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História Amigos Para Sempre - Capítulo Catorze


Escrita por: Amanda_Sants

Notas do Autor


Oieee ^^
Boa dia, boa tarde e bom noite meu povin =^v^=

Sei que demorei e sinto MUITO, a escola sempre ocupando muito do meu tempo...
Enfim, o cap está bem grandinho para recompensar o tanto que demorei :))

Bom, esse cap tem dedicatoria: ~Anna, minha best, muito OBRIGADO por fazer a correção desse Cap <3 Por isso que ele tem dedicatoria a você :*
Te lovo minha amiga s2

Boa leitura e bjusss


~~ Sants

Capítulo 14 - Capítulo Catorze


Fanfic / Fanfiction Amigos Para Sempre - Capítulo Catorze

Eu sai da festa ao lado do Mattie e não me arrependia da minha decisão. Eu me sentia humilhada, degradada, mal, magoada, cabisbaixa, envergonhada, bom, me faltam adjetivos para descrever meus sentimentos.

Tudo andava na minha cabeça como se fosse um sonho, porque real não parecia. Pra mim tudo aparentava ter sido tudo um grande sonho, um daqueles ruins que você acorda suado e assustado, ou que muitas vezes nos arranca alguns gritos, todavia, eu sabia que não. Essa era a minha dura realidade, eu sabia que toda aquela humilhação tinha sido real, real até demais. O que só piorava as coisas, pois me fazia chorar.

Mattie estava ao meu lado no carro dirigindo me ouvindo chorar calado, eu sabia que ele queria me ajudar, só não sabia como - o que o tornava uma pessoa maravilhosa.

Eu devia ter me apaixonado por ele, ele sim não me viria com dúvidas, ele sim não me trocaria por outro ou outra, ficaria ao meu lado e nunca me faria chorar, pelo contrário, só viria sorrisos da sua parte para mim, seríamos felizes. Se isso tivesse acontecido, eu ainda teria meu melhor amigo e teria um namorado maravilhoso que com certeza eu saberia que me ama, e de quebra eu não teria um coração partido para me fazer chorar como se não houvesse amanhã.

Ficamos rodando com o carro dele tanto tempo para que eu me acalmasse e parasse de chorar. Quando isso aconteceu, ele me levou pra casa e me abraçou.

- Tem certeza que vai ficar bem Anna?

Eu estava com a cabeça abaixada, coisa que não acontecia nunca, mas dessa vez eu estava me sentindo a pior pessoa existente da face da terra. E pior, eu estava horrorosa com a maquiagem toda derretida, e os olhos vermelhos demais. Não era uma visão que eu gostaria que ele visse, pra mim parecia que se ele visse o encanto iria cair e ele ia deixar de gostar de mim. O que era uma ideia que não me agrada, até porque eu não me sentia assim nesse momento, então não queria perder ninguém.

- Tenho que ficar Matt... - minhas voz saiu fraca e sem vida. Eu não me sentia eu, me sentia reduzida a um estado de decadência ao qual eu nunca tive o desprazer de estar, mas por obra do destino, eu acabei por tombar por uma brincadeirinha dessas nada divertidas - Obrigada, por tudo... - abracei ele.

- Por nada... Você sabe que eu me importo com você e por isso pode contar comigo sempre.

- Obrigado. - meus olhos e cabeça ainda estavam baixos, eu ainda não conseguia encara-lo.

- Anna... - ele tocou meu queixo e o levantou, mesmo hesitante eu deixei que isso acontecesse. Ele me olhou nos olhos quando minha cabeça estava erguida e eu me senti nua pelo jeito penetrante que ele fazia isso. Ele aproximou seu rosto do meu e por um momento eu achei que ele ia me beijar, e se fosse eu não me importaria, no entanto, ele desviou seus lábios para minha bochecha e a beijou docemente. Com uma voz calma e serena, ele disse - Boa noite.

Por um segundo eu cogitei beijá-lo eu mesma, tomar a iniciativa, mas eu não queria estragar aquele momento com uma atitude como essa, aquele não era o momento.

- Boa noite - beijei ele também.

Quando ele saiu com o carro, eu vagarosamente fui para a minha casa. Já tarde e eu tinha a esperança que meus pais e primos estivessem dormindo, apesar de saber que eles não dormiriam depois do que aconteceu até que eu chegasse em casa - mas a esperança é a última que morre.

Eu abri a porta da minha casa devagar, procurando não fazer barulho, ainda com esperança de não encarar ninguém, mas quando a porta se escancarou, lá estava toda família Fontes olhando apreensivos e na expectativa que eu entrasse pela porta. Assim que os vi, parei na porta, envergonhada e intimidada. Me faltavam palavras na garganta para serem ditas, o que resultou em um tremendo de um nó e uma nova vontade de chorar, mas eu não faria isso de jeito nenhum.

- Anna... - minha mãe correu até mim e me abraçou apertado - Estávamos preocupados.

Eu apenas devolvi o abraço e tentei sorrir para confortá-la. Meu pai também veio até mim, me abraçando e beijando.

- Minha princesa, onde esteve? Ficamos loucos querendo saber onde você estava.

- Me desculpem... - falei - Eu estou bem, só precisava pensar.... - falei e todos se calaram. Ele sabiam que eu devia estar me sentindo mal e querer um tempo era normal.

Meus pais se olharam, meu tia me olhava com um olhar de pena e meus primos ficaram calados, principalmente Miguel, ele que sempre fazia piadas sobre mim ou qualquer coisa que eu fazia.

- Princesinha...

- Por favor pai, hoje não... Eu não quero falar sobre isso hoje.

- Tudo bem querida. - disse minha mãe.

- Tudo bem se eu for para o meu quarto agora?

- Tudo querida - concordaram meus pais.

Fui para o meu quarto o mais rápido que as minhas pernas permitiam e tranquei a porta. Eu ainda estava vestida com o meu vestido branco tomara que caia branco com rendas pretas e calçava meus lindos sapatos caros. Então, a primeira coisa que fiz foi tirar tudo isso mais os acessórios. Tomei banho e deitei na minha cama.

Tentei dormir, porém o sono não vinha, só lembranças. A minha cama não me ajudava em nada, já que ali já foi o lugar onde eu e Ben dormimos abraçados mesmo antes de fingirmos o namoro ou fizemos amor pela segunda vez. Aquela cama me trazia lembranças, lembranças essas bem reais. Essa brincadeiras de ter flashbacks me renderam quase a noite toda, só dormi quando era quase 5 da manhã.

Dormir até tarde naquele domingo, agradecendo a Deus por ser domingo. Eram 11h da manhã quando resolvi e tive coragem suficiente para sair da minha confortável cama. Eu estava sem ânimo, o que me tornou meio lenta naquele resto de manhã.

Tomei banho, escovei meus dentes e simplesmente prendi meu cabelo em um coque meio bagunçado e desci para comer algo, afinal, eu já sentia meu estômago roncar. Eu poderia comer um búfalo e tomar um refri inteiro - não me julguem, sou de touro.

Já era tarde e eu estava faminta, então eu estava muito apressada em comer. Eu ainda me sentia ferida.

Quando desci os olhares interrogadores dos meus pais e familiares pesaram sobre meus ombros, mas tomei coragem e andei até a cozinha, mesmo que com a cabeça baixa. Fui a cozinha da minha casa e sair pegando para comer tudo que eu tinha vontade, mesmo que isso significasse sair da minha rigorosa dieta. Coloquei na mesa dois tipos de suco, cereal, torradas, pães, queijos, presunto, leite, achocolatado, iogurte, bolo, frutas e geleia de morango. Mesmo que eu não comesse tudo isso, eu tinha a necessidade de preencher todo o vazio que me tomava.

Comi como se não houvesse amanhã, porém não importava o quanto eu comia eu ainda me sentia vazia. O que me fez perceber que talvez essa minha fome toda não seja só fome...

- Bom dia filha. - meu pai beijou o topo da minha cabeça.

- Bom dia papai. - eu tomava meu suco.

Ela sentou-se ao meu lado.

- Como você está querida?

- Acho que... Hum... Bem. - eu estava incerta e era óbvio que eu não estava bem, mas não ia dizer isso, tampouco para o meu pai.

- Tem certeza? - insistiu na pergunta.

Eu o olhei com os olhos meios tristes e me odiei por isso, não queria mentir para ele, mas não queria que ele se preocupasse.

- Obrigado pela preocupação pai, mas eu vou ficar bem...

- Quer conversar sobre o que aconteceu?

Neguei com a cabeça. Meu pai suspirou e tocou com carinho o meu rosto com a sua mão grande de pai e eu sorri, foi um sorriso meio triste e sem vida, mas sorri.

- Obrigado papai, mas agora não me parece um bom momento.

- Okay meu amor, não vou força-la a nada. Mas você sabe que uma hora ou outra terá que falar sobre isso, principalmente com seus pais.

- Falar o que papai? Acho que o senhor sabe de tudo, não é mesmo?

- Sim querida, eu sei... Mas sabe, eu queria ouvir da sua boca, afinal, foi você que passou por tudo isso. Não pense que eu e sua mãe temos raiva de você e do Benjamin, pois entendemos o que você fez, ele era seu amigo e precisava de ajuda e você ajudou, mas no processo acabou se machucando.

- Parece que o senhor sabe mesmo de tudo...

- Não, não sei... Isso que eu disse foi apenas uma suposição, eu quero ouvir os fatos da sua boca. - sua voz era calma, nada intimidadora, passava confiança.

- Papai... Eu sinto muito. - meus olhos marejaram - Eu não devia ter feito o que fiz, por isso sinto muito...

- Tudo bem Anna.

- Não, não está bem! Eu menti para você e a mamãe mesmo por uma causa justa, eu menti. Por isso sinto muito, eu queria poder voltar no tempo e poder mudar tudo isso, não menti e não me apaixonar por alguém que nunca vai me corresponder, mas não posso... Não posso!

- Eu sei querida.

Eu segurava com grandes dificuldades os soluços e o choro na garganta.

- Obrigado papai. - abracei ele.

- Eu te amo minha princesa.

- Também te amo.

(...)

O domingo passou e a segunda havia chegado, eu estava com muito receio de ir pra escola, mas eu tinha que enfrentá-los mais cedo ou mais tarde.

Ben obviamente não veio me pegar para irmos a escola, fui de carona com o meu tio.

Foi difícil aguentar os olhares dos outros sobre mim, que julgavam, penalizavam, olhares de pena e de sarcasmo. Então eu percebi quem eram meus amigos, Carie e Abgail inventaram desculpas esfarrapadas para me abandonarem e fugirem da confusão, aqueles que falavam comigo me olharam torto ou fingiam que eu não existia.

Mas Mattie ainda estava lá, me fazendo sorri, dizendo o quanto sou linda ou maravilhosa, ficando ao meu lado e me confortando nos dias que custavam a passar.

Mas a pior parte de tudo isso, não eram os olhares, ou, o veneno derramado sobre mim, ou, os amigos falsos, era sem sombra de dúvida ter que olhar para a cara do Ben, ter que ver ele todo dia. Mesmo que eu tentasse não vê-lo, era algo meio inevitável, pois estudamos na mesma escola. Todo dia que eu o via, era como jogar sal na ferida do meu coração.

Ben passou os dias treinando para o jogo da liga, que quando foi jogar, venceu merecidamente, o que significava mais um jogo uma semana depois.

A vitória era muito bem comemorada pelo pessoal do time. Por um tempo eu fui apagada do status social, ninguém me chamava pra nada, nem pra um chá - mesmo que eu não fizesse questão. Mas eu tinha o Mattie, e isso bastava.

Meu tio resolveu passar mais um tempo com o meu pais, e comigo, mesmo que a minha vida tenha passado a ser dentro do meu quarto.

Os dias foram assim, eu ia pra escola, as pessoas fingiam que não me viam, mas via Ben treinando feito louco e sempre que se encontrava comigo fazia meu coração doer, eu ficava com Mattie que me animava e que pra agradecer beijava sua bochecha e as vezes lhe dava um selinho, e quando eu voltava pra casa eu ficava no meu quarto fazendo nada, só me torturando com músicas da Adelle, especificamente, someone like you.

- Anna... - eu ouvi alguém me chamar, parecia com a voz do meu pai, mas essa era mais grossa. Devia ser meu tio.

- Tio?

- Sim, sou eu pequena. Abra porta, quero te mostrar algo.

Me levantei vagarosamente e fui até a porta. Eu estava meio sem ânimo, como nos últimos dias e nem estava me importando com a aparência.

- O que tio?

Ele sorriu e pegou meu pulso e saiu me carregando até os fundos da minha casa, lugar meio esquecido por mim. Quando cheguei, na linda árvore paleteira que tinha lá em um dos galhos tinha uma corda amarrada que fazia um balanço, fazia tempo que eu não via um desses.

- Tio...

- Eu vi que você andava triste e eu me lembro de te ver amando se balançar num desses então fiz um para você!

Sorri e apenas o abracei com muito carinho. Eu estava grata, muito grata pela sua preocupação para comigo, pois isso queria dizer que ele se importava.

Caminhei até e brinquedo tão simples mas feito com muito carinho e sentei nele. Não me balancei, apenas sentei e fiquei parada. De alguma forma aquilo estava me agradando, estava me fazendo bem. Meu tio realmente havia acertado. Então tornei aquele canto meu lugarzinho no mundo. Sempre que eu me sentia triste - o que acontecia muita vezes durante meu dia - eu corria para o brinquedo. Eu não me balançava, apenas sentia, sentia a nostalgia que aquele lugarzinho me trazia.

Todas as vezes que eu me sentei no balanço recordações de toda a minha infância vinham a minha cabeça. De quantas vezes aquele brinquedo tão simples me fazia feliz. Na minha infância eu não precisa de muito para me alegrar, bastava apenas um balanço e a festa estava feita. O que fez eu me perguntar! Quando foi que eu me tornei tão superficial? Quando foi que ter as melhores roupas, festas e ser popular se tornou o principal pra mim? Quando isso se tornou a base para minha vida? Por que me deixei me tornar a alguém tão fútil?

Ficar tendo esses pensamento sempre me arrastavam para a melancolia, me deixavam triste, mas ao mesmo tempo me fazia me sentir viva. Passei um tempo achando que eu só poderia ser uma masoquista para continuar a me torturar de tal forma e acabar gostando.

Passei uma semana nessa tortura, eu fui para o meu cantinho pensar e me torturar mais, por dois motivos: primeiro que o Ben estava jogando no mesmo momento que eu estava naquele balanço e eu não estava com ele, eu nunca faltava a nenhum de seus jogos e essa era o segundo que eu perdia - eu estava péssima. Eu tinha o sentimento de está exposta, me sentia frágil a qualquer coisa, como se eu fosse quebrar a qualquer momento.

No entanto nesse dia meu pai me seguiu até onde eu estava e fez uma coisa que eu nunca fazia: me balançar. Estranhei a primeiro momento, mas me deixei ser impulsionada para frente. Era como se eu fosse criança novamente.

- Filha... - me chamou parando o brinquedo.

- Sim?

- Posso conversar com você?

Perguntou sério, uma coisa que ele nunca era comigo. Estranhei toda a sua seriedade, mas não me alarmei.

- Sim papai, pode?

Ele sentou-se na grama na minha frente e eu me levantei e sentei ao seu lado.

- Aconteceu alguma coisa papai? - indaguei.

- Sim querida, aconteceu! - sua voz saiu calma, acho que para não me assustar, mas surtiu um efeito inverso - Anna, eu e a sua mãe estamos notando um comportamento estranho em você e até especulamos sobre o qual seria a causa e odiamos esse motivo mas entendemos. Estamos preocupados...

- Me desculpem por preocupar vocês... Eu não tinha a intenção.

- Sabemos querida. - suspirou pesado - É que de uns tempo pra cá você mal sorri, mal saí para fazer alguma coisa. Antes desse balanço você só vivia no seu quarto, o que não era saudável, mas agora você vem para cá, mas isso não resolve muita coisa.

Meus olhos baixaram em tristeza, pois eu sabia que era verdade. Eu tinha perdido a essência da minha vida. A verdade era que eu não saia mais para lugar algum, a minha vida tinha se resumido ao balanço que o meu tio carlos me deu. Com isso, eu virei anti-social -coisa que eu nunca fui -, não ia a festas, sair pra comprar ou interagia com com ninguém além do Mattie.

- Papai... - eu queria falar alguma coisa mas nada vinha na minha cabeça, nada saia da minha garganta, então parei de abrir e fechar a boca e selei meu lábios.

- Querida, você precisa mudar isso, você está se afundando na sua própria tristeza. - advertiu com uma feição preocupada.

- Isso se torna difícil quando você ver o motivo dela todo dia.

Ele se calou, pegou a minha mão e me abraçou de lado e beijou o topo da minha cabeça me passando força e carinho.

- Mas me diga querida, toda essa tristeza e desgosto com a vida é por causa dele? Do Ben, não é?

- Sim...

Uns minutos de silêncios se passaram até que algum de nós dois falasse qualquer outra palavra.

- Você o ama tanto assim querida? - eu apenas confirmei com a cabeça - Sendo assim, eu e a sua mãe em uma das nossas conversas pensamos em uma coisa e antes de decidir qualquer coisa eu queria conversar com você e ver se seria o melhor a se fazer, mas pelo que vejo, é uma decisão válida.

- Que decisão? - deitei a minha cabeça no seu ombro.

- Seu tio vai embora agora na quinta sexta-feira que vem e já conversamos com ele e compramos uma passagem para você também para o Brasil, isso se você quiser ir.

- Espera um pouco - levantei a cabeça para olhá-lo -, o senhor me comprou uma passagem para o Brasil?

- Sim. Princesa, pense comigo, ficar aqui só lhe trará lembranças ruins e que a fará entristecer cada vez mais, talvez se você ficar longe de tudo isso você possa superar toda essa situação e encontrar outra pessoa para amar, como você o ama... Você o ama não é?

- As vezes chega a doer... - respondi vagamente - Mas e a escola papai? Não posso deixar tudo para trás assim...

- Eu sei querida, mas se você for eu prepararei tudo, além disso você mesma disse que era difícil esquecer a tristeza quando se ver o motivo dela todo dia... Pense bem. - persistia ele no assunto.

- Eu não sei...

- Você quer mesmo ficar aqui e continuar a olhar para ele e ver que ele está feliz mas você não?

Nunca ouvi tantas verdades em uma frase só, pois era isso que estava acontecendo, eu estava assistindo ele ser feliz enquanto eu sofria feito uma condenada. Talvez seja mesmo melhor que eu me vá, que eu siga em frente e esqueça tudo e tente ser feliz com outras pessoas.

- E então querida?

- Eu vou papai! O senhor não vai precisar devolver a passagem e cancelar a viagem. - fui convicta nas minhas palavras.

- Tem certeza?

- Sim!

- Otimo, amanhã vamos pedir a sua transferência e...

- Não! Vamos agora. - eram apenas 15:45 da tarde e a escola não era tão longe de casa dava tempo de acabar com isso no mesmo dia.

- Tudo bem querida, vamos.

(...)

No dia anterior, eu e meus pais passamos o dia resolvendo tudo para a minha partida. Na escola, meu pai e minha mãe pediram a minha transferência as pressas, que foi concedida. No entanto, eu ainda teria que ir para escola até a quarta-feira do da semana que vem, um dia antes da minha partida. Além da escola que eu ia deixar de estudar, meus primos cuidaram de em me passar toda a ficha sobre a possível escola que eu terminaria meu ensino médio. Pelo que me contaram, era uma ótima escola e eu ia gostar muito.

Não vou mentir que a possibilidade de voltar para um país que eu mal conhecia e só vive até meus 6 anos me amedrontava e muito, mas por outro lado me deixava muitíssimo animada. Eu começaria a minha vida tudo de novo, a sensação era como nascer de novo, conheceria toda uma cultura pertencente a mim que eu mal conhecia e ainda teria a chance de conhecer novas pessoas e fazer muitas amizades, e isso me motivava.

Eu já me sentia mais alegre só em saber que esse pesadelo em breve acabaria, então, no dia seguinte eu amanheci com um sorriso notável. Até meus pais notaram e aprovaram essa minha mudança de humor.

Fui para escola ainda com um sorriso de orelha a orelha, sem me importar que estava parecendo uma louca rindo sem parar. No pátio da escola, logo avistei meu melhor amigo do momento e saiu andando apressadamente até ele e o abracei e cumprimetei com beijo na bohecha.

- Bom dia, Mattie. - me separei dele e mantive o mesmo sorriso alegre de antes.

- Bom dia, Anna... - Mattie me olhou com a testa franzida e estranhou toda a minha alegria - Porque toda essa felicidade?

- Nada... Só aconteceu uma coisa muito boa pra mim. - a minha felicidade era grande.

- O que aconteceu? - quis saber.

- Jura não contar pra ninguém?

- Sim, agora conta.

- Vou morar no brasil. - revelei ainda muito animada com a novidade.

Contudo, a expressão do meu amigo foi justamente a oposta da que eu esperava. Ele arregalou os olhos e ficou pálido, até engasgou. Eu esperava que ele falasse algo, mas ao invés disso ele só me encarava calado.

- Não vai dizer nada? - indaguei com a cara meio séria.

- Já vai tarde!! - a voz saiu amarga e cheia de ressentimento, mas essa não era a voz do Mattie, era de uma certa loira chata e come queto, Linda Carson.

Me virei para ela com as sobrancelhas juntas e totalmente incrédula, o que ele pensa que está fazendo?

- O que disse projeto de pessoa? - fui grossa.

- Eu disse "Já vai tarde" sua vadia nojenta!

Eu juro que ia pra cima dela, mas uma mão me deteve e me puxou. Mattie me trouxe para trás do seu corpo e se pois na minha frente.

- Sai daqui Linda. - disse autoritário.

- Você não manda em mim Mattie!! - retrucou de forma infantil a loira inconveniente.

- Se não sair daqui eu juro que conto para os nossos pais e faço você nunca mais sair de casa!

O que ele disse? Mãe? Será que isso era o que eu estava pensando?

A loira bufou e foi embora.

- Mãe? - fiz a cara mais confusa que pude.

- Meu sobrenome é Carson, achei que soubesse. - disse como se fosse a coisa mais obvia do mundo.

- ... Desculpa xingar a sua irmã...

- Tudo bem, sei que ela mereceu. - suspirou.

Como alguém tão incrível pode ser irmão de uma megera nojenta daquelas? Mattie era um ser tão doce, inteligente, adorável, sociável, compreensivo, bom, amigo, companheiro, amoroso, gentil, carinhoso, maravilhoso, incrível, bom vou parar por aqui porque isso tá ficando longo demais, pra ter o mesmo sangue que uma pessoa mal amada, invejosa, sem escrúpulo, imatura, desequilibrada, vaca, peçonhenta, ridicula, sem noção, horrivel, babaca e pretérita, como a Linda. Não poderia ser real.

- Anna, mudando de assunto, sobre a sua partida... - o sinal tocou. Ele se calou e apenas me abraçou - Conversaremos sobre isso depois.

Apenas assenti e fui para a sala.

Até o lanche da manhã estava tudo normal, só apenas alguns olhares que me incomodavam. Fui para o grêmio resolver alguns assuntos e conversar com alguns poucos colegas que me restaram.

- Bom dia gente. - falei para todos.

A grande maioria apenas disseram um bom dia e continuaram seus trabalhos. Fui até Nath e falei com ele.

- Bom dia, Nath.

- Bom dia, Anna. - sorriu pra mim.

- Temos alguma coisa pra hoje?

- Não, as coisas estão bem tranquilas, por enquanto a única coisa que precisamos nos preocupar é o baile de outono que está chegando, mas isso resolvemos facilmente. - disse.

- Perfeito! - exclamei feliz e beijei gentilmente meu secretário.

- Anna, posso te fazer uma pergunta? - disse timidamente.

Nath era um cara tão bonito e inteligente, mas insistia em se esconder por trás daqueles seus oculos feios e ele tinha um par de olhos azuis tão lindos.

- Pode. - sorri para lhe passar confiança.

- É verdade que você vai sair da escola? - perguntou baixo e tímido, mas eu entendo muito perfeitamente.

- Quem te disse isso? - dessa vez não sorri, pelo contrário, eu estava séria.

- É q-que estão c-comentando... - gaguejou intimidado com meu tom.

Quando percebi o que fiz, respirei fundo e busquei força. Não queria ser grossa com alguém tão bom e eficiente como o Nath.

- Nath... - chamei por ele - Promete que não conta pra ninguém? - ele assentiu fraco - Vou sim, até já pedi a minha transferência.

- Mas pra onde você vai?

- Promete não contar isso também?

- Prometo.

- Vou embora agora na sexta ora o Brasil. - revelei com um sorriso, afinal a notícia estava me agradando.

- Brasil? - arregalou os olhos - Tão longe assim? - Parecia triste. Assenti - E quando volta?

Não respondi, apenas sorri triste para ele e ele pareceu entender.

- Ha... Não tenho muito a dizer Anna, além de Boa viagem. -

Abracei ele e sussurrei em seu ouvido:

- Isso é o suficiente.

O dia foi se passando e mais olhares eram direcionados a mim, a essa hora estavam todos sabendo, incluindo Ele. A minha conversa com o Mattie foi adiando cada vez mais, então deixamos para nos falarmos depois da aula para termos mais privacidade.

Quando estava perto das aulas acabarem, eu fui encontrar o meu amigo que me esperava perto dos armários. Fui até ele e o abracei como sempre e se querer adiantamos um pouco da nossa conversa.

- Anna, eu vou sentir tanto a sua falta. - disse triste.

- Pelo visto só você mesmo.

- Claro que não Anna! Eu vou te amar  independe de onde você esteja e sei que tem gente que também sente o mesmo.

Sorri e o abracei.

- Por que não me apaixonei por você, hein?

- Ainda dá tempo pra isso acontecer Anna, ai você não vai precisar partir. - eu vi quão eram verdadeiras eram aquelas palavras, mas senti quão elas eram falhas quando aplicadas a mim, infelizmente.

- Obrigado, Mattie, mas eu preciso mesmo ir...

O resto da minha frase ficou no ar, pois eu só senti quando uma mão puxou meu braço e me virou para frente e me fez encarar o dono daquele aperto no meu braço.

O mundo parou ao meu redor, literalmente, todos pararam para olhar a cena. Ben me agarrava pelo braço e me fez encara-lo. E mais, me olhava nos olhos, sem desviar. Era uma cena de filme, bem irrealista, pois a duas semanas atrás se estivessem dessa mesma forma e posicão ninguém mal olharia para a gente, passariam direto, não parariam. Todavia, a situação aqui é outra, depois de tudo que aconteceu, nos tornamos centro de atenções, como se fosse palhaços ou atrações principais.

- Que história é essa que você vai sair da escola? - brandou com a cara séria.

Semiserrei meu olhos e tentei me livrar dos seus toques, afinal, eles nunca me faziam bem.

- Ei, me larga! - empurrei ele para longe de mim - E eu não te devo explicações.

- Não me deve? - ele travou o maxilar.

- Não!

- Anna, eu ainda sou seu melhor amigo, mesmo depois de tudo, ainda sou!

- Eu não quero a sua amizade Ben... Não mais. Acho que deixei isso bem claro.

Uma plateia se formava ao nosso redor, todos espectadores da minha vida turbulenta.

- Anna... - Mattie me cutucou - Eu acho melhor vocês conversarem em outro canto.

- Não! Não quero conversar com ele.

- Mas nós temos que conversar! - insistiu - E nós vamos.

Eu conhecia ele o bastante para saber que ele não desistiria facilmente, então apenas revirei os olhos.

- Vamos para minha casa.

Fui no seu carro, mas não falamos nada no caminho todo. Na minha casa, quando cheguei, gritei pelos meus pais mas meus primos eram os únicos em casa, pois meus pais e meu tio saíram para resolver algumas coisa para a minha partida. A presença do Ben foi notava pelos meus únicos parentes próximos, mas não comentada ao meu respeito.

- Vamos conversar. - falou.

- Vamos! - fui em direção ao jardim de trás e o moreno estranhou.

- Para onde vai? - indagou.

- Para o jardim. - continuei andando e ele me seguindo.

- Pensei que íamos para o seu quarto.

- Pensou errado. - eu mal queria ficar sozinha com ele, quanto mais em um lugar fechado.

No jardim, eu me sentei no meu balanço e ele pegou uma cadeira de uma mesa que ficava lá no jardim e sentou-se na minha frente.

- E então, o que quer? - fui grossa.

- Conversar...

- Disso eu sei... Mas sobre o quê?

- Por que vai partir? - perguntou baixo, querendo controlar a voz. Por um momento pensei na possibilidade dele está triste, mas logo a descartei.

- Porque não posso mais ficar...

- Por que?

- Porque estou infeliz...

A minha resposta rendeu uns minutos de silêncio. O clima estava tenso, podia-se sentir no ar. Atrás de nós estavam meus primos nos observando - tentando - descaradamente.

- É minha culpa, não é? - perguntou inseguro.

Abaixei os olhos e olhei para as minhas penas e falei:

- Se eu disser que não, isso o fará se sentir melhor. - sei que as minhas palavras o atravessaram com destreza, mas eu tinha que ás dizer.

- Me desculpe.

- Tudo bem... Isso vai passar.

- Anna... Pra onde vai? - mudou de assunto.

- Brasil. - olhei bem pra ele nesse momento, só para ver a sua expressão. E não foi das boas, ele estava desnorteado.

- Brasil? - confirmei com a cabeça - E quando volta? Porque você tem escola e ...

- Eu não vou voltar Ben.

Ele me olhou com os olhos arregalados e pareceu processar a informação.

- O que disse?

- Não pretendo voltar nunca.

- Anna, por favor se for culpa minha essa sua partida, me perdoe, e nós podemos conversar e resolver isso...

- Ben, não vou mentir que você tem culpa, mas também vou fazer isso por mim. Estou infeliz Ben... Não aguento mais sofrer. - revelei com uma grande mágoa e um bolo de choro já se formando na minha garganta.

- Por favor Anna, não quero que vá... - me tocou a mão e eu olhei para onde ela se posicionou e depois pra ele.

Me calei diante as suas palavras.

- Anna... - se aproximou demais de mim - o que posso fazer para você ficar?

Eu olhei bem nos seus olhos, fazendo forças para resistir ao seu pedido, pois eu precisava ser forte. Mas não me contive em falar a minha próxima frase.

- Fica comigo...

Era simples a solução, era só ele ficar ao meu lado.

Mas o olhar que ele me deu indicava outra coisa, poderia ser fácil pra mim a solução, mas não para ele.

- Anna, você sabe que não posso fazer isso.

- Então não posso ficar.

Ele me olhou e onde ele estava - que era bem próximo - ele me beijou.

Resisti no começo, mas depois ele se levantou comigo em seus braços e me fez agarrá-lo para não cair.

Eu sabia que sentia sua falta, mas comprovei a minha tese naquele beijo desesperado, era como se ele quisesse me prender a ele e nunca mais me deixar partir. Parecia com medo que eu me fosse naquele momento, e era bem isso que ia acontecer, depois daquela conversa eu o tiraria de uma vez por todas e iria embora para nunca mais vê-lo.

- Por favor fica, eu posso tentar... - sussurrou ofegante após juntas as nossas testas.

- Tentar? - nossas bocas ainda estavam próximas.

- O que quero dizer é que preciso de você ao meu lado, quem sabe um dia eu possa aprender a te amar.

O empurrei para longe de mim bruscamente e o encarei brava e nem mesmo liguei para a suas cara assustada. Como ele pode dizer algo tão egoísta como esse?

- Não acha que isso é egoísmo demais da sua parte? - falei seca.

- O que?

- Você escutou o que disse? Você me pediu para lhe espera uma boa vontade de talvez um dia me amar. Não acha que isso é pretensão demais?

- Anna, eu não quis dizer isso... - tentou se defender.

- Quis sim! Não vou esperar o dia que resolva me amar, eu te amo, mas não sou capacho! Não sentarei e esperarei que um dia você tenha o bom senso de perceber que me ama ou não, e mais, e se você perceber que não me ama? O que farei? E se eu tiver trinta anos quando isso acontecer e tiver jogado a minha vida fora com alguém que nunca me amou? - cuspi todas essas palavras voraz e ultrajada por suas palavras. Como pode ele achar que eu aceitaria isso?

- Anna, me desculpa... Mas não sei o que te responder.

- Não sabe porque sabe que estou certa! Por favor pense em mim também, pense! Eu sempre te apoiei, por favor me apoie também.

- Me desculpe, mas não posso te apoiar, não quero que vá e não me peça para não ser egoísta, pois quando o assunto é você eu não consigo.

Eu queria tanto que aquelas palavras fossem ditas em contextos diferentes, mas não foram e me machucavam bastante.

- Vai embora Ben, não aguento mais essa conversa.

Ele me olhou e se calou, ele sabia que eu estava de cabeça quente e conversar comigo assim não seria uma boa ideia.

- Eu vou embora Anna, mas nossa conversa não acabou.

- Só você pensa isso.

Ele se foi e eu juro que ouvi alguém caindo quando ele abriu a porta da varanda, só podiam ser meu primos - fofoqueiros. Só não ri porque estava me sentindo horrível. Ouvi ele cumprimentar meus pais, nem sabia que eles estavam ali.

Me sentei no balanço e me balancei lentamente sentindo uma brisa fresquinha e fria no rosto.

O que tinha acontecido?
Meu pai veio até mim, e tocou meu ombro. Me virei minimamente pra ele e o vi olhando pra mim.

- Está tudo bem querida?

- Sim.

- Tem certeza?

- Sim. - era a única coisa que eu conseguia dizer.

- Eu não quero parecer inconveniente, mas não vou mentir e dizer que não te vi beijando o Ben querida... E eu quero dizer uma coisa: eu gosto dele, mas amo você e quero teu bem e por isso me sinto no dever de falar que sei o que ele está fazendo. Ele quer que você fique, mas não te amará do jeito que quer. - avisou realmente preocupado, pude ver na sua face.

- Eu sei papai...

- Querida, saiba que pra quem tem fome de amor qualquer migalha é banquete. - falou e eu sabia que era verdade - Alguma coisa mudou?

Se referiu a viagem e eu apenas olhei para ele séria e falei convicta:

- Não.

" Me cansei dos teus desenganos
Não entendo a tua fala
Nossa casa está vazia
Hoje à noite é o meu dia...

Nossa vida virou novela
E eu não sou nenhum personagem
Que se enquadre em teus delírios
Quero andar nas ruas e sentir frio
No calor, quero estar sozinho...

Me cansei das tuas mentiras
Eu não quero esse dia-a-dia
Não consigo fazer promessas
Tenho apenas o que me resta...

O teu jeito não me abala
Não me sinto bem no teu jogo
Vou voar mais alto que as nuvens
Entender de vez esse meu vazio
Te encontrar prá não ser sozinho...

Tudo é sempre a mesma coisa
O mesmo jeito, toda vez
Tudo é muito relativo
E a distância, já nos fez
Somos serra e litoral
Nosso final é simpre:

Tchau!...

Nosso final é sempre tchau... "


Notas Finais


Pra vocês que não sabem, essa parte final do cap é uma musica, tchau do catedral

Link da musica pra quem quiser escutar:

http://www.youtube./watch?v=Gbo8eNjjyKc&feature=youtube_gdata_player

E outra coisinha, esse foi o penultimo cap, o proximo que eu postar será o ultimo, então aproveitem :))

Bjiss de açucar e pizza pra quem curti :*


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