História Amigos - Amigos

(Lara)

Eu posso ver eles chorarem, brigarem, se arrependerem, mas do que tudo isso adianta agora, se quando eu estava aqui eles não davam valor.

Eu andava pela calçada, a rua estava vazia, não havia nenhum sinal de vida, nenhuma pessoa, nenhum carro, apenas uma grande neblina tomando conta do lugar. Era inverno, estava nevando um pouco, a temperatura abaixo de zero. Com a mão perto da boca eu vinha me esquentando enquanto ia andando direção ao colégio. Eu estava com vários casacos e mesmo assim estava muito, muito frio.

Parei em frente a uma casa, uma casa bem velha, toquei a campainha, mas ela já não funcionava mais, então esperei. Depois de alguns minutos a porta se abriu e meu amigo saiu com a mochila nas costas, suas olheiras eram enormes, não estranhava pois eram 7 da manha. Ele abriu o portão e saiu, olhei para ele apavorada, ele estava usando só uma camisa de manga comprida, olhei em volta procurando o resto, parei quando ele olhou para mim desconfiado:

- Você só veio com isso ai?

Eu olhou para si:

- E qual o problema?

- Está muito frio! E não adianta dizer que não por que posso ver você tremendo.

- Eu não tenho casaco.

Eu olhei para ele, e realmente senti muita pena, larguei a mochila no chão e tirei um de meus casacos de mim, e botei dele:

- Obrigado, mas não precisava.

- Eu não iria deixar você morrer Nathan.

Ele colocou o casaco e andou do meu lado, eu comecei a congelar, mas só de ver que ele estava mais feliz já me esquentava.

- Chegando no Colégio -

Deixei Nathan ficar com meu casaco, ele pareceu não gostar da idéia mas ainda assim aceitou. Entrei na sala e vi que Dante estava muito triste, ele estava pensativo e toda vez que eu perguntava o por que disso ele me respondia ''Te conto no intervalo'', eu não gosto muito de esperar, mas parecia ser algo importante.

- Intervalo -

Segui Dante até um lugar mais calmo, ele me disse que estava sofrendo de uma leve depressão, e que achava que era um péssimo amigo para nós. E ele estava certo, pelo menos para mim ele não era tão bom amigo. No começo compreendi, também tenho depressão, por mais que nenhum deles tenham se importado com isso. Eu o abracei e ele começou a chorar no meu ombro. Serio, isso é muito fiasco para algo assim, não era nada importante, mas ele levava como se fosse. Dante é sensível de mais, isso é bem irritante, mas eu aguento, se eu falasse essas coisas para ele, ele explodiria.

- Voltando para a aula -

Depois de secar meu ombro que estava totalmente molhando com as lagrimas de Dante, voltei para aula. O professor fala para fazermos um trabalho em grupo, obviamente nós 5 nos reunimos. Ouve uma discussão e como sempre Eduardo estava protegendo outras pessoas, não entendo ele, sempre o protejo em discussões, mas ele nunca me ajuda, ou contrario, sempre fica contra mim. Por mais que ele seja assim, é o único que não me causa tantos problemas. Olhei em volta e vi Dante conversando, ele sempre da atenção para as pessoas erradas, eu não entendo, eu sempre tento ser legal para ele, mas parece que ele me esquece as vezes...

- Saindo da aula -

O sinal bateu, e logo passei por Thiago e Vinicius, eles não se gostavam muito, nunca entendi o porque. Vinicius para mim é o pior, ele sempre se fez de vitima, e sempre quer estar certo, ele não aceita receber uma lição, por mais que eu tente ajudar, parece que ele entende como se fosse uma luta, isso me irrita. Ele gostava de mim, mas eu parti o coração dele, deve ser por isso que ele me odeia tanto, eu não queria machucá-lo por isso eu tentei o dispensar de forma mais carinhosa, mas ainda assim falhei. Ele as vezes parece tentar por ciúmes em mim, mas eu raramente percebo, quando percebo, acho engraçado, e sinto pena dele. Eu não posso culpá-lo, ele não tem uma família tão boa, nem ensinamentos tão bons, e parece que nem quer ter.

Thiago ao contrario de Vinicius, se preocupa comigo, ele gosta de mim, mas eu não gosto, ele é legal, mas é mimado, infantil e medroso. Mas os ciúmes é o que mais me incômoda, eu não posso falar com ninguém que ele já vem brigar com esse alguém, ah qualé, quer marcar território em mim também? Poxa a gente não tem nada e ele já é assim, imagina se tivesse.

- Voltando para casa -

Eu estava exausta, minha família era a única coisa que me alegrava, pelo menos em casa podia me sentir a vontade. Vê como são meus amigos? Bem quer dizer, Nathan não fazia parte do grupo, mas era alguém diferente, ele era o único ligava para as coisas que eu fazia, ele veio até minha casa pra me devolver o casaco, não aguentei ver ele tirando o casaco, Nathan mal tirou e já começou a tremer:

- Não...

Eu pus a mão na frente do casaco que iria ser entregue:

- Fica, eu não aguento ver você sem casaco.

- Não, não posso, isso é errado.

- Não! Não é, nada a ver, por favor fica com ele.

Ele pensou, eu sei que ele não queria recusar:

- Está bem, mas você sabe que eu não gostei diss...

Uma voz veio do fundo cortando a frase de Nathan:

- Nathan! O que está fazendo ai fora, está frio de mais, entre jante com a gente hoje está bem?

Nathan corou:

- N-não, obrigado mas eu...

Eu puxei ele para dentro:

- Entra logo!

Ele entrou todo encolhido, mas foi bem recebido, minha mãe sempre o servia mais e mais comida, e ele parecia gostar. Logo ele botou o casaco, agradeceu e foi embora.