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História Ameno ( Old Version) - XIII - Ausente


Escrita por: RunningDevil

Notas do Autor


VEI. EU JURO. QUE NÃO QUERIA. QUE FICASSE TÃO GRANDE.
DEUS DO CÉU, EU JURO QUE NAO QUERIA. absufkjlasfna
kkkkkkkk
TÃO PREPARADOS PROS TIROOOSSSSSSSSS NESSE CAPITULO??
Já tô avisando nas notas iniciais porque eu sou legal.
Não, eu não sou legal. kkkk
Gente, queria agradecer ao 148 FAVORITOS QUE AMENO TEM. De verdade. Eu digo isso desde o inicio, mas nao esperava nem 10 pessoas lendo a minha fic. Obrigada de verdade a todo mundo <3
Eu converso mais com vocês nas notas finais.
Aproveitem, porque eu fiz com muito amor.
(P.S: Eu nao betei, então se tiver algum errinho, me avisem <3)
BJBJ

Capítulo 14 - XIII - Ausente


 

“Tenho razão de sentir saudade,

tenho razão de te acusar.

Houve um pacto implícito que rompeste

e sem te despedires foste embora.

Detonaste o pacto.

Detonaste a vida geral, a comum aquiescência

de viver e explorar os rumos de obscuridade

sem prazo sem consulta sem provocação

até o limite das folhas caídas na hora de cair.”

 

 

 

 

 


 

 

 

 

Yoongi não era do tipo de pessoa que gostava de estar ao redor de outros seres humanos.

Essa pode parecer uma informação desnecessária a este ponto na narrativa, certo?  O leitor que pôde acompanhar de perto os passos do garoto durante algum tempo poderia concluí-la por si só.

A casa pequena, nada de telefonemas.

Uma árvore assinada para que fosse apenas sua e de mais ninguém.

A falta de qualquer desejo maior de interagir pelo que quer que fosse.

Tudo indicaria o comportamento de lobo solitário do rapaz que agora tinha Busan como sua terra.

No entanto, o leitor há de convir que é necessário pôr os pingos nos is, e clarear toda e qualquer coisa que pareça nublada, e que venha a atrapalhar a narrativa.

Então não, Yoongi nunca gostara muito da companhia de outras pessoas.

Apenas para deixar claro.

Seres humanos não podiam ser decodificados em nenhuma das fórmulas matemáticas que, intuitivamente, a contragosto e sem esforço algum, decorava, ou lidos nos símbolos musicais pelos quais tinha tanto apreço.

Como confiar em algo que não pode ser descrito em melodia e compasso?

Sempre gostara mais das partituras, negras no papel branco.

Sempre gostara do branco, da neve.

Da neve caindo lentamente, acumulando-se nas calçadas e bloqueando caminhos.  Sólida, palpável – ainda que machucasse um pouco a pele.

A neve era algo, tinha forma. E, se comparados à neve, os seres humanos eram como água pura, liquida, do tipo que tinha toda a fluidez no verão.

Impossível de se prever. Impossível de permanecer. Impossível de se manter de uma maneira apenas.  Adequando-se a qualquer recipiente, fazendo-se todas as formas só para que coubesse em tudo.

Yoongi nunca coube em tudo. Nunca conseguiu.

A neve transformava seus dias. Mantinha todos os outros dentro de suas casas, ligando aquecedores e reclamando do frio e de suas enormes contas de luz enquanto, finalmente a sós com as ruas da cidade, Yoongi desfrutava das calçadas, dos parques silenciosos, das pistas cobertas de branco, completamente vazias.

Em dias de neve é que podia se sentir parte do mundo, gelo que era.

Por isso era tão estranho, para alguém que sempre preferira o branco, o frio, o vazio, que fosse a quentura de um alaranjado outono quase sempre o seu destino final.

Era estranho que sempre fosse o laranja a pintar sua enorme tela alva.

 Entre todo o branco de Yoongi.

Entre os lençóis de sua cama um pouco gasta.

No meio de todas as suas partituras e folhas soltas pela sala.

No meio da bagunça de sua casa e do não-pertencer em sua vida.

No meio de tudo que gritava Yoongi.

Era estranho que fosse o laranja a pintar tudo aquilo com todo o seu potencial de cor quente e voz suave.

E era ainda mais estranho que fosse o laranja pela segunda vez consecutiva.

Min Yoongi não fazia ideia de como havia chegado ao ponto de ter Park Jimin em sua casa.

Em seu quarto.

Em sua cama.

 

-

 

Novamente ouvira as batidas insistentes dos galhos da árvore do quintal do lado de fora da janela. A brisa que vinha das frestas era suficiente para fazer do quarto um lugar de temperatura ideal – nem muito quente nem congelante. Ainda tinha os cabelos pingando, mas trocar as roupas molhadas por roupas secas já havia sido alívio para o frio.

Yoongi odiava tomar chuva. Tomar chuva implicava ter que correr até um lugar coberto – o que já era ruim o suficiente, considerando que o loiro sequer tinha energia para manter-se caminhando num ritmo normal –, ter  suas roupas encharcadas, chegar em casa pingando por todos os lados e ter de trocar de roupas, sentindo todo o frio de quem devia mover-se contra o vento que rodeava a pele molhada.

Sentir frio, em noites  chuvosas como aquelas, lembrava-lhe de estar sozinho, e não do jeito que gostava de estar sozinho.

Sentir frio lembrava-lhe da ausência.

Dele.

E, bem, ter Park Jimin e seus cabelos alaranjados observando a vista simples da janela de seu quarto não lhe ajudava muito a esquecer da primeira vez em que fora pego numa tempestade cor de laranja.

 

 

 

 

Taehyung costumava aparecer em noites como essa, Yoongi sabia, e por isso observava pacientemente a janela de seu quarto – já destrancada e semiaberta, como se soubesse que deveria dar o sinal de bem vindo para o ruivo no momento em que a avistasse.

Não que Taehyung precisasse de um sinal de que era bem vindo.

Ele apenas invadiria, como sempre. 

Enroscou-se mais nos cobertores, esperando que as árvores parassem de bater seus galhos no vidro, e observando a noite escura de primavera.

Sempre gostara do inverno.

Namjoon gostava mais do verão.

E Taehyung sempre dissera amar o outono mais do que qualquer outra coisa.

O outono lhe caía bem, Yoongi pensou, e riu, por estar pensando demais no ruivo. Já haviam sido duas vezes em menos de dois minutos.

Bem, não tinha como evitar. Já havia aceitado.

− Você não devia deixar essa janela aberta assim, hyung. Os ladrões podem entrar aqui.

Sorriu.

Era ele.

− Eu sabia que você viria.

Taehyung lhe abriu um dos seus sorrisos quadrados, os olhinhos amendoados perdendo-se em linhas de expressão e bolsas de cansaço abaixo dos olhos. Terminou de escalar a árvore na qual se apoiava e atirou-se para dentro do quarto do mais velho sem cerimônia, como se já tivesse feito dali sua casa.

Talvez fosse esse o caso.

Yoongi levantou-se rapidamente e conferiu a porta do quarto.

Trancada. Ótimo.

Depois olhou para o garoto e deu o melhor olhar sério que podia.

− Você faz barulho demais quando entra. Se algum dia acordar os meus pais, eu vou te chutar daqui.

Taehyung riu.

− Você não me chutaria pra longe nem se eu pusesse fogo na sua casa toda, hyung.

− Calado. – rolou os olhos e deixou que a sombra de um sorriso passeasse por seus lábios.

Taehyung tinha sido inventor e motivo de todos os seus meio-sorrisos.

Era sempre com ele que sorria assim.

− É a verdade. Ou vai dizer que não? – o ruivo andou até ele enquanto deixava escorrerem as palavras, numa falsa inocência que Yoongi conhecia bem. Rodeou seu corpo com os braços magrelos, e ainda que fosse muito mais velho, fazia o garoto moreno sentir-se minúsculo no abraço quente que, jamais admitiria, esperara a tarde toda para receber.

Maldito.

− Kim Taehyung, você anda convencido demais. – rolou os olhos novamente, e odiou o fato de ter que olhar para cima para que pudesse encontrar os olhos do mais novo.

Quando é que ele tinha crescido tanto?

Essa criança irritante...

− O problema se chama “Min Yoongi”. Você me mima demais, eu acabo desse jeito. Você sabe que é culpa sua.

Ah, sabia.

Era réu confesso.

Como poderia resistir a qualquer coisa que o outro lhe pedisse?

− Você tem que parar de usar essas coisas contra mim. Que droga. E é Suga.

Taehyung riu, novamente, e Yoongi viu-se rindo também, preso nos olhos castanhos, e no ciclo que sempre criavam − de deixar os risos escandalosos morrerem em sorrisos doces compartilhados no meio de um abraço que era só deles e que apenas os dois conheciam a fórmula. Depois de deixar os sorrisos falarem por si só.

Das testas acabarem por se encontrar. Das mãos acabarem chegando, depois de um dia longo de distâncias, finalmente em casa quando se uniam.

De ter de apertar Taehyung fortemente contra si, porque a realidade era fria e cruel, era dura e machucava os músculos mal desenvolvidos dos braços daquela criança.

Quando abraçava Kim Taehyung, o calor não lhe parecia ser tão mal. 

 

 

 

 

 

− Você tem certeza de que está tudo bem? Eu posso ir pra casa se quiser, eu só...

Jimin não pôde terminar, porque acabara atingido por uma toalha seca jogada em sua direção.

Yoongi revirou os olhos.

O que aquela criança achava que ele era? Irresponsável ou algo do tipo?

− Não vou te deixar sair na chuva, Park Jimin. A ideia de ir assistir o sol nascer foi minha, não foi? Eu me responsabilizo.

− Mas – Jimin tentou retrucar, mas foi atingido por um olhar gélido e apenas aquiesceu, agradecendo baixinho pela toalha seca e usando-a para secar os cabelos.

Francamente... era o que se passava na mente do loiro.

Como aquele baixinho havia parado em sua casa? Se fosse qualquer outra pessoa, não hesitaria por dois segundos antes de deixá-la seguir seu caminho, mesmo que estivessem no meio da maior tempestade da história.

Mas, bem, Park Jimin com certeza não era qualquer pessoa.

 Yoongi normalmente não convidava qualquer pessoa para assistir ao nascer do sol.

 Então, quando foram pegos pela chuva e alcançados por nuvens extremamente grossas que transformaram o que deveria ser a primeira hora da manhã num breu arroxeado de relâmpagos e pingos grandes, quando Yoongi ouviu do ruivo que sua casa ficava a mais de meia hora de caminhada debaixo da chuva grossa, apenas disse “venha comigo”, sem pensar muito.

Deveria ter pensado um pouco.

Jimin hesitara um pouco, Yoongi havia percebido. Também hesitaria se fosse ele.

Mas no fim das contas, apenas seguira o mais velho.

Ele queria que fossem amigos, certo? Amigos deveriam ajudar uns aos outros.

Sim, Isso o loiro sabia.

Suga sabia cuidar de alguém. Crescera aprendendo.

Não poderia deixar o garoto na chuva, sendo a sua casa a mais próxima do ponto onde estavam.

Não poderia deixar o garoto na chuva se quisesse ser seu amigo.

Tinha que assumir para si...

No fim das contas, queria ser algo como um amigo para Park Jimin.

Havia algo nele... algo que lhe trazia de volta os sorrisos.

Algo que lhe fazia querer sair à noite.

Algo que lhe fazia querer tentar.

Havia algo de Kim Taehyung, e ficar perto dele era como fingir que Kim Taehyung nunca lhe abandonara.

− As minhas roupas vão ficar um pouco largas, porque eu uso números maiores. São mais confortáveis. Mas devem servir.

− AH! N-não precisa se preocupar, eu estou bem assim. Posso esperar a chuva passar assim, não vai me matar.

− Não vai te matar pegar uma bermuda e uma camisa também, Park Jimin. Vai molhar todas as minhas anotações se andar pela casa molhado assim.  E eu não vou ser responsável por uma  gripe sua.

− Não vou ficar gripado. – fez uma careta, projetando um bico adorável, e pôs as mãos nos bolsos, como se não soubesse muito bem o que fazer com elas, mas precisasse dar-lhes um destino para que não revelassem seu desconforto.

Neste momento Jimin espirrou, soltando um som estranho e adorável. Yoongi riu, e estendeu as roupas secas novamente em sua direção, dando-lhe seu melhor olhar presunçoso de quem sequer havia se esforçado para vencer a batalha.

Já havia vencido. Há muito tempo.

O pequeno se encolheu ante o olhar de Yoongi, as bochechas grandes ficando levemente coradas, e apenas enterrou-se na toalha, pegando as peças estendidas em  sua direção e andando a passos largos em direção ao banheiro, fechando a porta atrás de si rapidamente para que Yoongi não pudesse vê-lo enrubescer mais ainda.

Parecia um filhote. Yoongi riu novamente.

Estar com Jimin era como estar com Taehyung.

Era bom.

 

 

 

 

 

“Taehyung passara por sua janela mais uma vez naquela noite. Perdera as contas de quantas vezes já haviam sido.”

Os olhos inchados, os machucados pelo corpo, os braços finos que abraçavam Yoongi como se dependessem daquilo.

Era sempre assim que ele vinha.

Vinha cheio da vontade de ser algo além do que planejaram para ele.

Vinha com medo do que quer que pudesse lhe acontecer, com o que quer que lhe pudesse perturbar a alma.

Vinha com suas cartas e frases mal feitas, letras de músicas com rimas pobres só para tentar expressar o quanto o amava.

Vinha em todo o esplendor que era o seu caos, em todo o medo de se tornar alguém digno de pena.

Intenso

Vinha.

E por mais apavorado que estivesse, Yoongi jamais teria pena.

 

“−Hyung, por que é que existem tantas pessoas cruéis?”

 

Ah, ele gostaria de saber, Taehyung. Gostaria de encontrar o cerne da crueldade e destruí-lo. Apagá-lo de vez.

Quem sabe assim não sofressem tanto...

 Quem sabe assim pudesse eternizar em seu rosto o sorriso quadrado que tanto amava.

Mas Yoongi não sabia.

Ele não sabia de muita coisa.

 

“ – Hyung, e  se eu for igual a eles? “

 

Você nunca seria igual a eles, Taehyung.

Era isso que Yoongi queria gritar toda vez que a dúvida lhe cogitasse consumir. Era tomá-lo no colo como fazia todas as vezes e dizer que não, não importava em nada o passado, as dores que lhe eram costumeiras, o destino que parecia prestes a lhe engolir.

Não importavam porque Yoongi estaria lá.

Estaria puxando-lhe para cima se a dor parecesse pesada demais.

Estaria consertando as partes quebradas de seu coração se qualquer pedaço teimasse em se desmantelar.

Estaria ali, desnudo de qualquer pudor frente ao mais novo, de peito aberto, ostentando como um troféu o amor que sentia, só para que pudesse fazer de si sua casa.

Nunca deixaria que se perdesse. Nunca deixaria que a escuridão tomasse seus pensamentos.

 

” – Hyung, mesmo se... mesmo se eu... Você promete não me abandonar?”

 

 

Nunca o abandonaria.

Mesmo que abandonasse a si mesmo no caminho, a cada passo que desse para mais próximo do abismo que insistia em puxar seu garoto.

Nunca deixaria que se perdesse.

Era disso que era feito.

Era feito da risada que conseguia arrancar do garoto com seu mau humor matinal e dos sorrisos que recebia quando se via envergonhado demais frente a qualquer coisa que o mais novo fizesse que lhe sugerisse a proximidade que dividiam.

Era feito das tardes de quando o ruivo decidia subir na caçamba do primeiro caminhão, berrando para que Yoongi o acompanhasse, só para que pudessem sair um pouco da cidade e ver o mar. Era feito da areia e do sal que se embrenhavam por entre os dedos, das estrelas que contava e que dava, uma por uma, ao garoto que lhe pedia a liberdade do céu.

Era feito da exceção de manter-se de cabeça baixa para todos, de nunca ouvir ninguém, de sempre estar em seu canto, mas sempre levantar os olhos para o sorriso quadrado que lhe abria e lhe pedia para que observasse o mundo. Para que observasse a beleza.

Era feito de amor. Era preenchido pelos olhos amendoados e expressivos que lhe diziam que não precisava de mais ninguém na vida, que estaria bem enquanto fossem dois, enquanto fossem. Juntos.

Era feito de permanência, e por isso não poderia partir.

Isso, é claro, não significava que todos os outros também o eram.

Não significava que Taehyung nunca partiria.

Porque partira. “

 

 

 

 

 

Jimin realmente ficara absurdamente engraçado em suas roupas.

Tivera de rir quando vira o outro sair do banheiro. A bermuda cabendo, justa, em suas coxas grossas, e a camisa que poderia engoli-lo sem que faltasse espaço para mais um dele ali dentro lhe deixavam extremamente gozado.

Jimin lhe fuzilou com o olhar – da melhor maneira que podia enquanto era consumido por uma vergonha incandescente, e Yoongi apenas limpou as pequenas lágrimas dos cantos dos olhos e, gradativamente, parou de rir, deixando que a alegria momentânea permanecesse na face, exposta num sorriso leve.

 Jimin sorriu também, e Yoongi não saberia dizer o porquê.

De alguma maneira, o sorriso largo que encolhia seus olhinhos amendoados lhe fazia querer permanecer sorrindo. Os olhinhos eram a parte mais engraçada em Park Jimin. Faziam uma curva engraçada, como um “s”, antes de terminarem em cílios grossos nos cantos do rosto.

Não conseguia se lembrar de mais alguém que tivesse olhos assim.

Nem conseguia se forçar a amassar contra o corpo a pontadinha que lhe subia pelo peito, irradiando um fino sentimento de afeição.

Sim, quando Jimin lhe sorria, lhe sorria com afeição.

E essa era uma das melhores partes de ter Park Jimin consigo.

Sentia-se alguém.

Havia algo além dos cabelos alaranjados, da cordialidade, dos exageros, dos desastres daquele garoto. Algo que Yoongi – algo que Suga – gostava de ver.

− Então... Você quer tomar banho ou algo assim? Eu esqueci de te perguntar.

Jimin pareceu tomar para si toda a vergonha existente em Busan e negou com a cabeça diversas vezes – e com uma velocidade totalmente desnecessária −, fazendo os pingos que encharcaram seus cabelos durante a chuva repentina se espalharem pelo quarto do loiro, molhando algumas folhas de patitura.

Yoongi respirou fundo. Park Jimin era um pequeno prenúncio do caos.

Atirou mais uma toalha em sua direção antes que acabasse com seu quarto encharcado, com  seu quarto arruinado e com seu trabalho destruído.

Antes, também, que Jimin pegasse um resfriado.

 

 

 

 

 

“ − Kim Taehyung, pare de ser um bebezão e tome essa porra de remédio!

− Yoongi-ah! Ele tem gosto ruim!

Rolou os olhos, fazendo menção de levar a colher de sopa transbordante do líquido âmbar mais uma vez aos lábios do mais novo, mas este apenas atirou-se na cama, enterrando o rosto nos lençóis atrás deles, balançando a cabeça diversas vezes em negação.

Droga. Jamais teria filhos.

Yoongi realmente odiava lidar com crianças.Ainda mais com crianças crescidas de quinze anos, fazendo manha para tomar remédio depois de correrem a madrugada inteira na chuva.

− Kim Taehyung! – gritou irritado, franzindo o cenho.− Eu não dou a foda pro gosto!  Você tá doente e vai tomar isso, ou eu te expulso do meu quarto pela janela de onde cê veio.

O ruivo levantou o corpo num impulso só, e pôs-se face a face com Yoongi, encarando-o profundamente com aqueles enormes olhos castanhos.

Ah, os olhos...

Yoongi escreveria mil cantigas, e poesias, e sonetos, se pudesse.

Gravaria em cada pedaço de papel, fabricado em cada canto dos cinco continentes.

Desenharia histórias épicas e faria ressoar baladas inteiras.

Todas sobre aquele maldito par de olhos.

E ainda assim, não seria suficiente.

− Yoongi-ah... – o ruivo aproximou-se, o corpo extremamente próximo.

Quando falava daquele jeito, sabia o efeito que causava.

Sabia bem que incandescia Yoongi.

Sabia que não havia mortal capaz de sobreviver à tempestade.

O coração do Min falhou uma batida.

− É Suga, Kim Taehyung. – corrigiu baixinho.

E corrigiu baixinho porque não tinha forças para fazê-lo em voz alta.

Porque não tinha forças para realmente repreendê-lo por nada que fizesse.

Porque não diria não.

Não enquanto os dois buracos negros que eram seus olhos lhe sugavam da forma que faziam.

Não enquanto seu nariz, reto e bem desenhado, aproximava-se descaradamente do seu.

Não enquanto podia sentir a respiração constante de Taehyung atingir seus lábios.

Não enquanto fosse ele a desbravar suas fronteiras e limites, da forma que mais ninguém conhecera além dele.

Como se fossem feitos de musica, e na musica formassem a harmonia ideal num palco armado apenas para os dois, expondo ao mundo que tinham naquele quarto a melodia da voz de Taehyung,

Seus olhos,

Sua tempestade,

E Yoongi.

Que era apenas poça d’água onde antes deveria existir gelo.”

 

 

 

 

 

− Vamos jogar alguma coisa.

Yoongi o encarou, uma careta de duvida no rosto.  Jimin balançou-se nos calcanhares, abraçando os joelhos e pousando o olhar na chuva que caía ao redor, mas que não os atingia. Estava ansioso, o loiro percebera.

Deus, será que o Park não conseguia passar um minuto sequer quieto?

− Tá muito silêncio.

− Silêncio é bom. – Yoongi respondeu, jogando a frase no ar. Jimin bufou.

− Como esse tipo de silêncio pode ser bom? É sufocante!

− Park, a culpa não é do silêncio. – o mais velho olhou-o – você é que fala demais.

A face chocada de Jimin fez Yoongi rir. Sob os diversos “Yah!” e protestos do garoto ruivo, contorceu-se no chão da varanda de tanto rir. Jimin até tentou manter uma pose séria, mas Yoongi sabia, só de olhar em seus olhos, que não conseguiria controlar o riso por muito tempo.  Acabou rindo do papel de ridículo que o mais velho fazia, rolando no chão e gargalhando às custas de seu rosto vermelho e irritado e de seus resmungos desconexos envolvendo as diversas outras qualidades que poderia possuir, ainda que fosse um pouco tagarela.

− Você é engraçado, Park Jimin.

O ruivo capturou seu olhar, e sorriu, aproveitando o momento de leveza.

− E o senhor, gênio terceiranista Min Suga, sabe rir. Quem diria, huh? – Jimin ouviu um “cale a boca resmungado vindo em sua direção, mas já não seria possível identificar qualquer traço de hostilidade nas palavras do mais velho. Não havia hostilidade.

Yoongi não queria que houvesse.

A varanda não era exatamente o melhor lugar para se estar naquele momento, mas era lá que se desenrolava toda  a interação entre o ruivo e o mais velho.

Decisão do Park. Quem era Min Suga para contrariar?

Além disso, poderia fumar seus cigarros em paz, sem ser incomodado pelos vizinhos por conta do cheiro ou da fumaça que atravessava a fresta da porta principal até o corredor do pequeno aglomerado de casas.

E era exatamente isso que estava fazendo agora.

Fumava seu cigarro, sentado no chão com as pernas cruzadas e as costas apoiadas à parede enquanto, ao seu lado, Park Jimin abraçava os joelhos e esquentava-se como podia, esfregando as mãos uma na outra, esperando que o sol nascesse.

Não veriam muita coisa dali – não com aquela chuva, ou com os prédios, que encobriam todo o horizonte visível.  Yoongi dissera-lhe todas essas coisas.

Mas Jimin apenas sorrira, dizendo não haver problemas.

“Quando o horizonte fica todo bloqueado assim, eu penso que o horizonte é o  que está acima do bloqueio. Assim sempre vai haver um horizonte, e eu sempre vou poder olhar pra frente sem medo de estar perdendo alguma coisa,” o ruivo disse a Yoongi e apenas rumou para  a pequena varanda, jogando-se no chão de qualquer jeito.

Lembrava-se de ter sorrido quando Jimin lhe virou as costas.

Era um bom jeito de se pensar.

Talvez, por não saber exatamente  o que fazer, Park Jimin fosse a pessoa que mais sabia o que fazer.

Confuso, leitor? Sim. Mas da mesma forma que se brotam as plantas intuitivamente, e intuitivamente crescem em árvores frondosas, um dia de cada vez, assim parecia ser Jimin.

Mesmo que não tivesse consciência disso, ele vivia.

Estava vivo.

Era possível sentir a vida em Park Jimin a metros de distância.

Se ao menos ele se desse conta...

− Certo, Park. – cruzou as pernas novamente, uma por cima da outra, e apagou o resto do cigarro na madeira debaixo de si. – Vamos jogar. O que você sugere?

Jimin o observou com surpresa, quase como se não acreditasse que realmente estava recebendo tanta abertura por parte do garoto.

Mas, ei.

Não era como se Yoongi realmente soubesse o que estava fazendo.

Ele apenas fazia.

Perguntou-se por um momento se Jimin não se sentia incomodado pela bagunça de seu apartamento, mas logo riu da ideia.

Por que se preocupar justo com isso?

Jamais se importara com a bagunça de seu quarto, de sua casa

Ou de sua vida.

− Eu não faço ideia do que jogar. – confessou, sincero, rindo – não achei nem que fosse aceitar.

− Ei. Eu não sou o Jack, o estripador, ou algo parecido. – Yoongi disse, relaxado, buscando mais um cigarro na carteira, e acendendo-o com o isqueiro prateado de Jimin. – Eu gosto de me divertir. Só tenho uma ideia diferente de diversão.

− Que seria fumar dez cigarros por dia e esvaziar garrafas de soju na sala de jantar? – Jimin questionou. Yoongi riu.

− Não era exatamente nessa parte de diversão que eu tava pensando, mas se encaixa bem, também.

O ruivo acenou positivamente com a cabeça, pensando.

Então socou a palma da mão, como se tivesse tido a melhor das ideias, e virou-se para Yoongi bruscamente, e estranhamente animado.

− Hyung! Vamos ter direito a cinco perguntas. A verdade e somente a verdade.

O que?

Isso era...?

− Duas coisas. A primeira delas: Hyung? – franziu o cenho, como se a palavra soasse um tanto estranha aos seus ouvidos – e a segunda: Park Jimin, você está realmente tentando me arrastar pra um jogo de Verdade ou Consequência? Olha, não vai ser tão fácil pra me deixar nu, se você tá pensando que−

− O QUE? NÃO! NÃO!  Ah meu deus, não era pra ser um jogo com c-consequências desse tipo! Na verdade, sem consequências! Nada de consequências.

− É realmente fácil te fazer surtar, Park. – Yoongi riu mais. – Certo. A verdade.

− A-a verdade.  – Jimin se recompôs, mantendo a postura subitamente ereta, como se estivesse esperando muito por aquilo.

− Cinco perguntas, não é?

− Cinco perguntas.

− E se alguém se recusar a responder?

− Vamos fazer assim: se o assunto for delicado demais, nós podemos pular a pergunta. Mas só uma vez.

Yoongi pensou.

Isso poderia ficar interessante.

− Certo.

− Ok! Você pode começar! – Jimin disse, sorridente.

O loiro sequer hesitou.

− Você  e o cara de coelho são namoradinhos?

Mas é claro que não eram. Yoongi sabia. Podia perceber quando um alguém estava interessado em outra pessoa. Podia perceber muito bem.

Sabia que o garoto alto estava segurando sentimento profundos demais para fazê-lo explodir a qualquer momento, a forma com que cuidava do Park era quase palpável, quase tomava corpo.

E sabia que Jimin não estava correspondendo àquilo, pelo modo com que não se importou em nenhuma das vezes em que o mais novo do grupo flertava com alguém, ou aceitava algum agrado de desconhecidas e desconhecidos, só para provocá-lo.

Por que diabos perguntara isso, então?

Estava... curioso? Sim. Curioso.

− Eu e o Jungkook? – Jimin riu, um riso um tanto nervoso. – Não. Não somos nada disso. Jungkook é meu irmãozinho. Ele é a pessoa que segura a minha mão esquerda quando fica com frio. Hoseok é quem segura minha mão direita.

Pobre Jungkook. Estava arruinado.

Prendeu um sorriso que, inconscientemente, tentara escapar, e manteve-se relaxado, o cigarro indo aos lábios vez ou outra.

− Ele gosta de você. Por que você se faz de burro e finge que não sabe?

Jogou a cabeça para o lado, tentando ver melhor o rosto de Jimin. Pôde perceber, mesmo com a má iluminação da varanda e a falta do sol que ainda não nascera, que enrubescia e apertava as mãos em punhos.

O ruivo permaneceu em silêncio por alguns segundos, como se ensaiasse suas falas mentalmente, e então virou-se para Suga, com um sorriso de orelha a orelha.

− É a minha vez de fazer perguntas, Min Suga − O Min revirou os olhos, e Jimin apenas disfarçou o total desconforto pela pergunta anterior. – Por que os machucados?

− Eu brigo muito. – Jogou no ar. – Minha vez: Por que você se faz de burro e finge que não sabe que ele gosta de você?

− Ei! Você não pode responder assim! – Jimin retrucou.

− É claro que eu posso, é a verdade.

− Mas não é assim que se joga!

− E é você quem faz as regras agora? – Perguntou, exaltado.

− Claro que sou! Eu decidi o jogo!

− Então a gente tem que detalhar todas as verdades?

− É a ideia. Porque aí a gente vai saber coisas um do outro, e poderemos ser amigos mesmo.

Yoongi o encarou.

Ele realmente era inacreditável.

− Certo. – respirou fundo, contando de um a três. Estava enferrujado nessa de contar coisas sobre si. Era uma situação estranha, desagradável, sufocante. Parecia estar se expondo e, mesmo que quisesse confiar em Jimin, não estava cem por cento seguro.

Seria sempre um salto no escuro. Mesmo que nos digam que o para quedas irá se abrir, o medo de cair às vezes fala mais alto.

− E então? – Jimin perguntou mais um vez, fazendo Yoongi sair de seu pequeno transe.

− É realmente a verdade. – encostou a cabeça na parede e escorregou um pouco o corpo para baixo, expirando e expelindo a fumaça do cigarro no processo−  Eu brigo muito. Normalmente com caras maiores e com mais experiência em luta do que eu. Eu não sou a definição de um lutador, como você pode perceber. – riu sem graça.

− E por quê é que você briga?

− Eu não sei, Jimin. Eu brigo por mim. Pra sobreviver. – era doído falar sobre qualquer uma dessas coisas. Era doído porque tudo tinha gosto de saudade, tudo tinha um pouco de laranja, tudo tinha uma pitada de Kim Taehyung. – Por favor, não me pergunte mais nada.

Tudo tinha um pouco do  futuro que fora roubado das mãos de Yoongi.

Jimin permaneceu em silêncio, e Yoongi estranhou que não lhe perguntasse mais nada, que não ficasse irritado ou que exigisse explicações.

Ele apenas... compreendeu.

Seu peito se aqueceu um pouco acima do usual naquele momento.

Compreensão. Foi o que encontrou nos olhos de Jimin.

Naqueles olhos bonitos. Calmos. Amenos.

Se Yoongi soubesse, talvez atirasse o telefone ali mesmo na chuva, deixando que se espatifasse com a queda ou que fosse inundado pela água lamacenta.

Se soubesse, talvez pudesse adiantar as coisas e ter mais tempo ao lado de Jimin.

Se soubesse, talvez tivesse encostado-o contra seu peito naquele exato instante e, mesmo que soasse precipitado, teria dito-lhe o quanto de amor possuía em seu peito gelado que pertencia somente a Jimin.

Se soubesse...

− Eu respondi sinceramente. – Yoongi ergueu uma sobrancelha. – Você me deve uma resposta.

− Eu...

− Vamos, Jimin. Por que enganar aquele pobre rapaz?

− Eu não- − cortou a própria fala, tentando manter a calma. Respirou fundo e, encarando Yoongi muito seriamente, expirou, explicando o que parecia ser o limite do que poderia explicar. – Jungkook sabe que nada irá acontecer. Ele sabe disso, Hoseok também sabe disso. Eu tento agir como se não houvesse nenhuma tensão, porque é só assim que o Jeon consegue lidar com a situação. – respirou fundo, como se realmente lhe doesse, e Yoongi sentiu também um corte na superfície de seu coração – Se ele precisa que eu finja, eu fingirei, Suga. É uma questão de prioridades. Se minha infelicidade for fazê-lo viver, então eu serei infeliz. Se eu sou o que causa dor a ele, não é justo que ele sofra sozinho. Então se eu preciso ir pra guilhotina, que eu vá silenciosamente, sem que ele saiba.

Não sabia o que dizer ao garoto.  Honestamente, nunca havia encontrado uma pessoa assim.

Apenas havia sido.

Havia anulado a vida inteira, carregado a dor para que outros não sofressem.

Havia levado socos, tapas, chutes, pontapés.

Tudo para que a dor não fosse grande para aqueles que amava.

Havia ido para a guilhotina.

Matara Min Yoongi há muito tempo.

Min Yoongi era mole demais.

E ele precisava ser duro para que o mundo não o despedaçasse.

Precisava ser Min Suga.

Precisava ser Agust D.

E Park Jimin?

Park Jimin não era como Kim Taehyung.

Ou como Suga.

Era como Min Yoongi.

Era como Park Jimin.

 

 

 

 

 

 – Eu já te falei, Namjoon, eu não vou mais ficar de boca fechada enquanto vocês dois passam por tudo que passam! Taehyung está se partindo aos poucos, Namjoon, e você ao menos  vê isso??

Cacos de vidro quebrados no chão.

Namjoon socara o espelho.

− E você acha que eu já não sei, Suga? Você acha que eu não to pesando nele? Merda, tudo que eu faço é pra que eu e o Tae possamos finalmente viver em paz! Você acha que eu não sei que isso tudo tá afetando ele a ponto de ele não aguentar mais? Você acha que eu não sei que tá te afetando também??

− Me afetando? Namjoon, eu to bem! É o Taehyung que precisa de-

− Yoongi, pelo amor de deus, se escuta! Olha pra você, olha pro seu rosto!  Olha o que acabou acontecendo com a sua vida! Você quer ajudar tanto o Taehyung que não se importa de destruir a si mesmo no processo. Você fala de amor nas musicas que compõe, mas eu só vejo dependência. Dependencia e dor. Qual foi a última vez em que você esteve verdadeiramente feliz, Yoongi? Hm? – o garoto de cabelos escuros fitava, pasmo, o amigo que lhe atirava as palavras, as lágrimas teimando em brotar, ainda que as segurasse  com sua vida – Quando foi a última vez que você foi pra casa? Você não pode consertar todo mundo, Yoongi, e você sabe disso.  Se não conseguir dar um rumo pra sua vida, se não consegue se ajudar, como vai conseguir ajudar alguém?

− Namjoon...

− Você não pode salvar todo mundo, Yoongi. Nem pode se desligar de si mesmo.”

 

 

 

 

 

− Comida favorita?

− Carne. Qualquer tipo de carne está de bom tamanho. Carne é a melhor invenção do ser humano.

− O ser humano não inventou a carne, hyung.

− Calado, Park. É a minha vez – pensou por alguns segundos, enquanto Jimin ria da resposta simplista e bem dada. Já conseguiam ver o céu claro da manhã e o sol que anunciava sua chegada por detrás dos prédios e nuves da chuva que continuava, fininha. – A melhor estação do ano.

− A primavera.− respondeu rapidamente, deixando Yoongi surpreso. Pareceu ter percebido, porque riu um pouquinho e se explicou − Tudo fica melhor na primavera. As pessoas ficam mais felizes pelo fim do período de frio, os doces são os melhores. E as flores de cerejeira são as favoritas de Seokjin. São cor de rosa e muito bonitas. – Jimin sorriu e bocejou, sendo tocado pelos primeiros raios de sol que se atreveram a transpor a barreira de concreto da cidade, encolhendo-se mais e mais ao lado do mais velho.

− Seokjin? – Yoongi perguntou, curioso. Conhecia alguém com esse nome.

− Ah, um velho amigo.

A voz de Jimin saíra fraca. Provavelmente cairia no sono em alguns instantes. O loiro sorrira ao lembrar de quando Jimin terminara por dormir recostado na árvore e acabara encostado em seu ombro pelo resto do período de aulas.

Era uma situação parecida.

Com cuidado, deslizou no chão lentamente e pôs o braço ao redor dos ombros do garoto quase adormecido, ajeitando-o para que pudesse descansar a cabeça em seu ombro com da primeira vez.

Jimin, no entanto, acabara por se mexer e prendera o braço de Suga contra suas costas e a parede, aninhando-se em seu peito e ressonando levemente, demonstrando que já havia adormecido.

Yoongi ficou estático. O que diabos deveria fazer com aquele garoto praticamente em seu colo?

Riu sozinho.

Jimin era sim, sem dúvida nenhuma,  um pequeno prenúncio do caos.  Punha Yoongi nas situações mais inusitadas, desejando fazer coisas das quais já havia esquecido completamente a existência e levando-o a cometer os mais graves crimes contra seu próprio código de convivência em sociedade. Era tagarela, irritante, empolgado até demais,e  tinha o dom de invadir seu espaço nos momentos mais inoportunos.

Era divertido viver com Park Jimin.

Ainda que fosse um tanto doloroso para seu braço algumas horas depois,

Algo lhe dizia que Jimin valia a dor.

Jimin valia a pena.

E Yoongi estava disposto a deixar que doesse.

Deixar que queimasse, fosse a chama da cor que desejasse.

 

 

 

− Namjoon? – Yoongi correu a mão livre até o bolso do casaco militar e atendeu o telefone com um pouco de dificuldade.

Jimin moveu-se no sono,  soltando alguns grunhidos e barulhos estranhos.

Riu novamente. Ele parecia relaxado.

Parecia que nada no mundo poderia perturbar Jimin ali, mesmo que a posição não fosse a melhor de todas, o chão estivesse gelado e o sol incidisse diretamente sob a varanda, machucando os olhos.

De uma próxima vez, avisaria a Jimin que era destro e que, se quisesse prendê-lo em algum lugar, que prendesse seu braço esquerdo.

Namjoon demorou para responder. Yoongi estava de bom humor, então apenas decidiu esperar enquanto o amigo resolvia o que quer que tivesse para resolver com a pessoa do outro lado da linha. Pôde ouvir a respiração de Namjoon ficar mais pesada, como se precisasse acalmar a si mesmo antes de dizer qualquer coisa.

Temeu pelo amigo.

− Nam? Cê tá bem?

− Yoongi...

− Suga, cacete. – riu para o amigo, que ainda respirava fundo.  – Namjoon? Aconteceu alguma coisa?

Yoongi, isso é sério. – Namjoon pausou a frase, como se tivesse medo.

Ah, sim. Medo.

Se soubesse, não teria atendido aquele telefonema.

− O que aconteceu? – perguntou uma única vez, movendo-se ansioso,e  fazendo Jimin despertar por um momento de seu sono.

Dando-lhe aquele olhar bonito.

Dando-lhe aquele olhar fácil.

Dando-lhe aquele olhar ameno.

Definitivamente gostava do olhar de Jimin.

− Nós o encontramos. – do outro lado da linha, o mais velho atirou de uma vez, fazendo o coração de Yoongi falhar uma batida.

− O que?

− Taehyung, Yoongi. Ele está aqui.

 

 

 

 

 

 

 

“Tenho razão para sentir saudade de ti,

de nossa convivência em falas camaradas,

simples apertar de mãos, nem isso, voz

modulando sílabas conhecidas e banais

que eram sempre certeza e segurança.

 

Sim, tenho saudades.

Sim, acuso-te porque fizeste

o não previsto nas leis da amizade e da natureza

nem nos deixaste sequer o direito de indagar

porque o fizeste, porque te foste.”


Notas Finais


PAPAPUUUUUUM AFBANSJDBS
PORQUE EU GOSTO DE IR ASSIM, FEITO UMA METRALHADORA.
O Poema se chama "A um Ausente", e é do Drummond.
E eu ja disse isso, mas vale repetir: Eu sei que o Nam é mais novo que o Suga, e eu sei que eu disse que gosto de ser bem realista nas fics, mas eu sempre o vejo como um paizão, então na minha fic ele é mais velho.
afbasijnd ces gostaram? Venham conversar comigo no Twitter <3 ( @yoongi_genius) e aproveitem pra panfletar pros migos a famigerada fic <3 kkkkkk Obrigada pelo apoio a ameno, de verdade. Vocês são muito muito especiais.
TÁ FICANDO BOOOM ABFNAJSN
E agora? O que ces acham que o Yoongi vai fazer? Como vocês lidaram com os flashbacks? E com a relação dele com o Chimchim? <3 quase cancelamos o famigerado por do sol, hein? kkkk ainda bem que existem as varandas, amém.


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