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História Amiúde - Quebrada


Escrita por: sweetheart

Notas do Autor


Amiúde (advérbio - do latim adminutium): A miúdo; que ocorre de maneira repetida, repetidas vezes ou frequentemente.


Olá sweeties. Sei que tenho várias fanfics para atualizar, mas eu precisava desesperadamente escrever essa. A ideia está na minha cabeça há tempos.

Eu sou uma NaLu fervorosa, gosto de Stinglu apenas pela diversão. É sempre bom nos desafiarmos a escrever coisas novas e diferentes. Enfim, espero que vocês gostem.
Como é um casal bem atípico e o contexto deles não ajuda muito, vou fazer de tudo para desenvolvê-los bem, sem parecer forçado.

Espero que gostem.

Capítulo 1 - Quebrada


Andava com passadas suaves, tomando o cuidado para que não deixasse que o som ecoasse pelo corredor. Fairy Hills perdeu o encanto, já não era aquele lindo forte onde as mulheres dormiam. Agora o assoalho parecia desgastado e ninguém realmente conseguia dormir. Às vezes, Lucy era acordada com os gritos de alguma companheira, outrora, ela acordava suas companheiras com os seus próprios gritos. Desde que a guerra contra a Tartaros havia acabado, Lucy não morava mais em seu prédio. Ela simplesmente não conseguia ficar sozinha e suas companheiras a convenceram de que Fairy Hills era o melhor lugar. Lá elas podiam se proteger e compartilhar os seus medos.

Lucy podia lembrar-se claramente de todos os seus pesadelos que sempre envolviam aquelas criaturas. Podia lembrar-se do cheiro que exalava de suas bocas, o frio que emanava de seus corpos demoníacos e às vezes, quando andava pela guilda, parecia sentir aquele odor ali; aquele arrepio congelante peles corredores; aquela estranha sensação de possuir olhos amarelos observando-a na penumbra da noite e do escuro. Podia lembrar-se da dor, da angústia e do desespero. Agora ela sabia o significado de todas aquelas palavras, e, talvez, nunca mais precisasse de um dicionário para defini-las.

Ela sabia muito bem.

Aquele factício dia era ruim, fazia dois meses que aquela catástrofe acontecera. Desceu as escadas até o salão principal, o café da manhã já estava posto à mesa, mas ela não sentia fome. Atravessou o hall de entrada, saindo de Fairy Hills e indo até ao jardim aos fundos da guilda em ruínas.

Quando as mulheres não saiam em missões – que eram poucas, mas afinal, a guilda precisava manter-se – elas se dedicavam exclusivamente para aquele pedacinho de terra. Flores de diversos tipos e tamanhos enfeitavam aquele lugar, e, apesar da aparência bela, alegre e colorida, aquele lugar escondia muita tristeza. Andou por entre o corredor de lírios com os pés descalços e vestindo um vestido branco esvoaçante, passando os dedos sobre eles suavemente enquanto caminhava, até chegar ao final do jardim onde se encontravam as lápides delas. E aqueles dois nomes gravados:

 Erza e Mirajane.

As mulheres mais fortes da Fairy Tail haviam morrido, e, desde então, ninguém conseguia superar a dor da perda. Zeref já havia arrancado muito deles, além dos setes anos adormecidos no mar na Ilha Tenrou.

Por alguma razão, momentos memoráveis que Lucy viveu e presenciou naquela guilda, lhe passaram pela mente: Batalhas memoráveis, as festas, a formação do seu time com Natsu, a entrada de Juvia e Gajeel na guilda, Wendy, a vitória nos Jogos Mágicos... Tartaros. Oh, como ela queria apagar esses dias de sua mente, de sua vida. Como queria que aquela guerra estúpida nunca tivesse realmente existido. Tartaros foi derrotada, mas eles perderam tanta coisa no processo, que ela se perguntou durante muitos dias se aquilo realmente estava certo. Ou se no lugar de Erza ou Mirajane, não fosse o certo ela estampar um dos nomes naquelas lápides de pedras.

Fairy Tail era o seu lar, um lugar que lhe trouxera imensas alegrias, mas agora era um lugar de imensa tristeza. E aquele dia talvez fosse o último no qual ela pisava os pés ali. Há um mês, Natsu havia lhe deixado uma carta, no qual ele se despedia porque precisava treinar.

Natsu era um dos muitos que não suportavam ficar ali, um lugar que trazia tantas lembranças. Mas muitos não tinham para onde ir, e Lucy era uma dessas pessoas. Sua única chance de esperança havia a deixado e decidiu que ela não poderia ir com ele. Ela não o culpava, embora se sentisse extremamente deixada de lado. Havia muitas coisas que ela queria ter dito à ele, mas talvez eles precisavam de um tempo para superar todas as suas perdas. Não existia espaço para a felicidade deles enquanto suas companheiras estavam mortas e o causador de tudo isso impune em algum lugar do mundo. Lucy sabia que Natsu abdicaria de toda a sua felicidade, até mesmo de sua vida, para ir atrás de Zeref.

E ela procurou por Natsu, por mais de um mês. Mas ela simplesmente se cansou. Não existia nenhuma notícia ou rastro dele. Talvez ele não quisesse mesmo estar perto dela. Talvez estar perto dela lhe despertasse pensamentos que ele queria e deveria evitar. Ela também não tinha certeza se o queria por perto, mais do que o seu próprio sentimento, ela não suportaria encarar os olhos dele e perceber que não existia aquele brilho ali.

Como se não bastasse tudo aquilo, Mestre Makarov havia acabado de chamar todos para se reunir na sede da guilda e ela já sabia que devia esperar o pior.

Lucy voltou para a Fairy Hills, onde lavou os seus pés e colocou um sapato. Bagunçou os seus cabelos com as pontas dos dedos e deu uma leve beliscada nas bochechas – uma tentativa de disfarçar a atenção para suas olheiras e rosto pálido.

Ao chegar na sede da guilda, pôde visualizar Levy encostada em Gajeel, que a abraçava por trás e depositava um longo beijo no topo de sua cabeça. Uma lágrima solitária rolava pelo o rosto dela. Ao menos eles se acertaram, pensou. Mais para a esquerda, Juvia e Gray estavam próximos um do outro e cada um com uma mochila nas costas. Eles provavelmente iriam embora, e onde quer que Gray fosse, Juvia iria com ele. Elfman e Lissana não estavam ali, o que Lucy não soube dizer se era algo bom ou ruim, porque ninguém realmente teria coragem de encará-los nos olhos, ninguém saberia o que dizer para confortá-los. Talvez não houvesse conforto. Os demais membros da guilda estavam cabisbaixos.

Todos estavam quebrados.

Não demorou muito para que Mestre Makarov chegasse, subindo no balcão do bar para ficar acima de todos. Geralmente ele receberia ajuda de Mirajne para subir, mas ela não estava mais ali. Ninguém bebia há dias, pois ninguém tinha coragem de ir beber e perceber que não haveria aquele sorriso luminoso ao entregar uma caneca de cerveja. Pelo menos não naquele lugar.

Ele primeiramente tossiu, como se tivesse algo entalado na garganta.

— Bom dia, minhas crianças. Eu chamei-os hoje porque tomei uma decisão e é algo que afetará todos. Hoje pelo amanhecer, Elfman e Lissana foram embora. — Toda a guilda se encarou com tristeza no olhar. — É difícil para eles permanecerem aqui... E isso me fez pensar que, embora estejamos entre família, isso aqui não se parece mais com um lar. Fomos destruídos e até hoje vivemos em ruínas, não conseguimos arrumar nada ainda porque ninguém tem ânimo... Eu, como pai, não aguento ver meus filhos assim... — ele disse em um tom baixo, atípico para os seus pronunciamentos.

— Mestre, se você exigir, podemos dar um jeito! Não podemos mais viver entre destroços, realmente. Mas todos estamos muito tristes com a perda... — Droy disse, entre pausas e soluços.

— Eu sei... Mas o fato é que não pode mais existir guilda. A Fairy Tail será desfeita e eu quero que vocês sigam suas vidas! — Ele disse num tom alto, como se ordenasse.

— Mas Mestre!!! — Um membro de pronunciou.

— Eu quero que vocês obedeçam a última ordem de seu mestre! A Fairy Tail não existe mais. Eu ordeno que vocês vivam suas vidas! Atendam esse último pedido de um pai desesperado.

Todos ergueram suas mãos, formando um “L”.

A Fairy Tail já não existiria mais.


Notas Finais


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Qualquer erro, por favor, avisem.
Até o próximo!


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