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História Amélie Dixon - Se lembra, Judy?


Escrita por: lalimoonx

Capítulo 15 - Se lembra, Judy?


[ Amélie Dixon ]

Combinamos que nenhum de nós iríamos falar sobre Woolsey e, para me salvar, ele iria me tratar como Judy, o que eu não sabia como era, porque era raro vê-los juntos ou conversando. 

Ficamos naquela coisa minúscula por horas, e quando Shane resolveu nos tirar de lá, já era noite e as luzes das ruas estavam acesas. Muito melhor que as velas que usavamos em Woolsey, pois nós não tínhamos energia.

–Vocês irão ficar no apartamento. É o melhor lugar, considerando que só há uma maneira de sair e mesmo que você –ele se virou para trás enquanto andávamos só para olhar para Carl algemado ao meu lado. – consiga sair de lá, terão que trabalhar arduamente para derrubar eles. –Quando Shane se virou novamente, nós olhamos para a entrada do prédio.  Dois homens enormes e bem armados estavam fazendo escolta, no lado de dentro, acabamos descobrindo que os dois apartamentes ao lado do "nosso" estavam com vigias, assim como o da frente e, como se fosse pouco, ainda haviam quatro câmeras no corredor.

–Você também terão visita durante a manhã, tarde e madrugada, por isso, não sejam engraçadinhos. –ele avisou. –Eu tenho uma surpresa para você, Judy. –O encarei sem entender. –Papai vai terminar o que começou...

 

Que diabos ele estava falando?

 

–Não encoste um dedo nela. –Vociferou Carl, tentando se soltar do homem que o segurava.

–Não vou fazer nada à ela, moleque. –Shane revirou os olhos e abriu a porta, nos indicando para entrar.

–Tem câmeras aqui dentro também? –Perguntei, tentando controlar a raiva.

–Ah, caralho... –ele respirou fundo, fechando os olhos. –Eu não cago câmeras, Judith. Já sei que essa merda não tem saída, além do mais, vocês ficarão trancados por uma segunda porta e pelo lado de fora. 

–Por quê tem tanto medo que ela fuja? –Carl estava desconfiado, passou os braços algemados por minha cabeça, e parou no meu ombro.

–Porque eu prometi algo à ela. –Shane resmungou, fazendo um sinal para que o homem que segurava Carl, não o tocasse. –Se lembra, Judy?

 

Eu gelei.

 

–Acho... Que...

–É claro que sim. Eu vi seus olhinhos sedentos por mais... –senti os músculos de Carl ficarem tensos.

–O QUE VOCÊ ESTÁ INSINUANDO, SHANE!? –Ele gritou e eu tive que segurar Carl para que ele não saltasse no Shane e acabasse me derrubando junto.

–Interprete como quiser. O que eu tinha para falar... Já disse. –Shane lançou o sorriso debochado para Carl e deu as costas, enquanto nós fomos empurrados para dentro do apartamento, tirar as algemas e fechar a porta. Ouvimos o som dos cadeados sendo fechados.

 

Certo... Isso está ficando estranho. 

 

–Mas que droga ele esta falando? –Carl perguntou, chutando a porta.

–Também queria saber... –sussurrei e corri para o quarto, onde havia uma janela, que agora... Fôra fechada com grades. –Eu detesto ficar presa... Como um animal. –Falei, me lembrando das várias vezes que Daryl me dizia para sair de casa, porque "Nem mesmo animais deveriam ficar presos" e de todas as vezes que impliquei com ele sobre Woolsey ser praticamente uma gaiola e ele dizer era diferente. "Casa é onde o seu coração está, Woolsey é onde a família está! Com ou sem muros, gaiolas e as merdas todas!", ele debatia, "Seja livre, encontre sua casa e retorne para ela sempre que der saudade".

 

– Estamos bem longe de Woolsey. –Carl murmurou, entrando no quarto. – pelo que posso dar um balance... Estamos logo depois do Rio Amy, em Átila.

– Quem?

– Uma cidade.

– Eu sei, idiota. –revirei os olhos.

– Por quê perguntou?

– Ei, –Joguei um travesseiro nele. – não jogue sua revolta em mim. 

 

Ele sorriu minimamente.

 

– Desculpe.

– Você disse Amy...

– Ah... Se lembra daquelas quatro semanas que ficamos longe de Woolsey?

– Ah, eu lembro. Foi maravilhoso, porque passei os dias na casa da Tara. –sorri com a lembrança e Carl me encarou sério.

–  Prefiro que não fale no nome dela. –meu sorriso se desfez. –Enfim, o Daryl chamou o rio assim e todos acreditara que realmente fosse o nome, embora fosse outro.

– Tara  não é o monstro que todos acham. –rebati, cerrando os punhos.

– Ela quase matou a-

– Quase. Aquela pessoa está viva, esbanjando saúde e pouco se fodendo para a existência da Tara!

– Não é bem assim.

– É claro que é. Sejamos claros aqui, que a J pouco se importa com existência da Tara ou de qualquer outro, se ela se importasse, não ia deixar que tratassem a Tara daquela forma! ELA TERIA PEÇO PARA PARAR ANTES DA TARA DESMAIAR DE TANTO APANHAR DO RICK! SE NÃO FOSSE A PORRA DO KENNEDY, O RICK TERIA MATADO A TARA INJUSTAMENTE!

 

Talvez por eu ter surtado, Carl se calou e esperou alguns minutos antes de responder.

 

–Se ela não se importasse, ela jamais iria pedir ao Kennedy que deixasse a Tara para cuidar dos armamentos perto dos portões e longe do nosso grupo e insistiria durante dias para que ele a ouvisse. Ou, talvez, não se importaria com você e iria conversar com o Daryl antes do nosso pai para que você saísse de Woolsey. Sem contar que ela me apresentou para a Sun, ajudou a Carol, amou Michonne como sua mãe... –Ele  tinha uma feição neutra. –Ela cuidou de todos enquanto você, simplesmente, decidiu que se afastaria para ficar ao lado da Tara.

 

Eu não tinha o que dizer, porque... Eu achava que Kennedy estava apenas querendo bancar o sabichão dos problemas do nosso grupo e separou a Tara de nós. Também estava planejando sair de Woolsey de forma "secreta" e sem levantar suspeitas, e isso foi... Uma surpresa, que claramente eu não iria mostrar para ele, por isso, me limitei a voltar a encarar o lado de fora pelas grades da janela.

 

– Olha, loira... Me desculpa, eu acho que-

– Você tem razão. Eu estou ao lado da Tara, porque eu acredito que as pessoas merecem perdão. Se o que você diz é verdade, é sinal de que a Tara está perdoada, e se a própria J fez no que fez para afastá-la, então... Por que todos insistem em pisar na Tara?

 

Vi Shane fumando e abraçando os ombros de uma loira, enquanto eles conversavam e eram seguidos pelo "segurança" dele.

 

–... Talvez porque a cena daquele dia está muito bem vívida nas nossas mentes. –ele respondeu. Sua voz estava muito mais próxima, praticamente ao meu lado. –Algumas coisas são impossíveis de esquecer.

–Sei bem como é isso... –sussurrei, vendo que Shane entrou em uma das casas antes da mulher e quando ela se virou, ficando de frente para o segurança que estava logo atrás e dando à ele alguma coisa. Foi bem rápido, mas aquele rosto... Tão familiar.

–... Sabe? –Me virei para trás em um salto e encarei Carl.

–O quê?

–Você não me ouviu? 

–Você falou algo? –perguntei lançando rápidas olhadas na direção da rua.

–O que você esta vendo aí, afinal? –Carl se inclinou, ficando praticamente colado a mim  para ver. Paralisei. 

Logo depois ele se afastou e saiu do quarto sem dizer nada, pelo rápido momento que vi seu rosto, ele estava com uma carranca de poucos amigos. Voltei a olhar pela janela e só estava o segurança de Shane, chutando umas pedrinhas no chão e sorrindo com isso. Que bonitinho. Ele parecia entretido de mais para notar que estava sendo vigiado.

 

– Vai ficar aí olhando o cara tal modelo pós-apocalíptico ou vai ir jantar? –Carl apareceu de novo, ainda com a cara fechada. Revirei os olhos. 

– Realmente, ele é bem bonito. –Comentei, praticamente o emburrando da porta para sair do quarto.

– Pensei que sentia algo mais forte pelo Dylan. –ele alfinetou.

– E eu pensei que você fosse mais esperto. Meu Deus, eu nem comecei direito e já cansei desse joguinho. –resmunguei e caminhei para a sala.

– Cansou? É porque você nunca se apaixonou por uma pessoa que é independente sozinha, livre e despreocupada. –Eu parei o que estava fazendo só para encará-lo.

–Sunshine não é independente, seja honesto consigo mesmo e comigo. Ela é extremamente medrosa. –Cruzei os braços, controlando o tom ciumento. –A não ser que esteja falando da Enid. Aquela sim tinha coragem, mas pouco conheço, então, não me importo.

 

Ele se calou.

 

–Pelo visto nós dois não somos tão espertos. –Carl disse, momentos depois, pegando um enlatado da mesa e me deixando sozinha na cozinha.

–O que foi? –perguntei quando ele já tinha saído. –Falei alguma mentira sobre elas? –me perguntei, virando para o armário. Encontrei dois enlatados. Peguei um e deixei outro guardado.

Antes de sair da cozinha desliguei as luzes e caminhei para o quarto.

 

Carl estava ligando um aparelho, dizendo que "não via aquelas coisas há tempos" e me ignorou quando me sentei ao seu lado quando ele se sentou com um controle na mão.

–O que é isso?

–Um PlayStation.

–E o que faz?

–Serve pra jogar.

 

Silêncio.

 

– Você está chateado pelo que eu disse da Sunshine? –perguntei, quando uma pequena tevê começou a mostrar imagens de um jogo e Carl começou a jogar.

– Não.

– Enid?

– Não.

– Sobre o segurança do Shane?

– Pelo fato de você não ver que é você. –ele respondeu, antes de me ignorar mesmo.

Eu precisei pensar muito quando me deitei na cama, antes de notar que ele se referia à mim, desde o início. Eu poderia saltar da cama e ir festejar, mas quando notei, minhas pálpebras estavam cansadas de mais para permanecerem resistindo ao sono.



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