Pov's Marceline
Dormi por um horário e meio. Voltamos para a sala no começo do terceiro horário, eu já totalmente recuperada. Entramos na sala sendo observadas por todos, como se fossemos ETs.
-Caramba, nós ficamos preocupados, vocês ficaram fora por um tempão. Você está bem agora?
Sorri, achando fofa a preocupação do Finn. Bonnie também sorriu.
-Vomitei em uma lixeira, tomei anti enjôo e dormi por um horário e meio. Estou ótima!
Jake fez cara de nojo, enquanto os outros riam. Até Betty, que tinha acabado de entrar, riu.
-Vomitou em uma lixeira? Porque não deu tempo de ir no banheiro?
Me sentei no meu lugar e arrumei minhas coisas. Bonnie, apesar de saber que eu estava bem, estava de olho em mim, um pouco preocupada.
-Achei que daria tempo de chegar na enfermaria e tomar o remédio, mas não deu. Foi horrível, mas pelo menos eu parei de passar mal.
Betty começou a aula, se apresentou aos novatos e começou a passar conteúdo novo. Comecei a copiar. Meu olhar, sem querer, foi até Lady e Ash. Eles estavam cochichando, provavelmente armando um plano. Tive uma ideia arriscada, mas coloquei ela em ação. Arranquei uma folha do caderno, a amassei e me levantei. No meio do caminho, na mesa atrás de Ash e Lady, derrubei a folha no chão e aproveitei para colocar meu celular, em modo de gravação, embaixo da mesa vazia, para gravar o que os dois estavam falando. Joguei a folha no lixo e voltei para o meu lugar. Bonnie imediatamente se virou para mim, brava.
-Eu vi o que você fez. Isso é arriscado, Marcy!
-Estamos lidando com um ex-presidiário e uma garota que deu um tapa na cara do diretor, que estão loucos para se vingar de nós. Não podemos nos dar ao luxo de esperar eles atacarem primeiro.
Bonnie suspirou, vencida.
-Tudo bem, mas se eles pegarem seu celular, eles vão te matar.
-Eu sei, mas eles não vão perceber. Relaxa, vai dar tudo certo.
Bonnie se virou para frente de novo e ficou quieta. Apesar de estar calada, eu sabia que ela não estava bem incomodada com o que eu estava fazendo.
Só consegui pegar o celular na hora do intervalo, depois de Ash e Lady saírem da sala. Peguei meus fones e ouvi a gravação sozinha na biblioteca, já que Bonnie estava na lanchonete com os outros.
-O que a gente pode fazer, Ash? Elas estão juntas e estão muito bem. Fora que a Marceline te odeia. Mesmo que a Jujuba chute ela, Marceline nunca vai voltar para você.
-Ah, cala a boca, Lady. Ela ainda me ama. Uma mulher jamais daria o que ela precisa.
A gravação ficou em silêncio, provavelmente Ash estava pensando em um plano. Passei a gravação para frente, enquanto pensava no que tinha acabado de ouvir.
“Então além de drogado e criminoso, Ash é homofóbico? Que nojo. Tenho que concordar com a cobra da Lady, eu prefiro morrer sozinha do que voltar com esse lixo.”
-Eu tenho um plano, Lady. Vamos conseguir separar as duas, e bem rápido!
-O que nós vamos fazer?
-É melhor não falar aqui. Alguém pode ouvir, e foi bem suspeito a passada da Marceline aqui atrás.
Lady deu uma risada sarcástica.
-Você acha que ela colocou uma escuta aqui? Por favor, Ash.
-Ela foi a minha namorada por quatro anos, Lady. Eu conheço ela muito bem, e sei que ela faria algo do tipo. É melhor prevenir.
Lady bufou de frustração, mas acabou cedendo.
-'Tá, hoje a tarde você vai na minha casa e explica esse plano. Agora cala a boca e se concentra nessa tarefa. Eu não vou bombar por causa de você. Já estou ferrada o suficiente por minha mãe ter dado uma na cara do diretor. Não posso dar motivo para os professores me ferrarem.
Novamente a gravação ficou em silêncio, só consegui ouvir barulhos de caderno. Alguns minutos depois, Ash voltou a falar.
-E quanto ao Jake? O que você vai fazer?
Lady suspirou antes de falar.
-Ele parece estar namorando com aquela menina esquisita, eu não posso fazer nada agora. Preciso investigar mais os dois antes de atacar. Mas pode ter certeza que eu vou separar os dois! Jake será meu novamente!
Desliguei a gravação e suspirei. Não tinha conseguido nada concreto com aquilo, apenas uma rasa confirmação das minhas suspeitas.
“Tenho que estar preparada para qualquer coisa vindo deles. É tão difícil esperar um ataque quando você não sabe de nada!”
Saí da biblioteca e fui para a lanchonete. Jake foi o primeiro a me ver.
-Finalmente a vampira chegou. Senta aqui, Bonnie comprou um lanche para você.
Me sentei entre Bonnie e Jake. Bonnie estava me olhando, curiosa para saber o que eu tinha ouvido.
-Não consegui nada concreto. Mas nossas suspeitas estão confirmadas, o objetivo deles é nos separar. Temos que estar preparadas para qualquer coisa que eles pensem em fazer.
Bonnie concordou com a cabeça e suspirou desanimada. Chamei Jake, expliquei tudo e contei o que a Lady estava planejando fazer. Jake também ficou desanimado. Cake estava assustada.
-Jake, eu estou com muito medo. Não quero perder você!
Jake a beijou, para acalmá-la. Cake suspirou.
-Você não vai me perder, Cake. Eu nunca voltaria com a Lady, ela é uma cobra!
Bonnie suspirou e agarrou meu braço, deitando no meu ombro.
-Espero que fique tudo bem, Marcy.
Beijei sua testa.
-É, eu também.
Alguns dias depois…
Pov's Bonnibel
Era sábado comum, quente e entediante como sempre. Passamos a semana tensas, mas Ash e Lady não fizeram nada. Marceline e eu estávamos jogadas no quarto dela, vendo filmes há tanto tempo que eu tinha perdido a noção de quantos filmes nós já tínhamos visto. Depois do milésimo, tomei o controle da mão da Marceline antes que ela colocasse outro. Ela me olhou indignada. Fiz uma cara de choro antes de falar.
-Chega, Marcy! Nem estou enxergando direito de tantos filmes que nós vimos. Estou cansada e estou com dor, minha cabeça está rachando.
Me encolhi de lado na cama, com dor de cabeça, de estômago por ter comido muito doce e com um pouco de frio por o ar condicionado estar ligado. Marcy sorriu e se inclinou em cima de mim, fazendo carinho no meu rosto.
-Eu ia desligar a TV, também estou cansada de assistir. Você está bem, quer um remédio?
Me virei e sorri ao ver a carinha preocupada da Marcy.
-Não precisa. Mas queria um chá de erva doce. Ele sempre alivia quando estou com dor de cabeça.
Marceline fez uma careta.
-Você sabe que eu não sei fazer chá.
Fiz uma cara manhosa. Marceline revirou os olhos, sorriu e se levantou.
-Ok, eu faço. Mas não reclame se ficar ruim.
Puxei ela pelo pescoço e dei um selinho em seus lábios.
-Por isso que eu te amo, você cozinha para mim quando estou doente. Ah, e o chá é com pouco açúcar porque comi doce demais hoje.
Marceline riu de novo e saiu do quarto. Me cobri e me deitei melhor na cama, tentando um alívio para a dor. Enquanto esperava, decidi olhar meu celular, já que não tinha feito pausas entre os filmes para ver as notificações. Tinham várias, mas como a maioria era besteira, abri tudo sem olhar.
“Solicitação de mensagem? O que é isso? Número desconhecido… estranho. Mas vou abrir.”
Abri a mensagem no Whatsapp. Era uma foto, que eu não conseguia ver por não ter download automático, e uma mensagem.
“-Sinto muito por te mandar isso, mas me sinto na obrigação. Abra a foto, e de novo, eu sinto muito.”
Senti frio na barriga ao ler aquilo. Com medo de ser um golpe ou brincadeira de mal gosto, decidi investigar antes de baixar a foto.
“-Quem é você? E o que tem nessa foto de tão grave?”
A resposta veio instantes depois.
“-Prefiro continuar no anonimato. Abra a foto que você vai entender.”
Respirei fundo e baixei a foto. Quando a abri, congelei. Era uma foto da Marceline abraçada ao Ash, os dois quase se beijando. Soube na hora que não era uma foto antiga, já que ela estava usando a mesma roupa que tinha usado para ir na escola na sexta, o mesmo dia que eu não fui por ter um exame médico para ir no horário da aula.
“Isso não pode ser real… não tem lógica!”
Comecei a tremer de nervoso.
“-Quem é você e onde você arrumou essa foto?”
A resposta veio segundos depois.
“-Sou alguém que você e ela conhecem, prefiro continuar no anonimato para não correr riscos. E eu tirei a foto ontem, fiz pelo seu bem.”
Ergui o rosto do celular e fiquei encarando o teto, totalmente confusa. Minha cabeça estava doendo o triplo. Muitos pensamentos passavam pela minha cabeça. Tentei organizá-los, mas só consegui ficar ainda mais confusa e um pouco zonza.
-Bonnie, fiz sem açúcar. Se quiser eu pego lá embaixo um pouco para você colocar.
Fiz um grande esforço para tirar os olhos do teto e outro para sorrir para ela. Marceline me olhou com uma cara estranha.
-Você está bem? Está me olhando esquisito.
Dei um sorriso falso.
-É a dor, meu estômago deu uma piorada. Mas já passa, não se preocupe.
Não podia acusá-la com somente a foto, então decidi disfarçar até decidir o que fazer. Marceline me entregou o chá, me olhando preocupada. Senti raiva, pensando que ela estava sendo falsa, mas ao mesmo tempo senti peso na consciência, já que eu podia estar a acusando de traição sem ela fazer nada. Agradeci e bebi o chá em silêncio enquanto Marceline olhava as notificações do seu celular.
-Nossa, Ash me mandou uma solicitação de amizade. Algumas pessoas não tem um pingo de vergonha na cara mesmo!
Ouvir ela falando do Ash ativou o lado irracional do meu cérebro, o lado que estava acreditando na foto. Fiquei com muita raiva.
-Realmente, algumas pessoas são um poço de falsidade! Você confia nelas e elas te decepcionam muito!
Estava quase gritando, o que assustou Marceline.
-Bonnie, porque você ficou tão zangada? O que aconteceu?
Me acalmei um pouco, o que me fez perceber que eu tinha falado demais. Como eu ainda sentia um pouco de raiva, decidi ir embora, dormir no quarto de hóspedes.
-Nada, não aconteceu nada! Se me dá licença, eu vou dormir no quarto de hóspedes.
Marceline me olhou, muito confusa.
-O quê? Porque?
Me levantei e fui em direção a porta, enquanto pensava em uma desculpa para conseguir sair.
-Eu estou passando mal. Não quero te incomodar se eu acordar no meio da noite. Boa noite, Marceline.
Marceline ficou tão confusa que chegou a inclinar a cabeça para o lado.
-Ah, ok… mas você não me incomoda se fizer isso, não é sua culpa. Mas se você quer ir, boa noite.
Saí pisando duro.
“Parabéns, Bonnie. Você disfarçou muito bem! Meu Deus, como eu sou estúpida.”
Desci as escadas e fui até a cozinha beber água, depois passei na sala e me despedi do meu pai. Voltei para o quarto de hóspedes e me joguei na cama depois de trancar a porta. Fiquei pensando na foto, eu conseguia ver todos os detalhes devido ao choque.
“Essa foto é falsa, a Marcy jamais ficaria com o Ash! Essa foto é uma montagem mal feita, como eu acreditei nisso?!”
Pensei em ir até o quarto da Marceline para pedir desculpas, mas seria muito complicado explicar com a cabeça rachando de dor. Me preparei para dormir e me deitei direito na cama, sentindo peso na consciência.
“Amanhã eu peço desculpas, prometo. Espero que a Marcy não fique muito brava.”
Acordei bem tarde no domingo, como sempre fazia nos domingos, e continuei deitada na cama do quarto de hóspedes da casa da Marceline, sentindo preguiça de levantar. Procurei, só com o tato, meu celular no criado-mudo e não encontrei. Me sentei na cama, confusa.
“Onde eu deixei? Ah, nessas horas eu queria que a minha casa e a casa da Marceline fosse menor, é impossível achar as coisas aqui.”
Finalmente enfrentei a preguiça e me levantei. Troquei de roupa, lavei o rosto e desci as escadas até a sala. Gumball e Marshall estavam lá, abraçados e assistindo um filme na TV. O ar condicionado estava no mínimo da temperatura, então a sala estava gelada.
-Nossa senhora, vou congelar aqui. Porque tão frio?
Gumball sorriu.
-Por que está extremamente quente lá fora e eu queria abraçar o Marshall sem grudar.
Fiz uma careta de desgosto, o que fez os dois rirem.
-Vocês viram meu celular? Não tenho ideia de onde eu deixei.
Os dois negaram com a cabeça. Suspirei e fui para a cozinha. Enquanto procurava o celular, peguei alguns cookies de chocolate. Comi um por um enquanto procurava ele pelas bancadas e até dentro dos armários.
“Preciso achar esse celular logo para poder ir falar com Marceline. Fui muito idiota com ela ontem, é óbvio que aquela foto é uma montagem escrota. Espero que ela não esteja muito brava.”
Desisti de procurar ali. Terminei de comer, peguei mais um cookie e subi a escada novamente, para procurar meu celular no quarto da Marceline, quando ouvi o barulho de notificação dele vindo do quarto dela. Corri até lá, imaginando que ela ainda estava dormindo. Abri a porta devagar, mas foi em vão. Ela já estava acordada, de pé ao lado da escrivaninha, com o meu celular, já com a tela desbloqueada, em sua mão. Quando Marceline viu que eu tinha entrado, ela me olhou com tanto ódio que senti um gelo passando pela minha coluna.
-Marcy, eu…
Marceline me interrompeu, a voz fria, dura e cheia de ódio. Senti como se cada uma de suas palavras me atravessasse.
-Você perdeu o direito de me chamar assim.
Marceline veio até mim e me entregou o celular, justo no que eu temia, a foto dela com o Ash que eu tinha recebido do número desconhecido.
-Foi por isso que você ficou tão zangada ontem do nada, não foi?! Foi essa merda, não foi?! De quem você recebeu isso, Bonnibel? De quem?!
Marceline estava furiosa e estava se controlando para não gritar, mas algumas palavras estavam saindo bem altas. Me encolhi, com medo.
-Eu… não sei quem me mandou.
Marceline praticamente gritou, tentando forçar um tom de deboche, e pegou seu celular na escrivaninha.
-Eu te conto quem é! É desgraçada da Lady Íris!
Marceline entregou o celular dela para mim, aberto no perfil da Lady. O número era o mesmo. Me senti extremamente idiota.
-Eu não acredito que você caiu nessa merda, Bonnibel! Eu não acredito que você achou mesmo que eu era capaz de te trair, e ainda mais com o Ash!
Marceline estava explodindo de raiva. Vi em seus olhos o quanto ela estava zangada, talvez querendo alertar o meu pescoço. Ela se virou, gritando, e deu um soco na parede, a amassando.
-Depois de tudo o que eu expliquei, há tanto tempo, naquele dia que eu dei uma surra na Lady, você ainda acredita nessa merda! Ash foi o maior erro da minha vida, ele me agredia e ainda me fazia agredir você!
A cada palavra que Marceline dizia, eu me sentia cada vez mais e mais idiota. Sentia meu rosto corando e queimando.
-Eu amo você, Bonnibel! Só você! Jamais seria capaz de trair, principalmente com aquele cara babaca! Você me acusar disso é tão absurdo, tão… Que eu não sei se posso continuar com você. Afinal, como você vai ser minha namorada se não confia em mim?
Mesmo passando medo há bastante tempo, meu pior medo foi quando ela disse aquilo. A frase ecoou na minha mente por alguns instantes, me deixando zonza e desorientada. Só voltei a mim quando vi que Marceline estava bem perto de mim, olhando para o meu rosto, esperando uma resposta.
-Marceline, me perdoa! Eu fui uma idiota e não tem desculpas, mas por favor eu… eu não consigo ficar sem você. Eu sei, você fez tanto por mim, salvou a minha vida e eu não tinha o direito de pensar isso de você, mas... Me desculpe, por favor, desculpe… Eu… te amo muito, Marceline…
Quando disse que a amava, foi como se eu estourasse uma bomba dentro dela. Marceline explodiu, gritando com muita raiva.
-Você me ama?! Você nunca me amou! Para pensar um absurdo desses de mim, você nunca me amou!
Marshall e Gumball, assustados com os gritos, subiram correndo as escadas e abriram a porta, tentando entender o que estava acontecendo.
-O que está acontecendo? Porque vocês estão brigando?
Marceline os ignorou. Ainda com ódio, ela se virou, pegou uma mochila e a jogou em mim.
-Você está expulsa da minha casa, Bonnibel. Todas as suas coisas estão aqui. E nunca mais volte.
Marshall estava chocado. Peguei a mochila e me virei para sair, mas Marshall me impediu.
-O quê? Marceline, você não pode fazer isso! Bonnie, pode ficar o quanto quiser.
Ergui meu rosto, que eu sabia já estar molhado de lágrimas. Gumball me olhou como se ele que tivesse sido expulso.
-Não, Marshall, tudo bem. Marceline pode fazer isso. Tudo bem.
Senti minha voz embargando e não consegui continuar falando. Afastei Marshall do lugar e corri para fora, e só parei quando cheguei no meu quarto, joguei a mochila no chão e desabei na cama, chorando até quase sufocar.
Continua…
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