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História Ametista - 1


Escrita por: eianasouza

Notas do Autor


Oi gente! Essa é a primeira fic da Seleção que eu realmente posto, então espero que gostem!!

Capítulo 1 - 1


 

A brisa morna daquele dia me fez acordar meio mole. Talvez o fato que a primavera acabara de começar tinha algo a ver com isso.

Em geral, eu não gostava da primavera. A fome era mais escassa no inverno, de fato, e era mais fácil de se trabalhar na primavera. Mas eu nunca fora fã do sol e o único atrativo da estação eram as flores, quais eu sou alérgica.

Diferente de mim, Emerald tinha um sorriso de orelha a orelha estampado no rosto. Felizmente Eme não passava pelos problemas que nós – as mais velhas da casa – precisávamos passar.

Papai tinha falecido a cerca de três anos e tudo piorou quando Alex e Jaspe se casaram, diminuindo a nossa renda – que não era grande.

Jaspe ainda morava nas redondezas. Mas o marido de Alex havia a levado para Ottaro, ela virara uma três e eu não podia estar mais feliz por ela.

Empurrei Emerald com cuidado, e mesmo assim ela reclamou quando deu de encontro com o chão.

— Pra que tanta agressividade, Metis?

Eu ri.

Logo ela se retirou para que eu pudesse me trocar.

Economizaria meu banho para depois do serviço. Então apenas vesti meu jeans surrado e minhas costumeira botas velhas.

Apesar da situação do país ter melhorado após o reinado do rei Maxon, as coisas continuavam precárias nas províncias mais pobres de Illéa.

Ao descer para o café da manhã – que nunca passava de um pão e água – vi Emerald eufórica, normalmente ela só ficava assim nas raras visitas de Alex.

Um papel com um fio dourado reluzia em sua mão, o que me deixou curiosa. Nunca recebíamos correspondência desde o falecimento de meu pai, e muito menos algo fino e tão elegante como aquilo.

— O que é isso? – A voz pouca esganiçada da minha mãe surgiu da cozinha, sua voz costumava falhar quando estava curiosa e isso geralmente acontecia.

Ela pegou o papel da mão de Emerald antes que eu o fizesse.

Ela se demorou em abrir a carta o que me deixou nervosa.

— Sra. Osmont, informamos que há meninas entre 16 e 20 anos em sua residência. É um prazer convida-la(s) a se inscrever na Seleção do príncipe Ewan, o sucessor ao trono de Illéa. – Ela cantarolava, as palavras ficando cada vez mais abafadas por um gritinho enquanto se aprofundava na escrita da carta.

Eu havia me esquecido do primogênito real, mais achava que ele fosse esperto o suficiente para encontrar uma esposa antes de precisar recorrer á humilhação da Seleção.

Pela animação estampada no rosto das duas castanhas a minha frente, percebi que era a única que pensava isso.

— Não vou me inscrever. – Logo as cortei. Sequer tentar uma vaga na seleção ia contra todos os meus princípios.

— Por que? – Mamãe parecia desapontada demais para me olhar nos olhos. Mas logo me encarou, como se fosse me convencer apenas com o olhar – Essa pode ser a melhor chance de nos tirar dessa vida.

Pode ser. Desde que começara a trabalhar para ajudar a minha mãe, essa palavra estava extinta do meu vocabulário. Não poderia haver um "pode ser", eu tinha que ter plena certeza.

Plena certeza que haveria dinheiro o suficiente para nos alimentar no inverno, já que minha mãe não podia trabalhar pois o frio lhe tirava benefícios por causa da idade, isso nos custava dinheiro a menos.

— Além disso, eles nos mandariam dinheiro enquanto sua estadia durasse.

Minha estadia nunca duraria. Aquilo não era nem plausível, eu era uma Seis, e eles nunca me selecionariam.

Eu neguei, estava atrasada para o trabalho.

— Seu pai...

— Já chega! – Minha mãe conseguia ser baixa, mas usar meu pai contra mim era abaixo disso. Eu sempre fui mais grudada nele e aquilo me machucava, mesmo fazendo tanto tempo.

Disse que precisava ir antes de lhe dar um beijo na testa e sair.

Eu sempre passava pela praça central, antes de chegar a casa de uma Dois que me empregara. Hoje particularmente, a praça estava cheia.

Enquanto passava pela aglomeração feminina, me perguntei se elas não tinham nada melhor para fazer do que passar seu tempo indo atrás da coroa, porque era isso que elas queriam.

A coroa. Soava tão melhor quando não significava apenas dinheiro e poder. Nenhuma delas ali procuravam realmente por amor, lógico, ele era um bom partido e se apaixonar por ele era uma vantagem – ou não.

Estava na cara o que a realeza queria. Abaixar um amontoado de pó que ainda crescia no coração do povo de Illéa. Desde a morte do rei Clarkson todos passamos por um luto intenso – principalmente as castas menores – não só por causa de sua morte mas sim pelo roubo do documento que extinguiria as castas.

Os rebeldes Sulistas nunca se contentaram apenas em acabar com as castas, eles queriam mais, queriam acabar com a monarquia, queriam uma democracia onde eles nos governariam como se fossemos fantoches, na verdade queriam uma ditadura.

Não haveria acordo com os Nortistas sem o documento, apesar disso nossa aliança com eles ainda permanecia firme e forte.

Eles estavam tentando jogar a sujeira para debaixo do tapete, fazer as pessoas acreditarem que estava tudo bem, a ponto de fazer uma Seleção, algo tão fútil. Talvez acreditassem, os alienados e mesquinhos, como essas animadas para serem princesas, mas eu não.

Não demorou muito para que eu chegasse no trabalho.

Meus olhos cansaram só de ver os produtos para limpeza.

Era domingo, e apesar de não ter nada para fazer, eu queria apenas estar jogada na cama.

O tempo pareceu passar devagar. Cada esfregão que eu dava parecia ser apenas milésimos. Fazia mais de duas horas que estava limpando aquela casa, e ainda não tinha passado dos quartos e da cozinha.

A casa era enorme, o que resultava em três salas – também enormes. Uma para que pudessem ler, o que eu duvidava muito que faziam. Uma para que jantassem, era composta apenas por uma mesa, mas o que dava preguiça só de olhar era o lustre. Mas sem dúvidas, o lugar mais difícil de limpar era a sala de estar, com mínimos objetos que eram desnecessários, apenas para a decoração.

Eu tinha ordens diretas: Limpar e lustrar todos aquele objetos.

Eu não sabia o que fazer. Nunca seguia uma ordem cronológica de limpeza, mas me parecia ser mais lógico deixar a sala de estar por último.

Entrei na biblioteca, um cômodo fácil de limpar, como eles nunca liam eu apenas passei um pano por cima dos livros. Não havia muitos livros, mas sempre que acabava e tinha que esperar a Madame Leila chegar era aqui que eu ficava, comendo e saboreando cada palavra que aqueles livros tinham para me oferecer.

Não demorou muito para que eu limpasse a sala de jantar também.

Eu sempre vinha no domingo, e a família nunca estava aqui, por isso levei um susto quando a única filha dos Kingsley estava na sala de estar, assistindo qualquer coisa na televisão.

Era uma moça bonita, de fato, mas o que tinha de linda ela tinha igual de metida e arrogante.

Virou a cabeça lentamente, parecendo um predador. Talvez fosse aquilo que ela era: um crocodilo com pele macia e hidratada.

— O que ainda faz aqui? – A voz carregada de deboche e superioridade me fez querer ter limpado a sala antes. Ela sabia muito bem o que eu fazia ali, minhas roupas sujas e surradas indicavam que eu era uma Seis, talvez ela só fosse tão ignorante ao ponto de querer me humilhar.

— Desculpe, Srta.Kingsley – Eu não abaixei minha cabeça, apesar daquilo ser algo perigoso a se fazer.Eu iria me retirar, depois daria alguma desculpa para a Sra.Kingsley.

— Fique – Apesar de se levantar para sair, ela ainda tinha aquele olhar predatório.Mas continuei com a cabeça erguida.

Num movimento rápido, rápido demais, ela pegou a garrafa de cloro da minha mão e não pude ser rápida o bastante para impedi-la de fazer o que ela fez em seguida.

— Vai precisar explicar para minha mãe como manchou o seu sofá de pele de carneiro.

Eu não conseguia sequer raciocinar.

Ter pele animal era algo tão raro a ponto de valer uma grande fortuna. Algo que eu não poderia imaginar pagar ou ter.

— Sua imbecil – Minha lista de xingamentos era extensa demais, mas tudo que eu conseguia pensar eram sinônimos daquilo. – Arrogante, mesquinha, fútil.

Ela apenas ria, como se fosse ridículo o que eu estava fazendo. E de fato, era. Aquilo não mudaria nada em sua vida, uma modelo rica.

Antes de sair ela jogou o resto do conteúdo da garrafa em minhas roupas, roupas que mesmo manchadas eu seria obrigada a usar. Eu não havia dinheiro para comprar outras.

Como eu esperava quando o senhor e a senhora Kingsley chegaram fui atingida por uma humilhação enorme. Eles são uns arrogantes e metidos, eu podia ver porque Violet sempre fora assim.

Mesmo que eu explicasse que fora a filha deles quem tinha feito aquilo eles nunca acreditariam. Ela era tão adorável ao olhar daqueles que a favoreciam.

Domingo era o único dia que eu podia trabalhar para ajudar a minha mãe e – nos dias da semana ela trabalhava em um restaurante, como cozinheira – seria difícil encontrar outro emprego, difícil demais para alguém que só sabia limpar. Claro, limpar era um dos dotes de uma Seis, mas eu sabia que não era aquilo que eu gostava de fazer, tampouco o que eu queria.

Mas eu não tinha escolha.

Cheguei em casa completamente cansada e senti mais cansaço ao pensar em explicar para minha mãe que eu possivelmente ficaria sem ajudar na renda da casa por um tempo.

Ao contrário do que eu pensava, ao cruzar a cozinha minúscula e lhe contar o que acontecera hoje, seu rosto apenas transparecia cansaço e talvez um brilho de esperança em seus olhos.

— A única coisa que pode nos ajudar agora é você se inscrever na Seleção – Ela escondia uma contida alegria em sua voz. Ela queria que eu fosse Um, mas eu não.

— E Emerald? – Eu estava disposta a achar qualquer desculpa para não me inscrever e minha voz mostrava isso.

— Tenho certeza que a mulher de Jaspe ficará feliz em cuidar dela.

De fato, ela ficaria. Marine não podia ter filhos e sempre que vinha aqui passava seu tempo ou me dando dicas de moda ou brincando com Eme.

Eu suspirei vencida. Tentar não mal nenhum, não é como se eu fosse selecionada. Eles nunca selecionariam uma Seis.

Apesar de ir contra tudo o que eu pensava eu assenti para a minha mãe.

Ás vezes a necessidade vinha acima de tudo o que você podia acreditar. A necessidade havia acabado de me dar um soco de realidade.

 

Notas Finais


O que acharam? Espero realmente que tenham gostado!

Um beijo de purpurina no bumbum de vocês!


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