* Décimo primeiro dia no outro mundo*
Tayamiw abriu seus olhos verdes, olhava o teto da caverna. Virou para o lado e percebeu que não havia ninguém ali com ele.
— Gente? - gritou ele, um pouco sonolento por ter acabado de acordar. — Cadê vocês?
— Estamos aqui. - Akira gritou de volta. — Onde está as pedras.
O garoto esquilo se levantou do chão frio da caverna e foi até onde seu amigo estava.
— Bom dia, Tay. - disse Leonardo. — Ah, e bom dia ora todo mundo que conseguiu dormir. - o garoto falou isso por não conseguir dormir no total escuro, tinha medo e muitas vezes não escondia isso.
— Onde conseguiu essa mochila? - perguntou o híbrido, estranhando. -
— Eu saí daqui e comprei, vai ser útil para levar as pedras, não tinha outro jeito de levar elas. - respondeu o alaranjado, guardando a última pedra na mochila média e laranja. — E a mochila combina comigo, hehe.
— Como vamos sair daqui? É muito alto. - perguntou o garoto de cabelo marrom. -
— É só voar. - disse o alaranjado. -
— Você já voou demais, daqui a pouco não consegue se mexer igual a um tempo atrás. - o híbrido se preocupava com seu amigo. -
— Não preocupa não, é só vocês me carregarem se isso acontecer. - o garoto de olhos verdes deu uma risada baixa e curta. -
— Tá bom, espero que isso não aconteça.
Leonardo pegou a mochila cheia de pedras e colocou -a nas costas.
— Wow, está pesado. - disse ele. — Coloco a mochila lá em cima e depois levo um por um, tá?
— Tá. - todos responderam. -
Depois de um tempo em cima o alaranjado voltou. O garoto levou Akira primeiro, depois Tayamiw, Larissa e Oliver.
Todos estavam na beirada do buraco, Leo estava deitado no chão e respirava muito rápido.
— Está morrendo, é? - riu o moreno, olhando para seu amigo. -
Depois de alguns minutos o adolescente de cabelo laranja já estava em pé.
— Pronto, vamos logo. - disse ele. -
Eles foram caminhando até chegarem do lado de fora da caverna, agora estavam ao ar livre.
Os cinco combinaram de andar até a cidade pois Leonardo estava muito cansado ainda, ele não conseguiria voar.
No caminho para voltar para a cidade todos observavam o ambiente, era tudo muito bonito para eles. Flores de todos os tipos e cores no chão, árvores baixas, médias e altas e até alguns animais pequenos e nunca vistos pelos três adolescentes.
Larissa e Oliver observavam tudo isso, mas o outro garoto estava pensativo. Pensava o que faria se as pedras realmente fizesse eles ficarem ricos.
Andaram até um certo ponto, até que todos estavam cansados e Leonardo já estava começando a não conseguir se movimentar direito, usou muito de seu poder nos últimos dias.
— Estamos ferrados. - falou o alaranjado, parando de andar e se sentando no chão cheio de pedras.
— Por que diz isso? - perguntou Tayamiw. — É só o Akira te levar.
— Eu não. - disse o homem mais velho. -
— Você é o mais forte de nós, claro que consegue carregar ele.
— hm, é. - disse o azulado. — Sou mesmo, sobe nas minhas costas. - disse Akira, convencido que era forte mesmo, também queria mostrar que é útil. -
Leonardo subiu nas costas do homem e o mesmo correu o mais rápido possível, os outros adolescentes correram atrás.
Depois de muito tempo correndo e parando alguns minutos para descansar, o quinteto chegou na cidade.
— Finalmente. - disse Leonardo, se esforçando para não cair das costas de seu novo amigo, também estava sem forças no braço. -
O azulado colocou seu amigo no chão, Oliver e Larissa ficaram do lado do garoto mais baixo, um de cada lado e segurando - o para não cair.
— Onde a gente troca as pedras por dinheiro? - perguntou o moreno. -
— Sei lá. - disse Larissa. — Mas vamos procurar logo, quero descansar, tivemos um dia cansativo ontem e eu nem dormi.
— Vamos então. - falou Akira. -
Eles andaram pela cidade que nunca tinham visitado antes, andavam pela calçada e observavam os prédios, casas, lojas de todas as coisas que eles poderiam imaginar, era uma cidade grande como Kaotto.
Andaram observando as lojas dessa vez, e um objeto na vitrine de uma delas chamou a atenção do homem mais alto.
Ele não disse nada, apenas olhava aquele colar prateado com uma pedra vermelha no meio.
Tayamiw se lembrou que o aniversário de seu "irmão" estava chegando, percebeu que o azulado tinha gostado daquele colar, se não tivesse gostado ele não ficaria olhando para o objeto.
Akira observou o acessório por dez segundos, parecia hipnotizado mas apenas estava lembrando de uma coisa.
Se lembrava de um local, era uma rua com casas bem antigas, crianças andavam em fila para a escola, guiados por um adulto.
Ali passava um homem alto, uma criança que aparentava ter seis anos de idade olhou para o colar do homem e saiu da fila.
— Que colar bonito, senhor. - a criança de cabelo curto e preto se aproximou do homem que estava com um uniforme de guarda e encostou em seu joelho. — Eu posso ver?
— Não, some daqui, pirralho. - disse o homem, batendo o joelho na criança, derrubando - a.
Uma menina da fila correu para ajudá-lo.
— Você está bem? - perguntou ela, depois de segurar o moreno pelo braço e puxá-lo para cima. -
— Sim. - disse ele, com uma expressão de tristeza. -
— Por que aquele moço fez isso com você?
— Acho que é porquê eu sou pobre, olhe minhas roupas e meu cabelo. - disse ele, apontando para a sujeira em sua camisa e em seu cabelo bagunçado. -
— É, acho que é, todo mundo daqui nos trata mal. - disse a menina. — Mas não se preocupe, estamos indo para a escola para garantir nosso futuro.
— Claro, eu não me preocupo com isso.
As duas crianças voltaram para a fila.
— Quando eu crescer eu vou ter dinheiro para ter o que eu quiser, não importa como, mas vou. - pensou o garoto. -
Akira parou de pensar, agora dando atenção à seus amigos.
— Cadê o Tayamiw? - o azulado não estava vendo o seu amigo. -
— Estou aqui. - disse o híbrido, com uma mão nas costas, parecia esconder algo. -
— Vamos comer alguma coisa, estou com fome. - disse o homem mais velho, andando e fazendo gestos com a mão, para os outros seguirem ele. -
Enquanto Akira andava, Leonardo tentava colocar uma carteira no bolso do mesmo, tentando quatro vezes até conseguir, não desistiu, mesmo quase não conseguindo se movimentar, ele era muito insistente.
— Obrigado, ruivinho. - disse o garoto de cabelo marrom, colocando o que tinha comprado dentro do bolso.
— Ruivinho? Pensei que achava que eu tivesse cabelo laranja.
— O seu cabelo é ruivo dependendo de como olha.
— É, mas normalmente parece uma mexerica. - riu o ruivo.
— Sim. - o híbrido concordou. — Mas prefere ser chamado de ruivo ou laranjinha?
— Qualquer um dos dois, mas é meio estranho falarem que tenho cabelo laranja, ninguém nasce com essa cor de cabelo.
O quinteto voltou a andar, e o alaranjado ainda era segurado por Larissa e Oliver. Quando viam alguém na rua, Larissa e Leo pediam para Oliver perguntar onde fica "um lugar para trocar pedras por dinheiro", e o moreno perguntava exatamente assim, mas ninguém sabia.
— Não aguento mais ficar com essa mochila nas costas, vamos logo. - reclamou a loira.
Continuaram perguntando para pessoas na rua, uma delas sabia onde era.
— Obrigada. - disse Larissa. -
Akira já sabia o caminho de onde teria que ir, pediu para os outros seguirem -o até chegar no local.
Ao chegarem, entraram no lugar e acharam uma mulher, era a dona.
Akira tirou a mochila das costas da garota rapidamente, animado.
— Ai! - Larissa disse alto, quase soltando seu amigo.
Ao colocarem todas as pedras na mesa, a mulher ficou chocada.
— O que foi? - perguntou Akira, ansioso para a resposta.
— Eu estudo sobre pedras, parece ser Poudreteite.
— E quanto vale? - Akira ficou de boca aberta, percebeu que era caro só pelo olhar da mulher. -
— 9,5 mil por quilate, mas preciso ver se é mesmo. - disse ela. — Podem me dar licença, por favor?
O azulado andou rápido para fora do lugar e puxou Oliver, Larissa ainda segurava Leo, não aguentava mais.
— Maninho. - gritou o homem de cabelo espetado, ao chegar perto de seu "irmão". — Estamos ricos! - falou alto, sacudindo o híbrido e sorrindo.
— Shh, quer ser roubado? - o garoto de cabelo marrom tapou a boca do mais velho.
— Aqui não tem muitos ladrões. - disse com a voz abafada, tirando a mão do seu irmão de sua boca em seguida. — Mas tem gente babaca em todo lugar, o que é um problema.
— Vai começar a implicância com as pessoas daqui? - o amarronzado olhou - o com desapontamento.
— Claro, mas agora estou de bom humor, não vou falar disso. - o azulado sorriu. — O que vamos fazer com o dinheiro?
— Escola para aprender a usar os poderes. - disse Leonardo. -
— Televisão. - o moreno falou em seguida. -
— E roupas. - Larissa complementou.
— Pronto, vai ser isso tudo. - disse Akira.
Pela primeira vez o homem mais velho não ligava para os gastos.
Depois de algumas horas eles receberam o dinheiro em notas, nunca viram tanto dinheiro na vida. Oliver colocou tudo na mochila. O dinheiro coube todo na mochila laranja, apesar de quase não conseguirem fechar. Na bolsa da frente estava as plantas da missão.
— Em Kaotto tem uma escola muito boa, pelo o que eu ouvi falar, vocês podem ir pra lá. - disse Akira, quase embolando as palavras, estava muito ansioso para comprar algumas coisas. -
— Essa escola tem que pagar? - perguntou a loira.
— Sim, mas não tem problema, assim vocês ficam fortes, isso é bom.
Akira só dizia isso pois não queria fazer as missões da guilda e quase morrer de novo, se seus novos amigos ficassem fortes ele não iria ter riscos de se machucar também.
Saíram do lugar e agradeceram.
— Já que a gente tem muito dinheiro, por quê não pegamos um ônibus ou um daqueles táxis que teletransportar? - perguntou a loira, estava com preguiça de andar.
— Não é por quê temos muito dinheiro que devemos ficar gastando com qualquer coisa. - disse o moreno.
— Tá, mas é só dessa vez.
— Mas Larissa, a gente vai ficar gastando dinheiro desse jeito?
— Dinheiro foi feito pra gastar. - respondeu Larissa. -
— Depois tenho certeza que vai se arrepender de ter gasto, como sempre. - disse o moreno.
— Claro, faz parte.
Depois de alguns minutos discutindo, todos chegaram a um acordo.
— Vamos ir para casa com um táxi que teletransporta. - disse Leonardo. -
— Sim, quero chegar logo em casa, estou morta de fome.
Foram até um "ponto de ônibus" e esperaram, até que o carro que esperaram chegou.
— Olá, para onde querem ir? - disse o motorista.
Akira disse o bairro e a rua, torcendo para não ser muito caro, ele sabe como dinheiro acaba rápido.
— Hmm. - o homem entrou para dentro do carro e saiu de novo. — É 479.
A mochila estava com o azulado, ele tirou ela das costas, pegou o dinheiro e entregou ao outro homem, que logo entregou o troco.
— Podem entrar.
Os cinco entraram e quase não coube, mas Tayamiw logo se transformou em sua forma animal.
— Agora sim. - falou Larissa, agora não estava mais sendo apertada por seus amigos.
— Pronto, já chegaram. - disse o motorista, abrindo a porta.
Todos saíram, e os três adolescentes ainda ficavam chocados com tanta tecnologia.
— Tá, onde fica a escola? Vamos logo fazer a matrícula? - Leonardo estava ansioso, nem lembrava das coisas que precisaria.
Akira sabia onde ficava, um amigo dele havia dito como funciona. Ao chegar a alguns quarteirões da escola, ele se virou para seus amigos.
— Precisa de muita coisa primeiro, mas um amigo meu vai dar um jeito. Ah, e as aulas começam dia dez de fevereiro.
— Hmm, meio estranho, mas tudo bem. - disse Oliver.
— Espera aí, estamos em que mês? - perguntou o alaranjado.
— Dia sete de fevereiro, vocês têm sorte.
Akira entrou pra dentro da escola e depois de aproximadamente quinze minutos ele saiu.
— Pronto, agora está tudo certo, que tal irmos para casa? - perguntou Akira, sorrindo.
Todos concordaram e caminharam até a casa de Akira. Ao chegarem, os três amigos subiram até o quarto e o azulado e Tayamiw ficaram na sala, como de costume.
Depois de alguns minutos o híbrido, que estava sentado na cadeira ao lado de seu "irmão" se levantou e tirou a caixa do bolso, entregando - a nas mãos do homem alto.
— O que é isso?
— Abra e descubra, maninho. - o garoto de cabelo marrom sorriu.
O azulado abriu a caixa, olhando - a por dois segundos.
— Feliz aniversário adiantado.
Akira estava emocionado, não sabia o que dizer, era a primeira vez que seu "irmão" lhe dava algo, mesmo sabendo que foi com seu dinheiro, para o homem aquilo era especial.
— Obrigado.
Os dois se abraçaram, Akira tentava conter as lágrimas mas não conseguia.
— Primeira vez que você chora de emoção. - o híbrido deu uma risada baixa e curta.
— Pois é. - o azulado riu também. -
Enquanto isso os três adolescentes amigos a muito tempo estavam no mesmo quarto.
— Eu achei muito estranho aquilo do Akira, precisa de muita coisa para ir pra uma escola, inclusive um histórico escolar e outros documentos, a gente nem tem aqui. - disse o moreno.
— Até a Larissa achou estranho, mas a gente ignorou.
— Acho que não importa, e nunca vamos descobrir mesmo, então por quê devemos nos preocupar? - disse Larissa.
— Verdade. - concordou Leo.
Cada um foi para o seu quarto, arrumaram a cama e dormiram, mesmo estando de dia. Estavam muito cansados, principalmente Leo, que não conseguia se mover.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.