado e parar com esse drama todo que já estou me irritando com isso...

A única coisa que consegui fazer foi balançar a cabeça positivamente e sai caminhando, lentamente. Queria me demorar no caminho porque ia criando coragem enquanto andava. Hoje eu contaria tudo para o meu pequeno...

~

Assim que o jovem asiático saiu do parque, um lindo menino que parecia ter uns 13 anos de idade e tinha a pele alva, cabelo loiro e olhos azuis, apareceu do nada ao lado da mulher que segundos atrás conversava com Chanyeol.

- Você realmente vai ajudar esses dois, não é mãe?

- Já disse para não me chamar de mãe no mundo dos mortais. Isso pode estragar minha reputação se eu quiser brincar com algum humano...  – nesse momento a mulher abandonava sua forma asiática para assumir a sua verdadeira imagem: uma mulher alta, com as formas corporais bem definidas e atraentes; o cabelo era ondulado, passava um pouco a cintura e era de uma cor vermelho-alaranjado; os olhos eram de uma tonalidade de verde claro, e a boca era tão vermelha que ela nunca precisaria usar batom.

- Até parece que continua assim, você mudou muito... – o pequeno ria. - Mas então, não vai me dizer porque está tão boazinha ultimamente, principalmente com esses dois?

- Porque o amor deles é forte e bonito demais para ser jogado fora...

- Mas existem outros amores no mundo assim. Até mesmo perto deles. Aquele moreno... Kai não é assim que o chamam? Ele realmente ama o companheiro dele, assim como aquele mais novo, ama muito o jovem chinês... Luhan, se eu não me engano. São muitos nomes que tenho que atender... Esses mortais, sempre querendo amor para a vida deles...

- Mas eu os ajudei também! – o menor a olhava como se esperasse por uma retratação na frase da mulher, que logo a arrumou. - Digo, nós os ajudamos.

- Mas não pode negar que esses dois são seus favoritos, sempre os ajudando, dando o presente do amor eterno...

- Não discuta ou retruque os motivos de sua mãe!

- Você não é minha mãe aqui! – o pequeno ria. – Vamos, me fale... Qual o motivo?

- Porque quando precisei, eles dois salvaram meu coração. Chega a ser ridículo ouvir que a divindade do amor sofreu por amor não é? Mas eu sofri, e quando eu estava perdida foram os dois que me salvaram, acabei percebendo o poder dos sentimentos dos humanos... Não apenas o amor entre enamorados, mas também a amizade, a confiança são sentimentos tão poderosos que resgatam tudo, vencem até mesmo a imortalidade dos deuses. Sou grata por eles terem me dado isso séculos atrás...

- Quer dizer então que você os vê como... Amigos?

- Sim, é o sentimento que tenho por eles, além de gratidão. Então não vou deixar tudo isso se perder por nada...

- E acha que ele vai ter coragem?

- Se ele não tiver, eu me intrometo de novo.

- É quem diria... Afrodite não é mais a mesma... – e foi depois do pequeno dizer isso que os dois sumiram.