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História Amigas, Inimigas ou Meio-Irmãs? - Praia


Escrita por: Eloloise

Capítulo 9 - Praia


-Bonnie?!

Bonnie se levantou devagar e olhou para mim com uma expressão confusa.

-O que você está fazendo aqui, Bonnie? O que aconteceu?

-Eu... onde eu estou?

-Nós estamos em Ice Kington. Como você veio parar aqui?

Levei a Bonnie e minha moto para a calçada. Sentamos na frente de uma loja fechada, para nos proteger da chuva.

-Eu... Fiquei em choque e saí correndo de casa. Não sei como vim parar aqui.

-De casa? Bonnie, nós estamos do outro lado do Reino Doce! Você está correndo a quanto tempo?

-Eu não sei. Quando eu saí de casa eram umas 11 horas, eu acho.

-São duas da manhã agora. O que aconteceu para te fazer correr por três horas?

Bonnie estava encharcada, tremendo de frio e encolhida no chão.

-Eu cheguei em casa e estava tudo escuro. Eu fiquei confusa e fui procurar meu pai. Quando eu abri a porta do quarto dele, eu vi...

Bonnie parou para respirar por alguns instantes. Nesses instantes, minha imaginação rolou solta e um milhão de possibilidades passaram pela minha cabeça. Nenhuma delas era boa.

-Eu vi ele transando com outra pessoa. Fiquei em choque e de algum jeito, eu vim parar aqui.

Eu quase ri. Comparado com todas as possibilidades horrorosas que eu imaginei, isso não era nada.

-Foi só isso? Isso te fez fugir de casa e correr por três horas seguidas na chuva?

Bonnie passou de assustada para furiosa e se levantou.

-Só? Você diz só? Meu pai estava transando com outro cara! Eu vi coisas ali que nunca deveriam ser vistas!

De repente a lembrança da minha conversa com a Flame me veio na cabeça. Revirei os olhos e tentei controlar minha raiva.

-Ah, é, eu tinha esquecido. Você é homofóbica.

Me levantei e fui em direção a minha moto. Quando eu estava prestes a ligá-la, Bonnie veio até mim e segurou meu braço.

-Marceline, espera! Eu não fugi por isso. Há pouco tempo atrás, eu realmente era homofóbica. Mas ao ver você e a Flame tão felizes juntas, eu pensei um pouco e percebi o quanto eu estava sendo idiota. Meu preconceito era infundado. Por favor, não vai embora.

Olhei em seus olhos azuis e assustados e ela parecia estar falando a verdade. Controlei minha raiva e desci da moto.

-Ok. Então se não foi homofobia, porque você fugiu então?

Bonnie respirou fundo e me olhou nos olhos. Aquele olhar tinha tanta intensidade que eu cheguei a arrepiar.

-Foi uma junção das três coisas. Ver meu pai transando, ver ele transando com outro cara e o outro cara ser o... seu pai.

A surpresa foi tão grande que minhas pernas amoleceram e eu quase caí sentada no chão. Me apoiei na moto para não cair.

-O... O quê?! Você tem certeza?

Bonnie balançou a cabeça antes de responder.

-Sim. Agora você entende o meu choque? E eu tenho certeza que você não é homofóbica.

-Sim, eu entendo. Desculpe por ter ficado brava com você.

Eu ainda estava me recuperando do choque quando um homem passou por nós e me olhou como se fosse me comer. Senti um arrepio.

-Bonnie, nós temos que sair daqui. Aqui é muito perigoso. Vamos, sobe na moto. Eu vou te levar para casa.

Bonnie fez uma careta como se tivesse vendo um monstro e balançou a cabeça.

-Não, não... Não quero ir para casa. Por favor, não!

-Então... Vamos para um hotel. Eu conheço um muito bom, mas é meio longe. Pode ser?

Entreguei um capacete pra ela. Ela o pegou e o colocou.

-Sim, vamos.

Ajudei ela a subir na moto e saímos. Bonnie abraçou minha cintura com os dois braços. Eu sentia ela apertar minha cintura mais forte cada vez que eu acelerava e isso era muito engraçado.

-Você está com medo? Nós não estamos andando tão rápido assim.

-Eu morro de medo de andar de moto, ainda mais na chuva.

Eu ri e ela me apertou de novo quando eu passei por uma poça de água.

-Bonnie, nós estamos a 60Km/h! Não precisa ter medo. Eu não corro quando está chovendo.

Senti seus braços relaxarem um pouco.

-E quando não está chovendo?

Parei em um sinal vermelho, me virei e dei um sorriso malicioso para ela.

-Não tenho uma moto de 600 cilindradas atoa.

Bonnie apertou minha cintura ainda mais forte e colou seu corpo no meu. Dei uma gargalhada alta. Ficamos assim até chegar no hotel.

-Chegamos. Pode me soltar.

Estacionei a moto no estacionamento do hotel e fomos até a recepção. Já tinha parado de chover, mas tudo estava molhado e escorregadio.

-Olá, eu quero um quarto comum com duas camas de solteiro, por favor.

A recepcionista procurou alguma coisa no computador por alguns instantes antes de olhar para mim de novo. Bonnie e eu estávamos tremendo de frio por causa das roupas molhadas.

-Sinto muito, moça, mas o hotel está lotado. A única suíte disponível é a presidencial, com uma cama de casal King Size.

A mulher olhou para mim com desdém. Revirei os olhos e peguei meu cartão de débito da minha carteira.

-Ok, pode ser.

Ela ficou um pouco assutada mas manteve a expressão. A Bonnie sorriu, também incomodada com a cara de nojo da mulher.

-Ah. Pode subir, Srta. Abadeer. É a cobertura.

Peguei o cartão de volta e saí da recepção dando gargalhadas. Bonnie e eu fomos até o elevador dobradas de tanto rir.

-As vezes é bom ser uma Abadeer. Adorei quebrar a cara dela. Ela estava ouvindo uma música da banda dele!

Bonnie e eu rimos até acabar o fôlego e o elevador chegar na cobertura. Abri a porta do quarto devagar, fazendo suspense. Bonnie me olhava impaciente, enquanto tremia de frio.

-Bem vinda a suíte presidencial, Srta. Bonnibel.

Abri a porta e confesso que fiquei surpresa. Já tinha ficado em algumas suítes presidenciais em outras cidades quando viajava com o meu pai, mas aquela era a maior e melhor de todas.

-Uau... Aqui é lindo, Marcy!

Sorri e fechei a porta enquanto a Bonnie corria até a sacada. Fui atrás dela.

-Marcy?

-Ah, desculpe, saiu sem querer.

-Não, tudo bem. Pode me chamar assim.

Bonnie sorriu e nós duas olhamos para fora. O apartamento ficava de frente para o mar. Podíamos ouvir as ondas quebrando e ver a praia iluminada pela lua. Nem parecia que estava chovendo cinco minutos atrás.

-Eu sei que aqui é lindo e tal, mas eu estou morrendo de frio. Preciso de um banho.

Bonnie estava hipnotizada com a vista.

-Pode ir... Eu quero ficar aqui mais um pouco.

Assenti com a cabeça e saí da sacada.

-Tudo bem. Cuidado para não ficar doente.

Bonnie se virou e olhou para mim com os olhos brilhando.

-Eu vou ficar bem. Pode ir.

Sorri e saí em direção ao banheiro. Precisava muito de um banho quente.

"O clima dessa cidade é completamente louco. Antes de escurecer estava calor. Depois cai uma tempestade e agora fica frio e uma noite tão bonita. Acho que a Bonnie está hipnotizada."

Quando finalmente conseguimos ir para a cama, já eram três da manhã. Deitamos bem longe uma da outra, já que a cama nos permitia isso.

-Boa noite/madrugada, Bonnie.

Bonnie riu pelo nariz.

-Boa noite/madrugada para você também.

Dormi em poucos minutos devido ao cansaço do dia. Acho que com a Bonnie não foi diferente, já que a ouvi respirando pesado antes de dormir.

Como nenhuma das duas lembrou de fechar as cortinas antes de dormir, o sol de meio dia no meu rosto foi responsável por me acordar.

-Mmm... Que droga.

Tentei me levantar, mas percebi que a Bonnie estava deitada no meu peito. Estávamos no meio da cama, abraçadas e com as pernas entrelaçadas. Eu não tinha ideia de como tínhamos parado nessa posição, apesar de estar achando aquilo legal.

-Hey, Bonnie... Já é meio dia. Temos que voltar para casa.

Bonnie olhou para mim, sonolenta e de olhos inchados, e sorriu. Não tinha como não achar aquilo extremamente fofo.

-Hum... Não quero ir para casa.

Bonnie se virou, me soltando e deitando de costas na cama ao meu lado.

-Temos que voltar. Não avisamos nossos pais, lembra?

Bonnie sorriu ao ouvir uma onda se quebrando.

-Estamos do lado da praia e não vamos aproveitar? Por favor, Marcy!

Bonnie fez uma voz manhosa. Sorri e me levantei.

-Tudo bem! Mas precisamos voltar antes de escurecer.

Bonnie pulou da cama e me abraçou como uma criança que ganhou um presente de natal.

-Vamos! Acho que tem mais de um ano que eu não vou a praia.

Bonnie e eu descemos para a praia. O dia estava muito quente, e o mar estava convidativo. Depois de passar protetor solar, eu corri e me joguei em uma onda quebrando na parte mais funda. Bonnie riu alto e entrou devagar.

-Vem, Bonnie!

Bonnie ficou com a água batendo no joelho. Eu estava mais no fundo, com água no peito.

-Não, obrigada. Não quero levar um caldo.

Fui até ela e a ergui no meu ombro. Bonnie começou a gritar e me bater, mas eu ignorei e corri até onde eu estava antes.

-Não!

Me joguei junto com ela em uma onda antes dela quebrar. Bonnie gritou e fincou as unhas no meu ombro antes de afundar. Levantei rindo alto, com ela agarrada à mim com raiva.

-Marceline, eu tinha dito não!

Continuei rindo e ela não aguentou. Sua cara brava virou uma risada.

-Você gostou, confessa!

Bonnie riu e me deu um tapa no ombro. Mesmo o tapa sendo leve, senti o lugar arder.

-Ai, o que é isso?

Meu ombro tinha marcas de unha, sangrando um pouco. Bonnie me olhou, em pânico.

-Ai, meu Deus! Desculpa, foi sem querer, eu juro!

Olhei para ela sem entender o pânico. Bonnie se afastou um pouco de mim, com as mãos a frente do corpo.

-Hey, calma! Você se assustou com a onda, tudo bem. Não precisa se afastar de mim.

Cheguei perto dela e ela se afastou mais. Bonnie estava tão assustada que não estava me ouvindo.

-Bonnie, você está com medo de mim? Foi um acidente, eu não vou fazer nada com você!

Bonnie continuou andando para trás, até que uma onda a derrubou. Mergulhei e a segurei, já que a onda era bem grande e poderia a arrastar. Quando a onda passou, fiquei de pé. Bonnie estava agarrada à mim de novo, sem pisar no chão. Dessa vez estávamos de frente uma para a outra e bem próximas. Eu podia sentir sua respiração em mim, e aquilo me arrepiou.

-Fica calma, ok? Eu não vou fazer nada com você.

Bonnie pisou no chão e olhou para mim, sem soltar minha cintura. Senti meu coração acelerar ao olhar em seus olhos. Bonnie aproximou seu rosto do meu, mas alguns milímetros antes de me beijar, ela olhou para baixo e se afastou, se soltando. Suspirei baixo, contrariada.

-Me desculpe, eu... Entrei em pânico.

Meu coração estava acelerado e minha respiração estava irregular. Tentei me acalmar, senão não ia conseguir falar.

-Você estava com medo de mim?

Bonnie ficou vermelha e olhou para baixo.

-Foi automático. Eu não consegui controlar o medo. Acho que mesmo que eu tente esquecer o passado, ainda tem um pouco dele dentro de mim.

Suspirei. Ela estava triste e um pouco assustada.

-Não vamos deixar isso estragar a nossa tarde. Vamos esquecer isso, tudo bem?

Bonnie sorriu. Devolvi o sorriso.

-Sim.

Começamos a pular ondas. Em pouco tempo, estávamos rindo como duas idiotas.

-Vamos voltar para a areia. Preciso passar protetor de novo.

Bonnie fez uma careta mas foi comigo.

-Você não passou quando a gente desceu?

Bonnie deitou ao meu lado na areia.

-Olha para mim, Bonnie. Eu sou transparente. Se eu bobear, me queimo. Você deveria passar também.

Bonnie sorriu e negou com a cabeça.

-Não, obrigada. Odeio ficar grudenta.

Enquanto eu esperava o protetor secar, Bonnie e eu fomos dar uma volta na praia.

-Você quer surfar, Bonnie?

Aluguei uma prancha de surf e voltamos para o mar.

-Estou enferrujada, mas vou tentar.

Decidi ir primeiro. Quase levei um caldo, mas consegui ir bem. Bonnie foi logo depois. Ela caiu, mas levantou dando gargalhadas. Ficamos nos revezando durante horas, rindo e fazendo graça.

-Ah, chega. Estou cansada, Marceline. Vou descansar um pouco.

-Ok. Vou pegar mais uma onda e depois a gente vai embora.

Bonnie saiu do mar e deitou na areia. Como eu já estava animada e tinha pegado o jeito, decidi ir mais para o fundo.

"Já está quase escurecendo. Vou pegar uma onda grande para fechar o dia."

POV'S Bonnie

Deitei na areia e me distraí com um grupo cantando e tocando violão. Alguns minutos depois, vi a nossa prancha voltando para a areia sozinha. Sentei na areia sorrindo, pensando que a Marceline tinha levado um caldo e iria vir rindo para a areia. Esperei alguns segundos e nada dela aparecer.

-Marcy?

Peguei a prancha e voltei para o mar. Meu coração acelerou, de preocupação.

-Marceline?

Lembrei da Marceline indo para o fundo. Subi na prancha e nadei até lá.

-Marceline!

Marceline estava no fundo, tentando voltar para cima. Como ali era muito fundo, ela não estava conseguindo. Ao me ver, Marceline ergueu os braços, pedindo ajuda. Segurei suas mãos e a puxei com força.

-Ah! Meu Deus, quase morri afogada.

Marceline subiu na prancha e voltamos para a areia.

-Você quase me matou de susto, Marcy.

Marceline deu um sorriso sem graça enquanto devolvia a prancha. Deitamos na areia para nos recuperarmos do susto.

-Desculpe. A onda me pegou de frente e me jogou para fora da prancha. Eu tinha esquecido de prender ela na minha perna.

-Bom, se a prancha não tivesse voltado, eu não teria ido te procurar tão cedo. Acho que foi até bom.

Marceline sorriu.

-Quer ver o pôr do sol antes de nós irmos, Bonnie?

-Claro!

Ficamos deitadas na areia assistindo por alguns minutos. Era muito bonito. Abracei a Marceline pelo pescoço e lhe dei um beijo na bochecha.

-Obrigada por esse dia foi incrível, Marceline. Eu adorei.

-Você me salvou de um afogamento. Eu é que tenho que agradecer.

Sorrimos e nos levantamos da areia. Depois de tomar um banho, saímos do hotel para voltar para casa. Seria uma longa viagem de moto. Assim que saímos do estacionamento do hotel, Marceline acelerou e eu apertei sua cintura.

POV'S Marceline

-Chegamos. Pode parar de me apertar.

-Desculpe.

Desci da moto sentindo as pernas dormentes. Olhei para a minha casa e todas as luzes estavam acesas. A casa da Bonnie estava escura, então Gumball provavelmente estava na minha casa.

-Bonnie... Temos problemas.

Bonnie olhou para a minha casa. Ela estava quase em pânico.

-Fica calma, Bonnie. Vai ficar tudo bem.

Entramos na casa juntas. Antes de conseguirmos sair do hall de entrada, Gumball e Marshall nos receberam com expressões furiosas.

-Onde vocês estavam?! Vocês sabem o quanto a gente ficou preocupado?!

Bonnie, assustada, segurou minha mão. Apertei ela de leve, tentando acalma-la.

-Nós... Bom, é uma longa história.

Gumball estava furioso e preocupado, já meu pai estava com um misto de raiva e decepção.

-Comece, Marceline. Eu tenho a noite toda.

Enquanto contava a história, senti a Bonnie segurando meu braço e depois encostando a cabeça no meu ombro. Estranhei aquilo, já que ela estava apoiando seu peso em mim, como se não conseguisse sustentá-lo.

-Porque vocês não nos avisaram?

Enquanto Marshall e Gumball nos davam uma bronca, resolvi olhar para a Bonnie. Ela estava de olhos fechados, com o rosto vermelho e estava tremendo um pouco.

-Bonnie, você está bem?

Gumball parou de falar e olhou para ela. Ele se abaixou um pouco e tentou encostar no seu rosto para ver se ela estava com febre, mas ela se esquivou rapidamente.

-Não ouse tocar em mim, Gumball.

Bonnie falou com um tom grave e furioso. Levei um susto. Ela me soltou e olhou para mim de frente.

-Eu não estou me sentindo bem. Não sei o que está acontecendo.

Toquei em seu rosto com um pouco de medo dela se esquivar de mim também, mas ela ficou imóvel. Seu rosto estava quente e suado.

-Acho que você está com febre.

Vi Gumball passar de furioso para muito preocupado. Marshall olhava para mim fixamente. Fiquei perdida, sem saber o que fazer.

-Acho que peguei um resfriado de ter levado chuva ontem.

Olhei em seus olhos. Eles estavam vermelhos e dava para ver pela sua expressão de dor que ela estava com dor de cabeça.

-Você está com insolação porque não passou protetor.

Gumball pareceu ficar um pouco aliviado.

-Filha... Vamos para casa. Me deixe cuidar de você. Amanhã a gente resolve isso. 

Bonnie tentou revidar, mas ela parecia exausta. Ela apenas apertou os olhos e concordou com a cabeça. Gumball olhou para o meu pai, como se pedisse permissão para sair.

-Vai lá, amor... Digo, Gumball. Amanhã a gente conversa.

Bonnie se despediu de mim com um beijo na bochecha e os dois saíram. Marshall fechou a porta e suspirou.

-Pai... A gente tem muito o que conversar.

Ele revirou os olhos, sem acreditar. Dei um sorriso sarcástico.

-Essa frase devia ser dita por mim.

-Você não pode me dar um castigo sem a Bonnie e o Gumball aqui. Ou eu deveria dizer "amor"?

Marshall ficou vermelho da testa até o pescoço. Eu tentei conter uma risada, mas não consegui.

-Ah, qual é, Marceline. Você é a pessoa mais gay que eu conheço. Vai me julgar agora?

Fomos para a sala e me joguei no sofá. Eu também estava muito cansada. Andar tanto de moto depois de passar a tarde no mar não era brincadeira.

-Primeiro, eu não sou gay. Eu sou bissexual. E segundo, não estou te julgando por ser gay, e sim por ter escondido isso de mim. Qual é o problema? Você não confia em mim?

Marshall abaixou a cabeça, concordando que estava errado.

-Eu confio sim, mas é tão difícil... Eu sou seu pai, e ele o pai da Bonnibel. Vocês eram inimigas. Como eu ia contar isso para você?

Suspirei e fiquei alguns instantes em silêncio. Ele tinha razão.

-Há quanto tempo vocês estão juntos?

Ele hesitou por alguns segundos antes de responder.

-Cinco anos.

Me levantei do sofá, furiosa.

-O quê?! Caramba, pai!

-Calma! Eu sei, eu errei de não te contar antes. Mas era tão mais simples esconder. Eu não sabia como você ia reagir, Marcy.

Sentei de novo, respirando fundo. Depois de alguns instantes assim, consegui me acalmar e olhei para o meu pai. Estávamos de frente e eu olhava em seus olhos.

-Você não confia em mim. Desde que a minha mãe morreu, eu vejo você se afundando em trabalho, cuidando de mim e só. Já faz alguns anos que você não sorri, não é feliz. Quando eu vejo você e o Gumball, eu vejo seus olhos brilharem, eu vejo você rir. Pai, eu só quero ver você feliz, não importa com quem seja.

Marshall estava com os olhos cheios de lágrimas. Eu sorri e o abracei.

-Promete nunca mais esconder as coisas de mim?

-Prometo sim. Me desculpe.

Levantei do sofá em direção ao meu quarto, mas Marshall me segurou antes.

-Não pense que com esse seu "papo" fofinho, eu vou esquecer que você fugiu de casa e ainda levou a Bonnie. Mas a gente conversa amanhã.

Revirei os olhos e ri. Ele riu também e beijou minha testa.

-Boa noite, Marcy. Eu amo você. Obrigada por me apoiar.

-Eu também te amo, pai. E não estou fazendo nada além da minha obrigação.

Marshall deu um sorriso emocionado e eu subi as escadas. Alguns segundos depois de deitar, eu já estava dormindo.

Senti minhas costas batendo com força no colchão. Ela veio por cima de mim, com um sorriso malicioso. Apertei seu seio por cima da blusa e ela soltou um gemido manhoso.

-Ahn, Bonnie...

Rapidamente, ela estava me penetrando enquanto dava chupões nos meus seios e no meu pescoço. Sentir sua boca em mim e seus movimentos cada vez mais rápidos estava me levando a loucura.

-Eu vou... Ah!

Senti meu corpo ir ao ápice e fechei os olhos com força, apertando o lençol. Depois de me recuperar, abri os olhos e estava no meu quarto, sozinha.

"O quê?"

Aos poucos, fui acalmando meus pensamentos, para tentar entender o que tinha acontecido ali. Senti minha respiração acelerada, o rosto vermelho e o corpo extremamente quente.

"Isso... Foi um sonho? Com a Bonnie? E tão... Intenso?"

Coloquei a mão dentro do meu short do pijama.

"Pelo menos uma coisa do sonho foi real."

Meus pensamentos indevidos foram interrompidos por uma batida na porta. Me cobri rapidamente e tentei parecer normal.

-Entra!

Marshall entrou no quarto dando um sorriso sem graça.

-Oi, Marcy... Tudo bem?

Revirei os olhos. Ele não sabia disfarçar quando alguma coisa estava o incomodando.

-Direto ao ponto, Marshall.

Ele suspirou antes de falar.

-O Gumball teve uma ideia... De um jantar na casa dele hoje. Ele, eu, você e a Bonnibel. Para nós nos conhecermos melhor sabe? Eu não sei se é uma boa ideia, mas...

Marshall começou a falar palavras desconexas e inaudíveis. Nunca tinha visto ele tão nervoso.

-Calma, Marshall Lee! Eu não entendi nada. Um jantar, nós quatro?

-É, isso. Hoje à noite, na casa do Gumball.

Pensei por alguns segundos.

-Tudo bem, eu adoraria.

Parecia que eu tinha tirado um peso enorme das costas dele. Marshall sorriu, aliviado.

-Sério?

-Sim, vai ser legal. Mas fica calmo, por favor.

Marshall beijou minha testa e saiu quase saltitando. Dei uma gargalhada, mas logo meu sorriso se desmanchou a lembrar do meu sonho.

"Como vou agir normalmente depois desse sonho? Como vou olhar na cara dela sem lembrar de tudo?"

Algumas horas depois, à noite...

Meu pai e eu nos arrumamos com roupas quase formais. Era estranho se arrumar asim para ir no outro lado da rua.

-Tudo bem, filha? Olha, se você não quiser isso, tudo bem, sério. Sei que é um grande passo e...

Interrompi meu pai antes que ele surtasse.

-Marshall, olha para mim. Eu quero ir. Eu estou bem com isso, eu já falei. Fica calmo!

Marshall respirou fundo várias vezes. Sua camisa estava com leves manchas de suor.

-Ok, tudo bem. Eu vou relaxar.

Fomos para a casa rosa e eu toquei a companhia. Gumball abriu a porta com um sorriso, tão nervoso quanto o Marshall.

-Olá, sejam bem vindos a minha casa. Marceline, a Bonnie está na sala. Entre por favor!

Quando Gumball me abraçou, sussurei "relaxa" em seu ouvido e entrei na casa. Bonnie estava sentada na sala jogando videogame.

-Wow, Mortal Kombat? Não é muito a sua cara.

Bonnie me entregou um controle e eu sentei ao seu lado. Dávamos golpes nos personagens uma da outra em meio a risadas e provocações. Acabei ganhando o jogo depois de fazer cócegas nela.

-Ah, Marceline! Não vale, você roubou!

Bonnie começou a me dar tapas e enquanto eu ria e me jogava no sofá.

-Marceline, Bonnibel, o jantar está pronto.

Seguimos o mordomo baixinho da Bonnie para a sala de jantar. Gumball e Marshall estavam ali, sentados e de mãos dadas. Olhei para a Bonnie e ela parecia ter aceitado a relação deles.

-Espero que gostem, Marshall e Marceline.

Enquanto o mordomo baixinho e um cozinheiro começaram a nos servir, Bonnie se fingiu de ofendida.

-Ah, e eu? Eu não preciso gostar?

Gumball riu, gostando que ela estava bem humorada.

-Desculpe, filha. Espero que gostem, Marceline, Marshall e Bonnibel.

Bonnie sorriu, satisfeita. Comemos o jantar em meio a brincadeiras e risadas. Gumball cozinhava muito bem.

-Uau, estava muito bom, Sr. Gumball.

-Só Gumball, Marceline. E muito obrigado.

Depois de comermos a sobremesa, fomos para a sala para Bonnie ter sua revanche. Gumball e meu pai estavam abraçados, nos assistindo jogar. Marshall estava relaxado, mas Gumball estava visivelmente tenso e ansioso.

-Se você fizer cócegas em mim de novo, eu juro que te espanco.

Passei o jogo e ergui as mãos. Bonnie me deu um olhar ameaçador e deu play no jogo.

-Ohh! Ganhei! E sem roubar! Na sua cara rosa queimada, Bonnie!

Levantei do sofá e comecei a tirar onda. Bonnie fingiu estar brava, mas estava sorrindo.

-Sai da minha casa. Você está zoando com a minha cara queimada do sol.

Dei uma gargalhada. Bonnie me deu um tapa, mas também riu.

-Melhor de três, Bonnie?

Bonnie revirou os olhos e me deu outro tapa.

-Não, chega de Mortal Kombat. Vou por outro jogo.

Bonnie se ajoelhou para pegar outro jogo, mas Gumball a impediu. Ele se levantou e nos mandou sentar.

-Está tudo bem, pai?

Gumball estava a ponto de desmaiar de tão nervoso. Até eu comecei a ficar ansiosa e curiosa.

-Marceline, Bonnie e Marshall, sei que vocês estão curiosos do motivo desse jantar. Não foi simplesmente para a gente se dar melhor. Eu tenho algo muito importante para falar.

A curiosidade de todo mundo ali era quase palpável. Gumball se virou e pegou as mãos do Marshall.

-Marshall, nós estamos juntos há cinco anos. Sei que ficamos muito tempo escondidos por causa do nosso passado conturbado, e agora que contamos a verdade, eu me sinto tão bem. Quero contar que estamos juntos para o mundo, e só tem um jeito de fazer isso. Eu te amo demais, e só de pensar em ficar longe de você eu já fico mal.

Gumball fez uma pausa, ajoelhou no chão e tirou uma caixinha do bolso. Marshall levou as mãos no rosto, emocionado.

-Marshall, eu sei que nós somos muito diferentes e que temos um passado conturbado, mas eu também sei que nosso amor é muito maior do que tudo isso. Por isso, eu te pergunto. Marshall Lee Abadeer, quer casar comigo?

Marshall estava chorando. Eu estava surpresa e feliz. Bonnie estava em choque. Enquanto esperávamos Marshall responder, o tempo pareceu parar.

Continua...



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