História Amiga Linda - Karin e Juugo

A tarde caía bela, o céu escarlate anunciava o fim daquele dia. Ela andava deixando seus passos marcados à beira-mar, seus cabelos de fogo esvoaçando com a brisa que soprava agradável. O olhar perdido em direção ao mar. Uma lágrima insistente na decisão de cair ou não. Cabeça baixa. Humilhação.

_Sasuke-san...- a lágrima desceu pelo rosto alvo. Escutou alguns passos não muito sutis que pareciam correr em sua direção. Avistou de longe os marcantes cabelos alaranjados, o corpo avantajado e o semblante inocente que carregava sempre consigo.

_Posso fazer companhia? O mar está lindo hoje...

_Pode... Senta aí... - disse em total desânimo. O maior se sentou ao lado da ruiva.

_Ei, o que há com você? Parece meio aborrecida.

_Bem... Juugo, se eu te contar você promete que não me julgará? - os olhos escarlate voltaram a pender para baixo.

_Quem sou eu para fazer isso? Se estiver precisando conversar, desabafar, eu estarei aqui... Para OUVIR e não para criticar!- pôde satisfatoriamente ver um sorriso sutil nos lábios finos da amiga.

_Então vou contar... Você sabe que sou apaixonada pelo Sasuke-kun... Eu me insinuei para ele, mas ele não me retribuiu... Além disso, me humilhou... Eu estou sem chão, Juugo.

O rapaz não conseguiu processar de imediato as palavras ditas por Karin, mas ficou bastante aborrecido por Sasuke tê-la humilhado.

_Mas... O que disse a ele? E por que ele não correspondeu? 

_Eu... Insinuei que gostaria de... -a face da garota se fez rubra- Perder a virgindade com ele... Mas ele não aceitou... E como se não  bastasse, me fez muitas ofensas.

Karin POV

_Mas Sasuke-kun, não quero nada de você! Nada mais que isso! Só quero que me ame uma vez, uma ÚNICA vez! Prometo que não se arrependerá!

_Você além de teimosa é surda? Sei bem onde vocês tentam chegar com essa conversa de virgindade... Agora você diz que não vai cobrar nada, mas vai cobrar sim! Assim que eu te der um pé, você vai tentar me ganhar na chantagem emocional com aquela conversinha mole de que fui seu primeiro. Me erra, Karin!

_Mas... Vai ser bom... Um homem nunca recusa sexo!

_Pois eu recuso. Não estou interessado em sexo, muito menos com VOCÊ! Odeio mulheres como você, e que ainda por cima jogam baixo... Some da minha frente, Karin, eu NÃO TE QUERO!"

_Karin-san, posso fazer uma pergunta? - disse Juugo após escutar as palavras de Karin sobre sua conversa com seu líder; mantinha os dedos unidos e os olhos alaranjados fixos no oceano.

_Sim...

_Ama Sasuke-san? 

Karin se viu num beco sem saída. Sabia que não era amor o que sentia por Sasuke. Era atração, tesão, desejo, mas tentava se convencer do contrário, necessitava alimentar sua solidão com algum sentimento bom.

_Porque... Qual a razão da sua pergunta? Está questionando meus sentimentos?

_Não... Estou fazendo com que você se questione! Quero que pense se vale mesmo a pena sofrer por alguém que não ama e que não ama você... Acho que vocês mulheres se atraem por um rosto bonito e confundem o próprio coração, não se permitem olhar para o lado e ver que algo melhor sempre esteve lá para vocês.

_Juugo? - Karin se perguntou sobre a possibilidade de Juugo estar apaixonado por si. Suas palavras eram duras, mas verdadeiras. Até que ponto algumas noites de prazer teriam o poder de confortar o vazio no coração? A solidão? O estar perto, mas ao mesmo tempo, tão longe? 

_Se estivesse disposta a olhar para o horizonte, viria que ele pode te dar novos nortes.

Pela primeira vez a ruiva encarou o amigo. Ele a mirava de volta. O persistente ar de inocência ainda não o havia abandonado, tinha um fio de sorriso em seu rosto.

_Aceita um jantar? - percebeu que a moça ainda lhe olhava com dúvida- Não vou lhe oferecer nada menos que carinho e respeito.

_Eu... Tudo bem... Aceito sim! Mas quero um tempo para me arrumar - coçou os cabelos, vergonhosa.

_Pra mim já está linda assim, mas se quer se arrumar, tudo bem, eu espero- levantou-se e auxiliou a garota a fazer o mesmo. Trouxe-a para perto num abraço, olhou-a nos olhos- Seus olhos são lindos, sabia?

_Eu... Ah... Obrigada - estava violentamente corada, nunca tinha reparado no lado educado e galante de Juugo, assim como homem algum jamais lhe falara sobre seus olhos. "Ele é diferente".