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História Ameno - XIII - Sobre o Amor e a Constituição dos Infinitos


Escrita por: RunningDevil

Notas do Autor


Olááá´, xuxussss!
Esse capítulo demorou mais que os outros pra sair porque é aqui que eu começo a fazer mais mudanças naquele ritmo antigo da história. Eu vou falar um pouco mais nas notas finais, vou explicar algumas coisas e então por agora só aproveitem o capitulo! <3
Obrigada mesmo por todas as palavras de carinho de vocês e por todas as vezes que foram além de Ameno e ouviram meus pequenos desabafos nessas notas iniciais e finais. São Paulo está me tratando bem. Fiz amigos e voltei a dançar. Quando a semana recomeçar, vou cancelar minha matricula no cursinho e focar no intensivo de dança que queria fazer. Não sei como minha mae vai reagir, e tenho muito muito medo de tudo dar errado. Mas continuo pensando da mesma forma e tentando fazer do mesmo jeito que disse a vocês que faria: seguindo em frente, sem dar passos pra trás, ainda que o desconhecido assuste.
Enfim, Vão lá ler! <3

Capítulo 13 - XIII - Sobre o Amor e a Constituição dos Infinitos


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

“ai daqueles que se amaram
sem saber que amar é pão feito em casa
e que a pedra só não voa 
porque não quer[...]”

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Quando se dá de amar alguém, e de pertencer completamente a si mesmo e ao infinito do que são os dois corpos, não é verdade o que dizem os livros e poesias.

Não nos tornamos um. Sequer nos metamorfoseamos em par, em dois.

O “nós” criado pelo amor vem com família do outro, que nos adota ou nos rejeita, mas que agora faz parte do cotidiano.

Vem com amigos do outro, que tornam-se parte dos seus dias, coadjuvantes das noites mais loucas e aventuras mais inesperadas, e que também tomam seu espaço em nosso coração.

Vem com as histórias de uma vida inteira do outro antes do outro também ser “nós”.

Quando se dá de amar alguém, e de pertencer completamente a si mesmo e ao infinito do que são os dois corpos, o que vem é mais do que apenas um ser. Vem uma vida inteira, pessoas inteiras que invadem os nossos dias, que nos descobrem e que pintam a nós a verdade absoluta de amar, acima de todas as verdades.

Não há como amar sozinho.

Tampouco há amor que se crie ou pessoa que venha só, sem a presença e a marca de todos os outros que a tocaram.

Quando ama-se todas as pequenas linhas e arranhões causados pelo tempo e por todos os outros  que puseram os pés no universo particular que é cada pessoa, é então que conseguimos enxergar de verdade que amor não se baseia em momentos isolados ou risadas sonoras.

O amor vem de estar junto.

Com ela.

Com ele.

Mas também com todas as marcas.

Com todos os novos amigos.

Com os parentes.

Com os traumas.

Com os bichinhos de estimação.

Com a bagunça no canto da sala.

E só então com você.

Parado bem ali, no cantinho, sendo também um infinito de pessoas e uma dezena de restrições.

Sendo mais do que apenas você.

O amor se dá no espaço onde se encontram dois infinitos.

E é a coisa mais bonita quando consegue existir.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Depois da primeira noite fora, tornara-se um hábito para os garotos esperarem por Suga nos fundos da loja de conveniência para que saíssem juntos nas noites de sexta. Jimin não sabia muito bem como havia começado, mas já faziam isso pela terceira semana seguida.

Percebeu que o garoto mais velho realmente gostava de falar sobre música, sobre composição, sobre os dramas de uma vida adulta cheia de contas a pagar e responsabilidades, sobre as pessoas que observava, calado, enquanto bebia suas cervejas.

Suga lhe contara numa noite sobre seu apartamento pequeno. Contou-lhe que vivia do que ganhava na loja e que não fazia muita questão de ser algo a nível acadêmico – ainda que todas as notas de seu boletim lhe competissem o status de aluno excelente mesmo com todas as faltas e observações dos professores.

Contou-lhe sobre como odiava o uniforme escolar, e Jimin riu.

Também não gostava nem um pouco da formalidade exagerada das roupas azuladas de corte reto demais.

A diferença é que Suga decidiu simplesmente não usá-las, enquanto Jimin temia demais uma repreensão.

Contou-lhe sobre como passara a ser engraçado atormentar Jungkook, agora que sabia seu nome e agora que passava seus fins de semana na companhia do mais novo.

Suga sabia da aversão que o rapaz sentia por si. Estava perfeitamente ciente. E isso era o que fazia tudo ser ainda mais engraçado para o loiro, deixou claro enquanto contava a Jimin sobre como ainda errava o nome do rapaz de propósito, apenas para vê-lo de orelhas vermelhas, querendo atirar-se sobre o mais velho e começar uma briga.

Jimin repreendera-o, mas acabou por acompanhar seu riso.

Todas as sextas, durante os intervalos, conversavam um pouco mais debaixo da árvore – que já anunciava o fim da primavera com seus galhos sem flores.

Suga quis saber sobre a dança, então Jimin lhe contou como treinava incessantemente todos os dias da semana, para que seus movimentos fossem os mais fluidos quanto fosse possível.

Quis saber sobre os amigos, então Jimin lhe contou como encontrara Hoseok, seu amigo desde que frequentaram o jardim de infância juntos, sendo seguido por um ser diminuto no parquinho da escola primária, e de como achara engraçado na época que o menininho mais se parecesse com um coelho.

Suga riu ao ouvir aquilo. Riu escancarado, leve, livre e iluminado.

E ainda que depois houvessem engatado numa outra conversa banal sobre um assunto qualquer, e ainda que houvessem se despedido e tomado rumos diferentes, e ainda que o período de aulas houvesse acabado e Jimin já estivesse em sua casa, longe de qualquer coisa que pudesse remeter ao garoto loiro, ainda conseguia sentir o peito se aquecer por ter, finalmente, presenciado o riso tão solto de Suga pela primeira vez.

Também era comum, agora, que conversassem durante os minutos de folga do mais velho no expediente da lojinha de conveniência.

Nos fundos, em cima dos caixotes que eram a cama improvisada de Min Suga.

Nos mesmos caixotes onde ousadamente disseram e ouviram verdades um ao outro.

Nos mesmos caixotes que agora tinham um espaço reservado para Park Jimin, que soube que era seu quando viu o mais velho escrever suas iniciais na madeira gasta e dizer-lhe que merecera ser dono daquele espaço.

E  o peito do ruivo se aquecia um pouco mais todas as vezes em que Suga procurava mais um cigarro em seus bolsos, e ficava distraído demais para perceber que Jimin corria os dedos com ternura pela madeira entalhada com seu nome.

Era comum também que passassem as noites vagando por parques, clubes, bares, qualquer lugar onde pudessem liberar sua energia nas noites que se transformaram rapidamente em “noites-de-sexta-com-os-amigos-e-Suga” depois de alguns dias. Hoseok sempre era barulhento, e Suga sempre lhe dava respostas ácidas, mas com o sarcasmo tão comum de quem não quer fazer mal algum com as palavras.

 O loiro ria das piadas do dançarino e rolava os olhos quando o Jung falava algo estúpido demais, amigavelmente xingando-o de todos os nomes possíveis. E Jimin sentia-se tolo por achar, um dia, que a felicidade que vinha de estar com garoto loiro deveria ser apenas sua.

Quanto a Jungkook, este apenas assistia, de cara emburrada, noite após noite, piada após piada, até desistir de implicar e seguir o fluxo das conversas animadas. E Jimin sentia que aqueles dois, Suga e Jungkook, poderiam dar certo num futuro próximo.

Aconteceria.

Ele sabia.

Apenas levaria mais tempo.

Depois do fim de semana – pois passaram a encontrar uns aos outros também aos sábados, quando ninguém tinha absolutamente nada para fazer no dia seguinte e podiam entornar garrafas e deixar toda a energia nos movimentos de dança, nas gargalhadas exageradas, no caminhar cambaleante até o cais, na parte em que se vive plenamente ser jovem e estúpido – sempre voltavam para casa com a sensação de que deveriam fazer melhor na sexta seguinte. Jimin sentia isso, e sabia que todos os outros, inclusive Suga, sentiam também.

Passaram a cumprimentar-se nos corredores, na entrada do colégio, na fila para o almoço.

Suga, no entanto, nunca ficava para almoçar com os três, ou mantinha uma conversa enquanto estavam cercados pelas outras pessoas.

Jimin sentia que os olhares o incomodavam. E sentia que Suga tinha receio.

Media demais as ações dentro daquela instituição.

E ainda haviam os dias em que Suga se ausentava das aulas, passava períodos inteiros ser visto pelos corredores e então voltava, com faixas nos punhos e hematomas pelo corpo.

Mesmo que esses dias não fossem tão constantes, ou tão longos quanto costumavam ser.

O ruivo cogitou perguntar sobre o assunto, mas temia que o mais velho voltasse a se fechar e o rejeitasse. Hoseok também pareceu cogitar a  ideia, mas selaram um acordo mudo, ele e Jimin. de que ainda não era a hora.

Ainda não faziam parte da vida do outro dessa maneira tão próxima.

Quando estivesse pronto, deixaria-os entrar.

Mas Jimin não conseguia deixar de se preocupar com o outro. Não conseguia deixar de sentir seu peito apertar todas as vezes em que Suga passava pela porta da sala de aula com se ainda estivesse só no mundo.

Ele não estava só.

Jimin estaria lá por ele.

Hoseok estaria lá por ele.

Até mesmo Jungkook estaria lá por ele.

Bastava apenas que Suga permitisse.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Já era o fim do último período.

Suga ainda não tinha aparecido.

E era uma sexta feira.

O dia deles.

Suga nunca mais havia faltado às sextas feiras.

Jimin havia lhe esperado na cerejeira. Minuto após minuto, observando as iniciais escritas na madeira, o sol forte  e o céu azul que prenunciava o verão. Pegou-se desejando correr em direção à estrada Dalmaji com o rapaz em seu encalço, para mostrar-lhe o mirante perdido que era, sem sombra de dúvidas, seu lugar favorito em toda a cidade.

Queria mostrar-lhe os lugares que ninguém alem dele conheciam ao longo do cais e, especialmente hoje, acompanhar o garoto em suas fugas da instituição de ensino.

Mas Suga não chegou.

Nem quando perdeu a aula seguinte esperando por ele.

Apenas quando Jimin cruzou o portão da escola e acenou para que seus amigos se aproximassem pôde ver o rapaz por quem tanto esperara, saindo da sala de enfermaria.

Uma das mãos enrolada em gazes e esparadrapos, os olhos pequenos que tanto gostava de observar maltratados por um corte no supercílio e um hematoma arroxeado próximo à pálpebra esquerda. Havia também algumas marcas avermelhadas, e Suga mancava, controlando a careta de dor, até perceber os olhos de Jimin presos em si.

O peito de Jimin se preencheu, tanto de felicidade quanto de dor.

O que havia acontecido com ele dessa vez?

Tinha medo. Mas precisava saber.

Ergueu os olhos em sua direção, mas o loiro apenas apontou para a saída e para os dois amigos que já se aproximavam de Jimin, fazendo sinal para que fosse embora.

O menor negou com a cabeça, suplicando com os olhos, como se precisasse falar com ele.

Precisava ao menos ouvir que Suga estava bem.

Quem sabe assim pudesse tentar acreditar.

Mas antes que pudesse fazer alguma coisa, foi arrastado para a confusão de Hoseok, que reclamava incessantemente sobre um teste surpresa aplicado em sala, e que, bem, aparentemente o ruivo havia perdido.

Jimin observou Suga sumir por entre o mar de alunos, com o coração apertado.

Suspirou.

Ainda que não fosse agora, o encontraria à noite e então saberia que tudo estava bem.

Esperava que estivesse tudo bem.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Suga havia faltado o trabalho.

O sol já havia desaparecido no horizonte há horas atrás, e Jimin ainda continuava hesitando.

Fizera o caminho tão costumeiro até a loja de conveniências antes mesmo que Hobi pudesse aparecer em sua casa, de tão ansioso.

Caminhou por ruas às quais não precisava realmente percorrer, só para que o horário fosse propício e para que pudesse sentar-se em sua pequena parte dos caixotes empilhados atrás da loja, enquanto Suga fumava um de seus cigarros e reclamava, de cara emburrada, sobre os clientes resmungões que apareciam vez ou outra.

Mas quando chegou à loja, ele não estava lá.

Jungkook olhou para o amigo mais velho de forma desconfiada quando percebeu o quão desnecessariamente mais cedo Jimin havia chegado, e apenas respondeu-lhe que o rapaz faltara – sem sequer, nas palavras ariscas de Jungkook, se dignar a avisar que não viria para o trabalho.

Para Jungkook, Suga era um mal educado.

Mas Jimin sentiu seu peito se apertar.

A primavera já havia chegado e sumia lentamente.

E Jimin não queria que Suga fosse como as pétalas que caíam no pátio com força total, mas que sempre acabavam sumindo logo depois, quando o verão resolvia chegar.

Não queria tê-lo como brisa de primavera, mas como parte do ciclo de todas as estações.

Das mais frias às mais quentes.

Jimin queria que Suga o acompanhasse nas viagens que fariam, todos juntos, para alguma outra cidade litorânea que não fosse Busan.

Quem sabe acampar juntos.

Passar um tempo em meio aos jovens loucos e bem vestidos de Seoul.

Mergulhar por entre as folhas amontoadas do outono.

Tomar um chocolate quente perto da fogueira quando o frio viesse.

Queria qualquer coisa, menos um adeus.

Enquanto fantasiava cenários horríveis e projetava suas frustrações em todas as falhas de comportamento para com o loiro que pudesse ter cometido, perdera a noção do tempo.

Ficou sentado, nos fundos da loja, correndo os dedos pela madeira dos caixotes recém entalhados com seu nome.

Cogitando a derrota e se negando a acreditar no que quer que pudesse simbolizar que realmente não representava nada para o menino mais velho.

Sequer notou quando Hoseok aproximou-se devagar, pé ante pé, e sentou-se ao seu lado, segurando uma garrafa de cerveja.

− Noite difícil?

Jimin sobressaltou-se, e jurou ter sentido seu coração falhar as batidas devido ao susto.

Seus olhos esbugalhados fizeram Hoseok rir.

Tudo fazia Hoseok rir.

− Yah Jung Hoseok! – o mais novo repreendeu, mas sorriu junto, encarando novamente a rua à sua frente, esperando o mais velho começar a tagarelar.

Eu passei na sua casa mais cedo. Ce não tava lá. – o moreno começou, dando um gole em sua cerveja e fazendo uma careta. – Nossa mãe, que marca horrorosa foi essa que Jungkook me disse pra comprar? Eca!

Jimin apenas rolou os olhos enquanto o amigo fingia vomitar, mas continuava bebendo. Riu um pouco de seu exagero, mas logo voltou a olhar para o nada.

Com o pensamento distante numa cabeleira descolorida que insistia em povoar, recentemente, todas as suas linhas de raciocínio.

Hoseok relaxou os ombros e expirou ruidosamente, só então parecendo se dar conta de que o amigo não estava realmente ali.

E parecendo perceber, ao mesmo tempo, em que mundo loiro e rebelde Jimin havia aportado.

− Eu também me preocupei com ele. – o mais velho o encarou, e ainda que o ruivo não olhasse diretamente para Hoseok, podia sentir seu olhar cheio de significados sob si.  – Eu vi quando ele chegou na enfermaria hoje. Até tentei falar com ele e perguntar que diabos tinha acontecido, mas Suga só me enxotou e me mandou cuidar da minha vida.

− Parece algo que ele faria. – Jimin concordou, deixando todo o ar sair dos pulmões num suspiro cansado.

− Suga não gosta que ninguém se envolva na vida dele.

Jimin riu, sem graça.

− Me conte uma novidade. Essa eu já sabia. Só achei que ele estivesse se aproximando.

O mais velho capturou o olhar triste do ruivo. Parecia adivinhar suas frustraçoes e tristezas. Park amava o amigo pela capacidade de saber exatamente o que Jimin sentia.

− Ei. Você não precisa ter medo de que ele suma ou algo assim. Suga não gosta que ninguém se envolva na vida dele, mas é  engraçado porque vive se envolvendo nas nossas vidas.

O mais novo arqueou uma sobrancelha, e só então focou seus olhos nos de Hoseok, pronto para ouvir uma explicação.

− Como assim?

−É simples. – fez uma pausa para tomar mais um gole de sua bebida, e fez outra careta antes de prosseguir. − Suga não quer que a gente saiba que ele se importa com a gente. Eu tenho certeza disso. Por exemplo, lembra da semana passada, quando você inventou de escalar a cerejeira do pátio com o Jungkook e caiu? –Jimin concordou, tentando seguir sua linha de raciocínio e rindo de si mesmo por ter sido tão imprudente e louco. – Então. Naquele dia foi ele quem praticamente gritou para que as enfermeiras fossem até o pátio porque “um idiota tinha caído da árvore”. Eu estava passando pelo corredor quando o vi fazer isso.

− Isso é... Uau. Quer dizer, eu nunca ia imaginar. Caramba.

− E lembra de quando eu perdi os meus livros novos pro exame da faculdade de dança? Cara, eu passei o dia chorando na minha cadeira. E eu lembro que o Suga saiu de sala resmungando algo sobre não aguentar ficar me ouvindo encher o saco com meus lamentos. – Jimin novamente concordou, lembrava-se claramente daquele dia e de como todos os outros colegas de sala, a exceção dele e do próprio Jung, acharam horrível da parte do loiro a forma rude como tratou o sofrimento do garoto do sorriso de sol e de risada mais solta.

− Sim, sim. Eu lembro. O que tem?

− Bem, o que tem é que no outro dia eu fui nos Achados e Perdidos, checar se encontrava alguma coisa e ele estava lá, resmungando enquanto remexia todas as caixas daquele lugar até encontrar os meus livros. Cara, eu só sei que me escondi e esperei. Ele só disse pro cara que cuida do lugar que aqueles eram os meus livros, que eram importantes e que “era bom que ele tirasse o traseiro da cadeira e arrumasse alguém pra entregar aquilo tudo pro garoto de risada estranha na sala três, que só faz chorar pelos livros". – Jimin demorou um pouco a processar todas as informações, mas , ao contrário do que era de se esperar, não demorou a digeri-las e aceitá-las. Podia ver no modo em que o garoto falava de dar nomes às coisas, de compor suas músicas, da calmaria do inverno, que não era alguém mau por natureza. Jamais acreditara que Suga pudesse ser assim. Conforme ouvia Hoseok falar, sentia seu peito esquentando novamente. Preenchendo-se de calmaria e esperança.

− Então você não acha que ele possa estar envolvido com alguma coisa perigosa, né? − questionou, mais como uma afirmação. 

Hoseok concordou com ele, terminando sua bebida e levantando-se, batendo a poeira das roupas.

−Eu não acho que seja provável que Suga seja de alguma gangue ou coisa assim. Por incrível que pareça ele é bonzinho demais. O que não quer dizer que não possa ter ninguém atrás dele. Alguém pode ter cismado com o garoto. E bem, se esse for o caso – Jung ergueu os punhos no ar, balançando-os de forma aleatória como quando eram crianças e enfrentavam inimigos amorfos e imaginários – Ele não tá mais sozinho. A gente pode ajudar com isso.

O ruivo olhou para o céu noturno de Busan, sorrindo e concordando com a cabeça.

Suga não estava mais sozinho.

Hoseok sabia muita coisa sobre o garoto loiro.

Jimin perguntava a si mesmo agora por que é que nunca percebera tudo que o amigo havia percebido.

Sempre fora muito avoado. 

E eu sei, leitor, que a premissa para um perfeito clichê é aquela em que o herói da história fecha-se para o mundo e age como um idiota, mas tem um coração amolecido e bondoso por dentro.

Este é o tipo clássico mais presente em histórias de romance, que mais aparece e que às vezes nos faz implorar por um pouco a mais de originalidade.

Por ser tão previsível. Por ser tão clássico. Por ser o que todos esperam.

O que ocorre é sempre igual,e  graças ao mocinho bondoso o coração do herói é resgatado e volta  a sentir a verdade na existência das coisas e o amor pela vida.

Tão comum que chega a me dar calafrios.

Não posso, no entanto, negar que essas são as histórias que mais gosto de ouvir serem contadas. Não posso excluir da natureza do ser humano essa mania insistente de esconder-se por debaixo de algumas frases rudes e olhares feios.

Não posso, no entanto, deixar passar que esta era exatamente a descrição de Min Yoongi.

Não contarei muito agora sobre isso, caro leitor, porque se o fizesse estaria apressando certos passos da história que lhes conto agora, e todos sabemos que as coisas caminham a seu próprio modo.

Espero, contudo, que desde o momento presente não diminuam o garoto Yoongi a um clichê problemático adolescente.

Que o entendam e que o deixem entrar.

Assim como Jimin fez.

Creio que o maior orgulho que tenho de Min Yoongi seja a fresta que assumiu ter.

Min Yoongi jamais deixou de ser calmo, preocupado, atencioso com todos ao seu redor. Jamais deixou de cuidar.

A presença, como havia dito antes, era combustível para a vida de Min Yoongi.

Temporais podem prenunciar calma e algumas presenças podem anunciar destruição.

Algumas pessoas e acontecimentos que carregamos dentro de nós podem aniquilar qualquer desejo de querer afeto, suprimir qualquer escolha que leve a um caminho povoado por alguém alem de si mesmo.  

E ao contrário de todo o velho clichê daquele que só se deixa tocar por alguém especial, Min Yoongi sempre esteve vulnerável. Aberto para o mundo. Forte em suas decisões de seguir em frente e de tomar as dores dos menores como se fossem suas.

Suas feridas ainda lhe doíam, ainda castigavam a mente  e ainda o faziam chorar, sozinho, à noite, na sala do piano.

Mas ainda que lhe doesse o corpo, jamais negara ser escudo para quem precisasse dele.

E ainda que o futuro não lhe parecesse tão bonito, fazia sempre do seu presente algo que iluminasse o futuro de alguém.

Era assim que vivia.

Foi por isso que, desde o início, mantive meus olhos em Min Yoongi, em sua pouca altura e no amor tão grande que havia sentido, e que ainda sentia, por aquele que povoara seu passado e atendia pelo nome de Kim Taehyung.

Bem, acho que é aqui que termino de trazer estas breves considerações sobre Yoongi.

Caso me prolongue mais, estarei causando problemas ao fluxo dos acontecimentos.

E ninguém gosta de ter o tempo se misturando e se perdendo, certo?

Certo. Continuemos então esta narrativa sobre como Jimin deixou-se perceber, aos poucos, que Yoongi também poderia ser casa.

E sobre como povoou seus dias e estações, até que algo mais gelado que o inverno cortou-lhes, sem dó, a linha do que deveria ter durado para sempre.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

“ai daqueles que se amaram
sem saber que amar é pão feito em casa
e que a pedra só não voa 
porque não quer

não porque não tem asa”

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


Notas Finais


YAAAAAAY!
Bem, pra quem leu a versão antiga, eu tinha feito uma noite bem detalhadinha deles todos saindo e tal, só que tudo acabou acontecendo rápido demais, os interesses se mostraram muito ligeiro pra pessoas que só sairam juntas uma vez, e que não conheceram uns aos outros. Eu queria que tudo acontecesse realmente aos poucos, que Jimin fosse conhecendo dia após dia e se apaixonando pouquinho a pouquinho por cada coisa que descobria sobre Min Yoongi. Achei esse capítulo importante porque deixa claro a amizade que os quatro foram construindo ao longo de vários e varios dias, de varias saídas e conversas e noites de bebedeira. MAS QUEM GOSTAVA DAQUELE CAPITULO, NÃO PRECISA FICAR NA BAD! Ele ainda vai acontecer. Lembrem que Jimin, Hoseok e Jungkook ainda estão numa noite de sexta e querem sair. risos. sfjanksdl,çagkm Eu só precisava fazer a relação deles ficar mais forte e se desenvolver mais aintes de colocar aquele cap.
É isso xuxus, deixem as opiniões de vocês aqui! Eu lerei todas, e vou responder os comentários maravilhosos de vocês no cap passado,. porque eu só consegui ler e chorar. absjfnaskldmakns Até o próximo!


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